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Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 243 - 15 de Janeiro de 2012
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 36)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. Fora da hipótese espírita, como explicar o surgimento da partitura encontrada por Bach?

Uma explicação possível é ter sido a partitura escrita por Bach em estado sonambúlico. Admitida tal hipótese, pergunta-se: Quem lhe teria ditado os versos, escritos sem rasura e seguidamente? Onde teria ele colhido o conhecimento de casos passados, que ignorava e que foram depois confirmados, como veremos um pouco adiante? (O Espiritismo perante a Ciência, Quinta Parte, Cap. II – Os médiuns escreventes.)

B. Os fatos pertinentes à espineta foram explicados depois mediunicamente?

Sim. Bach recebeu uma comunicação de Baltazarini, que se reportou aos fatos referidos neste livro e confirmou que a espineta realmente lhe pertencera. (Obra citada, Quinta Parte, Cap. II – Os médiuns escreventes.)

C. Que é que Delanne diz sobre a mediunidade vidente?

Delanne diz que a mediunidade vidente é uma das mais curiosas manifestações dos Espíritos e que não existe melhor prova da sobrevivência que aquela que permite a um Espírito tomar-se visível. (Obra citada, Quinta Parte, Cap. III – Médiuns videntes e médiuns auditivos.)

Texto para leitura

828. Se a aparição de um Espírito pode ser atribuída a uma alucinação, a mesma explicação não pode ser aplicada à partitura encontrada por Bach. Teria sido escrita por Bach, em estado sonambúlico? Admitamo-lo, por instantes; mas quem lhe teria ditado os versos, escritos sem rasura e seguidamente? Onde teria ele colhido o conhecimento de casos passados, que ignorava e que foram depois confirmados, como veremos um pouco adiante?

829. Alberic Second perguntava se a espineta tinha pertencido a Baltazarini e se fora esse musicista que ditara as palavras do romance e da música. Como resposta, eis o que lemos na Revue Spirite de fevereiro de 1866:

“O fato junto é a continuação da interessante história Ária e palavras do rei Henrique III, narrada na Revue, de julho de 1865. Desde então, Bach se tomou médium escrevente, mas pratica pouco, em vista da fadiga que lhe sobrevém. Só o faz quando incitado por força invisível, a qual se traduz por viva agitação e tremor da mão, e aí a resistência lhe é mais penosa que o exercício. Ele é mecânico, no sentido absoluto do terno, e não tem consciência nem lembrança do que escreve. Um dia, quando estava nessas disposições, escreveu a quadra seguinte:

Rei Henrique deu essa grande espineta

A Baltazarini, muito bom músico;

Se ela não for boa ou muito graciosa

Que ao menos a conserve por lembrança.

A explicação desses versos que, para Bach, não tinham sentido, lhe foi dada em prosa.

O rei Henrique, meu senhor, deu-me a espineta que possuís; escreveu uma quadra numa folha de pergaminho, fê-la pregar no estojo e m’a remeteu. Alguns anos mais tarde, tendo que fazer uma viagem e receando que o pergaminho fosse arrancado e se perdesse, visto que eu levava comigo a espineta, tirei-o e coloquei-o em um pequeno vão, à esquerda do teclado, onde ainda se acha.

A espineta é a origem dos pianos atuais, em sua maior simplicidade, e se tocava da mesma maneira; era um pequeno cravo, de quatro oitavas, com cerca de metro e meio de comprimento, quarenta centímetros de largura, e sem pés. As cordas, no interior, eram dispostas como nos pianos e tocadas por meio de teclas. Transportavam-no à vontade, encerrando-o numa caixa, como se faz com os violinos e os violoncelos. Para ser utilizado punham-no em uma mesa ou um móvel.

O instrumento estava em exposição no museu retrospectivo, nos Campos Elíseos, onde não era possível fazer a pesquisa indicada. Quando ele lhe foi entregue, Bach e seu filho apressaram-se a esmerilhar em todos os vãos, mas inutilmente, de sorte que acreditaram numa mistificação. Entretanto, para que não restasse qualquer dúvida, Bach o desmontou completamente e descobriu, à esquerda do teclado, um intervalo tão estreito que nele não se podia introduzir a mão. Investigou esse reduto cheio de pó e de teias de aranha, e dele retirou um pedaço de pergaminho dobrado, enegrecido pelo tempo, com 31 centímetros de comprimento por 7 e meio de largura, no qual estava escrita a quadra seguinte, em grandes caracteres da época:

Moys le roi Henri trois octroys cette espinette

A Baltazarini, mon gay musicien

Mais si dis mal sône, ou bien | ma| moult simplette

Lors pour mon souvenir dans lestuy garde bien.

Este pergaminho está furado nos quatro cantos e os buracos são, evidentemente, os dos pregos que serviram para fixá-lo na caixa. Traz, também, além disso, nas margens, grande quantidade de buracos, alinhados e regularmente espaçados, que parecem ter sido feitos por pregos muito pequenos.

Os primeiros versos ditados reproduziam, como se vê, o mesmo pensamento que os do pergaminho, de que são a tradução, em linguagem moderna, e isto antes que estes fossem descobertos.

O terceiro verso é obscuro e contém, sobretudo, a palavra ma, que parece sem sentido, e não se pode ligar à ideia principal que, no original, está entre parênteses. Procuramos, inutilmente, a explicação, e o próprio Bach nada sabia a respeito.

Estava eu um dia em sua casa, quando houve, espontaneamente, em nossa presença, uma comunicação de Baltazarini, dada para nós, e assim concebida:

‘Amico mio.

‘Estou contente contigo; encontraste os versos na minha espineta; meu desejo está satisfeito; estou contente contigo...

‘O rei, nesses versos, gracejava de minha pronúncia; eu dizia sempre ma em lugar de mas.

‘Adio amico. – Baltazarini.’

Assim foi dada, sem pedido prévio, a explicação dessa palavra ma, intercalada por gracejo, pela qual o rei designava Baltazarini que, como muitos de seus patrícios, assim a pronunciava várias vezes.

O rei, dando a espineta ao músico, lhe diz: se ela não é boa, se ela soa mal ou se | ma| (porém) a achar muito simples, que a conserve em seu estojo, em lembrança de mim. A palavra ma está rodeada de um filete, como entre parênteses.

Teríamos, certamente, procurado esta explicação por muito tempo, que não podia ser o reflexo do pensamento do Sr. Bach, pois que ele mesmo não estava entendendo nada.

Restava resolver uma importante questão: a de saber se a escrita do pergaminho era, realmente, da mão de Henrique III.

Bach dirigiu-se à biblioteca imperial para compará-la com os manuscritos originais. Foram, a princípio, encontrados alguns, sem semelhança perfeita, mas com o mesmo caráter. Em outros documentos, porém, a identidade era absoluta, tanto no tipo da letra como na assinatura.

Não podia haver dúvida sobre a autenticidade do pergaminho, embora certas pessoas, que professam uma incredulidade ridícula para com as coisas ditas sobrenaturais, tenham achado que aquilo não passava de uma boa imitação.

Observaremos que não se trata aqui de uma escrita mediúnica, dada pelo Espírito do rei, mas de um manuscrito original, escrito pelo próprio rei, quando vivo, e que não tem nada de mais maravilhoso que aqueles que as circunstâncias fortuitas fazem descobrir todos os dias. O maravilhoso, se maravilhoso existe, só está na forma pela qual foi revelada sua existência. É bem certo que, se o Sr. Bach se contentasse em dizer que o tinha achado, por acaso, em seu instrumento, isso não teria provocado nenhuma objeção.”

830. Tal é a narrativa exata da comunicação literária e musical obtida por Bach. Poderíamos citar grande número de casos, tão seguros como este, em que a intervenção dos Espíritos não é menos manifesta, mas preferimos enviar o leitor à Revue Spirite, onde formigam descrições semelhantes, trazendo todas o cunho de verdade indiscutível.

831. Vejamos agora dois outros fenômenos: vidência e audiência. A mediunidade vidente é evidentemente uma das mais curiosas manifestações dos Espíritos. Não há melhor prova da sobrevivência que aquela que permite a um Espírito tomar-se visível. Para chegar a este resultado deve ele fazer no encarnado certas modificações perispirituais, que é preciso estudar. Distingamos os dois casos seguintes:

1º. O médium vê com os olhos;

2º. O médium vê em estado de desprendimento.

832. Existe um meio simples, por onde um médium pode saber em que estado se encontra. Ao ver um Espírito, se desvia o olhar ou fecha os olhos, e a aparição continua visível; é que ele está desprendido; se, pelo contrário, não percebe mais o Espírito, é que vê com os olhos do corpo.

833. No desprendimento, a visão se opera fora dos órgãos dos sentidos, e disso não nos ocuparemos por saber que os desencarnados veem, ouvem e, de maneira geral, percebem por todas as partes do perispírito. A vista pela alma, em estado de desprendimento, entra, pois, no caso geral da visão dos Espíritos entre si.

834. O que convém notar é que o Espírito é, entretanto, obrigado a agir sobre o médium, para conseguir-lhe o desprendimento. Que é, pois, o desprender-se? Para a alma é estar menos acorrentada ao corpo. Sabemos que durante sua passagem na Terra o Espírito está ligado ao invólucro material pelo perispírito, que aciona, ele próprio, o sistema nervoso.

835. Quanto mais ativa é a vida do encarnado, mais abundante é a circulação nervosa e menos pode o Espírito desprender-se; mas se, como vimos na teoria do magnetismo, é possível paralisar, momentaneamente, os laços que prendem a alma ao corpo, produz-se uma irradiação do Espírito encarnado, que, nessa condição, goza de quase todas as faculdades que possui na erraticidade. Ele pode, pois, ver os Espíritos, descrevê-los, dar, assim, provas de sua existência. Esse estado particular se nos apresenta frequentemente no sono. Os sonhos são, a maior parte das vezes, lembranças que conservamos de nossas viagens no Espaço; ainda que, ao despertar, não nos recordemos dos fatos de que fomos testemunhas durante a noite, não se deve concluir que a alma não se tenha desprendido.

836. Em primeiro lugar, vejamos o que entendemos por mediunidade vidente, porque é bom não tomarmos por aparições as figuras diáfanas que se percebem na semissonolência e ao despertar. É preciso cuidado contra as causas de erro que provêm da imaginação superexcitada. Quem já não acreditou distinguir, em dados momentos, figuras, paisagens, nos desenhos bizarros formados pelas nuvens? E a razão nos diz que elas não existem, em realidade. Sabe-se, também, que na obscuridade os objetos revestem aparências extraordinárias. Quantas vezes, num quarto, à noite, uma veste pendurada, um vago reflexo luminoso não parecem ter uma forma humana aos olhos dos de maior sangue frio? Se a isso se vem juntar o medo ou uma credulidade exagerada, a imaginação faz o resto.

837. Os materialistas empregam a palavra alucinação para explicar a mediunidade vidente. A palavra alucinação vem do latim hallucinari, errar, de ad lucem. A alucinação poderia ser definida como um sonho em estado de vigília; é a percepção de uma imagem ilusória, de um som que não existe realmente, que não tem valor objetivo. Assim como o objeto representado não impressiona a retina, o som escutado não fere o ouvido; a causa eficiente da alucinação existe no aparelho nervoso sensorial e deve ser atribuída a um trabalho particular do cérebro. Esse fenômeno não existe somente para a vista e para o ouvido; os outros sentidos também podem ser alucinados; um contato, um odor, um sabor sem que haja ação prévia de um excitante exterior, são verdadeiras alucinações.

838. Essas pretendidas sensações, que experimentam as pessoas atingidas por tal doença, dependem das imagens, das ideias reproduzidas pela memória, ampliadas pela imaginação e personificadas pelo hábito. As alucinações podem ser produzidas por causas físicas ou morais. As primeiras são muito numerosas: o abaixamento ou elevação da temperatura, o abuso das bebidas alcoólicas, as doses elevadas de sulfato de quinina, a digitális, a beladona, o estramônio, o meimendro, o acônito, o ópio, a cânfora, as emanações azotadas, o haxixe, o abalo do cérebro por queda, etc.

839. Entre as causas morais, as mais comuns são uma impressão súbita dos sentidos, uma sensação viva e prolongada, a atenção violentamente fixada no mesmo objeto, o insulamento, o remorso, o temor, o terror. (Continua no próximo número.)


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita