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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 209 - 15 de Maio de 2011

ALEXANDRE FONTES DA FONSECA
afonseca@puvr.uff.br
Volta Redonda, RJ (Brasil)
 

Espiritismo: único conhecimento humano
que tem o duplo caráter
de uma Revelação!


Em recente matéria publicada no Reformador [1], revemos a análise de Kardec sobre o caráter da revelação espírita (primeiro capítulo de A Gênese [2]), destacando, em especial: i) o significado da palavra revelação; ii) o que caracteriza uma revelação científica; iii) o que caracteriza uma revelação divina; e iv) que tipos de pessoas realizam cada um desses dois tipos de revelações. Este capítulo de A Gênese é de extrema importância para nós espíritas, pois fornece bases para a fé raciocinada no Espiritismo. Dizemos mais: é através da análise do caráter da revelação espírita que percebemos a fragilidade de outras doutrinas, teorias, práticas e modismos em matéria de espiritualismo, mesmo os que se consideram baseados na Ciência. Essas doutrinas e práticas só têm encontrado abrigo no movimento espírita junto àqueles que, mesmo bem-intencionados, não compreendem os critérios de veracidade de uma doutrina e, por isso, acabam aceitando novidades que depõem contra o Espiritismo.

Nesta matéria, pretendemos chamar a atenção do leitor espírita para uma característica que só o Espiritismo possui: o caráter duplo de uma revelação. O Espiritismo é o único conhecimento humano que possui os caracteres divino e o científico de uma revelação. E é isso que garante que nenhuma doutrina, teoria ou prática espiritualista tem o mesmo grau de confiança que o Espiritismo tem! No aspecto religioso, embora diversas mensagens e obras mediúnicas pretendam ser uma revelação do tipo divina, nenhuma dessas revelações, na atualidade, demonstrou estar acima do Espiritismo em matéria de confiança, conforme os exemplos que analisaremos a seguir.

A importância desse estudo para nós espíritas pode ser verificada já no primeiro item do capítulo 1 de A Gênese [2], através das questões que Kardec apresenta sobre o valor do Espiritismo.

Por exemplo, ele questiona “Pode o Espiritismo ser considerado uma revelação?”, “Neste caso, qual o seu caráter?”, “Em que se funda sua autenticidade?”, “A quem e de que maneira foi ela feita?”, “Qual a autoridade do ensino dos Espíritos, se eles não são infalíveis e superiores à Humanidade?” etc. As respostas para essas questões determinam a força de nossa fé na Doutrina Espírita e a confiança que podemos ter no seu conteúdo, a ponto de pautar nosso comportamento e modo de vida, pelo que ela ensina. É a falta dessas certezas que tem levado muitas pessoas, inicialmente espíritas, a optarem por adotar práticas espiritualistas diferentes e alternativas, acreditando estarem praticando doutrinas modernas, seduzidas pelo discurso de atualidade que elas apresentam.

A definição da palavra revelação foi dada por Kardec: “Do latim revelare cuja raiz, velum, véu, significa sair de sob o véu (...), descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida” (grifos em itálico originais) [2]. Mas nessa definição está implícita a ideia, enfatizada por Kardec, de que para uma coisa ser considerada uma “revelação”, é necessário que seja verdade e por isso diz que “toda a revelação desmentida por fatos deixa de o ser, se for atribuída a Deus” [2]. Como fazer, então, para analisar as mensagens dos Espíritos? E se elas não forem verdadeiras? Como distinguir as mensagens e ensinamentos verdadeiros dos falsos? Por essa razão, Kardec não se limitou a receber as mensagens dos Espíritos e transcrevê-las no corpo da Doutrina, mas buscou através dos fatos a verificação dos seus ensinos. Foi, portanto, na forma como Kardec trabalhou a descoberta do Espiritismo que o duplo caráter da revelação espírita se tornou claro, o que podemos verificar nas seguintes palavras do item 13 de A Gênese [2] que reproduzimos por inteiro aqui:

      “13. Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica. PARTICIPA DA PRIMEIRA, porque foi providencial o seu aparecimento e não o resultado da iniciativa, nem de um desígnio premeditado do homem; porque os pontos fundamentais da doutrina provêm do ensino que deram os Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens acerca de coisas que eles ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos e que lhes importa conhecer, hoje que estão aptos a compreendê-las. PARTICIPA DA SEGUNDA, por não ser esse ensino privilégio de indivíduo algum, mas ministrado a todos do mesmo modo; por não serem os que o transmitem e os que o recebem seres passivos, dispensados do trabalho da observação e da pesquisa, por não renunciarem ao raciocínio e ao livre-arbítrio; porque não lhes é interdito o exame, mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações. Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.” (Grifos em itálico, originais, grifos em maiúsculas, meus.)

A origem do Espiritismo é divina, isto é, ele foi revelado pelos Espíritos que não agem sem aprovação do Criador, o que o torna uma revelação divina. Mas, como meio de elaboração, usando as próprias palavras de Kardec (item 14 de [2]) “o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental”. Assim, como enfatizamos em [1], esse duplo caráter faz do Espiritismo uma doutrina inédita e única na humanidade! Em pleno século 21, nenhuma teoria da Ciência e nenhuma doutrina religiosa possuem, ao mesmo tempo, o duplo caráter de uma revelação, acima destacado! “É a combinação de ambos que fornece autenticidade e solidez únicas à Doutrina Espírita, levando-nos ao reforço de nossa fé na certeza de que ao mesmo tempo que ela surgiu dos ensinos dos Espíritos, ela foi fruto de um esforço elaborado de observação e análise como se faz nas ciências. Em outras palavras, o melhor em matéria de revelação religiosa se uniu ao melhor em matéria de revelação científica para que o Espiritismo pudesse chegar à humanidade!”, dissemos em [1]. É isso que garante não somente a veracidade do conteúdo do Espiritismo, mas também a consideração do Espiritismo como a terceira das grandes revelações (Kardec, item 20 de [2]).

O valor do Espiritismo como uma importante revelação pode ser analisado em comparação com outros conhecimentos humanos. Vamos escolher dois conhecimentos que o movimento espírita considera muito importantes e vamos analisar o caráter da revelação de cada um deles em comparação com o Espiritismo. Primeiro, analisaremos o caráter da revelação da Física Quântica que é uma das teorias científicas da Física de maior sucesso no presente e que tem tido muito destaque na mídia espírita (por exemplo, ver o seguinte artigo de O Consolador [3]). Em seguida, analisaremos o caráter da revelação contida na série de obras de André Luiz, recebidas através da psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

A Física Quântica é uma teoria desenvolvida no século passado para descrever o comportamento da matéria em escala atômica. Em função de uma série de experimentos que as teorias clássicas não podiam explicar, os cientistas se viram na necessidade de encontrar uma nova teoria que descrevesse e explicasse esses fenômenos. Iniciado com a proposta de Planck de que as trocas de energia ocorrem de modo discreto e em múltiplos de um determinado valor, os chamados quanta de energia, a teoria quântica ganhou enorme atenção por ser capaz de explicar muitos fenômenos que ocorriam na escala microscópica. Niels Bohr liderou um grupo de cientistas na formulação de uma interpretação da teoria quântica que, apesar de ser eficiente na descrição dos resultados experimentais, é considerada polêmica com relação à interpretação da realidade [4]. A Física Quântica, portanto, é uma teoria desenvolvida a partir dos esforços intelectuais de alguns cientistas na análise de determinados fenômenos da natureza. Na sua elaboração os cientistas estudaram, analisaram, fizeram testes, repetiram experimentos, com o propósito de chegar à verdade com relação aos fenômenos microscópicos. Dessa forma, a Física Quântica possui apenas o caráter da revelação científica. O mesmo se pode dizer de qualquer teoria científica e da Ciência como um todo.

A série de André Luiz é bastante conhecida no movimento espírita. Ela conta as experiências vividas por ele desde o momento da sua morte, passando pelo período no umbral e seu acolhimento numa colônia espiritual, até os estudos e atividades que ele realizava tanto na colônia quanto em regiões diversas do mundo espiritual e em visitas a grupos encarnados. André narra, de forma romanceada, detalhes sobre as condições, boas e ruins, em que as pessoas vivem no mundo espiritual em decorrência do seu progresso espiritual. As obras de André Luiz foram obtidas, em sua maioria, através da psicografia do médium Francisco C. Xavier e, em algumas obras, em colaboração com o médium Waldo Vieira. Mesmo reconhecendo todo o seu valor moral, literário e científico, a obra de André Luiz possui apenas o caráter da revelação divina, simplesmente porque seu conteúdo é fruto da revelação do autor espiritual através da mediunidade. O mesmo podemos dizer de toda a obra mediúnica de Francisco C. Xavier. Como ele foi o intermediário dos bons Espíritos para aprofundamento das verdades espirituais, as obras do Chico não podem constituir uma doutrina com o mesmo valor e caráter de revelação que o Espiritismo possui, por lhe faltar o caráter da revelação científica. Não é o fato de algumas obras de André Luiz terem conteúdos relacionados à Ciência que as tornam válidas com relação ao caráter da revelação científica, mas sim a forma como o conteúdo das mesmas foi obtido. Nunca, psicografias obtidas por um único médium, de um único autor espiritual, satisfarão o método do consenso universal no ensino dos Espíritos, o que é condição necessária para que o caráter da revelação científica exista.

Como não existe, além do Espiritismo, nada diferente em matéria de conhecimento humano com o duplo caráter de uma revelação, isto é, não existe nada que não seja fruto ao mesmo tempo da pesquisa científica *e* de mensagens mediúnicas (enfatizamos o *e* para deixar claro que não poderia ser *ou*), todas elas recaem ou apenas no caráter da revelação científica, ou apenas no caráter da revelação divina. Somente o Espiritismo tem o caráter duplo de uma revelação: a científica e a divina! O Espiritismo é, portanto, o único conhecimento da Humanidade que possui esse duplo caráter.

Apesar da repetição e da ênfase dadas a esse importante detalhe sobre as características do Espiritismo, em vista do surgimento de muitas doutrinas, práticas, e modismos espiritualistas alternativos, algumas chegando ao ponto de se considerarem científicas apenas por fazerem analogias de suas práticas com a Física Quântica, é importante que os espíritas tenham consciência do valor intrínseco que o Espiritismo tem como teoria que revela as verdades do mundo espiritual e das relações deste com o mundo material.

Em outras palavras, nenhuma obra de natureza mediúnica ou de encarnado pode ser considerada uma revelação acima do Espiritismo, mesmo que se considere científica. Fazemos aqui um importante alerta: cuidado com a falácia do aspecto progressista do Espiritismo! É verdade que o Espiritismo é progressista e evoluirá no desenvolvimento das verdades espirituais. Mas esse processo requer que se satisfaçam, ao mesmo tempo, os dois caracteres de uma revelação: o científico e o divino. Não é com mensagens que aparentam elevação que novas práticas espíritas devam ser aceitas. Não é com comparações superficiais com conceitos da Ciência, que novas práticas espíritas devam ser aceitas. Se *algo* propuser que o Espiritismo está errado em algum dos seus pontos, é imprescindível que esse *algo* demonstre de modo científico rigoroso (não apenas com analogias) que o tal erro existe. Esse *algo* tem que possuir uma demonstração que tenha valor, no mínimo, igual ao que o duplo caráter da revelação espírita provê. Se isso não ocorrer, coloquemos esse *algo* de lado e aguardemos que no futuro ele seja confirmado ou rejeitado. Essa é a postura que devemos ter para com as novidades, para nos prevenirmos contra a ação dos Espíritos inferiores que pretendem desviar-nos do caminho correto, através de doutrinas, teorias e práticas espiritualistas diferentes e discordantes com o Espiritismo. Foi por essa razão que Erasto, no item 230 de O Livro dos Médiuns [5], recomendou “É melhor repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea”. 


Referências:

[1] A. F. da Fonseca, “A Revelação Espírita”, Reformador 2185 (Abril), p. 36 (2011).

[2] A. Kardec, A Gênese, FEB, 34ª Edição, Rio de Janeiro, (1991).

[3] A. F. da Fonseca “A Obra a ‘Física da Alma’ e o Espiritismo”, O Consolador 188 (Dezembro), (2010), http://www.oconsolador.com.br/ano4/188/especial.html.

[4] V. S. Comitti, “Princípio Antrópico Cosmológico”, Revista Brasileira de Ensino de Física 33, p. 1504 (2011).

[5] A. Kardec, O Livro dos Médiuns, Ed. FEB, 1ª Edição, Rio de Janeiro (2008).




 


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