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Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 232 - 23 de Outubro de 2011
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 25)

 
Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme
tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. Como é possível verificar a existência do perispírito nos desencarnados?

Há dois meios para isso. Podemos, em primeiro lugar, observá-lo quando se produzem as manifestações da alma, pelos efeitos que disso decorrem; depois, assegurar-nos de sua existência pela descrição feita pelos médiuns videntes e pelo testemunho dos próprios Espíritos. (O Espiritismo  perante a Ciência, Quarta Parte, Cap. III – O perispírito durante a desencarnação – Sua composição.)

B. O Espírito desencarnado pode deixar evidências físicas de que, por algum tempo, esteve tangível, materializado?

Sim. Embora invisível e impalpável, o Espírito pode manifestar sua presença por efeitos físicos que provam estar materializado. Os fatos nesse sentido são abundantes, como o leitor verá lendo esta obra. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. III – O perispírito durante a desencarnação – Sua composição.)

C. Embora desencarnada, a pessoa conserva por algum tempo suas crenças e seus preconceitos?

Evidentemente. Desencarnado, é comum que o Espírito leve consigo suas crenças e seus preconceitos. Os fatos o comprovam. Há Espíritos, por exemplo, que vêm para pedir que seu corpo seja sepultado em determinado lugar ou que rezem uma missa por eles, o que prova que eles se encontram em condições idênticas às que tinham na Terra. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. III – O perispírito durante a desencarnação – Sua composição.)

Texto para leitura

601. Há dois meios para verificar a existência do perispírito nos desencarnados. Podemos, em primeiro lugar, observá-lo quando se produzem as manifestações da alma, como o fizemos quanto ao duplo fluídico do homem; depois, assegurar-nos de sua existência pelos médiuns videntes e pelo testemunho dos Espíritos.

602. Relata Allan Kardec na Revue Spirite, de abril de 1860, um fato de manifestação espontânea transmitido ao Sr. Krotzoff, de São Petersburgo, pelo seu compatriota barão Tcherkasoff, morador em Cannes, que lhe garantiu a autenticidade. Segundo o relato, depois de ocorrerem numa oficina da cidade vários fatos referentes a roupas e objetos que desapareciam e depois eram encontrados em outro lugar, sem que, por mais que tentassem, fosse descoberta a causa, apareceu certa vez na mesa da secretaria da oficina uma pena e uma folha de papel em que estavam escritas estas palavras: Mande demolir a parede em tal lugar (era na escada); aí encontrará ossos humanos que fará sepultar em terra santa. O dono da oficina apanhou o papel e correu a avisar a polícia. No dia seguinte, procuraram saber donde provinham o papel e a pena, e acabaram chegando a um negociante que tinha sua loja no pavimento térreo, e este reconheceu um e outra como seus. Interrogado a respeito da pessoa a quem os havia dado, ele respondeu: Ontem, à noite, tinha já fechado a porta, quando ouvi um pequeno ruído na corrediça da janela; abri-a, e um homem, cujos traços não pude distinguir, disse-me: – peço-lhe que me dê tinta e pena, que pagarei. Tendo-lhe entregue esses objetos, ele me atirou uma grossa moeda de cobre, que vi cair no assoalho, mas que não pude encontrar. Demoliu-se a parede no local indicado e aí acharam ossos humanos, que foram enterrados, e tudo entrou em ordem, mas jamais se pôde saber a quem tinham pertencido.
 

603. Vemos nesta história todos os traços distintivos que encontraremos nas seguintes: 1º - o Espírito é invisível, impalpável, porém manifesta uma presença por efeitos físicos que provam estar materializado; 2º - pede para seu corpo ser sepultado em terra santa. Vamos ver que, na maioria dos casos, é assim que as coisas se passam.

604. As aparições tangíveis são menos raras do que se poderia supor. Eis uma narrada também por Allan Kardec:

“A 14 de janeiro último, o Senhor Lecomte, cultivador na comuna de Brix, distrito de Valogne, foi visitado por um indivíduo, que se disse um antigo camarada, que com ele havia trabalhado no porto de Cherburgo e cuja morte remontava a dois anos e meio. Esta aparição vinha pedir a Lecomte que lhe mandasse rezar uma missa. Ela voltou a 15. Lecomte, menos assustado, reconheceu, efetivamente, seu antigo camarada, mas, ainda perturbado, não soube que lhe responder. O mesmo sucedeu a 17 e 18 de janeiro. A 19 lhe disse Lecomte: Já que desejas uma missa, onde queres que seja dita, e a assistirás? – Desejo – respondeu o Espírito – que seja dita na Capela do São Salvador, nestes 8 dias, e eu aí me acharei. E acrescentou: – Não te via há muito tempo, e estou muito longe para vir ver-te. Dito o que, deixou-o, apertando-lhe a mão. Lecomte não faltou à promessa. A missa foi dita a 27 de janeiro, em S. Salvador, e ele viu o antigo camarada ajoelhado nos degraus do altar. Desde esse dia Lecomte não foi mais visitado e voltou à tranquilidade habitual”.

605. Dissemos que, morrendo, o Espírito leva consigo suas crenças e seus preconceitos. Provam-no as duas histórias precedentes, visto que o Espírito de S. Petersburgo pede que seus ossos repousem em terra santa, e o segundo, que se mande rezar uma missa por ele. Não é demais repetir que isso é devido a achar-se a alma, depois da morte, em condições idênticas às que tinha na Terra.

606. O Espírito possui um corpo, o perispírito, que lhe parece material; ele vai e vem, conforme seus hábitos, e admira-se por não lhe responderem. Sua situação é análoga àquela em que nos encontramos no sonho. Temos consciência de que vivemos, praticamos certos atos, vemos as pessoas e os objetos, mas tudo de modo especial. Nunca refletimos em nosso estado, durante esse tempo; sucedem-se os acontecimentos, neles tomamos parte, mas, quer exista, algumas vezes, felicidade ou sofrimento, e ainda que sintamos estas sensações, elas não produzem em nós as mesmas impressões da vigília. Parece que o raciocínio e a sensibilidade são desviados da atividade normal.

607. No sonho, o Espírito quer, pensa, age; acha-se em contato com outras personagens, conhecidas ou desconhecidas, mas não tira deduções desses encontros, ou do que vê; em uma palavra, não goza da plenitude de suas faculdades. Na morte, reproduz-se o mesmo fenômeno. O Espírito entra em perturbação; ele sabe que está vivo, está certo de que existe, mas ninguém o acolhe: parentes e amigos nunca lhe dirigem a palavra. Vai às ocupações ordinárias, como durante a vida, e esta situação se prolonga até que reconheça seu estado.

608. Tais fatos não se produzem somente nos homens desprovidos de inteligência; pode dar-se com Espíritos cultos, mas que ou em nada têm ou têm ideias falsas sobre o futuro da alma. É natural que o materialista, ainda o mais instruído, não se julgue morto, pois que, para ele, morte é sinônimo de nada. Por seu turno, os Espíritos religiosos que creem firmemente no julgamento de Deus, no paraíso, no inferno, se persuadem que não estão mortos, visto que possuem um corpo e nada sucede do que esperavam.

609. Eis aqui fatos que apoiam o nosso raciocínio. O primeiro está narrado nos Anais da Academia de Medicina de Leipzig, foi discutido publicamente por esta sábia corporação, e apresenta, pois, todos os caracteres da certeza. Em 1659 morreu em Crossen, na Silésia, um jovem boticário, chamado Cristóvão Monig. Alguns dias depois, viram um fantasma na farmácia. Todos reconheceram nele Cristóvão Monig. O fantasma senta-se, levanta-se, vai às prateleiras, apanha os potes, os frascos, muda-os de lugar. Examina e prova os medicamentos, pesa-os, mói as drogas com ruído, serve as pessoas que lhe apresentam receitas, recebe dinheiro e o coloca na gaveta. Ninguém ousa, entretanto, dirigir-lhe a palavra. Tendo, sem dúvida, ressentimentos contra o patrão, que estava, então, seriamente enfermo, faz-lhe toda a sorte de pirraças. Um dia, apanha uma capa, na farmácia, abre a porta e sai. Atravessa as ruas sem olhar para ninguém, entra em casa de muitas pessoas de suas relações, contempla-as um instante, sem proferir palavra, e retira-se. Encontrando no cemitério uma criada, diz-lhe: Vai à casa do teu patrão e cava no quarto térreo; aí encontrarás um tesouro inestimável. A pobre rapariga, espantada, perdeu os sentidos e caiu. Ele se abaixa e a apanha, mas lhe deixa um sinal, por muito tempo visível. Voltando à casa e apesar de muito assustada, ela conta o que lhe sucedeu. Cava-se no lugar designado e descobre-se, num velho pote, uma bela hematita. Sabe-se que os alquimistas atribuem a essa pedra propriedades ocultas.

610. Tendo o ruído desses prodígios chegado aos ouvidos da princesa Elisabeth Charlotte, ordenou ela que se exumasse o corpo de Monig. Pensavam tratar-se de um vampiro, mas só encontraram um cadáver em putrefação bem adiantada. Aconselharam, então, ao boticário que se desfizesse de todos os objetos que pertenceram a Monig. O espectro não mais apareceu a partir desse momento.

611. Aqui, o estado de que falamos é bem caracterizado. A alma do aprendiz volta e se entrega às ocupações habituais; é o que acontece muitas vezes; mas a raridade dessas aparições se explica, porque nem sempre se apresentam as condições necessárias à materialização do perispírito. Veremos daqui a pouco quais são estas condições.

612. Tomemos a Dassier outro caso em que a individualidade póstuma é também muito acentuada. O autor deve a narrativa à gentileza do Sr. Augé, antigo preceptor em Sentenac, Ariège, paróquia do padre Peytou:

“Sentenac-de-Sérou, 8 de maio de 1879.
 

Senhor:


Pediste para contar, a fim de serem discutidos cientificamente, os fatos sobre as almas, geralmente admitidos pelas pessoas mais conceituadas de Sentenac, e que estejam cercados de tudo que os possa tornar incontestáveis. Vou citar tais como se produziram e os referem testemunhas dignas de fé.


Primeiro
– Quando, há cerca de 45 anos, morreu o cura de Sentenac, Peytou, ouvia-se, todas as noites, a partir do anoitecer, alguém mover as cadeiras nos aposentos do presbitério, passear, abrir e fechar uma caixa de rapé, e produzir-se o ruído de quem toma uma pitada. O fato, que se reproduziu por muito tempo, foi, como acontece sempre, logo admitido pelos mais simples e mais medrosos. Os que queriam parecer o que me permitireis chamar os Espíritos fortes da comuna, não lhe quiseram dar nenhuma fé. Contentavam-se em rir dos que pareciam ou, melhor dizendo, estavam persuadidos de que o Sr. Peytou, o cura morto, aparecia.

Antonio Eycheinne, falecido há 5 anos, e Batista Galy, que ainda vive, os dois únicos indivíduos um tanto instruídos do lugar e, portanto, os mais incrédulos, quiseram certificar-se por si mesmos se todos os ruídos noturnos que – dizia-se – ouviam-se no presbitério, tinham algum fundamento ou se eram somente o efeito de imaginações fracas, que muito facilmente se assustam. Uma noite, armados com um fuzil e um machado, resolveram ficar na casa presbiterial, decididos, se ouvissem alguma coisa, a saber se eram vivos ou mortos os que faziam o ruído.

Instalaram-se na cozinha, perto de um bom lume, e começaram a conversar sobre a simplicidade dos habitantes, declarando que não ouviam nada, e poderiam perfeitamente repousar no colchão de palha, que tiveram o cuidado de levar. Foi quando, no quarto, em cima, perceberam um ruído, depois cadeiras que se moviam e alguém que caminhava, depois descia as escadas, e dirigia-se para a cozinha. Eles se levantaram. Eycheinne vai até à porta, com o machado na mão, pronto a ferir quem ousasse entrar, enquanto Galy prepara a espingarda.

Aquele que parecia caminhar, chegado em frente à porta da cozinha, toma uma pitada, isto é, os nossos homens ouviram o ruído que se faz ao tomar uma pitada, e, em lugar de abrir a porta da cozinha, o fantasma foi para o salão, onde parecia passear.

Eycheinne e Galy, sempre armados, saem da cozinha, passam para o salão e não veem absolutamente nada. Sobem aos quartos, percorrem a casa toda, perscrutam todos os cantos e acham tudo em seus lugares. Eycheinne, que era o mais incrédulo, disse, então, ao companheiro:

– Amigo, não são os vivos que fazem o barulho, são realmente os mortos; é o cura Peytou; o que ouvimos foi seu andar e sua maneira de tomar pitadas. Podemos dormir tranquilos.


Segundo
– Maria Calvet, criada de Ferré, sucessor de Peytou, mulher tão corajosa quanto existir pudesse, que não se deixava impressionar por coisa alguma e em nada que se lhe contasse acreditava, que sem temor teria dormido numa igreja, como se diz vulgarmente de uma mulher que não tem medo; esta criada, digo, limpava certa tarde, ao cair da noite, no corredor do celeiro, os utensílios da cozinha. Ferré, seu patrão, que tinha ido visitar o cura Desplas, seu vizinho, não devia voltar naquele momento. Enquanto Calvet limpava os utensílios, um padre passou diante dela, sem lhe dirigir a palavra.

– Ó! o senhor não me faz medo senhor Cura – disse ela –, eu não sou tão tola para acreditar que o Senhor Peytou possa voltar.

Vendo que o padre, a quem tomava pelo patrão, havia passado sem lhe dizer nada, Maria Calvet levanta a cabeça, vira-se e não vê ninguém.

Começou, então, a assustar-se, desceu rapidamente a procurar os vizinhos, para dizer-lhes o que lhe sucedera e pedir à mulher de Galy que viesse dormir com ela.


Terceiro
– Ana Maurette, esposa de Raymond Ferraud, ainda viva, dirigia-se ao morro, ao amanhecer, para buscar, com seu burro, uma carga de lenha. Passando diante do jardim presbiterial, vê um padre, que passeava na alameda, com um breviário na mão. Quando lhe ia dizer ‘Bom dia, senhor padre, levantou-se muito cedo’, o padre voltou-se e continuou a ler o breviário.

Não o querendo interromper, a mulher retomou seu caminho, sem que lhe viesse à ideia pensamento de almas. Ao voltar do morro, com o burro carregado de lenha, encontrou o cura de Sentenac diante da igreja. – Levantou-se hoje muito cedo, Sr. Cura – disse ela – pensei que ia fazer uma viagem, pois, ao passar, vi-o rezando no jardim. – Não, boa mulher – respondeu o vigário –, não há muito que saí da cama, e acabo de dizer missa.

– Então – replicou a mulher, tomada de medo – quem era esse padre que lia o breviário, ao amanhecer, na aleia do jardim, e voltou-se no momento em que eu lhe ia dirigir a palavra? Foi bom que eu acreditasse que era o senhor. Teria morrido de medo se pudesse pensar que era o cura, que já não existe. Meu Deus! Eu não teria mais coragem pata voltar de manhã.

Eis aí, senhor, três fatos, que não são o produto de uma imaginação fraca e assustada, e duvido que a Ciência possa explicá-los. Serão os mortos? Não o afirmarei, mas há aí alguma coisa que não é natural.

Seu, muito dedicado.

J. AUGÉ.”
 

613. Todas as circunstâncias desta narrativa mostram a personalidade póstuma do cura Peytou, continuando no outro mundo a vida terrestre. Ele anda de um lado para outro no seu apartamento, passeia, lendo o breviário; é, pois, impossível negar a persistência da individualidade nestas condições.(Continua no próximo número.)
 


 

 


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