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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 222 - 14 de Agosto de 2011

RICARDO BAESSO DE OLIVEIRA
kargabrl@uol.com.br
Juiz de Fora, MG (Brasil)
 

Homossexualidade: determinismo biológico ou fruto da educação?


Cartas de confrades espíritas enviadas à revista eletrônica O Consolador evidenciaram certa desinformação quanto à questão da homoafetividade.

O tema não pode ser abordado de forma apaixonada, pois dessa forma interpomos entre nós e o tema óculos construídos por tradições pouco saudáveis e pelo espírito de uma época.

Os últimos estudos verificados por neurocientistas e sociólogos sérios e competentes têm mostrado, ao contrário do que acreditávamos, que a condição de homossexualidade NÃO DEPENDE EM NADA DA EDUCAÇÃO.

A Educação tem importância notável na forma como o homossexual vai conduzir sua libido (e isso se presta também para o heterossexual), mas não interfere na condição em si mesma, pois a homossexualidade é um DETERMINISMO BIOLÓGICO, portanto, inata. Homossexuais nascem assim e nada os fará mudar de polaridade sexual, tal qual os canhotos nascem canhotos e os destros nascem destros.

Não se trata de “sem-vergonhice”, ou “desvio moral”, nem tão pouco “opção de vida”, que pode, ou não, ser induzida por quem quer que seja, como querem crer teólogos e psicólogos vinculados a religiões tradicionais, principalmente evangélicas. 5 a 10% das pessoas, sejam do gênero masculino ou feminino, possuem no hipotálamo anterior (possivelmente no núcleo intersticial do hipotálamo anterior 3) neurônios numa configuração diversa das outras 90%, que as colocam numa condição biológica de atração sexual por pessoas do mesmo sexo.

Vejamos os dados que comprovam isso.

No campo da Zoologia: a homossexualidade não é exclusiva dos humanos.
 

O biólogo americano Bruce Bagemihl lançou na década passada nos EUA o livro Exuberância Biológica - homossexualidade Animal e Diversidade Natural. Ele analisou 450 espécies de animais, na maioria mamíferos e aves, todos apresentando em menor ou maior grau a orientação homossexual. Este trabalho originou uma ideia nova na Zoologia, de que, apesar de não gerar descendentes, a homossexualidade faz parte do dia-a-dia de uma quantidade enorme de espécies. Entre os carneiros machos, 10% deles são atraídos sexualmente para carneiros machos.


No campo da Neurociência: a
 homossexualidade possui uma origem biológica e uma expressão anatômica no cérebro.


A Neurociência estuda o cérebro. A pesquisa científica recente (1991) de maior repercussão sobre homossexualidade e neurociência foi de Simon Le Vay, do Instituto Salk da Califórnia - EUA. O Dr. Le Vay é um neuroanatomista de grande reputação científica em sistemas visuais. Dois dos seus mestres - Torsten Wiesel e David Hibel - ganharam o Prêmio Nobel e foram pioneiros nesta área. Le Vay dedicava-se a uma questão específica: como o cérebro processa informação visual. Depois de muito estudar esta questão, ele começou o seu trabalho com a hipótese lógica de que "um provável substrato biológico da orientação sexual está na região do cérebro envolvida na regulagem do comportamento sexual". Le Vay supôs que uma parte do cérebro, que regula o impulso sexual, pode ser anatomicamente diferente de acordo com as orientações homo e heterossexuais. Ele comprovou a hipótese de que o NIHA-3 é grande em homens hetero e mulheres homo (indivíduos com a orientação sexual para ter relações com mulheres) e pequeno em mulheres hetero e homens homo (indivíduos com a orientação sexual para ter relações com homens). NIHA-3 significa Núcleo Intersticial do Hipotálamo Anterior e é denominado 3 porque existem também NIHA 1,2 e 4. São estruturas do hipotálamo que regulam fome, sede, funções sexuais, temperatura e certos hormônios. Ele pesquisou tecido cerebral de 41 indivíduos. Entre eles havia 19 homens comprovadamente gays (morreram de AIDS); 16 homens e 6 mulheres heterossexuais. A conclusão do Dr. Le Vay foi que “O NIHA-3 exibiu dimorfismo... O volume desse núcleo era mais do que o dobro nos homens heterossexuais comparados aos dos homens homossexuais... Há uma diferença similar entre homens heterossexuais e as mulheres heterossexuais...” A descoberta de que um núcleo difere em tamanho entre homens heterossexuais e homossexuais ilustra que a orientação sexual nos humanos é receptível ao estudo em nível biológico.


No campo da Sociologia: a
 homossexualidade possui características culturalmente invariáveis que permanecem estáveis através da geografia, da classe social e do tempo.


O sociólogo Frederick L. Whitam, da Universidade do Arizona – EUA, comparou experiências infantis de 375 homens homossexuais na Guatemala, Brasil, Filipinas, Tailândia, Peru e Estados Unidos. Esta pesquisa originou o trabalho "Características Culturalmente Invariáveis da homossexualidade Masculina". Whitam indica seis aspectos da homossexualidade presentes em culturas diversas:


1. A homossexualidade como modalidade de orientação sexual é universal, surgindo em todas as sociedades;


2. A porcentagem de homossexuais em todas as sociedades parece ser a mesma e permanece estável, independentemente do tempo. Em todo mundo, a população homossexual parece compreender não mais que 5% do total da população;


3. As normas sociais nem impedem nem facilitam o surgimento da orientação sexual. Os homossexuais estão presentes com a mesma frequência nas sociedades que os reprimem quanto nas que são permissivas. A repressão apenas reduz o manifestar-se de uma orientação sexual, não a sua existência;


4. Subculturas homossexuais surgem em todas as sociedades, desde que haja suficientes conjuntos de pessoas.


5. Mesmo em diferentes sociedades, os homossexuais  se parecem em relação a certos interesses comportamentais e escolhas ocupacionais;


6. Todas as sociedades produzem conjuntos similares de homossexuais assumidos, masculinos e femininos.


Whitam concluiu que a indicação desses seis aspectos está acima do poder de controle de qualquer sociedade, levando-nos a considerar fortemente a etiologia (origem) biológica da orientação sexual.


Sabe-se, ainda, que gêmeos idênticos apresentam uma possibilidade acima da média de compartilharem a mesma orientação sexual (superior a 50%, enquanto nos pares aleatórios de indivíduos a média está abaixo de 8%); a orientação sexual dos recém-nascidos adotados tem pouca relação com a dos seus pais adotivos; mais de 90% dos recém-nascidos adotadas por casais gays são heterossexuais.


Concluímos com o pensamento de Emmanuel, extraído do livro VIDA E SEXO, capitulo 21: “Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual..., porquanto, à frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia”. (os grifos são nossos.)





 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita