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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 252 - 18 de Março de 2012

ALESSANDRO VIANA VIEIRA DE PAULA
vianapaula@uol.com.br
Itapetininga, SP(Brasil)

Cair em si


Inegavelmente, as parábolas de Jesus são um manancial de aprendizado e beleza, porquanto são narrativas simples, mas de conteúdos espiritual e moral inigualáveis, sendo que permitem ao leitor ou ao ouvinte a identificação espontânea com o sentido ético da lição.

Jesus raramente apontava os erros individuais, pois sabe que o ego possui mecanismos automáticos de defesa, dentre eles, a negação, de tal sorte que, com as parábolas, facultava à criatura humana, de acordo com seu nível de maturidade, o reconhecimento e a análise de seus desvios morais e equívocos existenciais.

Dentre as parábolas narradas no evangelho, destaco a do filho pródigo, porque representa a síntese da evolução espiritual, permitindo-nos uma profunda reflexão a respeito de como anda a nossa atual existência física.

A benfeitora Joanna de Ângelis, na obra “Em Busca da Verdade”, pela lavra mediúnica do confrade Divaldo Pereira Franco, escreve sobre a referida parábola, dando-nos diversos enfoques sobre a conduta de cada personagem, tornando a parábola ainda mais rica e bela de ensinamentos. Fica registrada a sugestão para a leitura da obra mencionada.

A parábola expõe o momento em que o filho pródigo, imaturo e impulsivo, opta por sair da casa do genitor para viajar a um país longínquo, onde gasta sua parte da herança com leviandades e prazeres materiais. Após consumir-se nas paixões e gastar todo seu recurso econômico, vê-se diante de um período de fome que se instalara naquela região. Privado de tudo e passando necessidades, começa a trabalhar com porcos, vindo a disputar a comida com eles. Porém, chega o momento em que o filho pródigo cai em si e retorna à casa do pai, onde é acolhido com imensa ternura e amor. 

 Essa parábola explica claramente o processo do deotropismo, isto é, fomos criados por Deus, portanto, saímos “das suas mãos”, mas, por imaturidade e ignorância, perdemo-nos na estrada da evolução e afastamo-nos dEle, até o momento em que, extenuados pelo sofrimento e famintos de amor e conhecimento, caímos em nós e optamos por voltar à casa do Pai Celestial, que, generoso e confiante, sempre nos aguardava.

Cair em nós significa o exato momento em que ocorre o despertar da consciência.

A consciência desperta quando identificamos que somos Espíritos imortais a caminho da plenitude e que a vida no corpo tem um sentido ético, devendo abranger o crescimento intelecto-moral.

Obviamente que é o primeiro passo na direção de regresso a Deus, pois outros desafios evolutivos surgirão, tais como, libertar-se dos conflitos cultivados, harmonizar o eixo ego-self, eliminar os defeitos morais e converter o despertar da consciência em atitudes renovadas sob a égide do amor.

No capítulo quarto da citada obra, Joanna de Ângelis compara o despertar da consciência com o mito da expulsão do paraíso.

Enquanto vivemos, simbolicamente, no jardim do Éden, o ego (carga de egoísmo presente no inconsciente, fruto da evolução nos reinos inferiores da criação) toma todo o espaço do Self (ser espiritual que contém o germe divino para a plenitude), gerando uma vida materialista, de acomodação e deleite. Era a conduta do filho pródigo, cuja consciência ainda estava adormecida.

Notemos que Adão e Eva não trabalhavam, porque o necessário para as suas sobrevivências estava à disposição no Éden. Todavia, após comerem o fruto da árvore proibida (mito), foram expulsos do paraíso, e Deus condenou Adão ao trabalho.

A partir dessa ocorrência, Adão passa a descobrir o valor do trabalho e do esforço, na medida em que tudo o que necessita passa a ser fruto do merecimento, portanto, há o despertar da consciência.

Assim ocorre conosco. Quando os ensinamentos de Jesus preenchem os vazios da alma, passamos a trabalhar em favor do nosso crescimento espiritual, na busca dos valores imperecíveis que dignificam a nossa vida. Na simbologia de Joanna de Ângelis, passamos a ser um novo Adão, isto é, um homem novo, com ideais bem definidos, procurando mais servir do que ser servido.

Caímos em nós e redefinimos o rumo de nossa vida como ser imortal destinado à plenitude, porque começamos a regressar à Casa do Pai, nesse processo de integração com o Arquétipo Primordial, razão pela qual Jesus disse que Ele e o Pai eram um só (perfeita integração).

Paulo de Tarso, ao cair em si, verbalizou “já não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim”, porque integrou-se com o pensamento de Jesus e, por consequência, de Deus.

Anote-se que ao cair em si é natural que surjam as culpas, que, do ponto de vista psicológico, é produtiva desde que bem direcionada.

Joanna de Ângelis fala do “Eu-Angélico” (recursos divinos em nossa intimidade), que estimula a culpa, pois a presença desta é sinal de instalação do despertar da consciência, que nos aponta o certo e o errado, o bem e o mal proceder.

Diante da presença da culpa, cabe-nos não repetir o erro e reparar o mal causado, se possível. Caso não seja, basta fazer o bem em favor de alguém ou da vida, porquanto a ação fraterna é ponto positivo na contabilidade divina a anular ou amenizar o mal causado (o amor cobre a multidão de pecados – Simão Pedro).

À medida que vamos evoluindo, aproximamo-nos cada vez mais de Deus, tornamo-nos mais livres e felizes, uma vez que começamos a superar os impulsos inferiores e as tendências agressivas, bem como não permitiremos que o mal dos maus nos atinjam. Isto é ser livre. Não permitir que os outros afetem a serenidade interior conquistada a partir do cair em si.

O Espírito de Joanna de Ângelis ainda nos apresenta Jesus como sendo o filho pródigo do amor, haja vista que se afastou das regiões celestes (Casa do Pai) e foi para o país longínquo da matéria densa, vivendo com a ralé (pigmeus morais – simbologia do porco na parábola). Ensinou a criatura humana a dissipar a sombra individual, mas foi incompreendido e crucificado, voltando, rico de bênçãos, à Casa do Pai.

Todavia, seus ensinos permanecem como lições vivas de esperança e júbilo, tendo suas parábolas contribuído para esse cenário, auxiliando-nos no processo inevitável do cair em si, com o escopo de renovação moral.

Para os espíritas, cujo despertar da consciência foi mais intenso em virtude dos conhecimentos amealhados a partir do Espiritismo, percebemos que o cair em si se dará diante dos mínimos erros, porque a consciência, de imediato, apontará que não procedemos conforme deveríamos.

O Espírito de Bezerra de Menezes fala-nos sobre o ousar no bem, dar um passo além, de forma que o verdadeiro cristão, por ter caído em si, sabe que pode fazer mais em favor do amor e da paz, sobretudo, dulcificando a própria conduta.

Frise-se que o processo do cair em si não é um episódio único, mas inicia-se com o despertar da consciência, cuja extensão vai se ampliando na exata proporção do nosso esforço em favor da busca do conhecimento e da vivência do amor. “Conhecereis a verdade e ela vos libertará” dos equívocos, da ignorância. Naturalmente, chegará um momento da evolução em que não mais precisaremos cair em nós, pois a consciência e a conduta estarão perfeitamente afinadas com as diretrizes do evangelho.

O tema e a parábola em questão são profundos, de forma que caberiam outros apontamentos, mas fica o convite para o autoencontro, cientes de que o Pai Generoso nos aguarda sempre, amoroso e gentil, cabendo a cada um de nós apressar esse retorno, sobretudo pelas escolhas acertadas e por uma vida pautada pela pureza de coração. “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita