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Correio Mediúnico
Ano 5 - N° 220 - 31 de Julho de 2011
 

 

Uma lição

 Joaquim


Há meses, abrigastes meu Espírito em vossa estação de pronto-socorro espiritual. E volto para trazer-vos notícias.

Simples é o meu caso. Entretanto, é uma lição e todas as lições que falam de perto aos vivos acordados depois da morte certamente interessam aos que jazem, por enquanto, adormecidos na carne.

Minha derradeira máscara física era a de um pobre homem, que tombou na via pública, num insulto cataléptico. Tão pobre que ninguém lhe reclamou o suposto cadáver.

Conduzido à laje úmida, não consegui falar e nem ver, contudo, não obstante a inércia, meus sentidos da audição e do olfato, tanto quanto a noção de mim mesmo, estavam vigilantes.

Impossível para mim descrever-vos o que significa o pavor de um morto-vivo. Depois de muitas horas de expectação e agonia moral, carregaram-me seminu para a câmara fria. Suportei o ar gelado, gritando intimamente sem que a minha boca hirta obedecesse.

Não posso enumerar as horas de aflição que me pareceram intermináveis. Após algum tempo, fui transportado para certo recinto, em que grande turma de jovens me cercou, em animada conversação que primava pela indiferença à minha dor.

Inutilmente procurei reagir.

Achava-me cego, mudo e paralítico... Assinalava, porém, as frases irreverentes em torno e conseguia ajuizar, quanto à posição dos grupos a se dispersarem junto de mim...

Mais alguns minutos de espera ansiosa e senti que lâmina afiada me rasgava o abdômen. Protestei, com mais força, no imo de minhalma, no entanto, minha língua jazia imóvel. Tolerando padecimentos inenarráveis, observei que me abriam o tórax e me arrebatavam o coração para estudo.

Em seguida, um choque no crânio para a trepanação fez-me perder a noção de mim mesmo e desprendi-me, enfim, daquele fardo de carne viva e inerte, fugindo horrorizado qual se fora um cão hidrófobo, sem rumo...

Não tenho palavras para expressar a perturbação a que me reduzira. E, até agora, não sou capaz de imaginar, com exatidão, as horas que despendi na correria martirizante.

Trazido, porém, à vossa casa, suave calor me regenerou o corpo frio. Escutei as vossas advertências e orações... E braços piedosos de enfermeiros abnegados conduziram-me de maca a um hospital que funciona como santa retaguarda, além do campo em que sustentais abençoada luta. Banhado em águas balsâmicas, aliviaram-se-me as dores.

Transcorridos alguns dias, implorei o favor de vir ao vosso núcleo de prece, solicitando-vos cooperação para que todos os cadáveres, constrangidos aos tormentos da autópsia, recebessem, por misericórdia, o socorro de injeções anestésicas, antes das intervenções cirúrgicas, para que as almas, ainda não desligadas, conseguissem superar o «pavor cadavérico» que, depois da morte, é muito mais aflitivo que a própria morte em si.

Em resposta, porém, à minha alegação, um de vossos amigos — que considero agora também por meus amigos e benfeitores —, numa simples operação magnética, mergulhou-me no conhecimento da realidade e vi-me, em tempo recuado, envergando o chapéu de um mandarim principal...

O rubi simbólico investia-me na posse de larga autoridade. Revi-me, numa noite de festa, determinando que um de meus companheiros, por mero capricho de meu orgulho, fosse lançado em plena nudez num pátio gelado...

Ao amanhecer, recomendei lhe furtassem os olhos. Mandei algemá-lo qual se fora um potro selvagem, embora clamasse compaixão... Impassível, ordenei fosse ele esfolado vivo...

Depois, quando o infeliz se debatia nas vascas da morte, decidi fosse o seu crânio aberto, antes de entregue aos abutres, em pleno campo... Exigi, ainda, lhe abrissem o abdômen e o tórax... Reclamei-lhe o coração numa bandeja de prata...

O toque magnético impusera-me o conhecimento de minha dívida. As reminiscências de sucessos tão tristes confortavam-me e humilhavam-me ao mesmo tempo.

Em pranto, nas fibras mais íntimas, indaguei dos mentores que me cercavam:

— Será, então, a justiça assim tão implacável? Onde o amor nos fundamentos da vida?

Alguém que para vós aqui se movimenta, à feição de generosa mãe de todos (1), explicou-me com bondade:

— Amigo, viveste na indiferença e a ociosidade atrai sobre nós, com mais pressa, as consequências de nossas faltas. É por essa razão que a justiça funciona matematicamente para contigo, já que não chamaste a luz do amor ao campo de teu destino.

Compreendi, então, que se houvesse amado, cultivando a árvore da fraternidade, decerto que outras sementes, outras energias e outros recursos teriam interferido em minha grande tragédia, atenuando-me o sofrimento indescritível.

É por isso que, como lembrança, trago-vos a lição do meu passado-presente com a afirmação de que tudo farei para aproveitar os favores que estou recolhendo, recordando a vós outros — e talvez seja este o único ponto valioso de minha humilde visitação — a palavra do Evangelho, quando nos deixa entrever que só o amor é capaz de cobrir a multidão de nossos pecados.

Que a humildade e o serviço, a boa-vontade e as boas obras nos orientem o caminho, porque, com semelhante material, edificaremos o elevado destino que nos aguarda no grande porvir, para exaltar a justiça consoladora — a justiça que é também misericórdia de Nosso Pai.
 

(1) O comunicante refere-se a Meimei. (Nota do organizador.)

 

Mensagem psicofônica transmitida por Francisco Cândido Xavier na noite de 2 de setembro de 1954, em Pedro Leopoldo-MG, constante do cap. 26 do livro Instruções Psicofônicas, obra ditada por Diversos Espíritos.


 

 


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