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Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 230 - 9 de Outubro de 2011
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 23)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. Pode ocorrer o fenômeno da bicorporeidade sem que a pessoa esteja adormecida? 

Segundo Delanne, sim. Mas, então, quanto mais o duplo adquire tangibilidade, mais o sensitivo se toma fraco e enlanguecido.  (O Espiritismo  perante a Ciência, Quarta Parte, Cap. II - Provas da existência do perispírito – Sua utilidade – Seu papel.)

B. Como um médium vidente, ao ver um Espírito, pode saber se ele está ou não encarnado? 

A resposta a esta pergunta foi dada primeiramente por um médium vidente radicado na Inglaterra. Segundo ele, cada vez que lhe aparecia um Espírito de uma pessoa viva, notava que um fio luminoso partia de seu peito, atravessava o espaço, sem se interromper com os objetos materiais, e ia terminar no corpo, espécie de cordão umbilical que unia as duas partes momentaneamente separadas do ser vivo. Era por esse cordão fluídico, cuja existência foi mais tarde comprovada, que se reconhecia se o Espírito era de uma pessoa morta ou de uma ainda viva. (Obra citada, Quarta Parte, Cap. II - Provas da existência do perispírito – Sua utilidade – Seu papel.) 
 

C. As partes constitutivas do perispírito são homogêneas? 


Não. O perispírito não é um corpo homogêneo; ele possui partes quase materiais, que se referem ao organismo, e partes quase imateriais, que se referem à alma. O perispírito é formado de fluidos em diferentes graus de condensação, desde os fluidos materiais, que aderem ao cérebro, até os espirituais, que se aproximam da natureza da alma.
(Obra citada, Quarta Parte, Cap. II - Provas da existência do perispírito – Sua utilidade – Seu papel.)

Texto para leitura

557. Se nos reportarmos aos casos de sonambulismo lúcido, narrados por Charpignon, compreenderemos a série ascendente que se manifesta nesses diferentes fenômenos. No sonambulismo, natural ou provocado, a alma se desprende do corpo, porque este, mergulhado no sono, tem uma vida menos ativa, o que permite ao Espírito escapar-se, por momentos, do seu invólucro e ver o que se passa a distância.

558. No caso de desdobramento, a alma separa-se, no sono, da mesma maneira, mas, ora se materializa de forma imperfeita, ora toma um aspecto inteiramente material, pode escrever e falar. Se o fenômeno é ainda mais acentuado, a bicorporeidade se manifesta sem que o paciente esteja adormecido, mas, então, quanto mais o duplo adquire tangibilidade, mais o sensitivo se toma fraco e enlanguecido.

559. Estas observações confirmam plenamente o ensino de Allan Kardec. Encontramos, com efeito, em O Livro dos Espíritos a explicação racional de todos esses casos singulares. A alma é retida ao corpo por seu perispírito, que tem por condutor o sistema nervoso; segue-se que todas as modificações trazidas a esse sistema, que tenham por fim paralisar sua ação, favorecerão o desprendimento da alma.

560. Eis, com efeito, o que lemos na Revue Spirite de 1859, página 137: A Sra. Schultz, uma de nossas amigas, que é perfeitamente deste mundo e não parecia dever deixá-lo tão cedo, tendo sido evocada durante o sono, deu, mais de uma vez, a prova da perspicácia de seu Espírito nesse estado. Uma noite, depois de uma conversa, ela disse: – Estou fatigada, durmo, tenho necessidade de repouso. Mas, replicamos-lhe: – Seu corpo pode repousar; falando-lhe, não o perturbo. É seu Espírito que está aqui e não seu corpo; pode, pois, entreter-se comigo, sem que este sofra por isso. Ela respondeu: – Faz mal em acreditar nisso; meu Espírito se desprende um pouco de meu corpo, mas ele é como um balão cativo, retido por cordas. Quando o balão recebe as sacudidelas ocasionadas pelo vento, o poste que o prende ressente-se desses abalos, transmitidos pelas cordas. Meu corpo serve de poste para o meu Espírito, com a diferença de que experimenta sensações desconhecidas ao poste, e que muito fatigam o cérebro; eis por que meu corpo como meu Espírito têm necessidade de repouso. Esta explicação, na qual ela nos declarou que, durante a vigília, não havia jamais imaginado, mostra perfeitamente as relações que existem entre o corpo e o Espírito, durante o tempo em que este último goza de uma parte de sua liberdade.

561. M. R., antigo ministro dos Estados Unidos junto ao Rei de Nápoles, disse conhecer na Inglaterra um médium vidente, dotado de grande poder, que, cada vez que lhe aparecia um Espírito de uma pessoa viva, notava que um fio luminoso partia de seu peito, atravessava o espaço, sem se interromper com os objetos materiais, e ia terminar no corpo, espécie de cordão umbilical que unia as duas partes momentaneamente separadas do ser vivo. Nunca ele o notou quando a vida corporal não existia mais e por este sinal é que reconhecia se o Espírito era de uma pessoa morta ou de uma ainda viva. A existência deste cordão fluídico foi constatada com muita frequência depois dessa época.
 

562. A comparação, tão justa, do balão cativo mostra a íntima união do corpo e do perispírito, de tal sorte que toda modificação de um repercute no outro.

563. Nas narrativas que temos reproduzido, uma coisa parece estranha: é a facilidade com que o duplo fluídico passa através dos corpos materiais. Sem dúvida, há aí um fenômeno extraordinário, mas não sem analogia na natureza. A luz e o calor se propagam através de certas substâncias, a eletricidade caminha ao longo de um conduto e sabemos, pelas experiências de Cailletet e de Sainte-Claire Deville, que os gases passam facilmente através das paredes de um tubo fortemente aquecido.

564. Todos os corpos são porosos; não se tocando, suas moléculas podem dar passagem a um corpo estranho. Os Acadêmicos de Florença tinham demonstrado este ponto, fazendo violenta pressão sobre a água encerrada em uma esfera de ouro; ao fim de pouco tempo via-se o líquido transudar por pequenas gotas, na superfície da esfera.

565. Verificamos, por esses diferentes exemplos, que a matéria pode atravessar a matéria. Nos casos que acabamos de citar, é preciso empregar a pressão ou o calor para dilatar as substâncias que se quer fazer atravessar por outras. Isto é necessário, porque as moléculas do corpo que atravessa, não adquirindo o grau suficiente de dilatação, ficam cerradas umas contra as outras. Mas, se supusemos um estado da matéria em que as moléculas sejam muito menos aproximadas e eminentemente tênues, poderá ela atravessar todas as substâncias, sem necessidade de manipulação. É o que se dá com o perispírito que, formado de moléculas menos condensadas que a matéria que conhecemos, não pode ser detido por nenhum obstáculo.

566. Uma segunda propriedade do perispírito parece inexplicável. Dificilmente se compreende que um vapor muito rarefeito, um fluido imponderável possa, apesar de sua tenuidade, conservar determinada forma. Quando a fumaça se escapa da fornalha, não tarda a espalhar-se na atmosfera, tornando-se aos poucos invisível. Como pode o perispírito, que é formado de matéria infinitamente mais rarefeita, apresentar-se, no entanto, com um aspecto nitidamente determinado?

567. Uma experiência curiosa vai elucidar-nos: Admitindo a ideia da matéria, William Thompson, para explicar o retorno de uma substância a seu estado primitivo quando ela se desprende de uma combinação, assemelha os movimentos do meio elástico, a que ele chama matéria, ao dos turbilhões de fumo, em forma de rolos, que se veem produzir na combustão do hidrogênio fosforado, ou algumas vezes escapar-se da chaminé de um locomotiva, quando ela parte. Imaginou-se, então, um aparelho que permite obter esses rolos à vontade e, dando-lhes grandes dimensões, foi possível estudar-lhes a forma. Uma caixa de madeira, perfurada na parte anterior com uma abertura circular, encerra dois vasos, um dos quais contém uma solução de álcali volátil, e o outro, ácido clorídrico. Os gases que se escapam dessas soluções produzem, combinando-se, abundantes fumaças que enchem a caixa. Uma pancada seca, aplicada sobre a armação que forma a parede oposta à abertura, impele a fumaça, que se escapa produzindo uma bela coroa que se propaga em linha reta.

568. Helmholtz, que observou os turbilhões, mostrou que as partículas de fumo rolam sobre si mesmas e executam movimentos de rotação, que vão do interior ao exterior, no sentido da propagação, e em torno de um eixo circular que forma, por assim dizer, o núcleo dos turbilhões. Daí, Helmholtz passa ao caso de um meio em que não houvesse atrito algum; mostra que os rolos se deslocarão e mudarão de forma, sem que nada venha destruir as ligações que existem entre as partes constituintes.

569. Deduzimos daí que existem estados da matéria em que uma dada forma se conserva indefinidamente, com a condição de que esta matéria seja submetida a uma força constante e não experimente nenhum atrito. É o que acontece com o perispírito, cuja matéria rarefeita pode ser encarada, por sua natureza etérea, como desprovida de atrito; podemos, pois, conceber que ela conserva um tipo determinado, em virtude de sua constituição molecular.

570. Experiências efetuadas na Inglaterra mostraram que, se se deformarem esses rolos, eles tenderão a retomar a forma circular; se lhes colocar no trajeto uma lâmina, eles contorná-la-ão, sem se deixarem cortar, oferecendo, assim, a imagem material de alguma coisa invisível e insecável. Demais, dois rolos, movendo-se na mesma linha, podem atravessar-se sem perderem a individualidade que lhes é própria; o rolo atrasado contrai-se, quando sua velocidade aumenta; atravessa o que o precede, depois se dilata por sua vez e assim por diante. Assim, esses anéis se penetram mutuamente, passam através um do outro, sem nada perder de sua autonomia, sem serem mesmo deformados. A matéria, nesse estado pouco rarefeita, que está longe de atingir a extrema tenuidade do perispírito, goza, pois, de propriedades que nos revelam leis ainda pouco conhecidas que dirigem as evoluções do duplo fluídico; compreenderemos sem dificuldade, por analogia, que o perispírito possa atravessar todos os corpos, como a luz passa através dos corpos transparentes.[i]

571. Nos exemplos citados até aqui, vemos a alma e seu envoltório, mas não podemos ainda determinar todas as propriedades deste corpo fluídico, porque ele está ligado ao organismo material e não goza inteiramente de sua liberdade de ação. Para conhecer a sua composição e seu funcionamento é preciso estudar a alma quando, desembaraçada de seu invólucro grosseiro, ela se move livremente no espaço.

572. Geoffroy Saint-Hilaire dizia: “O tipo segundo o qual a vida forma o corpo desde a origem é também aquele segundo o qual ela o entretém e repara. A vida é, ao mesmo tempo, formadora, conservadora e reparadora, sempre conforme esse modelo ideal, regra invariável de todos os seus atos”.

573. Esse modelo ideal está contido no ser material que se transforma sem cessar? Não, evidentemente; ele lhe é exterior, ou antes, é nele que se vêm incorporar as moléculas materiais; ele é esboço fluídico do ser. Se refletirmos, com efeito, nas transformações múltiplas, incessantes, às quais está o corpo submetido, compreenderemos a necessidade dessa força diretriz que indica aos átomos materiais o lugar que eles devem ocupar. Como conceber que o cérebro, instrumento tão frágil, tão complicado, cuja substância se renova continuamente, possa funcionar de maneira constante, se não existisse um modelo fluídico no qual as moléculas materiais se vêm incorporar?

574. Com a morte do corpo, não mais existindo esse duplo, tudo sucumbe, se degrada e destrói, em curto lapso de tempo. É este esboço fluídico que, diferindo segundo os indivíduos, conserva a estrutura particular de cada um, as formas gerais do corpo e da fisionomia que o fazem reconhecer durante o curso de sua existência.

575. Vimos na primeira parte que os materialistas não podem explicar a transformação da sensação em percepção. Pois bem, com a noção do perispírito tudo se torna simples e compreensível. Sabemos que os nervos sensitivos terminam em uma parte do cérebro chamada tálamos óticos; aí, cada aparelho sensorial possui um núcleo de células ganglionares, ligado à periferia cortical por fibras brancas. Lembrado isto, vejamos como as excitações exteriores penetram e se encaminham no organismo quando se trata de um fenômeno auditivo ou visual, que põe em atividade as células da retina ou do nervo auditivo. Que se passa, então, na intimidade dos condutores nervosos?

576. Essas excitações, seguidamente transmitidas, põem logo em jogo as atividades específicas, isto é, as propriedades especiais das diversas células que compõem os núcleos dos tálamos óticos. As células do centro ótico, entrando em vibração, as transmitem à camada cortical pelas fibras radiantes e, aí chegadas, essas vibrações, que são, até esse momento, simples movimentos moleculares, encontram o duplo fluídico e lhe comunicam a impressão. Desde então, este movimento ondulatório se propaga até a alma que tem dele consciência. É a esse conhecimento que se chama percepção; ele não poderia efetuar-se se o intermediário fluídico não existisse.

577. É preciso não esquecer que o perispírito não é um corpo homogêneo; ele possui partes quase materiais, que se referem ao organismo, e partes quase imateriais, que se referem à alma. Comparemo-lo a um vapor contido num tubo, para melhor compreensão. Esse vapor, muito condensado na base, se vai rarefazendo a medida que se eleva. Existe, assim, uma série de estados intermediários, desde a materialidade até a espiritualidade.

578. Em resumo, o perispírito é formado de fluidos, em diferentes graus de condensação, desde os fluidos materiais, que aderem ao cérebro, até os espirituais, que se aproximam da natureza da alma. De sorte que, se uma vibração impressiona um nervo sensitivo, este a transmite aos tálamos óticos, que a refletem para o sensório; aí chegada essa vibração, age sobre o fluido perispiritual, que aos poucos adverte o Espírito.  (Continua no próximo número.)
 

 

[i]   Podemos aproximar destas observações as curiosas experiências que Zöllner fez em companhia de Slade. Ei-las, segundo a narração de Eugéne Nus: “Zöllner, tendo arranjado dois anéis de madeira, torneada e inteiriça com um diâmetro interior de 74 milímetros, passou por eles uma corda de violino, fixou a corda com cera, pelas extremidades, na mesa. Sobre a cera apôs seu selo, deixando os anéis livres na corda. Era desejo dele ver os anéis entrelaçarem-se. Sentou-se à mesa, ao lado de Slade, e pôs as mãos sobre a corda no ponto sinetado. Uma pequena mesa estava diante dos anéis. Após alguns minutos de expectativa – escreveu Zöllner –, ouvimos, na pequena mesa redonda junto a nós, um ruído, como se pedaços de madeira batessem uns nos outros. Levantamo-nos para pesquisar a origem deste ruído e, com grande surpresa, encontramos os dois anéis (que, cerca de seis minutos antes, estavam enfiados na corda de violino) em volta do pé central da pequena mesa, em perfeito estado. Dessa forma – acrescenta Zöllner –, uma experiência anteriormente preparada não saiu conforme fora prevista; os anéis não foram entrelaçados um no outro, e, sim, transferidos da corda de violino para o pé da mesa redonda feito de bambu. Houve, neste caso, desintegração momentânea da matéria dos anéis e recomposição desses mesmos anéis em torno do pé da mesa. Ainda que extraordinários possam parecer esses fatos, eles são, entretanto, reais, a menos que se acuse o ilustre sábio de mentir ao público.”


 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita