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Internacional
Ano 4 - N° 203 - 3 de Abril de 2011
NUNO EMANUEL
emmanunno@gmail.com
Lisboa (Portugal)

 

Seminário relembra o médium português Fernando
de Lacerda

Realizado no domingo passado, o evento procurou resgatar o trabalho de um médium e um espírita notável cuja influência extrapolou os limites da nação portuguesa 

A União Espírita da Região de Lisboa (UERL) realizou o Seminário Fernando de Lacerda, Médium Português – um vulto do movimento espírita. Cerca de 230 pessoas inscreveram-se no evento que decorreu a 27 de março de 2011, no Auditório da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa (fotos abaixo).

 

Público presente

Fernando de Lacerda é, até hoje, o maior médium português de psicografia mecânica, tendo recebido mensagens de grandes vultos nacionais e estrangeiros. No entanto, é um ilustre desconhecido de muitos espíritas. A UERL procurou resgatar o trabalho extraordinário de um homem que, no início do século XX e no seio de grandes convulsões políticas, teve a coragem em assumir publicamente a realidade do Espírito imortal, num marco histórico de divulgação do Espiritismo em Portugal. O seminário comprovou a importância de valorizar os espíritas da primeira hora e seu contributo à história do movimento espírita português, que deve ser estudada para que aprendamos com os seus testemunhos e bons exemplos.

Com apresentação de Isabel Piscarreta e Nuno Cruz, a cerimônia se iniciou com um momento cultural do Jogral Espírita de Lisboa. Foram declamados 3 poemas da obra psicografada por Fernando de Lacerda - “Do País da Luz” (4 volumes): Plus Ultra de Antero de Quental (vol. 4), Deus (vol. 4) e Fábula Rã e o Sapo (com encena-

Jogral Espírita Lisboa

ção - vol. 3), ambos de João de Deus.

A mesa de abertura foi constituída por Vitor Féria (presidente da Federação Espírita Portuguesa), Rui Marta (presidente da UERL e da Comissão organizadora do Seminário), Manuela Vasconcelos e Elda Silva (dupla que fez a primeira apresentação). O Comandante Acácio Severino representou os Bombeiros Voluntários de Loures, Associação que Fernando de Lacerda fundou.

História, Biografia e Filantropia

A prece de abertura foi proferida por Vitor Féria, após a qual foi exibido um vídeo de “Contextualização histórica”, com texto de Judite Calisto e imagens de Sara Barros. Foi uma viagem mental à época de Fernando Lacerda, com breves traços da sua vida.

A “Biografia de Fernando de Lacerda” foi apresentada por Elda Silva (presidente da Associação de Cultura Espírita Fernando de Lacerda, de Loures) e Manuela Vasconcelos (presidente da Comunhão Espírita Cristã de Lisboa). Elda sintetizou dados biográficos, desde a juventude, com o início da prática mediúnica, a perseguição ideológica e o autoexílio, até o seu desencarne no Brasil. Falou da intensa campanha de calúnia e difamação que lhe foi movida pelo advogado e jornalista Fernão Botto Machado. Fez referência a “Memórias de um suicida” (Yvonne do Amaral Pereira), em que o Espírito de Camilo Castelo Branco fala de “Fernando”, um homem que em desdobramento espiritual ampara suicidas. Como médium espírita, fez também reuniões de desobsessão espiritual. Como Espírito, comunicou-se no livro “Falando à Terra”, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

Manuela Vasconcelos é autora da excelente obra “Fernando de Lacerda: o médium português” (1992, 352 p). Durante o seu árduo trabalho de pesquisa – na Torre do Tombo e na Biblioteca Nacional – ela recebeu, como médium, uma mensagem de Botto Machado. Numa extensa carta lida com profunda emoção durante o evento, o inimigo de Lacerda faz um ato de contrição pelas suas atitudes na Terra. Relata a sua chegada ao plano espiritual e como se foi apercebendo da presença de uma voz e de uns olhos que lhe pediam para rezar e pedir auxílio a Deus. Para sua surpresa, era Fernando de Lacerda, que não só lhe dá a notícia do seu desencarne como o perdoa de tudo o que fez. Lacerda conta-lhe que Botto foi apenas o instrumento para ele expiar uma

Livros de Fernando Lacerda

Livros de Manuela Vasconcelos

conduta errada do pretérito, e que eles já se conheciam de séculos passados. No final, Lacerda abraça-o e choram os dois. Foi também em lágrimas que Manuela concluiu esse testemunho.

   

António Mendonça (Associação Cultural Espírita de Santarém) falou de Fernando de Lacerda como “Filantropo”. Destacou a sua honradez de caráter e autenticidade filantrópica. Era um homem benevolente e alegre, mas de têmpera forte. “A sua vida foi de conduta digna, generosa e sacrificial, de homem no mundo.” Exemplificou casos como: o apoio real que conseguiu para a jovem Maria Filipa (que salvou seus irmãos de incêndio), a criação do Patronato

António Mendonça

de Infância (instituição de beneficência para crianças carentes), o seu trabalho como subinspetor da Polícia em prisões na recuperação dos presidiários, o amparo que dava a jovens meretrizes, a ajuda aos bombeiros voluntários de Loures, entre outras ações “anônimas”. Com o seu magnetismo, fazia terapia com passe e água fluidificada.

Estilo de Camilo (homem/espírito) e Escrita dos Espíritos

O convidado (foto ao lado) João Santos (espírita, esperantista, professor de português, latim e grego antigo) elaborou um estudo sobre o “Estilo literário de Camilo Castelo Branco como encarnado e desencarnado.” O seu trabalho abordou assuntos como: contextualização histórica sobre Camilo e Silva Pinto; o trabalho da

espiritualidade superior; provas diversas da identidade de Camilo-espírito (honorabilidade e opinião do médium; opinião de Silva Pinto e de outras individualidades reencarnadas à época; comparação de elementos biográficos de Camilo-espírito nas 2 obras mediúnicas “Do País da Luz” e “Memórias de um suicida”; acerca da análise grafológica das mensagens; comparação da personalidade de Camilo antes e depois de desencarnar). Fez uma análise literária da 1ª carta de Camilo ao seu amigo Silva Pinto. Realçou que por trás destas comunicações dos Espíritos há uma equipe de Espíritos superiores a coordenar e organizar as suas manifestações.

Após o almoço, constituiu-se a mesa da tarde com Rui Marta (presidente do Centro Espírita Casa do Caminho) e António Aveiro (trabalhador do CE Perdão e Caridade, também de Lisboa). Rui Marta fez uma “Breve análise de estilos - O Espírito e a Escrita.” Iniciou com a codificação de Allan Kardec, analisando depois excertos de mensagens dos Espíritos de Eça de Queiroz, Silva Pinto, Júlio César Machado (suicida), Antero de Quental (suicida, semelhanças em mensagens psicografadas por Fernando de Lacerda e Chico Xavier), Carlos Lobo d´Ávila, Fialho d´Almeida (“O Estilo é o Homem”), Marcellin Berthelot, Francisco Ferraz de Macedo, Hintze Ribeiro, Júlio Diniz, Latino Coelho, Alves Mendes, Padre António Vieira, Teresa d´Ávila, Leão Tolstoi, Victor Hugo e Allan Kardec. Nessa sequência de mensagens há uma ordem crescente de espiritualidade no seu conteúdo e diminuição do personalismo das entidades comunicantes. Elas dirigem-se depois para o próprio médium e as finais são para a Humanidade. A vida e obra de Lacerda associam-se no princípio “bom médium equivale a homem bom” (Espírito Emmanuel). As belíssimas mensagens que psicografou são de leitura escorreita como as do médium Chico Xavier.

O Médium Lacerda e a sua Mediunidade com Kardec

António Aveiro focou-se em “Fernando de Lacerda - o Médium”, tendo destacado a grande responsabilidade com que exerceu a Mediunidade e os vários tipos que possuía: psicografia mecânica, com mensagens especulares, clariaudiência, clarividência e curadora. “Eça de Queiroz – póstumo” é a obra do Espírito que mais vezes por ele se comunicou, com 147 mensagens. Opúsculo com tratado espírita sobre suicídio de Camilo C. Branco. De forma inspirada contou-nos várias histórias: cura à distância do filho do amigo Sousa Couto; caso de médium italiana (Eusápia Paladino) conduzida por Fernando de Lacerda e que avisou a Rainha D. Maria Pia da morte do Rei

Livraria do evento

D. Carlos; caso de zoantropia do “homem-macaco” Albano Jesus (subjugação). Fenômenos curiosos: em 4m15s recebeu 5 comunicações de: Eça de Queiroz, João de Deus (em verso), Camilo C. Branco, Júlio Diniz e Feliciano Castilho (escrita para cegos em ponto Balu); em 1 hora escreveu 237 versos de João de Deus.

A mesa de encerramento foi constituída por Vitor Féria, Rui Marta e Maria Emília Barros (presidente da Fraternidade Espírita Cristã, Lisboa) que apresentou uma palestra ilustrada original sobre “Allan Kardec e a Mediunidade de Fernando de Lacerda.” Com ilustrações fez analogias entre diversos temas de estudo de “O Livro dos Médiuns” (que completa 150 anos) e o percurso e conduta do médium português. Disse que seria interessante recuperar os originais dos 3 volumes (pela FEP) e do 4º (pela FEB), da obra “Do País da Luz”, para que se pudesse estudar as caligrafias dos Espíritos comunicantes. Agradeceu “a Fernando de Lacerda, a Kardec, a Jesus, aos médiuns portugueses encarnados e desencarnados, e a todos os homens e mulheres que se doaram para que através da doutrina espírita possamos compreender melhor o caminho a seguir para sermos felizes”.

Sob a orientação de Paulo Fregedo, o Coro Espírita da Região de Lisboa interpretou 4 temas: Divina Vontade, A Flauta da Alegria (arranjo musical do Hino da Alegria de Beethoven + Flauta Mágica de Mozart), Benedictus e Além do Horizonte. Rui Marta proferiu a prece de encerramento e dirigiu palavras finais de agradecimento pela presença e convívio dos participantes, relembrando o compromisso abraçado por todos na causa espírita e na seara de Jesus.

 

Notas:

1. A livraria espírita LIVRESP montada no local, sob a responsabilidade da FEP e UERL, teve à venda diversos livros, dos quais destacamos: Do País da Luz (4 volumes), Eça de Queiroz - póstumo, psicografias de Fernando de Lacerda. De Manuela Vasconcelos: Fernando de Lacerda, o médium português; História do Movimento Espírita Português (MEP); Grandes Vultos do MEP. De Hermínio C. Miranda e Carlos Baccelli: Fernando Lacerda – o precursor de Chico Xavier. Nos intervalos, foram projetadas frases exclusivas da obra “Do País da Luz”, por Espíritos diversos, para se evidenciar a riqueza e beleza das mensagens.

2. A organização anunciou, ao final, a edição do seminário em DVD. 

3. As fotos que ilustram esta reportagem são de autoria de Manuel Costa e Nuno Emanuel.




 

 

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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita