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Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 224 - 28 de Agosto de 2011
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 17)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. Quem é considerado o pioneiro na pesquisa da chamada escrita direta?

O pioneiro no tocante a esse fenômeno foi o Barão de Guldenstubbé, que publicou, em 1857, um livro curioso, intitulado La Réalité des Esprits et le phénomène merveilleux de leur écriture directe. Nesse volume, conta o autor como foi levado a fazer essa experiência. (O Espiritismo  perante a Ciência, Terceira Parte, Cap. II - As teorias dos incrédulos e o testemunho dos fatos.)

B. Que diz Gabriel Delanne a propósito da escrita direta?

Delanne a considera o mais extraordinário dentre os fenômenos espíritas, e cita, a propósito, vários fatos colhidos nas experiências de William Crookes com a médium Kate Fox. (Obra citada, Terceira Parte, Cap. II - As teorias dos incrédulos e o testemunho dos fatos.)

C. Por que os cientistas, provavelmente a maioria, resistem em admitir a participação dos Espíritos nos fenômenos que colegas deles comprovaram e descreveram?

O fato se explica pela dificuldade que existe em modificarmos nossas crenças milenares. “A velha muralha das crenças deve ser abatida à força dos golpes”, disse a Crookes um de seus amigos, e Delanne pensa de igual modo. (Obra citada, Terceira Parte, Cap. I - Provas da imortalidade da alma pela experiência.)

Texto para leitura

416.  Como está muito espalhada a objeção da transmissão pelo pensamento, vamos citar outros exemplos que mostrarão quanto ela é absurda quando se quer aplicá-la às manifestações espíritas.

417. Refere Crookes que, numa sessão com Home, uma pequena régua, que se achava na mesa, a pouca distância das mãos do médium, atravessou a mesa, sozinha, veio, em plena luz, até ele e lhe deu uma comunicação (é assim que se denominam as mensagens dos Espíritos), batendo-lhe numa das mãos. “Soletrei – diz Crookes – o alfabeto, e a régua, cuja extremidade assentava na mesa, me batia às letras necessárias. As pancadas eram tão nítidas, tão precisas, e estava a régua sob tão evidente influência de um poder invisível, que perguntei: – A inteligência que dirige os movimentos dessa régua poderá mudar o caráter desses movimentos e dar-me, por meio de pancadas na minha mão, uma mensagem telegráfica no alfabeto de Morse? Tenho razões para crer que o alfabeto Morse era inteiramente desconhecido dos presentes, e eu mesmo sabia mal. Apenas pronunciara aquelas palavras, mudou o caráter das pancadas; a mensagem continuou na forma em que eu pedira. As letras eram dadas rapidamente, de maneira que se apanhava uma ou outra palavra, e a mensagem perdeu-se; vi, porém, o bastante para convencer-me de que havia, na outra extremidade da régua, um bom operador de Morse, quem quer que possa ser.”

418. Não há aqui sombra de transmissão de pensamento, e desafiamos Chevreul, Thury e os demais a nos explicarem o que se dá no caso, excluída a intervenção espiritual.

419. Um último fato, igualmente probante, é lembrado por Crookes: “Certa senhora escrevia, automaticamente, por meio da prancheta. Procurei descobrir o meio de provar que o que ela escrevia não era devido à ação inconsciente do cérebro. A prancheta afirmava, como o faz sempre, que, embora ela fosse posta em movimento pela mão e pelo braço dessa senhora, a inteligência que a dirigia era a de um ser invisível, que se utilizava do cérebro da senhora como de um instrumento de música, e assim lhe fazia mover os músculos. Perguntei, então, à inteligência:
– Vê o que há neste aposento?
– Sim, escreveu a prancheta.
– Vê esse jornal e o pode ler? – ajuntei, colocando o dedo num número do Times, que estava em uma mesa, atrás de mim, mas sem o olhar.
– Sim, respondeu a prancheta.
– Bem – acrescentei eu –, se pode vê-lo, escreva, agora, a palavra que está coberta por meu dedo, e crer-lhe-ei.
A prancheta começou por mover-se lentamente e com muita dificuldade escreveu a palavra honra (honour); voltei-me e vi que a palavra honra era a coberta pela ponta de meu dedo. Quando fiz essa experiência, evitara, propositadamente, olhar o jornal, e era impossível à senhora, ainda que o tivesse tentado, ver uma única palavra impressa, porque ela estava sentada a uma mesa, o jornal ficava em outra, atrás de mim, e meu corpo o encobria.”

420. O testemunho de sábios como Crookes e Wallace é de grande valor, porque seria difícil acreditar que esses grandes homens estivessem a divertir-se, mistificando, como vulgares farsistas, os seus contemporâneos. Por outra parte, seu saber, o profundo hábito da experiência, os põem ao abrigo da acusação de credulidade.

421. É preciso, pois, concluir que eles realmente viram, que os fatos são bem reais e que os Espíritos se manifestam aos homens. Se não temêssemos sobrecarregar a discussão, citaríamos ainda um grande número de fatos, mas preferimos encaminhar o leitor desejoso de instruir-se aos volumes publicados por esses sábios.

422. As manifestações espíritas não se limitam ao movimento das mesas; a experiência revelou que os Espíritos agem sobre os homens, de diferentes modos, para ditar suas comunicações. Mas, qualquer que seja o seu modo de operar, é preciso que haja entre os assistentes um indivíduo que possa ceder parte de seu fluido vital. Os que têm essa propriedade são chamados médiuns.

423. O mais extraordinário entre os fenômenos espíritas é, indubitavelmente, o da escrita direta. Citemos novamente Crookes: “A escrita direta é a expressão empregada para designar a escrita que não é produzida por nenhuma das pessoas presentes. Obtive, muitas vezes, palavras e mensagens escritas em papéis marcados com o meu sinete particular e sob a mais rigorosa fiscalização. Ouvi, no escuro, o lápis mover-se no papel. As precauções preliminares tomadas por mim foram tão grandes que o meu espírito se convencera, como se eu tivesse visto os caracteres se formarem. Mas, por falta de espaço, limitar-me-ei a citar os casos em que meus olhos e meus ouvidos foram testemunhas da operação. O primeiro fato, é verdade, se realizou numa sessão escura, mas o resultado não foi menos satisfatório. Eu estava junto da médium, a Srta. Kate Fox; não havia mais pessoas presentes, além de minha mulher e outra senhora, nossa parenta; eu segurava as mãos da médium numa das minhas enquanto que seus pés estavam sobre os meus. Havia papel na mesa e em minha mão livre mantinha um lápis. Uma mão luminosa desceu do teto e depois de haver planado perto de mim, alguns segundos, tomou-me o lápis da mão, escreveu rapidamente numa folha de papel, deixou o lápis e, em seguida, elevou-se acima de nossas cabeças e, pouco a pouco, se perdeu na obscuridade.”

424. Não é a primeira vez que tais fatos se produzem. O Barão de Guldenstubbé publicou, em 1857, um livro curioso, intitulado La Réalité des Esprits et le phénomène merveilleux de leur écriture directe. Nesse volume, conta o autor como foi levado a fazer essa experiência. Estava à procura de uma prova, ao mesmo tempo, inteligente e palpável, da realidade do mundo dos Espíritos, para demonstrar a existência da alma com fatos irrefutáveis. Colocou, pois, um papel de carta, branco, e um lápis numa caixa; fechou-a a chave e nada disse a ninguém. Para maior segurança, pôs a chave no bolso. Esperou 12 dias em vão, sem notar algo de novo; qual não foi, porém, a sua surpresa, quando, a 13 de agosto de 1856, viu certos caracteres no papel. Não podia crer em seus olhos e repetiu a experiência dez vezes no mesmo dia, a fim de convencer-se de que não era joguete de uma ilusão.

425. Contou a seu amigo, o conde Ourches, o maravilhoso descobrimento; experimentaram ambos e, depois de várias tentativas, obteve o conde uma comunicação de sua mãe, morta cerca de 20 anos antes; a escrita e a assinatura foram reconhecidas como verdadeiras. Isso afasta qualquer interpretação sonambúlica do fenômeno.

426. Tem-se dito que as mensagens recebidas por esse processo são, na maior parte, insípidas. Responde Oxon, professor da Faculdade de Oxford: “Quanto à inteligência das mensagens escritas fora dos processos comuns, não quero saber se é ou não digna de apreço, pelo conteúdo das comunicações. O escrito pode ser tão insensato quanto aprouver aos críticos. Se nada há mais tolo, isso favorece meu argumento. Está ou não está escrito? Deixemos de lado os absurdos do pensamento e nos atenhamos apenas ao fato.”

427. É o que fazemos, notando, entretanto, que esses escritos estão longe de ser tão ridículos, como se pretende. A propósito da escrita direta, escreve Oxon, sábio professor, que a estudou durante 5 anos: “Há cinco anos que me é familiar o fenômeno da psicografia (escrita dos Espíritos). Observei-o em grande número de casos, ou com psíquicos (médiuns) conhecidos do público, ou com pessoas que possuíam o dom de produzir esse resultado. No curso de minhas observações, vi psicografias obtidas em caixas fechadas (escrita direta); em papel escrupulosamente marcado e colocado em posição especial, donde não podia ser deslocado; em papel marcado e colocado sobre a mesa, no escuro; em papel colocado sob meu cotovelo ou coberto por minha mão; em papel, num envelope fechado e lacrado; em ardósias ligadas. Vi escritas produzidas também quase instantaneamente e essas experiências me demonstraram que tais escritas não eram sempre obtidas pelo mesmo processo. Enquanto se vê, algumas vezes, o lápis escrever como se fosse conduzido por mão, ora invisível, ora a dirigir-lhe os movimentos de maneira visível, em outras, a escrita parece produzida por um ato instantâneo, sem auxílio do lápis.”

428. Ao de Crookes se junta o testemunho de Oxon. Estes sábios, operando sem ciência um do outro, chegam aos mesmos resultados. Afirmam ambos terem visto mãos conduzirem os lápis e escreverem frases. Não há aí com que fazer refletir os mais incrédulos?

429. Vejamos o testemunho de sábios de outras partes da Europa. Quanto mais mostrarmos o caráter universal das manifestações dos Espíritos, mais elas terão valor aos olhos dos homens de boa-fé. Zöllner, na Alemanha, acaba de confirmar as experiências de seus colegas e apoia sua narrativa em autoridades como Fechner, Weber e Schreibner. Vejamos, ainda de Eugênio Nus, que o traduziu diretamente do alemão, o seguinte trecho: “Na noite seguinte – é Zöllner quem fala – sexta-feira, 16 de novembro de 1876, coloquei uma mesa de jogo com quatro cadeiras, em um quarto onde Slade ainda não tinha entrado. Depois que Fechner, o professor Braune, Slade e eu colocamos as mãos entrelaçadas sobre a mesa, ouviram-se pancadas nesse móvel; eu comprara uma ardósia, que assinalamos; nela colocamos um fragmento de lápis e Slade os pôs à beira da mesa; minha faca foi atirada, subitamente, à altura de um pé e recaiu na mesa. Repetindo-se a experiência, viu-se que o fragmento do lápis, cuja posição foi marcada com um sinal, ficou no mesmo lugar na ardósia. A dupla ardósia, depois de limpa e munida de um duplo lápis, foi segura por Slade, sobre a cabeça do Professor Braune; ouviu-se uma arranhadura e, aberta a ardósia, lá se encontraram muitas linhas escritas. Uma cama colocada no aposento, por trás de um biombo, transportou-se inopinadamente até ficar a dois pés de distância da parede e afastou o biombo. Slade estava longe da cama e lhe dava as costas; tinha as pernas cruzadas, o que todos viam”.

430. Mas então, se os Espíritos puderam agitar guéridons,[i] se lhes foi possível escrever fazendo ver suas mãos, por que não se tornariam eles próprios visíveis? Impressionado por estas considerações, Crookes foi levado a constatar resultados esplêndidos que analisaremos no capítulo em que tratamos especialmente da mediunidade.

431. Deve ter-se notado que contentamo-nos, até agora, em referir as experiências, sem lhes dar qualquer explicação; é que não queremos enfraquecer-lhes o alcance por comentários, que poderiam dar lugar à crítica. Por mais estranhos, bizarros, perturbadores que possam parecer esses fenômenos, há uma coisa certa, evidente, é que existem, pois que foram verificados pelas sumidades da Inglaterra, da Alemanha e da América. Além disso, em nenhum caso podem ser atribuídos à intervenção humana, porque foram tomadas as precauções para afastar essa eventualidade.

432. Em um século de positivismo intransigente como o nosso, tais revelações eram indispensáveis para firmar a crença na imortalidade; desaparecida a fé com as religiões abandonadas, tornava-se necessário o fato brutal, para restabelecer a verdade. Hoje ela se nos impõe a todos, e apesar das negações interessadas do materialismo, triunfará de todos os obstáculos amontoados à sua frente.

433. Os fenômenos espíritas têm sido tão ridicularizados que é útil insistir muito nos fatos que militam em seu favor. Os cientistas de nosso país, por tendência natural ou temor do ridículo, não ousam entregar-se a essas investigações. Não temos a pretensão de convencê-los, referindo-lhes os trabalhos dos seus colegas do mundo inteiro, mas se essa leitura lhes pudesse inspirar o desejo de verificar o que há de verdadeiro ou falso em tais asserções, nosso fim seria atingido.

434. Pintaram os adeptos do Espiritismo com tão absurdas cores, que muitas pessoas supõem tratar-se de doentes ou alucinados. Há dificuldade em se apresentar, de público, um partidário de Allan Kardec, como um bom burguês prosaico; entretanto, é o que é fácil de verificar, frequentando-se a sociedade espírita. Em vez de fisionomias desfiguradas, com os olhos a brilharem de febre, veem-se pessoas honestas, que experimentam, tranquilamente, e discutem os resultados obtidos com tanto sangue frio e lucidez como em qualquer outro meio em que se estude.

435. O preconceito tem tão poderoso império sobre os homens, ainda os mais distintos, que não nos devemos espantar da vigorosa oposição, quando trazemos as mãos cheias de ideias em antagonismo com as vistas gerais. Eis a carta de um amigo de Crookes, que descreve perfeitamente esse estado psicológico: “Não posso – respondia ele ao célebre químico – achar resposta razoável aos fatos que V. expõe. E é curioso que eu mesmo, ainda com tendência e desejo de crer no Espiritismo, com fé em seu poder de observação e sua perfeita sinceridade, experimente a necessidade de ver por mim e me é penoso pensar que preciso de muitas provas. Digo penoso, porque noto que não há razões que possam convencer um homem, a menos que o fato se repita tantas vezes, que a impressão pareça tornar-se um hábito do espírito, um velho conhecimento, uma coisa conhecida há tanto tempo, que dele não se possa mais duvidar. É uma das faces curiosas do espírito humano e os homens de ciência a possuem em alto grau, mais que os outros, creio eu. Não devemos, por isso, dizer que um homem é desleal porque resiste muito tempo à evidência. A velha muralha das crenças deve ser abatida à força dos golpes.”

436. É esta também a nossa opinião, e assim se explica a persistência com que reunimos o maior número possível de documentos, para implantar a convicção nas almas sinceras. Se recusarem seguir-nos em todas as consequências que tiramos da observação, ao menos não se poderá dizer que nossas crenças não tenham um ponto sério de partida.

437. Os espiritistas não são fanáticos nem sectários; não querem impor a quem quer que seja a teoria que deduziram da imparcial apreciação dos fatos. Se lhes demonstrarem amanhã que estão em erro, abandonarão imediatamente sua maneira atual de ver, para se colocarem ao lado da verdade, porque o seu método é, antes de tudo, o racionalismo. Até agora, porém, consideram sua doutrina a mais provável e continuam a ensiná-la. (Continua no próximo número.) 


[i]    Guéridon - mesa pequena de um só pé.

 


 

 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita