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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 206 - 24 de Abril de 2011

ALTAMIRANDO CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 

A sentença que condenou Jesus


João Batista Pereira, advogado de renome em São Paulo, desencarnado nesta Capital em 21 de setembro de 1956, foi presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Metapsíquica de São Paulo, tendo exercido a presidência da FEESP de 20 de novembro de 1938 a 10 de dezembro de 1939.

Orador fluente, pronunciou, certa vez, uma conferência na FEESP, sobre o tema A sentença que condenou Jesus, documento que patenteia um dos mais flagrantes erros de justiça da História da Humanidade, escrito em hebreu e que se supõe teria sido lavrado por Anás. O documento mereceu a atenção de Rui Barbosa, que o comentou, num de seus escritos.

Após a apresentação da sentença, diz João Batista Pereira: “Era mister que se encontrasse algum fundamento, frágil que fosse, para que se consumasse a horrorosa condenação do inocente. Isso acontece, sempre, na justiça dos homens iníquos da Terra, consoante a fábula do lobo e do cordeiro, de La Fontaine: “Se não foi você que turvou as águas, foi algum de seus parentes. E devorou o cordeiro...” 

Teor da sentença

No ano XIX de Tibério César, o imperador romano de todo o mundo, monarca invencível, na Olimpíada de CXXI e na Élida XXIV, na criação do mundo, segundo o número e o cômputo dos hebreus quatro vezes mil cento e oitenta e sete, da progênie do romano império no ano LXXIII e da liberdade do cativeiro da Babilônia no ano MCCVII, sendo governador da Judeia Quinto Sérvio, sob o regime e o governo da cidade de Jerusalém, presidente gratíssimo Pôncio Pilatos; regente da Baixa Galileia, Herodes Ântipas; Pontífice do sumo sacerdócio, Caifás; Alis Almael, magno do Templo; Roban Achabel, Franchino Centaurio, cônsules romanos da cidade de Jerusalém; Quinto Cornélio Sublima e Sexto Pompílio Rusto; no mês de março e dia 25 do mesmo. Eu,  Pôncio Pilatos, aqui Presidente do Império Romano, dentro do palácio da arqui-residência, julgo, condeno e sentencio à morte Jesus, chamado pela plebe Cristo Nazareno e Galileu de nação, homem sedicioso contra a lei mosaica, contrário ao grande imperador Tibério César. Determino e ordeno por esta que se lhe dê a morte na cruz, sendo pregado com cravos como os réus, porque congregando e ajuntando aqui muitos homens ricos e pobres não tem cessado de promover tumultos por toda a Judeia, dizendo-se filho de Deus, rei de Israel, ameaçando com a ruína de Jerusalém e do sacro templo, negando o tributo a César, tendo ainda o atrevimento de entrar com ramos e em triunfo e com parte da plebe dentro da cidade de Jerusalém e no seu sacro templo. E mando que seja conduzido Jesus Cristo pela cidade de Jerusalém ligado e açoitado e que seja vestido de púrpura e coroado de alguns espinhos com a própria cruz aos ombros, para que sirva de exemplo a todos os malfeitores ; e quero juntamente com ele sejam conduzidos dois ladrões homicidas; e sairão pela porta Jargada, hoje Antoniana, e que se conduza Jesus Cristo ao monte público da Justiça, chamado Calvário, donde crucificado e morto ficará seu corpo na cruz como espetáculo para todos os malvados e que sobre a cruz seja posto este título em três línguas (hebraica, grega e latina): Jesus Nazarenus, Rex Judeorum. Mando também que nenhuma pessoa de qualquer estado ou condição se atreva temerariamente a impedir a justiça por mim mandada, administrada e executada com todo o rigor, segundo os decretos e leis romanas e hebraicas, sob as penas de rebelião contra o império romano.

Seguem-se os nomes das testemunhas. 

Comentários de Rui Barbosa

Em vão alguns desavisados tacham Rui Barbosa de materialista e ateu. Os pronunciamentos que fez em várias oportunidades provam que ele acreditava num Ser Supremo, criador de todas as coisas. É dele esta belíssima afirmação: “Deus é a necessidade das necessidades; Deus é a chave inevitável do Universo; Deus é incógnita dos grandes problemas insolúveis.”

Rui traduziu a obra O Papa e o Concílio, de Janus (Editora Leopoldo Machado, Londrina - PR), tendo escrito um prefácio maior do que a própria obra.

Rui era crente em Deus. E não sabemos a que ponto da sua vida se tornou espírita. Na vasta biblioteca deixada por ele, foram encontradas as Obras da Codificação Espírita. Seu notável escrito A Oração dos Moços – pode ser classificada como uma peça espírita. Vejamos alguns comentários de Rui Barbosa à sentença que condenou Jesus:

“Repontava a manhã, quando à sua primeira claridade se congregava o Sinedrin. Era o plenário que se ia celebrar. Reunira-se o conselho inteiro. In universo concilio, diz Marcos. Deste modo, se dava a primeira satisfação às garantias judaicas. Com a deliberação da assembleia judicial, o requisito da competência. Era essa a ocasião judaica. Esses eram os juízes legais. Mas juízes que tinham comprado testemunhas contra o réu, não podiam representar senão uma infame hipocrisia da justiça. Estavam mancomunados, para condenar, deixando ao mundo o exemplo, tantas vezes depois imitado até hoje, desses tribunais que se conchavam de véspera nas trevas, para simular, mais tarde, na assentada pública, a figura oficial do julgamento.”

Prossegue Rui Barbosa nos seus comentários, revividos por João Batista Pereira, em sua palestra: “O Sinedrin não tinha poderes para decretar a pena de morte. Era uma espécie de júri, cujo veredito, porém, antes opinião jurídica do que julgado, não obrigava os juízes romanos. Pilatos estava, portanto, de mãos livres, para condenar ou absolver. Não querendo ser executor num processo que não conhecera, pretende evitar a dificuldade, entregando a vítima. O fim é a morte, e sem a  morte não se contenta a depravada justiça dos perseguidores.”

Prossegue Rui: “Aqui, já o libelo se trocou. Não é mais de blasfêmia contra a lei sagrada, mas de atentado contra a lei política. Jesus não é o impostor que inculca a lei de Deus; é o conspirador, que se coroa Rei da Judeia. ‘Meu Reino não é deste mundo.’A resposta de Cristo frustra, ainda uma vez, a manhã dos caluniadores. Seu reino não era deste mundo. Não ameaçava a segurança das instituições nacionais, nem a estabilidade da conquista romana. ‘Ao mundo vim, para dar testemunho da verdade.’ ‘Mas o que é a verdade?’ pergunta, cinicamente, Pilatos. Não cria na verdade, mas a da inocência de Cristo até o fundo sinistro dessas almas, onde reinava o poder absoluto das trevas. ‘Não acho delito neste homem’, disse o procurador romano, saindo outra vez ao meio dos judeus.”

Finalmente, diz Rui: “Devia estar a salvo o inocente. Não estava. A opinião pública faz questão da sua vítima. Jesus tinha agitado o povo, não só ali, no território de Pilatos, mas desde a Galileia, de Herodes Ântipas, com quem estava de relações cortadas o governador da Judeia. Excelente ocasião para Pilatos, de lhe reaver a amizade, pondo-se, ao mesmo tempo, de boa avença com a multidão inflamada pelo príncipe dos sacerdotes. A Galileia era o fórum originis do Nazareno. Pilatos envia o rei a Herodes, lisonjeando-lhe, com essa homenagem, a vaidade. Desde aquele dia, um e outro se fizeram amigos, de inimigos que eram.” 



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita