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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 227 - 18 de Setembro de 2011

RITA CÔRE
ritagarciacore@gmail.com
Laje do Muriaé, RJ (Brasil)
 

Literatura espírita: entre
o ser e o parecer


Um romance espírita há de ser espírita. Parece óbvio. Mas nem sempre é o que acontece. Temos visto uma quantidade de publicações em nosso meio que infelizmente não apresentam o compromisso de divulgação doutrinária. Nesse caso, podemos classificar tais obras como ficção, isto é, matéria narrada a partir de uma trama inventada, com personagens imaginários. Se de boa qualidade, é outra conversa. Seus autores poderiam simplesmente publicá-las através de uma editora não especificamente espírita e seguir naturalmente sua carreira, se esta for a opção que escolheram. Acrescentar o adjetivo ESPÍRITA implica vínculos com uma Filosofia e seus postulados, claramente expostos nas obras da Codificação Kardequiana. Usar o Espiritismo sem explicá-lo é um desrespeito, principalmente se, ao lado de não se passar o conhecimento, deixar-se o autor resvalar para um terreno de fantasia que corre por conta do seu próprio imaginário. Ou do Espírito que o inspira. É preciso lembrar que Espírito também é gente e vice-versa. E gente nem sempre acerta.

Espiritismo é lógica, bom senso.  É fé raciocinada. O leitor, a essa altura, poderá se indagar: “Então, será uma obra teórica e não um romance?” Claro que pode ser um romance e muito agradável de ler. É o que vemos, por exemplo, em E a vida continua, de André Luiz/Chico Xavier, e outros tantos da mesma dupla. Por conter um conflito gerador de uma trama – que encadeia uma série de acontecimentos entrelaçados, com ação, diálogos, personagens, além do jogo tempo e espaço, com planos diferentes da vida - o romance espírita expõe os ensinamentos doutrinários de maneira prática. Através dos desafios enfrentados pelas criaturas envolvidas no enredo entre a vida e a morte, em seus acertos com a lei de causa e efeito, envolve o leitor que, muitas vezes tocado emocionalmente, vai assimilando princípios norteadores para a sua vida pessoal, para o seu entendimento de estar no mundo e de sua destinação evolutiva. O mundo precisa do ESPIRITISMO. Algum dia, talvez, não haja mais necessidade de religiões, porque os fatos espíritas serão estudados nos livros escolares! Mas, por enquanto, a Fé Raciocinada é que oferece respaldo para o enfrentamento das transformações do mundo contemporâneo. As crenças dogmáticas não sustentarão por muito tempo a fé dos jovens do século XXI, diante da força da mídia, com suas informações sobre as descobertas da História e conquistas da Ciência. Somente o Espiritismo enfrentará essa avalanche de transformações, mantendo a certeza de Deus – pelo conceito abrangente e filosófico de “causa primária” – e da imortalidade espiritual, pela lógica com que apresenta o Espírito, não como uma abstração, mas como uma concretude. Com todas essas informações, feito bússola em nossas mãos, a iluminar o escuro dos caminhos do mundo, vamos deixar a luz debaixo do alqueire?

Portanto, um romance espírita, desprovido de ensinamentos espíritas de fato, é dispensável! Podem seus autores, com todo respeito, buscar outras editoras. Ou podem as editoras usar de critérios mais rígidos em seu trabalho de seleção. Interessar o público pelo Espiritismo sem fundamento é iludi-lo, não é honesto. Seria fazer o que Kardec desaconselha na introdução a O Livro dos Médiuns sobre o objetivo da obra: “Ela contribuirá, pelo menos assim o esperamos, para imprimir ao Espiritismo o caráter sério que lhe forma a essência e para evitar que haja quem nele veja objeto de frívola ocupação e de divertimento. A essas considerações ainda aditaremos outra, muito importante: a má impressão que produzem nos novatos as experiências levianamente feitas e sem conhecimento de causa, experiências que apresentam o inconveniente de gerar ideias falsas acerca do mundo dos Espíritos e de dar azo à zombaria e a uma crítica quase sempre fundada”. O que Kardec chama de “gerar ideias falsas a respeito do mundo dos Espíritos”? E do próprio papel do Espiritismo? Há certas condutas que acabam realmente dando margem a críticas fundadas. Isso. Como se não bastassem críticas infundadas, nós mesmos damos chances a que nos afundem em pouca água!

Outro fato curioso a respeito da literatura espírita, e que não se consegue entender bem, é que deva ser necessariamente psicografada. Ora, se existem desencarnados escritores que são espíritas, também existem encarnados espíritas que são escritores! Independente da sua classificação temática – policial, de amor, de aventuras – ou da estética literária a que possa se filiar, um romance será inevitavelmente um cruzamento de muitas vozes. Pois assim é um texto. Um tecido que cruza fios diversos no tear das influências, que vão desde os sedimentos culturais, familiares, da formação pessoal de quem escreve, até as vozes do contexto social, histórico, e das leituras incorporadas pelo autor. Do ponto de vista espírita, sabemos que nunca estamos sós. Estamos sempre acompanhados de “uma nuvem de testemunhas”, Espíritos que nos intuem constantemente. Enfim, se a relação entre os chamados Espíritos e os homens (Espíritos encarnados) é praticamente constante, quase tudo o que fazemos será em parceria! Claro que a parceria pode ser boa ou não... Depende da nossa escolha!

Voltemos ao romance. No ato de criar uma obra literária pode ser que o autor sinta “algo diferente” a que chama inspiração. Mas ao mesmo tempo contribui ele próprio com o seu trabalho, com as suas vozes. Nem por isso precisa “assinar a obra com o nome de um Espírito”, pois se foi inspirado por um ou mais de um desencarnados de bom caráter, esses companheiros não farão conta de fama e glória. Claro que não estamos nos referindo aos escritos inegavelmente psicografados por médiuns sérios ou ditados claramente por Espíritos, mas simplesmente confirmando outra opção para a literatura espírita. Aliás, independente do objeto da criação artística, lembremos que em O Livro dos Médiuns temos a afirmativa de que os artistas – e aqui podemos incluir os escritores – são muitas vezes médiuns, sem se darem conta.

O problema é que, no meio espírita, muitos de nós ficamos encantados com a psicografia, com as obras mediúnicas e, nem sempre, utilizamos para selecioná-las o critério kardequiano do bom senso, da utilidade da informação, da seriedade doutrinária e de outros aspectos, além da própria qualidade do texto. Aliás, os mesmos critérios devem ser utilizados para obras não mediúnicas também.

Um exemplo de bom escritor espírita é o de Richard Simonetti que, depois de muitas obras publicadas, lançou recentemente o romance O Plano B. Simonetti foi inspirado? Certamente. Mas assinou o seu livro!  Já respeitado por seu estilo informal, agradável de ler, escreve e assina embaixo, naturalmente. Ao sabor da palavra fácil, num romance rico de ensinamentos doutrinários, com informações históricas e sociais, entrelaçando crônicas em meio à matéria narrada, Simonetti mostra aos escritores espíritas outro caminho para a nossa literatura, que não seja a obra mediúnica. Um romance de fato espírita e não psicografado. Nada contra a psicografia séria. Mas eis aí um Plano B!  

 

Bibliografia:

KARDEC, A. O Livro dos Médiuns. FEB. 1996;

SIMONETTI, R. O Plano B. CEAC, 2010.

 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita