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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 5 - N° 230 - 9 de Outubro de 2011

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)
 

Grilhões Partidos

Manoel Philomeno de Miranda 

(Parte 5)

Continuamos a apresentar o estudo do livro Grilhões Partidos, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco e publicada inicialmente no ano de 1974.

Questões preliminares

A. Faltava à Casa de Saúde uma terapêutica in­dispensável em qualquer tratamento. Que terapêutica é essa e qual o seu valor?

O que faltava ali é o sentimento do amor, que consegue, não raro, o que muitos medicamentos não produzem. (Grilhões Partidos, cap. 4, pp. 46 e 47.)

B. Que é que o obsessor, ao revelar-se, disse a Ester?

Ele lhe disse: "Estás morta ou quase morta. Logo mais culminarei este processo de vingança, extorquindo-te a vida, desforçando-me dele. Mor­rerás, como eu morri, a fim de que ele morra, também. Cá o espero". O Espírito confirmava então que ela era inocente; no entanto, ele a odiava, por odiar seu pai, desgraçava-a para desgraçá-lo, vencia-a para vencê-lo; e se apresentava então como o demônio da justiça, a serviço da vingança e do desforço pessoal. (Obra citada, cap. 4, pp. 47 a 50.)

C. Por que motivo, em casos semelhantes ao de Ester, a terapêutica salutar há de ser múltipla, acadêmica e espírita?

Eclodindo a manifestação da loucura, instala-se, também, um simultâneo processo obses­sivo, graças às vinculações que mantêm encarnados e desencarnados na Contabilidade dos deveres múltiplos, poucas vezes desenvolvidos com retidão. Na obsessão, a loucura surge na qualidade de ulceração pos­terior, irreversível, em consequência das cargas fluídicas de que pa­dece o paciente. Por esse mo­tivo, em muitos processos obsessivos a terapêutica salutar há de ser múltipla: acadêmica e espírita, imprescindíveis para colimar resulta­dos eficazes. (Obra citada, cap. 5, pp. 51 e 52.)

D. Como se chamava a jovem que acudiu Ester e qual a sua história?

Rosângela. Apesar da pouca idade física, a auxiliar de enfermagem experimentara desde cedo o ca­dinho purificador de muitas vicissitudes e aflições, que contribuíram para a harmonia íntima de que era possuidora. Órfã desde os oito anos, ficara aos cuidados do pai, em subúrbio carioca, o qual lutava com bra­vura pela sobrevivência. Sensível e meiga, conseguira granjear afeições espontâneas entre os vizinhos, que passaram a assisti-la com desvelo, inclusive matriculando-a em escola próxima do lar. O pai man­teve-se viúvo enquanto pôde, mas, consorciando-se alguns anos depois, a esposa fez-se terrível adversária da enteada, que foi, então, tras­ladada para digno lar em Botafogo, onde se alojou na condição de ama de uma criança. Seus patrões eram espíritas convictos e a trataram como membro da família, iniciando-a nos estudos doutrinários e cui­dando também da sua instrução em Ginásio noturno, de onde saíra recen­temente, após concluir ligeiro curso de enfermagem-auxiliar. (Obra citada, cap. 5, pp. 52 a 55.)

Texto para leitura 

28. Ressurge a esperança - Faltava à Casa de Saúde uma terapêutica in­dispensável em qualquer tratamento: o amor, –  que consegue, não raro, o que muitos medicamentos não produzem. São raras as pessoas que pro­curam a inspiração divina ante a nebulosa das enfermidades complexas, quer pela oração, ou pela sintonia mental com Deus. Diz-se, porém, que nos tratados médicos não existem as palavras Deus e oração, e, toda­via, é seu providencial socorro que liberta e encaminha os padecentes da amargura para as trilhas da saúde e da paz... As coisas caminhavam assim quando ocorreu um fato novo, que reacendeu as esperanças de cura da jovem Ester. Foi a admissão de Rosângela, uma moça igualmente jo­vem, contratada na condição de auxiliar de enfermagem. A nova funcio­nária, logo na primeira visita que fez ao pavilhão dos desesperados, sentiu-se tocada por Ester, então atirada a recanto lôbrego, atada à camisa-de-força, no desvario habitual. Rosângela se interessou de pronto pela esquálida paciente, inscrevendo-a na mente, como daquelas a quem daria maior dose de assistência e carinho. Estava sendo então introduzida para tratamento psiquiátrico a Rawfolvia serpentina, di­fundida como Serpasil, que, sem os inconvenientes dos barbitúricos em geral, possuía excelentes qualidades tranquilizantes. Segundo Philo­meno, a substância atuaria sobre o tálamo, realizando uma lobotomia de natureza química, por meio da qual diminui a capacidade emocional da usina elétrica ali sediada, procedendo à vitalização do cérebro com produto químico, de que este se ressente para a manutenção do equilí­brio mental. Rosângela, que ouvira ardentes opiniões sobre a nova droga, pensou em examinar o prontuário da demente, calculando fazer alguma coisa por ela. (Cap. 4, pp. 46 e 47) 

29. A possessão - Ester padecia incalculáveis aflições, que nem mesmo conseguia exteriorizar. Sem poder controlar a casa mental, que apre­sentava então os primeiros distúrbios de funcionamento, após a constrição demorada do fluido morbífico do Espírito que a subjugava, era dominada por agonias inenarráveis. Parecia-lhe ter sido arrojada num abismo sem fundo. Via-se fora do corpo e, ao mesmo tempo, via-o agi­tado, num estado dúplice, sem anotar os circunstantes, chocados, na sua festa de aniversário. Estava expulsa do organismo físico sem dele estar liberta... A princípio sofria impressões confusas que a pertur­bavam. Outras vezes deparava-se com o estranho possessor, furibundo, em esgares de demente... Agredida por ele, procurava voltar à reali­dade anterior, como se perseguida em terrível pesadelo, mas em vão. Nos tratamentos com o eletrochoque, era impossível avaliar o que sen­tia durante as convulsões, até desfalecer. Ao despertar, fruindo o ca­lor orgânico, defrontava-o, asqueroso, senhorial, e fugia, aparva­lhada, cedendo-lhe o lugar... Minado o corpo pelo desgaste de largo porte, sucessivos desmaios expulsavam o usurpador que se deleitava, então, ameaçando-a, grosseiro, arrebatando-a para lugares povoados por espectros impossíveis de descrever. "Nesses sítios –  relata Philomeno – , onde nenhuma claridade lucila, a asfixia pastosa domina; impossibi­litada de qualquer ação, tornava-se mais fácil presa, arrastada aos trambolhões". Supunha ela encontrar-se então em cemitério infinito, de sepulturas abertas e cadáveres exumados, ante a contemplação de verda­deiros mortos-vivos. (Cap. 4, pp. 47 e 48) 

30. O obsessor se anuncia - As furiosas entidades que Ester ali via formavam um quadro inusitado: uns tentavam reconduzir seus cadáveres ao movimento, após reapossarem-se deles; outros se lamentavam por havê-los perdido irremissivelmente; lutadores diversos defendiam suas vestes apodrecidas dos animais que delas se locupletavam, ao lado de um sem-número de Espíritos tristes, chorosos, em procissão intér­mina... "Sempre noite, lamentos, exacerbações, gritos ensurdecedores –  o inferno!", descreve Manoel Philomeno. As aflições dementavam-na pouco a pouco. Onde o amor dos pais, sua proteção, seu socorro?! Gri­tava até perder as resistências, recebendo como resposta gargalhadas zombeteiras e agressões obscenas que lhe chegavam aos ouvidos através de rostos patibulares, deformados, agressivos... Exorava o socorro de Deus, mas, ao fazê-lo, tanta era sua desdita, que perdia a concatenação, a ordem das súplicas, o que não impedia, porém, de chegar-lhe a resposta divina, à semelhança de brisa refrescante, em aragem amena, vertida sobre a ardência das febres... " –  Estás morta ou quase morta –  ouvia, aturdida, em blasfema acusação. –  Logo mais culminarei este processo de vingança, extorquindo-te a vida, desforçando-me dele. Mor­rerás, como eu morri, a fim de que ele morra, também. Cá o espero". Ouvindo isso, Ester julgava estar delirando, dizia-se inocente e lá­grimas pungentes escorriam como chuva abundante... O Espírito que a subjugava confirmava então que ela era inocente; no entanto, ele a odiava, por odiar seu pai, desgraçava-a para desgraçá-lo, vencia-a para vencê-lo; e se apresentava então como o demônio da justiça, a serviço da vingança e do desforço pessoal. Depois, recomeçavam as dilacerações morais que se repetiam todos os dias. Faltava a Ester qual­quer preparação espiritual. A família cuidara-lhe apenas da educação formal, agindo como muitos pais que pensam que as dissertações sobre a vida no além-túmulo não devem ser ministradas aos filhos, por julgá-los imaturos para os ministérios superiores, as mensagens morais do espírito imortal. Subjugada, as­sim, pelo possessor, em comburência de ódio, a jovem sucumbia, inerme, lentamente, quase vencida. (Cap. 4, pp. 49 e 50) 

31. A insuficiência do tratamento acadêmico - Examinando o tema da in­fluência espiritual em nossa vida, ensinada pelo Espiritismo, Kardec faz o seguinte comentário (O Livro dos Espíritos, questão 525): "Assim é que, provocando, por exemplo, o encontro de duas pessoas, que suporão encontrar-se por acaso; inspirando a alguém a ideia de passar por determinado lugar; chamando-lhe a atenção para certo ponto, se disso resulta o que tenham em vista, eles obram de tal maneira que o homem, crente de que obedece a um impulso próprio, conserva sempre o seu livre arbítrio". Os fatos pareciam agora claros: Ester fora surpreen­dida, na festa de seu aniversário, pela agressão de um Espírito revol­tado que, acoimado por violenta crise de ódio, encontrou na sua sensi­bilidade mediúnica o campo propício para a incorporação intempestiva e infeliz. Evidentemente, em débito ante os Códigos da Divina Justiça, Ester possuía os requisitos para uma sintonia perfeita, propícia ao agravamento do problema. Tal como ela, que expiava delitos cometidos no passado, muitos outros pacientes da Casa de Saúde eram vítimas da constrição obsessiva. Diz Philomeno: "Naturalmente, eclodindo a manifestação da loucura, instala-se, também, um simultâneo processo obses­sivo, graças às vinculações que mantêm encarnados e desencarnados na Contabilidade dos deveres múltiplos, poucas vezes desenvolvidos com retidão". Na obsessão, a loucura surge na qualidade de ulceração pos­terior, irreversível, em consequência das cargas fluídicas de que pa­dece o paciente, vitimado pela perseguição implacável. Por esse mo­tivo, em muitos processos obsessivos a terapêutica salutar há de ser múltipla: acadêmica e espírita, imprescindíveis para colimar resulta­dos eficazes. No caso de Ester havia como agravantes múltiplos fatores cármicos, que aumentavam o sofrimento da aturdida obsessa. Mas, como ninguém se encontra marginalizado ante a Providência, a presença de Rosângela representava ali o recurso inicial utilizado pelos Benfeito­res Invisíveis para os primeiros tentames favoráveis à alienada, que jamais ficou sem a superior assistência. (Cap. 5, pp. 51 e 52) 

32. O caso Rosângela - Profundamente amadurecida, apesar da pouca idade física, a auxiliar de enfermagem experimentara desde cedo o ca­dinho purificador de muitas vicissitudes e aflições, que contribuíram para a harmonia íntima de que era possuidora. Órfã desde os oito anos, ficara aos cuidados do pai, em subúrbio carioca, o qual lutava com bra­vura pela sobrevivência. Sensível e meiga, conseguira granjear afeições espontâneas entre os vizinhos, que passaram a assisti-la com desvelo, inclusive matriculando-a em escola próxima do lar. O pai man­teve-se viúvo enquanto pôde, mas, consorciando-se alguns anos depois, a esposa fez-se terrível adversária da enteada, que foi, então, tras­ladada para digno lar em Botafogo, onde se alojou na condição de ama de uma criança. Seus patrões eram espíritas convictos e a trataram como membro da família, iniciando-a nos estudos doutrinários e cui­dando também da sua instrução em Ginásio noturno, de onde saíra recen­temente, após concluir ligeiro curso de enfermagem-auxiliar. Partici­pando dos labores espíritas, aguçaram-se-lhe as faculdades mediúnicas, que receberam carinhoso e lúcido trato dos benfeitores e do Centro Es­pírita onde passou a cooperar nos serviços do socorro desobsessivo. Ao ver Ester, pressentiu logo a tragédia que se desenvolvia além das manifestações exteriores da paciente e, simultaneamente, poderosa simpa­tia brotou-lhe dos sentimentos puros, envolvendo a enferma, desde então, na devoção de suas preces. Inspirada pelos seus e pelos Guias Es­pirituais da doente, foi-se pouco a pouco acercando de Ester, até con­seguir com sua simples presença acalmá-la, desembaraçando-a da camisa-de-força a que vivia jugulada, quando não se encontrava sob as altas doses de sedativos que lhe eram impostas com regular frequência. (Cap. 5, pp. 52 e 53) 

33. Rosângela fala com os pais de Ester - Rosângela dedicava suas ho­ras de folga a Ester, que nem sempre a recebia com lucidez ou passivi­dade. Todavia, pelas emanações psíquicas que exteriorizava, conseguia neutralizar a agressividade do obsessor, que se submetia à sua força moral, como se fora uma energia balsamizante que se contrapunha à sua nefasta pertinácia. Conhecendo os pormenores do caso, e após aconse­lhar-se com seus tutores, resolveu procurar os pais de Ester, no pro­pósito de elucidá-los sobre a enfermidade da filha. Confiava poder ajudar, fiel à recomendação evangélica. Após o necessário contato te­lefônico, a jovem foi recebida numa manhã de setembro pelo Coronel e Senhora Constâncio Santamaria. O casal não conseguia dissimular o en­fado e o desinteresse pela sua presença, até que ela relatou ter ou­vido naqueles dias, após um mês de atenção junto a Ester, uma frase sintomática: "Mamãe! mamãe, onde você está?... Tenho medo, mamãe..." A mãe da enferma caiu em pranto incontrolável e o Coronel, também em lá­grimas, procurou acalmá-la. Rosângela disse-lhes, então, que havia percebido no caso de Ester algo que muitos não conseguem ou preferem não ver. E, ante a surpresa do Coronel, disse-lhe que Ester não era uma louca segundo os padrões comuns, tradicionais... Ele concordou, informando que o psiquiatra já lhe havia dito  o mesmo. Rosângela pe­diu-lhe a ouvisse primeiro e foi direto ao ponto: "Não, por favor... Não é comum porque não a considero louca". E acrescentou: "Digo bem! É uma obsessa por Espíritos!" (Cap. 5, pp. 53 a 55) (Continua no próximo número.)
 


 


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