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Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 236 - 20 de Novembro de 2011
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 29)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. É certo dizer que no Universo tudo é movimento? 

Sim. Tudo é movimento. Do átomo invisível ao corpo celeste perdido no espaço, tudo é submetido ao movimento, tudo gravita em uma órbita imensa ou infinitamente pequena. Mantidas a uma distância definida, umas das outras, em razão mesma do movimento que as anima, as moléculas apresentam relações constantes que só perdem pela aquisição ou subtração de certa quantidade de movimento. Segundo a rapidez das vibrações dos átomos as substâncias serão em estado sólido, líquido, gasoso ou radiante. (O Espiritismo perante a Ciência, Quarta Parte, Cap. III – O perispírito durante a desencarnação – Sua composição.) 

B. Que importância tem a vontade para os Espíritos? 

Segundo os ensinos espíritas, a vontade é uma força considerável, por meio da qual os Espíritos agem sobre os fluidos. Eles podem, por sua ação, fazer todas as manipulações fluídicas que lhes aprouver, mas para materializar essas criações fluídicas eles têm necessidade de um agente essencial: o fluido vital, e só o encontram no organismo humano. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. III – O perispírito durante a desencarnação – Sua composição.) 

C. Podem os Espíritos sentir tudo o que os encarnados sentem? 

Sim. Podem sentir tudo o que percebemos: a luz, o som, os odores, e estas sensações não são menos reais, por nada terem de material; elas possuem, mesmo, algo de mais claro, mais preciso e mais sutil, porque chegam à alma sem intermediário e sem passar, como entre nós, pela série dos sentidos, que as esmaecem. A faculdade de perceber é inerente ao Espírito; é um atributo dos seres; as sensações lhe chegam de toda parte e não de certas partes determinadas. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. III – O perispírito durante a desencarnação – Sua composição.) 

Texto para leitura 

659. Isto posto, procuremos ver o que se passa numa materialização. Todos os corpos são compostos de partes infinitamente pequenas, chamadas átomos. Estes átomos que estruturam todos os corpos não se tocam; são colocados uns ao lado dos outros e agrupados por uma força chamada coesão; todos os corpos da natureza nos aparecem, pois, como coleções de átomos ou de moléculas reunidas diversamente.

660. A matéria é inerte, incapaz de por si mesma entrar em movimento; quando se verifica um deslocamento num corpo, houve uma força que o fez sair do estado de inércia. Pode-se dizer, portanto, que o movimento é a expressão da força, mas esta força pode agir de diferentes maneiras, quer deslocando o corpo no espaço, quer determinando mudanças em seu estado molecular. Por exemplo, se com o dedo mantém-se uma corda de violino afastada da sua posição de repouso, as moléculas que formam esta corda tendem a retomar sua primeira posição, exercem uma pressão sobre o dedo; há, pois, trabalho molecular interno; se, ao contrário, retira-se o dedo, a corda põe-se em movimento e o trabalho molecular que produzia a pressão se converte em movimentos de transporte que se executam de um lado e de outro da posição de repouso da corda; o vaivém se amortece progressivamente pela resistência do ar e dos pontos pelos quais as cordas se prendem ao violino.

661. Esta teoria estabelece, em princípio, que as qualidades dos corpos são devidas aos movimentos particulares de que são animados os átomos ou as moléculas de cada substância. As propriedades químicas seriam devidas a agrupamentos diferentes de átomos; sem dúvida não se pode supor atualmente a que espécie de movimentos constitutivos é devida, por exemplo, a diferença entre o ouro e a prata, mas a ideia de que é nestes movimentos que ela reside nem por isso é hoje menos universalmente aceita.

662. Tudo é movimento. Do átomo invisível ao corpo celeste perdido no espaço, tudo é submetido ao movimento, tudo gravita em uma órbita imensa ou infinitamente pequena. Mantidas a uma distância definida, umas das outras, em razão mesma do movimento que as anima, as moléculas apresentam relações constantes que só perdem pela aquisição ou subtração de certa quantidade de movimento. Segundo a rapidez das vibrações dos átomos as substâncias serão em estado sólido, líquido, gasoso ou radiante.

663. Para fazer um corpo passar por esses diferentes estados, empregamos com maior frequência o calor, mas não sabemos se outros agentes têm o mesmo poder, isto é, se podem fazer passar as diferentes substâncias pelos estados sólido, líquido e gasoso.

664. Os Espíritos nos ensinam que a vontade é uma força considerável, por meio da qual eles agem sobre os fluidos. Eles podem, por sua ação, fazer todas as manipulações fluídicas que lhes aprouver, mas para materializar essas criações fluídicas eles têm necessidade de um agente essencial: o fluido vital. Só o encontram, capaz de preencher as condições necessárias para a materialização, no organismo humano, donde a presença indispensável de um médium.

665. Conhecido isto, como conceber que um Espírito possa primeiro mostrar-se e, em seguida, materializar-se? Para que o Espírito se mostre é preciso que ele extraia o fluido vital do organismo do encarnado. Por meio desse agente, ele produz em seu envoltório uma alteração molecular que o torna opaco. Encontra-se um efeito análogo, posto que inverso, quando se estudam as propriedades de certas substâncias, como o hidrofânio (1), rocha silicosa opaca, que se torna transparente quando mergulhada na água. Dá-se o mesmo com uma folha de papel untada dum corpo gorduroso. A opacidade é devida à reflexão da luz sobre as diferentes parcelas do papel; mas a interposição de uma substância que impeça a reflexão permite à luz atravessar o corpo e, por consequência, produz-se a transparência.

666. Efeito inverso se nota com os Espíritos. Aliás, basta examinar a condensação de um vapor num tubo, para compreender-se como pode o perispírito, sob a influência da vontade e do fluido vital, materializar-se.

667. O invólucro fluídico, que reproduz, geralmente, a aparência física que o Espírito tinha em sua última encarnação, possui todos os órgãos do homem, de sorte que, diminuindo o movimento molecular radiante desse invólucro, ele aparece, a princípio, sob um aspecto vaporoso, como no caso da inspetora de Riga; depois o fluido vital do médium se vai acumulando no corpo fluídico, e lhe comunica, momentaneamente, uma vida fictícia, que é tanto mais intensa quando maior quantidade de fluido despende o médium. É esta a razão pela qual os médiuns de materialização ficam mergulhados em catalepsia.

668. Pôde-se observar, nos casos narrados de desdobramento, que não parecia necessária a presença de um médium. É que o próprio encarnado fornecia o fluido vital indispensável, e seu duplo tinha uma realidade mais ou menos tangível, conforme a sua abundância de fluidos.

669. Circunstância que parece estranha é a desaparição súbita do Espírito materializado. Dir-se-ia que o perispírito, que se materializou lentamente, deve repassar por fases inversas para voltar ao estado fluídico. Isto, porém, se compreende, sabendo-se que a água, mesmo em estado sólido, tem certa tensão de vapor. Não é raro ver-se o gelo desaparecer, sem ter passado pela fusão; ele passa bruscamente ao estado de vapor e, neste caso, devemos admitir, o que já reconhecia o naturalista Plínio, que houve vaporização imediata. Esse fenômeno foi estudado por Gay Lussac e Regnault, que operaram até 52° abaixo de zero. Certos corpos sólidos, como o iodo e a cânfora, passam também diretamente ao estado gasoso. É fácil compreender que se produz algo semelhante na desaparição súbita de um Espírito materializado.

670. Para que nossa demonstração fosse completa, seria preciso que se pudessem fazer experiências que estabelecessem a subministração do fluido vital ao organismo do Espírito. Nada ainda foi tentado com esse objetivo e é difícil, em vista do pouco tempo em que esses fenômenos são estudados cientificamente, determinando-lhes todas as leis. Mas, seja como for, acreditamos que nossa teoria pode ser aceita para explicar os fatos e seremos muito felizes se esses dados puderem servir ao esclarecimento dessas questões, ainda tão pouco conhecidas.

671. Essa maneira de encarar o perispírito permitir-nos-á compreender mais facilmente o papel que ele goza durante a vida do Espírito. Vamos resumir, segundo Allan Kardec, o que sabemos sobre o assunto.

672. Tomemos a alma ao sair deste mundo e vejamos o que se passa depois dessa transmigração. Extinguindo-se as forças vitais, o Espírito se desprende do corpo no momento em que cessa a vida orgânica; a separação, porém, não é brusca e instantânea. Começa, algumas vezes, antes da cessação da vida, e não é sempre completa no instante da morte.

673. Há entre o Espírito e o corpo um laço semimaterial que constitui um primeiro invólucro; ele não se rompe subitamente e, enquanto subsiste, o Espírito fica num estado de perturbação, que pode ser comparado ao que sucede ao despertar; muitas vezes, mesmo, ele duvida da morte; sente que existe e não compreende que possa viver sem o corpo, de que se vê separado. Os laços que o unem à matéria o tornam, mesmo, acessível a certas sensações físicas; dizia um deles que sentia os vermes lhe roerem o corpo.

674. O Espírito só se reconhece depois de completamente livre: até aí ele não conhece perfeitamente a sua situação. A duração desse estado de perturbação é variável; pode ser de algumas horas ou de muitos anos, mas é raro que, ao fim de alguns dias, ele não se reconheça, mais ou menos bem. Falamos das almas chegadas já a certo grau de adiantamento moral, porque, entre os selvagens, a vida espiritual não é suficientemente ativa para que eles se identifiquem com a nova situação. Faz-se preciso que esses Espíritos reencarnem rapidamente, a fim de apressar o momento em que, gozando de seu inteiro livre-arbítrio, tornar-se-ão os únicos senhores de seus destinos.

675. É solene o momento em que o Espírito vê cessar a sua escravidão pela ruptura do laço que o retém ao corpo. À entrada no mundo dos Espíritos ele é acolhido por amigos que o recebem, como de volta de penosa viagem. Encontra os mortos amados, cuja perda lhe tinha sido cruciante pesar, e se a travessia foi feliz, se o tempo de exílio foi empregado de forma proveitosa, é por eles felicitado pelo combate corajosamente sustentado. Aos pais juntam-se os amigos que ele conheceu outrora. Começa, então, verdadeiramente, para ele uma nova existência.

676. O invólucro fluídico do Espírito constitui uma espécie de corpo de forma definida, limitada e análoga à nossa. Na Terra, a visão, a audição, o tato dependem de instrumentos cuja grosseria não nos permite sentir as vibrações, em número infinito, que se estendem além dos limites de nossas fracas percepções; mas essas vibrações existem e, para o ser que as pode captar e lhes compreender a linguagem, devem elas ter uma voz mais penetrante que o majestoso murmúrio do oceano e as queixas misteriosas do vento através das florestas.

677. O Espírito sente tudo o que percebemos: a luz, o som, os odores, e estas sensações não são menos reais, por nada terem de material; elas possuem, mesmo, algo de mais claro, mais preciso e mais sutil, porque chegam à alma sem intermediário e sem passar, como entre nós, pela série dos sentidos, que as esmaecem.

678. A faculdade de perceber é inerente ao Espírito; é um atributo dos seres; as sensações lhe chegam de toda parte e não de certas partes determinadas. Um deles dizia, falando da vista: “é uma faculdade do Espírito e não do corpo; vedes pelos olhos, mas não é o corpo que vê, é o Espírito”.

679. Pela conformação de nossos órgãos, temos necessidade de certos veículos para nossas sensações; é assim que nos é preciso a luz para refletir os objetos, o ar para nos transmitir os sons. Mas esses veículos se tornam inúteis, desde que não possuímos os intermediários que os exigiam. O Espírito vê, pois, sem o socorro da luz, ouve sem necessidade das vibrações do ar. Não há, por isso, escuridão para eles. Temos, assim, a chave das notáveis propriedades dos sonâmbulos lúcidos, que veem e ouvem muito além do alcance dos sentidos materiais. É que a alma, desprendida, goza de parte das prerrogativas que possui em estado de desencarnação.

680. Como as sensações perpétuas e indefinidas, por mais agradáveis que sejam, tornam-se fatigantes, tem o Espírito a faculdade de suspendê-las. Ele pode, pois, à vontade, deixar de ver, ouvir, sentir, ou só sentir, ouvir e ver o que quer. Essa faculdade está em razão da superioridade do ser, porque há coisas que os Espíritos inferiores não podem evitar, o que lhes torna a situação penosa.

681. Essa inaptidão para compreender o que lhes está acima do entendimento, unida à jactância, companheira ordinária da ignorância, é a causa das teorias absurdas que apresentam certos Espíritos, e que a nós próprios induziriam em erro se aceitássemos sem controle e sem assegurarmos, pelos meios fornecidos pela experiência e pelo hábito de conversar com eles, o grau de confiança que merecem.

682. Há sensações que têm origem no próprio estado de nossos órgãos; ora, as necessidades inerentes ao nosso corpo não podem existir desde que esteja destruído o nosso invólucro carnal. O Espírito não experimenta, pois, nem a fadiga, nem a necessidade de repouso, nem a da nutrição, porque não há nenhum dispêndio a reparar; as enfermidades não o afligem. Se, algumas vezes, os médiuns veem Espíritos corcundas ou coxos, é porque eles tomam essa forma para se fazerem melhor reconhecidos pelas pessoas com quem se relacionam na Terra.

683. As necessidades do corpo acarretam deveres sociais que não têm razão de ser para os Espíritos; assim, as preocupações dos negócios, as mil inquietações a que nos expõe a necessidade de ganhar a vida, a procura das quimeras que nos lisonjeiam a vaidade, os tormentos que criamos por superfluidades, não mais existem para eles. Sorriem de pena, vendo o trabalho a que nos entregamos, para adquirir riquezas vãs ou ridículas frioleiras.

684. É preciso, porém, certo grau de elevação para contemplar as coisas dessa altura. Os Espíritos vulgares interessam-se, principalmente, em nossas lutas materiais e nelas tomam parte, como podem, e incitam-nos para o bem ou para o mal, conforme sua natureza boa ou perversa.

685. Os Espíritos inferiores sofrem, mas as angústias não deixam de ser menos dolorosas, por nada terem de físicas. Eles têm todas as paixões, todos os desejos que os atenazavam em vida, e é seu castigo o não poder satisfazê-los. É para eles uma verdadeira tortura, que acreditam perpétua, porque a própria inferioridade não lhes permite ver-lhe o termo, o que é ainda um castigo.

686. A palavra articulada é também uma necessidade da nossa organização; os Espíritos não precisam de sons que lhes vão ferir os ouvidos; compreendem-se pela transmissão do pensamento, como acontece, aqui, nos compreendermos pelo olhar. Os Espíritos podem, entretanto, produzir certos ruídos; sabemos que eles são capazes de agir sobre a matéria, e esta nos transmite o som; é assim que eles fazem ouvir pancadas ou gritos e, às vezes, cantos no vazio do espaço.

687. Enquanto arrastamos penosamente nosso corpo material, na Terra, rastejando presos ao solo, os Espíritos, vaporosos, etéreos, transportam-se sem fadiga de um lugar a outro, transpõem incomensuráveis espaços, com a rapidez do pensamento, e penetram em toda parte, sem encontrar obstáculos.(Continua no próximo número.)
 

(1) Variedade de opala semitranslúcida que se torna translúcida ou transparente quando imersa na água.
 


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita