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Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 242 - 8 de Janeiro de 2012
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 35)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. Caso tenha várias aptidões mediúnicas, qual delas o médium deve cultivar? 

É raro circunscrever-se a faculdade de um médium a um único gênero; por causa disso, o mesmo médium pode ter muitas aptidões. Uma há, porém, que ele domina, e é esta que ele deve cultivar, se lhe for útil. (O Espiritismo perante a Ciência, Quinta Parte, Cap. II – Os médiuns escreventes.) 

B. Como uma pessoa pode saber se é ou não médium? 

Segundo os Espíritos, quando o princípio, o gérmen de uma faculdade existe, ela se manifesta sempre por sinais inequívocos. Infelizmente, não é raro ver que os médiuns nem sempre se contentam com os dons que recebem, e desejam, por amor-próprio ou ambição, possuir faculdades excepcionais que os tornem notórios. (Obra citada, Quinta Parte, Cap. II – Os médiuns escreventes.) 

C. Que médium desenhou uma habitação supostamente situada em Júpiter? 

Foi Victorien Sardou quem publicou em 1858 uma estampa desenhada e gravada por ele representando uma habitação em Júpiter. O desenho foi acompanhado de uma longa nota em que o médium explica a maneira pela qual, assistido por Bernard de Palissy e Mozart, pôde reproduzir, pelo traço, as habitações de Júpiter. (Obra citada, Quinta Parte, Cap. II – Os médiuns escreventes.)                                                                                                    

Texto para leitura 

810. São muitas as variedades dos médiuns escreventes, com graus inúmeros em sua diversidade. Há muitos que apresentam apenas gradações, em que não deixam de existir propriedades especiais. É raro circunscrever-se a faculdade de um médium a um único gênero. O mesmo médium pode ter, sem dúvida, muitas aptidões; uma há, porém, que domina, e é esta que ele deve cultivar, se lhe for útil.

811. Um Espírito nos deu, a respeito disso, o seguinte conselho: “Quando o princípio, o gérmen de uma faculdade existe, ela se manifesta sempre por sinais inequívocos. Restringindo-se à sua especialidade o médium pode sobressair e obter grandes e belas coisas; ocupando-se com tudo, não obterá nada de bom. Observai, de passagem, que o desejo de estender indefinidamente o círculo das faculdades é uma pretensão orgulhosa, que os Espíritos nunca deixam impune; os bons abandonam os presunçosos que se tornam, assim, joguete de Espíritos enganadores. Infelizmente, não é raro ver que os médiuns nem sempre se contentam com os dons que recebem, e desejam, por amor-próprio ou ambição, possuir faculdades excepcionais, que os tornem notórios. Essa pretensão lhes tira a mais preciosa qualidade: a de médiuns seguros.”

812. Sabemos, conforme a teoria, que os médiuns mecânicos podem ser chamados, em dado momento, a fazer qualquer outra coisa além da escrita. A força que lhes faz mover a mão, para traçar caracteres, pode também fazê-los executar linhas, curvas, sombreados, ou seja, fazê-los desenhar. Este caso se apresenta frequentemente e conhecemos certo número de pessoas que obtêm, assim, uns paisagens, outros cabeças admiravelmente desenhadas, ignorando completamente até os rudimentos desta arte.

813. O mais curioso exemplo desse gênero de mediunidade nos é oferecido por Sardou, o eminente acadêmico, que publicou em 1858 uma estampa desenhada e gravada por ele, representando uma habitação em Júpiter. Esse desenho é acompanhado de uma longa nota de Victorien Sardou, onde o célebre autor explica a maneira pela qual, assistido por Bernard de Palissy e Mozart, pôde reproduzir, pelo traço, as habitações de Júpiter.

814. Eis o que a respeito escreveu Allan Kardec: “Apresentamos, com este número de nossa revista, como tínhamos anunciado, o desenho de uma habitação de Júpiter, executado e gravado por Victorien Sardou, como médium, e juntamos o artigo descritivo que ele nos quis dar sobre o assunto. Qualquer que seja, sobre a autenticidade das descrições, a opinião dos que possam acusar-nos de nos estar ocupando com o que se passa nos mundos desconhecidos, quando há tanto que fazer na Terra, pedimos aos leitores não perder de vista que o nosso fim assim como faz ver nosso título é, antes de tudo, o estudo dos fenômenos, e que, sob este ponto de vista, nada deve ser negligenciado. Ora, como fato de manifestações, esses desenhos são, incontestavelmente, dos mais notáveis, visto que o autor não sabe desenhar, nem gravar, e o desenho foi gravado por ele em água forte, sem modelo, nem ensaio antecipado, em nove horas. Supondo, mesmo, que o desenho seja uma fantasia do Espírito que o fez traçar, o fenômeno da sua execução não seria menos digno de atenção e, nessa qualidade, merece figurar em nossa coleção.”

815. No fim do artigo, acrescentou Allan Kardec: “O autor desta interessante descrição é um desses adeptos fervorosos e esclarecidos que não temem manifestar claramente suas crenças e se colocam acima da crítica dos que nada creem fora do círculo de suas ideias. Ligar o nome a uma doutrina nova, afrontando os sarcasmos, é coragem que não é dada a todos, e por isso felicitamos Sardou.”

816. Desde essa época, já longínqua, tivemos numerosas provas de que essa mediunidade já estava bem espalhada. Um ferreiro, chamado Fabre, desenhou um esplêndido quadro representando Constantino quando pôs em fuga o exército de Maxêncio, o qual não seria reprovado por um mestre. Já vimos pessoas ignorantes dos princípios de desenho esboçar cabeças, de maneira inteiramente original. A mão era agitada com um movimento febril de vaivém e só parecia fazer traços; cessada a atividade espiritual, encontrou-se, no meio dessa confusão, a adorável figura de uma jovem, cujos traços puros se destacavam nitidamente em meio ao inextricável labirinto de riscos a lápis.

817. É bom observar que para esta espécie de mediunidade são necessárias aptidões especiais, e não basta ser um médium mecânico para que alguém se torne desenhista. Os Espíritos, que conhecem nossas existências anteriores, podem julgar-nos aptos a esse gênero de manifestações, ainda quando não sintamos, agora, nenhuma inclinação para as artes; é, pois, a eles que compete dirigir-nos e a nós seguir-lhes docilmente a orientação.

818. O ensaio de teoria geral que apresentamos dos fenômenos da escrita pode ainda aplicar-se a certas manifestações de ordem complexa. Tal é o caso narrado pelo Grand Journal de 4 de junho de 1865.

819. Ei-lo, tal como o reproduz a revista:

“Todos os editores e amadores de música de Paris conhecem G. Bach, discípulo de Zimmerman, primeiro prêmio de piano do Conservatório, no concurso de 1819, um dos nossos mais estimados e mais distintos professores de piano, bisneto do grande Sebastião Bach, de quem leva dignamente o nome ilustre. Informado pelo nosso comum amigo, o Sr. Dollingen, administrador do Grand Journal, de que um verdadeiro prodígio se tinha produzido no apartamento de Bach, durante a noite de 5 de maio último, pedi a Dollingen que me levasse à casa do Sr. Bach, e fui acolhido no nº 8 da rua Castellane com grande gentileza. Penso que é inútil acrescentar que, depois da autorização expressa do herói desta maravilhosa história, é que me permito contá-la:

A 4 de maio, Léon Bach, que é um curioso doublé de artista, trouxe a seu pai uma espineta admiravelmente esculpida. Depois de longas e minuciosas pesquisas, o Sr. Bach descobriu, em uma tábua interior, a marca do instrumento; datava de abril de 1664 e foi fabricado em Roma. Bach passou parte do dia em contemplação de sua preciosa espineta e nela pensava, ainda, ao deitar-se, quando o sono lhe veio fechar as pálpebras.

Não há que admirar, portanto, tivesse o seguinte sonho: No mais profundo sono, Bach viu aparecer à cabeceira um homem de longas barbas, sapatos redondos na ponta, com grossas borlas, calças largas, gibão de grandes mangas, com fofos no alto, enorme colarinho em torno do pescoço e um chapéu pontudo de abas largas. Esta personagem inclinou-se para o Sr. Bach e lhe disse:

– A espineta que possuís me pertenceu. Ela muitas vezes serviu-me para distrair o meu senhor, o Rei Henrique III. Quando ele era moço, compôs uma ária com palavras que gostava de cantar, e eu o acompanhava muitas vezes. Compô-las em lembrança de uma mulher que encontrou na caça e de quem se tomou de amores. Afastaram-na; dizem que a envenenaram e o rei teve com isto grande desgosto. Quando estava triste, cantarolava este romance. Para distraí-lo tocava eu, então, em minha espineta, uma música de minha composição, que ele muito apreciava. Vou fazê-la ouvir.

O homem aproximou-se da espineta, desferiu alguns acordes e cantou a ária com tanta expressão, que Bach acordou em lágrimas. Acendeu uma vela, olhou o relógio, verificou que eram duas horas depois da meia-noite e não tardou a dormir de novo.”

820. Prossegue a narrativa da revista:

“No dia seguinte de manhã, ao despertar, Bach ficou grandemente surpreendido, por achar, em sua cama, uma página de música, com uma escrita muito fina e de notas microscópicas. Dificilmente com o auxílio de suas lunetas, pôde Bach, que é muito míope, compreender as garatujas. Pouco depois, o neto de Sebastião sentava-se ao piano e decifrava o trecho. O romance, as palavras e a música eram exatamente conforme as que o homem do sonho lhe tinha feito ouvir. Ora, Bach não é sonâmbulo, nunca escreveu um único verso, e as regras da poesia lhe são absolutamente estranhas.”

821. As estrofes constantes do manuscrito foram reproduzidas pela revista, com a observação de que a ortografia então utilizada não era familiar ao senhor Bach.

822. Segundo a reportagem a que nos referimos, a ortografia musical não era menos arcaica que a ortografia literária, e as chaves foram feitas de modo diverso do que então se usava. Além disso, o acompanhamento é escrito em um tempo e o canto em outro.

823. Finalizando a reportagem, seu autor diz que Bach teve a gentileza de fazê-lo ouvir os trechos, que eram de uma harmonia simplesmente ingênua e penetrante. E acrescentou: “O jornal L'Estoile diz que o rei teve grande paixão por Maria de Clèves, marquesa de Isle, morta na flor da idade, em uma Abadia, a 15 de outubro de 1874. Não será a ‘pobre bela, triste e enclausurada’ de que ele fala nas coplas? (1) O mesmo jornal diz também que um músico italiano, chamado Baltazarini, veio para a França, nessa época, e que foi um dos favoritos do rei. A espineta pertenceu a Baltazarini? Foi o Espírito de Baltazarini quem escreveu o romance e a música? Mistério que não ousamos aprofundar. Alberic Second.”

824. Algumas reflexões sobre o assunto não serão fora de propósito. “Mistério que não ousamos aprofundar”, e por quê? Há um fato cuja autenticidade é demonstrada, como reconheceis, e como se relaciona com a vida misteriosa de além-túmulo, não ousais procurar-lhe a causa! Temeis encará-la de face? Tendes, pois, medo das almas? Ou receais obter a prova de que tudo não termina com a vida do corpo?

825. É verdade que para um cético que não sabe nada e que não crê em nada além do presente, esta causa é bem difícil de achar. Mas, por isso mesmo que o fato é mais estranho e parece afastar-se das leis conhecidas, deve ainda mais obrigar à reflexão e despertar, pelo menos, a curiosidade. Dir-se-ia, verdadeiramente, que certas pessoas têm medo de ver muito claramente, porque ser-lhes-ia forçoso convir que se enganaram.

826. Vejamos, entretanto, as deduções que todo homem sério pode tirar desse fato, abstração feita de qualquer ideia espírita. Bach recebe um instrumento cuja Antiguidade verifica e que lhe causa grande satisfação. Preocupado com a ideia, é natural que esta lhe provoque um sonho: ele vê um homem com os trajes da época, que toca e canta no instrumento uma ária de então; não há nada ali, certamente, que, em rigor, não possa ser atribuído à imaginação superexcitada pela emoção da véspera, sobretudo em um musicista.

827. Mas aqui a lembrança se complica, a ária e as palavras não podem ser uma reminiscência, visto que Bach não as conhecia. Quem as podia ter revelado, se o Espírito que lhe apareceu não passa de um ser fantástico, sem realidade? Que a imaginação superexcitada faça reviver na memória coisas esquecidas, concebe-se; mas teria ela o poder de dar-nos ideias novas, de ensinar-nos coisas que não sabemos, que nunca soubemos, de que nunca nos ocupamos? Seria um fato de alta gravidade e que mereceria ser examinado, porque seria a prova de que o Espírito age, percebe e concebe independentemente da matéria. (Continua no próximo número.)


(1)
Copla [do lat. copula, 'união', pelo esp. copla] significa: pequena composição poética, geralmente em quadras, para ser cantada.


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita