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Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 233 - 30 de Outubro de 2011
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 26)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. O positivista Dassier passou a admitir a existência do ser póstumo?

Sim. Inicialmente, Dassier negava que a sobrevivência fosse possível; depois, vencido pela evidência, reconheceu o erro e proclamou a existência do ser póstumo, afirmando, porém, que o fantasma tem uma existência momentânea, devida ao pouco de força vital que lhe resta no corpo depois da morte, para depois se dissociar lentamente e entrar no grande todo. (O Espiritismo  perante a Ciência, Quarta Parte, Cap. III – O perispírito durante a desencarnação – Sua composição.)

B. Com relação à materialização dos Espíritos, qual o nome do sábio que se destacou nas pesquisas desse fenômeno?

Seu nome é William Crookes, cujos notáveis trabalhos nessa área, logo que apareceram na Inglaterra, causaram pasmo geral. Como ousava um homem daquele valor pronunciar-se afirmativamente sobre tão controvertido assunto e apoiá-lo com experiências científicas? O fato era verdadeiramente incrível e de todos os lados se fizeram ouvir as vociferações dos materialistas. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. III – O perispírito durante a desencarnação – Sua composição.)

C. Com qual médium Crookes obteve as primeiras manifestações tangíveis?

Foi com Daniel D. Home que ele obteve as primeiras manifestações visíveis e tangíveis, antes das famosas aparições tangíveis do Espírito de Katie King. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. III – O perispírito durante a desencarnação – Sua composição.)

Texto para leitura

614. Dassier, positivista, negava, a princípio que a sobrevivência fosse possível; depois, vencido pela evidência, reconheceu o erro e proclamou a existência do ser póstumo. Mas, o mais curioso é que ele não a admite indefinidamente. Crê, no fantasma, uma existência momentânea, devida ao pouco de força vital que lhe resta no corpo, depois da morte. Julga que, destruído o cérebro, não pode o morto fazer ato de inteligência, ir, vir, falar... Ensina-nos que o fantasma se dissocia lentamente para entrar no grande todo. Em que se baseia sua apreciação? Em não se reproduzirem sempre as manifestações.
 

615. A razão é especiosa, porque as manifestações cessam, em geral, quando se faz a vontade do ser manifestante e desde então ele não tem mais motivo algum para continuar o seu alvoroço; aliás, as comunicações que recebemos, todos os dias, nos afirmam que a alma é imortal, e que, em vez de se dissolver lentamente, vai, pelo contrário, aumentando moral e intelectualmente. Sim, mas Dassier não acredita nas comunicações; ele imagina que elas são produzidas pelo duplo fluídico da pessoa evocadora, por aquilo que ele chama o éter mesmérico.

616. Basta, para combater esta infeliz teoria, chamar a atenção para o fato de que os médiuns estão absolutamente em seu estado normal quando obtêm comunicações. Se só houvesse relações com o mundo dos espíritos por meio de sonâmbulos, poderíamos admitir a intervenção da dupla personalidade, mas nossos médiuns permanecem perfeitamente acordados e, além disso, a hipótese de Dassier não explicaria mesmo todos os casos de mediunidade.

617. Admitamos, por um instante, que a personalidade mesmeriana do médium esteja agindo; esta personalidade, supondo que ela reproduza exatamente o físico e intelectual do médium, não pode adquirir, pelo só fato de sua mudança, qualidades que ela antes não possuía. De fato, como explicar as comunicações recebidas em línguas estrangeiras, o hebraico-siríaco de Des Mousseaux, e as faculdades do caixeiro de que fala Cox, o qual tratava dos mais altos assuntos da filosofia? Não, uma doutrina como a de Dassier não é aceitável e longe de destruir, como ele pretende, “as enervantes alucinações do Espiritismo”, vem confirmar ainda mais a nossa fé, pelos numerosos argumentos que seu livro nos traz.

618. Assinalemos, ainda, dois caracteres do ser póstumo. Ele se desloca com tanta rapidez como o fantasma vivo. O irmão do capitão Kidd, morto no Oceano Índico, veio encontrá-lo no Atlântico, na mesma noite em que se deu a morte. Em segundo lugar, o ser póstumo parece recear a luz; evita-a com extrema prontidão. Todas as suas manifestações se dão à noite, e raramente durante o dia, e, neste caso, à aproximação dos crepúsculos. Dassier atribui à luz uma ação desorganizadora, devida à extrema rapidez das vibrações luminosas. Somos desta opinião, veremos agora mesmo por que e em que condições.

619. Verificamos, até agora, a existência da alma depois da morte, notamos que ela é revestida de um invólucro, e isto baseando-nos na observação de fatos, cuja autenticidade nos parece bem estabelecida. Mas os incrédulos porão à conta de alucinação a maior parte desses fatos.

620. Os fatos de materialização dos Espíritos, assinalados em todos os tempos, não se realizavam de modo regular, e a singularidade das circunstâncias em que se produziam, o medo de que se viam tomadas as testemunhas, eram razões para que fossem mal observados. Graças ao Espiritismo, podemos experimentar hoje, com alguma certeza; conhecemos, teoricamente, a causa desses fenômenos, e se não podemos ainda explicar, cientificamente, como se produzem, já achamos na Ciência os mais firmes pontos de apoio. Vamos recorrer ao trabalho de Crookes, Pesquisas sobre o Espiritismo, que é a reprodução de artigos que ele publicou no Quartely Review, reunidos em volume pela livraria de ciências psicológicas.

621. Quando esses notáveis trabalhos apareceram na Inglaterra, excitaram pasmo geral. Como ousava um homem daquele valor pronunciar-se afirmativamente sobre tão controvertido assunto e apoiá-lo com experiências científicas? O fato era verdadeiramente incrível e de todos os lados se fizeram ouvir as vociferações dos materialistas.

622. Crookes desdenhou esses ataques, que não tinham base, e respondeu aos que o acusavam de não ter suficiente competência para pronunciar-se a respeito dessas questões: “Parece que o meu maior crime é o de ser um especialista entre os especialistas!” Eu, um especialista! é verdadeiramente novidade para mim, que eu tenha limitado a minha atenção a um só assunto especial. O meu cronista seria bastante capaz para dizer-me qual é este assunto? É a Química Geral, de que tenho feito relatórios desde a criação da Chimical New em 1859? É o thallium a respeito do qual o público provavelmente ouviu dizer tudo o que lhe podia interessar? É a análise química sobre o qual publiquei recentemente um tratado dos métodos escolhidos, o qual é o resultado do trabalho de doze anos? É a desinfecção, a prevenção e a cura da peste bovina sobre a qual publiquei um relato que pode se dizer, popularizou o ácido carbônico? É a fotografia, sobre a qual escrevi numerosos artigos, tanto sobre a teoria quanto sobre a prática? É a metalurgia do ouro e da prata, na qual minha descoberta do valor do sódio para o processo de amalgamação é presentemente de largo emprego na Austrália, na Califórnia e na América do Sul? É a ótica, ramo para o qual só me compete enviar às minhas memórias sobre alguns fenômenos da luz polarizada, publicadas antes que eu tivesse vinte e um anos; a minha descrição detalhada do espectroscópio e meus trabalhos com este instrumento numa época em que ele era quase desconhecido na Inglaterra; e a meus artigos sobre os espectros solares e terrestres; a meus estudos sobre os fenômenos óticos das opalas e a construção do microscópio espectral; a minhas memórias sobre a medida da intensidade da luz e à descrição de meu fotômetro de polarização? Ou bem é a Astronomia e a Meteorologia a minha especialidade, pois que durante um ano estive no Observatório Radcliffe em Oxford, onde, além de minha função especial de superintender a meteorologia, partilhara meus lazeres entre Homero e os matemáticos em Magdalen Hall, à procura dos planetas e à fixação de sua passagem com M. Pogson, agora diretor do Observatório de Madras, e a fotografia celeste executada com o magnífico heliômetro vinculado ao observatório. As fotografias da lua, tomadas por mim em 1855, no Observatório de M. Hartnup, em Liverpool, foram durante alguns anos as melhores existentes, e a Sociedade Real me honrou com uma gratificação em dinheiro para prosseguir meus trabalhos sobre este assunto. Estes fatos, juntos à minha viagem a Oran, no ano passado, na qualidade de membro da expedição enviada pelo governo para ali estudar o eclipse, e ao convite que recebi recentemente para ir ao Ceilão com o mesmo objetivo, pareceriam mostrar que a Astronomia é a minha especialidade. Para falar a verdade, poucos homens de ciência prestam-se menos do que eu à acusação de ser um especialista entre os especialistas.”

623. Juntemos a este magnífico conjunto de descobertas a da matéria radiante, e poderemos ousadamente caminhar atrás de um tal homem, sem temer os sarcasmos dos ignorantes, que não nos poderiam atingir.

624. Foi estudando com Home que Crookes obteve as primeiras manifestações visíveis e tangíveis. Já referimos que ele vira mão luminosa escrever rapidamente, elevar-se e desaparecer. Prosseguindo nas experiências, teve ocasião de verificar formas e figuras de fantasmas. Esses fenômenos foram, segundo ele próprio, os mais raros que testemunhou. As condições necessárias para sua produção parecem tão delicadas, basta tão pouca coisa para contrariar a manifestação, que raras foram as ocasiões de os ver nas condições de verificação suficiente.

625. Crookes menciona dois casos: “Ao declinar do dia, durante uma sessão de Home em minha casa, vi agitarem-se as cortinas de uma janela, que distava cerca de 8 pés de Home. Uma forma sombria, obscura, semitransparente, semelhante a uma forma humana, foi vista por todos os assistentes, de pé, perto da janela, e agitava a cortina com a mão. Enquanto a olhávamos, desvaneceu-se, e a cortina deixou de agitar-se.”

626. O caso que se segue é ainda mais interessante. Como no caso precedente, Home era o médium: “Uma forma de fantasma adiantou-se do canto do aposento, apanhou um acordeom e, tocando esse instrumento, deslizou pelo quarto. Essa forma foi, durante muitos minutas, vista por todas as pessoas presentes, percebendo-se, também, ao mesmo tempo, o médium Home. O fantasma, em seguida, aproximou-se de uma senhora, que estava sentada a certa distancia dos demais assistentes; a senhora deu um pequeno grito e o fantasma desapareceu”.

627. Como já dissemos, houve lutas apaixonadas, polêmicas violentas nos jornais ingleses, e foi por essas dissensões que tivemos a felicidade de ver Crookes intervir no debate, com uma série de cartas, onde expôs os resultados a que chegou, em companhia de Miss Florence Cook.

628. Eis como se procede, comumente, para se obterem as materializações de Espíritos, e assim poderá o leitor acompanhar a discussão. Em um quarto qualquer, suspende-se, em diagonal, num dos cantos, uma cortina, que se pode mover sobre varões. Nesse reduto se coloca o médium, depois de examinado dos pés à cabeça; os presentes assentam-se em círculo, com as mãos unidas; fecham-se todas as portas. Ao fim de certo tempo, aparece o Espírito, vindo do gabinete, e passeia no espaço deixado pelos assistentes.

629. Eis a primeira carta publicada por Crookes: “Senhor: Esforcei-me quanto pude para evitar a controvérsia em assunto tão inflamável como os chamados fenômenos espiritistas. Exceto pequeno número de casos em que a eminente posição de meus adversários poderia dar a meu silêncio outros motivos que não os verdadeiros, nunca repliquei aos ataques e falsas interpretações que minha ligação com essa causa fizeram dirigir contra mim. O caso, porém, muda de figura, desde que algumas linhas de minha parte possam afastar injustas suspeitas, lançadas sobre alguém. E quando esse alguém é uma mulher jovem, sensível e inocente, julgo especialmente um dever trazer o peso do meu testemunho em favor daquela que creio injustamente acusada. Entre todos os argumentos apresentados de uma parte e outra, com referência aos fenômenos obtidos pela mediunidade da senhorita Cook, vejo estabelecidos poucos fatos que possam levar o leitor a dizer, admitindo-se que ele possa ter confiança no juízo e na veracidade do narrador: ‘Enfim, eis uma prova absoluta!’ Vejo muitas falsas asserções, muitos exageros não intencionais, conjeturas e suposições sem fim, insinuações de fraude, facécias vulgares; mas não vejo ninguém apresentar-se com a afirmação positiva, baseada na evidência dos próprios sentidos, de que, quando a forma que dá pelo nome de Katie está no quarto, o corpo da senhorita Cook está ou não, no mesmo tempo, no gabinete. Parece que toda a questão se encerra nestes estreitos limites. Prove-se como um fato uma ou outra das duas alternativas precedentes, e todas as outras questões subsidiárias serão afastadas. A sessão se fazia em casa do Sr. Luxmore e o gabinete (espaço reservado ao médium), era uma sala separada por uma cortina do aposento da frente, no qual se achava a assistência. Inspecionada a sala e examinadas as fechaduras, a senhorita Cook penetrou no gabinete. Ao fim de pouco tempo, apareceu a forma de Katie, ao lado da cortina, donde logo se retirou, dizendo que sua médium não se achava bem, nem podia ser posta em profundo sono, de maneira a poder afastar-se dela sem perigo. Eu estava colocado a alguns pés da cortina, atrás da qual Miss Cook se sentara; e podia ouvir-lhe, frequentemente, os gemidos e suspiros, como se ela sofresse. Esse continuou por intervalos, durante quase todo o tempo da sessão, e em certo momento, quando a forma de Katie estava diante de mim, no quarto, ouvi distintamente o som de um soluço dolente, idêntico aos que Miss Cook fazia ouvir, por intervalos, no curso da sessão, e que vinha de trás da cortina onde ela estava assentada. Declaro que a figura era cheia de vida e tinha a aparência de realidade, e tanto quanto pude ver à luz um pouco indecisa, seus traços assemelhavam-se aos da Srta. Cook; mas a prova positiva dada por um dos meus sentidos, de que o suspiro provinha da senhorita Cook, no gabinete, quando a figura estava fora, essa prova é bastante forte para ser desfeita por uma simples suposição contrária, ainda que bem sustentada.”

630. O testemunho de Crookes é uma garantia da exatidão dos fatos; vamos ainda ver que essas manifestações, um tanto vagas, se foram acentuando, até levar Crookes a dizer, numa carta seguinte: “Sou feliz por haver obtido, enfim, a prova absoluta de que falava na carta precedente. Por enquanto não falarei da maior parte das provas que Katie me deu nas numerosas ocasiões em que a senhorita Cook me favoreceu com sessões em minha casa, e não descreverei senão uma ou duas das que tiveram lugar recentemente. Desde alguns anos, experimentava com uma lâmpada de fósforo, consistindo numa garrafa de 6 ou 8 onças que continha um pouco de óleo fosforado e permanecia solidamente arrolhada. Eu tinha razões para esperar que à luz desta lâmpada alguns dos misteriosos fenômenos do gabinete pudessem tornar-se visíveis e a própria Katie esperava obter o mesmo resultado. A 12 de março, durante uma sessão em minha casa, e depois de ter Katie passeado por entre nós e nos haver falado, durante algum tempo, retirou-sé para trás da cortina, que separava meu laboratório, onde estava a assistência, de minha biblioteca, que temporariamente, fazia as vezes de gabinete. Pouco depois, ela me chamou e disse: – Entre no quarto e levante a cabeça da médium, que escorregou para o chão. Katie estava, então, diante de mim, vestida com sua roupa branca habitual e toucada com seu turbante. Dirigi-me imediatamente para a biblioteca, a fim de levantar Miss Cook, e Katie deu alguns passos de lado para que eu passasse. Com efeito, Miss Cook tinha escorregado, em parte, de cima do canapé, e sua cabeça estava em penosa posição. Coloquei-a no canapé e tive, apesar da obscuridade, a viva satisfação de verificar que Miss Cook não estava vestida com a roupa de Katie, mas trazia seu trajo ordinário de veludo preto e se encontrava em profunda letargia. Não haviam decorrido cinco minutos, entre o momento em que vi Katie, de vestuário branco, diante de mim, e o em que levantei Miss Cook para o canapé, retirando-a da posição em que se encontrava”. (Continua no próximo número.)
 


 

 


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