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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 5 - N° 231 - 16 de Outubro de 2011

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)
 

Grilhões Partidos

Manoel Philomeno de Miranda 

(Parte 6)

Continuamos a apresentar o estudo do livro Grilhões Partidos, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco e publicada inicialmente no ano de 1974.

Questões preliminares

A. Que comportamento tiveram os pais de Ester ao serem visitados por Rosângela?

O pai de Ester, refratário a tudo o que Rosângela disse, tratou-a com extrema agressividade, chamando-a de atrevida e petulante e desancando as práticas espíritas, como se fos­sem atos de magia negra, macumba e superstição. E, por fim, ameaçou-a de expulsão da Casa de Saúde em que a jovem trabalhava e ganhava seu sustento. (Grilhões Partidos, cap. 5, pp. 55 a 58.) 

B. Como explicar a reação dos pais de Ester?

O Coronel Santamaria era um homem temperamental. Com a enfermidade de Ester, a amargura solapou-lhe as alegrias e o azedume contumaz transviou-o para as rotas de surda revolta contra tudo e todos, por ignorar os móveis legítimos da aflição e como resolvê-los. Os fatos ocorridos naquela manhã podiam ser assim explicados: o orgulho é cruel inimigo do homem, porquanto, envenenando-o, cega-o totalmente. Além disso, graças à psicosfera de felonia que cultivava, o Coronel passou a sintonizar com outras mentes amotinadas que lhe cercavam o lar, em plano concorde com o perseguidor de Ester, planejando alcançá-lo mais duramente. (Obra citada, cap. 6, pp. 59 a 62.) 

C. Que ensinamentos podemos tirar da mensagem que o Dr. Bezerra de Menezes transmitiu no culto evangélico do lar valendo-se da mediunidade de Rosângela? 

Inicialmente Dr. Bezerra disse que é preciso ensinar com o exemplo, que edifica, e avançar com as mãos enriquecidas pelas obras, através do que atestare­mos a excelência de nossos propósitos. "O Evangelho é o nosso zênite de amor e o nosso nadir de mensuramentos. Quem se exalta, inicia a trajetória para baixo; aquele que se glorifica, entorpece-se na ilusão... Todavia, o que avança infatigável, ignorado, mas servindo, hu­milhado, no entanto valoroso, perseguido, porém imperturbável, trans­formando os sentimentos numa concha afortunada de amor, logrará o ele­vado cometimento do êxito real." No final da mensagem, ele disse: "Avisados de que nossa luta seria entre as forças em litígio: o bem e o mal –  eis-nos na liça. A refrega é nosso leito de repouso, a difi­culdade, o desafio que nos chega e a dor, nossa condecoração". "Cada realização enobre­cida constitui título de ventura e todo receio mais sombra na treva dos problemas. As alternativas são servir sem desfalecimento e confiar sem tergiversação. Jesus fará o que nos não seja possível realizar." (Obra citada, cap. 6, pp. 62 a 66.)

D. A reclamação feita pelo pai de Ester ao diretor da Casa de Saúde teve alguma consequência? 

Sim. O diretor da Casa de Saúde ficou irritado com a reclamação que lhe fora feita pelo pai de Ester. Rosângela, convidada a comparecer à sala da diretoria, foi rispidamente tratada pelo médico, que lhe perguntou: "Como se atreve transformar esta Casa num deplorável sítio de práticas ignominiosas, nigromânticas?" E disse-lhe que ela fora acusada de práticas de magia ao lado da filha do senhor Coronel. Que tinha a dizer diante disso? Rosângela respondeu-lhe que a acusação era falsa e, portanto, injusta. Seguiu-se então breve diálogo em que a rispidez do médico foi respondida com firmeza delicada pela funcioná­ria, mas ela não foi demitida. (Obra citada, cap. 7, pp. 67 a 71.) 

Texto para leitura  

34. Agressões ao Espiritismo - O Coronel interceptou-a, azedo. Mas a jovem continuou: "Ouvi-me primeiro. A morte não elimina a vida; antes a dilata. Mudam-se as aparências, no curso de uma única realidade: vi­ver! Assim, com a morte do ser físico não cessam as impressões do ser espiritual, conforme asseguram todas as religiões, do que decorre um natural intercâmbio, incessante, entre os que sobrevivem ao túmulo e aqueles que ainda não o atravessaram. Retornam, felizes ou desventura­dos, os que foram conduzidos ao país da morte, seja pelo veemente de­sejo de ajudar os afetos da retaguarda, adverti-los e confortá-los, com eles mantendo agradável comunhão; seja vitimados pelo sofrimento com que se surpreenderam, buscando ajuda e, muitas vezes, perturbando; seja dominados pelas paixões inditosas de que não se conseguiram li­bertar, perseguindo, destilando ódios, obsidiando, em incessante conú­bio..." O Coronel, interrompendo-a, quase violento, disse que aquilo era bruxaria: "Aqui somos tradicionalmente religiosos e detestamos es­sas práticas vulgares de fetichismo que, desgraçadamente, empestam, nestes dias, a nossa Sociedade... Rogo-lhe o favor de mudar o curso da conversação. Aliás, creio que já não temos o que conversar". Rosângela ficou lívida, enquanto o pai de Ester estava rubro de ódio. Sob o ver­niz social agasalham-se muitos estados de ferocidade. Ele então lhe perguntou, áspero, qual era a sua religião. "Espírita, senhor!", res­pondeu-lhe a visitante. "Desde quando o Espiritismo é religião?", re­plicou o genitor da enferma. "Desde os primórdios", informou Rosân­gela. O Coronel passou então a agredi-la moralmente, chamando-a de atrevida e petulante e desancando as práticas espíritas, como se fos­sem atos de magia negra, macumba e superstição. (Cap. 5, pp. 55 e 56) 

35. Ameaças como prêmio - A jovem estava perplexa, porém lúcida e, sem se abater com as agressões recebidas, disse-lhe, com firmeza, mas de­licadamente: "Excelência, aqui venho propondo-me servir com humildade e desinteresse. A minha confissão religiosa não tem ligação com a minha modesta função hospitalar, senão para impor-me a conduta cristã, que ensina misericórdia em relação aos infelizes: estejam nas camadas do infortúnio social ou no acume da ilusão econômica. No santuário es­piritista, que frequento, o alvo redentor é Jesus, a estrada a percor­rer chama-se caridade, seguindo sob o sol da fé viva e a força do amor fraternal. Venho a este lar em missão de paz e dele sairei pacificada, sem embargo, expulsa, o que muito lamento, não por mim, que reconheço a minha própria desvalia... O vaso modesto não poucas vezes mata a sede, oferta o medicamento salvador, retém o perfume, atende a miste­res relevantes, enquanto preciosas taças de cristal lapidado adornam, mortas, empoeiradas, móveis luxuosos e inúteis..." O Coronel e sua es­posa ouviam-na, incomodados pela argumentação superior, e Rosângela, após mais algumas considerações, disse-lhes que, apesar de tudo, con­tinuaria a velar por Ester. "Nunca mais!", esbravejou o senhor Coro­nel. "Providenciarei para que não volte a vê-la, caso não resolva exi­gir a sua expulsão daquele Frenocômio". Rosângela pediu-lhes licença e retirou-se, mas, quando andava pela Avenida Atlântica, o vento e a ma­resia, aspirados em longos haustos pela jovem, despertaram-na, e só então ela se deu conta dos acontecimentos ocorridos, sendo visitada pelos receios e as lágrimas. Rosângela fora o instrumento indireto dos Bons Espíritos, que tentavam, assim, interferir e ajudar no grave su­cesso da subjugação de Ester. (Cap. 5, pp. 56 a 58) 

36. É essencial a fé autêntica - O episódio acontecido no lar do Co­ronel traz-nos à lembrança o seguinte ensinamento consignado em "O Evangelho segundo o Espiritismo" (cap. XX, item 4): "Ide e pregai! Convosco estão os Espíritos elevados. Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta in­cessantemente à abnegação. Pregareis o desinteresse aos avaros, a abs­tinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos, como aos déspotas! Palavras perdidas, eu o sei, mas não importa. Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes que semear, por­quanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!" O Coronel Santamaria era um homem temperamental. Com a enfermidade de Ester, a amargura solapou-lhe as alegrias e o azedume contumaz transviou-o para as rotas de surda revolta contra tudo e todos, reagindo em volta, por ignorar os móveis legítimos da aflição e como resolvê-los. Tornara-se arredio, fechando ainda mais o círculo de amizades e somente saindo de raro em raro, o que mais aflitiva lhe tornava a conjuntura. Embora frequentasse uma igreja religiosa, não possuía fé verdadeira. Habi­tuara-se tão só  ao mecanismo dos rituais e, como não houvera antes experimentado o travo das lágrimas, não se exercitara na comunhão com Deus, nem chegara a cultivar colóquios com o Mundo Espiritual. Certo, nos primeiros dias de desesperação ante a tragédia, recorrera à Divin­dade, guindado porém à falsa posição de impositor, sem os lauréis do humilde requerente que confia. Era natural que se desesperasse. A oração vazia de expressão espiritual não conseguira leni-lo: não passava de palavras sem tônica de amor, nem fé. (Cap. 6, pp. 59 e 60) 

37. Um lar realmente cristão - Os fatos ocorridos naquela manhã podiam ser assim explicados: o orgulho é cruel inimigo do homem, porquanto, envenenando-o, cega-o totalmente. Além disso, graças à psicosfera de felonia que cultivava, o Coronel passou a sintonizar com outras mentes amotinadas que lhe cercavam o lar, em plano concorde com o perseguidor de Ester, planejando alcançá-lo mais duramente. Rosângela, represen­tando o auxílio divino indireto, fora expulsa dali pelos vingadores desencarnados, que sabiam de seus propósitos elevados. O certo é que o Coronel Santamaria, ferido na insensatez do orgulho desmedido e forte­mente conduzido pelos adversários desencarnados com quem sintonizava, foi queixar-se à direção do Hospital sobre o procedimento de Rosân­gela, exigindo que ela não voltasse a ter qualquer contato com a filha. Enquanto isso, Rosângela se refazia ao contato com seus benfei­tores encarnados, em cuja residência, aos domingos, realizavam-se os estudos do Evangelho, com amigos e familiares. O Dr. Gilvan de Albu­querque, que já ultrapassara os 50 anos, era pediatra próspero e dona Matilde, sua esposa, era exemplo de abnegação cristã, tornando-se o seu domicílio núcleo de recolhimento espiritual, em que Mensageiros da Luz encontravam vibrações superiores para o ministério a que se afer­voravam, no socorro aos sofredores dos dois planos da vida. Pais de uma filha única, Márcia, esta deu-lhes com seu casamento uma linda me­nina: Carmen Sílvia. Residiam todos na mesma casa, a pedido do Dr. Gilvan. Rosângela viera até aquele lar para pajear a criança. Como fa­zia quase dois meses que Márcia e o marido tinham ido para um curso de especialização nos Estados Unidos, e a criança houvesse seguido com eles, Rosângela pudera empregar-se, por interferência do médico, na Casa de Saúde, continuando, porém, a residir com os antigos patrões, na condição agora de membro da família, que ela lograra por sua abnegação e demais dotes de espírito. Estudando e praticando metodicamente o Espiritismo, a família apurara a sensibilidade moral e psíquica, en­tesourando valores inapreciáveis com que se dispunha ao nobre labor do bem. Os deveres espirituais eram desenvolvidos em clima de severidade e otimismo, gozando de primazia em qualquer circunstância. Os chamados vícios sociais foram dali expulsos e as conversações edificantes e as leituras seletas constituíam serões que restauravam as forças, revigo­rando o espírito após os afazeres do cotidiano. (Cap. 6, pp. 60 a 62) 

38. O culto evangélico no lar - O Espiritismo naquele domicílio tor­nado santuário constituía lídima ventura, caracterizando uma típica família  cristã. O culto evangélico do lar, como consequência natural, se fazia realizar entre gáudios e esperanças. Música suave predispunha os assistentes, antes da reunião, ao recolhimento e à oração. O grupo constituía-se de doze a quinze pessoas e às 20h iniciava-se a reunião, sob a direção do Dr. Gilvan. Naquele domingo, dona Matilde abriu o Evangelho no capítulo XX, item 5, que, examinando a temática "Os tra­balhadores da última hora", tinha por subtítulo "Os obreiros do Se­nhor": "Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que houverem tra­balhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que ti­verem esperado. Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra, porquanto o Senhor lhes dirá: Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio às vos­sas rivalidades e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!" A mensagem, assinada pelo Espírito de Verdade, foi o tema central dos comentários e estudos da noite. O grupo todo parti­cipou dando suas opiniões e, no final dos trabalhos, sentiu-se no am­biente uma vibração diferente, porque amado Benfeitor ali comparecera, para instruí-los e orientá-los. Tratava-se do amorável Instrutor Adolfo Bezerra de Menezes, que, valendo-se da faculdade mediúnica de Rosângela, apresentou-se em suave manifestação psicofônica. (Cap. 6, pp. 62 a 64) 

39. A mensagem de Bezerra de Menezes - Após a saudação repassada de ternura, o querido Instrutor comentou o ensino evangélico "Ide e pre­gai", explicando ser preciso ensinar com o exemplo, que edifica, e avançar com as mãos enriquecidas pelas obras, através do que atestare­mos a excelência de nossos propósitos. "O Evangelho é o nosso zênite de amor e o nosso nadir de mensuramentos. Quem se exalta, inicia a trajetória para baixo; aquele que se glorifica, entorpece-se na ilusão... Todavia, o que avança infatigável, ignorado, mas servindo, hu­milhado, no entanto valoroso, perseguido, porém imperturbável, trans­formando os sentimentos numa concha afortunada de amor, logrará o ele­vado cometimento do êxito real", asseverou doutor Bezerra. E o elevado Mensageiro advertiu que viriam ainda muitas dores e provações, por ser isso o que merecemos. "Provaremos amargos testemunhos", afirmou o ilu­minado Espírito. "Estes nos serão os preços à honra e à glória de ser­vir. Ninguém alcança as cumeadas da paz sem os estertores no vale das lutas. Indispensável perseverar e insistir." Na sequência de sua men­sagem, Bezerra de Menezes lembrou que nos comprometemos a restaurar a primitiva pureza cristã entre os homens, vivendo de maneira condizente com os ensinos evangélicos. Temos, para isso, recebido auxílios de toda sorte; não nos têm sido regateados socorros. Conhecemos de perto a miséria e a dor, mas sabemos também o paladar da esperança e o aroma dos júbilos. "Que mais aguardamos?", indagou o Benfeitor Espiritual. "Avisados de que nossa luta seria entre as forças em litígio: o bem e o mal –  eis-nos na liça. A refrega é nosso leito de repouso, a difi­culdade, o desafio que nos chega e a dor, nossa condecoração." No fim de sua mensagem, ele lembrou que, mergulhando-se a mente e as preocupações nas águas lustrais do Evangelho e as mãos no trabalho, não ha­verá ensejo para o desânimo ou a acomodação. "Cada realização enobre­cida constitui título de ventura e todo receio mais sombra na treva dos problemas. As alternativas são servir sem desfalecimento e confiar sem tergiversação. Jesus fará o que nos não seja possível realizar." (Cap. 6, pp. 64 a 66) 

40. O diretor do Hospital interpela Rosângela - Abrindo este capítulo, Philomeno transcreve dois ensinamentos extraídos d' O Livro dos Espí­ritos: "459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? –  Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que de or­dinário são eles que vos dirigem" e "465. Com que fim os Espíritos im­perfeitos nos induzem ao mal? –  Para que sofrais como eles sofrem". O diretor da Casa de Saúde ficara irritado com a reclamação que lhe fora feita pelo pai de Ester. Rosângela, convidada a comparecer à sala da diretoria, foi rispidamente tratada pelo médico, que, fuzilante, lhe perguntou: "Como se atreve transformar esta Casa num deplorável sítio de práticas ignominiosas, nigromânticas?" E disse-lhe que ela fora acusada de práticas de magia ao lado da filha do senhor Coronel. Que tinha a dizer diante disso? Rosângela respondeu-lhe que a acusação era falsa e, portanto, injusta. Seguiu-se então breve diálogo em que a rispidez do médico era respondida com firmeza delicada pela funcioná­ria. Ele indagou-lhe, a certo trecho, se ela era metida em Espiri­tismo, "filiada a esse círculo de loucos desnaturados". Sua resposta foi lapidar: "O doutor está equivocado. Sou espiritista, sim, aliás, com imensa honra, o que é perfeitamente permitido pelas leis do país, constituindo uma admirável filosofia de vida e religião consoladora. Quanto à alegação de que o Espiritismo é um `círculo de loucos', dese­java indagar ao senhor diretor qual a religião que professam os inter­nados nesta Casa? Não me consta que a jovem Ester jamais houvesse fre­quentado uma Casa Espírita, o que, talvez, se ocorresse, lhe teria evitado a tragédia em que sucumbe, a pouco e pouco". O diretor, ou­vindo isso, chamou-a de desequilibrada e atrevida, mas Rosângela não se intimidou: "Desculpe, doutor. Sou convicta da fé que esposo e minha conduta é irrepreensível. Se os meus serviços não servem a este Noso­cômio, não há porque transformá-los em problema; porém, não me cabe silenciar diante da acusação improcedente. Confio em Deus e sei que o senhor é portador de excelentes dotes do sentimento, do caráter e da razão". (Cap. 7, pp. 67 a 69) 

41. O diálogo com o médico - As palavras de Rosângela pareciam ter con­corrido para desenovelar o médico dos fluidos deletérios que o envol­viam. Homem judicioso e dedicado, que aplicava a psicoterapia do sor­riso e do bom-humor junto a funcionários, colegas e enfermos, ele sen­tou-se e asserenou os ânimos. Naquela manhã, tivera singular abor­recimento em seu lar, que aumentara com a visita do Coronel. Não era religioso, o que exibia com orgulho, mas era cortês e gentil. Com o ânimo normalizado, livre das influências das entidades infelizes que torturavam Ester, ele pediu a Rosângela desse sua versão do caso. Ela então lhe disse, com toda a franqueza, que, após observar Ester demo­radamente, levando em conta as lições do Espiritismo, no capítulo das obsessões, resolvera, com permissão do Dr. Gilvan de Albuquerque, seu benfeitor, visitar o senhor Coronel, no intuito de ajudar no trata­mento da filha, sugerindo-lhe a terapêutica espírita, simultaneamente à que vinha sendo tentada no Frenocômio. Ele, porém, nem chegou a ouvi-la. Qual seria essa terapêutica? –  perguntou o médico, algo zombeteiro. "Frequência, dele e da senhora, a uma Sociedade Espírita, ajudando a filha com Orações, e, a posteriori, com labores desobsessi­vos", ela respondeu. O diretor fez ironias, mas a jovem afirmou-lhe, sem receio, que muitos pacientes desenganados, portadores de diagnose depressiva, esquizofrênica, recuperaram a lucidez, ante os seus olhos, por serem, realmente, obsessos em trânsito provacional. Como o psiquiatra insistisse na sua visão míope dos problemas mentais, ateu que era, Rosângela aproveitou o ensejo para lembrar-lhe que até há pouco os partidários da Escola Fisiológica agrediam rudemente os profitentes da Escola Psicológica. "Não vão longe –  disse ela –  os dias em que Pasteur, Broca, Hughlings Jackson e outros eram tidos por loucos, inclusive o eminente Pinel... Sábios e cientistas de todas as épocas não se puderam libertar da alcunha, pois é muito mais fácil atacar o que se ignora do que estudá-lo, azucrinar os trabalhadores, do que erguer-se do comodismo, a fim de ultrapassá-los..." E concluiu: "Não, o doutor, com sua licença, não está bem informado. As caóticas opiniões que lhe chegaram são defeituosas, resultado do preconceito e da má-vontade". Quando a jovem saiu, o médico-diretor, surpreso com o que ouvira, mergulhou em graves meditações. Afinal, eram lógicas as palavras da jovem e pontificadas por muita vivacidade. Dava a impressão de possuir cultura... (Cap. 7, pp. 69 a 71)(Continua no próximo número.)


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita