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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 229 - 2 de Outubro de 2011

VALCI SILVA
valcipsi@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)

 

O centésimo macaco


O propósito deste tema é levá-lo a uma reflexão de nossas atitudes face aos acontecimentos diários da caminhada humana, especialmente diante das tragédias humanas. Buscamos a reflexão em uma realidade muito curiosa que se passou com uma espécie de macaco japonês (Macaca Fuscata), espécie observada há mais de trinta anos em estado natural.

No ano de 1952 cientistas japoneses jogaram batatas-doces cruas nas praias da ilha de Kochima para os macacos. Eles apreciaram o sabor das batatas-doces, mas acharam desagradável o da areia. Uma fêmea de um ano e meio, chamada Imo, descobriu ao acaso (?) que lavar as batatas num rio próximo resolvia o problema. E ensinou o truque à sua mãe. Seus companheiros também aprenderam a novidade e a ensinaram às respectivas mães.

Aos olhos dos cientistas, essa inovação cultural foi gradualmente assimilada por vários macacos. Entre 1952 e 1958 todos os macacos jovens aprenderam a lavar a areia das batatas-doces para torná-las mais gostosas. Só os adultos que imitaram os filhos aprenderam este avanço social. Outros adultos continuaram comendo batata-doce com areia (mesmo no reino animal existe a indolência). Foi então que aconteceu uma coisa surpreendente. No outono de 1958, na ilha de Kochima, alguns macacos – não se sabe ao certo quantos – lavavam suas batatas-doces.

Vamos supor que, um dia, ao nascer do sol, noventa e nove macacos da ilha de Kochima já tivessem aprendido a lavar as batatas-doces. Vamos continuar supondo que, ainda nessa manhã, um centésimo macaco tivesse feito uso dessa prática.

Então aconteceu! O acréscimo de energia desse centésimo macaco rompeu de alguma forma uma barreira ideológica!

Os cientistas observaram uma coisa deveras surpreendente: o hábito de lavar as batatas-doces havia atravessado o mar. Bandos de macacos de outras ilhas, além dos grupos do continente, em Takasakiyama, também começaram a lavar suas batatas-doces. Comprovaram que quando certo número crítico atinge a consciência, essa nova consciência pode ser comunicada de uma mente a outra.

O número exato pode variar, mas o Fenômeno do Centésimo Macaco significa que quando só um número limitado de pessoas conhece um caminho novo, ele permanece como patrimônio da consciência dessas pessoas. Mas há um ponto em que, se mais uma pessoa se sintoniza com a nova percepção, o campo se alarga de modo que essa percepção é captada por quase todos! Você pode ser o centésimo macaco! Pode fazer a diferença no seu meio.

Essa experiência nos proporciona uma reflexão sobre a direção de nossos pensamentos. De certo modo, já sabemos que para onde vai o nosso pensamento segue a nossa energia. Não foi sem razão e lógica que Jesus de Nazaré ensinou: “onde estiver o teu tesouro, aí estará o seu coração”.

Se tivermos grupos pensando e agindo numa mesma frequência em várias partes do Planeta, terão as mesmas sensações e acabarão fazendo as mesmas coisas sem nunca terem se comunicado. Isso vale tanto para aqueles que praticam o bem como para aqueles que usam de suas faculdades para o mal. O acréscimo de energia, neste caso, pode ser aquela que você está enviando com o seu pensamento sintonizado na frequência do crime noticiado que gera comoção geral.

Parece coincidência, mas sempre que um crime choca e comove multidões, de imediato outros fatos semelhantes pipocam em diversos lugares. Será isso o efeito do centésimo macaco às avessas? Houve a tragédia em Realengo-RJ e, dias depois, em um shopping na Holanda, um jovem adentra o recinto e dispara contra pessoas, matando cinco delas.

Ao invés de indignar-se diante do crime noticiado, direcionando inconscientemente seu pensamento e sua energia para essas pessoas ou grupos que se aproveitam dessa energia toda para materializar mais crimes, neutralize com pensamentos conscientes de amor e perdão. Mude de canal na TV, vire a página do jornal, saia da frequência e não alimente ainda mais a insanidade daqueles que tendem para o crime, e, também, daqueles que lucram com as desgraças alheias.

São todos igualmente insanos, tanto aquele que pratica o crime quanto aquele que esbraveja palavrões de indignação por horas diante das câmeras, criando comoção e levantando a energia que se materializará nas mãos daquele que está com a arma já engatilhada.

Gerar material para construir um mundo melhor não requer tanto de grandes ações, quanto essencialmente grandes blocos de consciência. É preciso que mais gente se sintonize na frequência e coloque aquele acréscimo de energia que pode gerar uma nova consciência em outros grupos em outras partes do Planeta.

Se cada um de nós dedicar alguns minutos todos os dias para meditar, entrando em sintonia com a frequência do amor, pois esta proporciona o equilíbrio, basta para mudar muitas coisas desagradáveis acontecendo em nosso Planeta e criar uma nova consciência.

Ensina o professor Moacir da Costa, da PUC Rio Grande do Sul: "Somente a conscientização do homem em relação à sua grandeza poderá pôr fim à violência, pois soluções violentas são parciais e de resultados muito pequenos e discutíveis, pois podemos matar o violento, com isso teremos um violento a menos, mas não teremos matado a violência, porque continuamos a não reconhecer a consciência e o valor da nossa vida interna".

"Portanto, sem reconhecer o valor da transformação nunca mudaremos a violência na sociedade. Estamos todos perdidos no fundo do quintal da Via Láctea, e necessitamos criar um mundo superior onde prevaleça a paz e a harmonia entre todos.” Seja você também um “centésimo macaco”, claro, para o bem.

        


 


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