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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 198 - 27 de Fevereiro de 2011

FERNANDA LEITE BIÃO
fernandabiao9@hotmail.com
Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil)

 

Formas, reformas e reproduções
 

Reforma, uma palavra que envolve várias cenas da vida, objetos variados e ideias inúmeras de vários contextos, pessoas e coisas.

Reformamos a casa, o quarto, o sítio, a varanda. Reformamos ideias, valores e ideologias. Reformamos o visual, o pensamento e o sentimento. Infinidades de formas e reformas, fluxos, refluxos e transformações.

Entretanto, existe uma modalidade de reforma que recebe pouca dedicação das pessoas e pode ser considerada tão importante quanto (ou mais que) as reformas que fazemos na paisagem exterior.

Trata-se desta reforma que ganha como companheira gramatical e de sentido a palavra íntima. Tão próxima se tornou a companheira da reforma que ambas formam uma dupla interessante – a reforma íntima.

Somos frutos de uma árvore cultural extensa, com matizes variados e diferenças presentes e constantes.

No entanto, a despeito da diversidade cultural planetária e da multiplicidade de modos de ser, vivemos sob a tutela de um sistema econômico presente em quase todo o orbe terrestre que influencia, molda e tolda comportamentos individuais, grupais e institucionais.

Tempo não há, pois, como diz o ditado popular, “tempo é dinheiro!”. E, como o dinheiro se transmutou em riqueza, considerada item de primeira necessidade, não há tempo de cultivar a preguiça saudável, de vivenciar o famoso ócio criativo a que se dedicavam os filósofos da Grécia Antiga.

O tempo que era necessário para descobrir-se afastado do outro, ficou pequenino e quase inexistente, e o olhar-se no espelho ganhou a finalidade única e exclusiva de ornamentar a couraça de pele que vive subjugada pela moda do hoje, sem a graça nem a arte da cultura da Renascença, pasteurizada pela repetição de figuras, modelos copiados e invejados, expulsando de si o espaço para o desenvolvimento de si mesmo.

Há um momento no ciclo da vida em que nos encontramos totalmente enlaçados à presença do outro. Ainda sem habilidades cognitivas, biológicas e psíquicas maduras, é a fase na qual estamos grudados em alguém, para que possamos, aos poucos, construir a nós mesmos. Essa fase se chama infância.

Crescemos paulatinamente, buscando colocar os pezinhos para fora bem devagar, a mãozinha ainda agarrada ao outro. O medo de ficarmos sozinhos não é só uma representação da nossa fragilidade infantil, mas um sinal de que ainda não temos uma identidade ou subjetividade ou mesmo uma existência independente em si. Existe nesse processo o desejo de que o outro tire de mim a dor existencial de decidir, e escolha por mim e para mim o percurso a seguir.

Aos poucos, os passos ganham compasso de um andar que se consolida passo a passo. O ser cresce e aparece! Não só o seu corpo ganha formas diferentes e relevantes ao olhar. O ser começa a externar os primórdios da individualidade necessária para que caminhe sem precisar de mãos o tempo todo a segurá-lo. Ensaia sair, ensaia brigar e se revoltar. Ensaia viver os primeiros sintomas de um ser que começa a encorpar e, aos olhos do mundo, emancipar-se. Embora saiba que continuará sempre a crescer, algo de concreto já se espelha na alvorada da individuação desse ser. Primeiros sinais e contornos de uma vida já experimentada e que carrega em si páginas de construções, momento de uma história que começou no dia em que nascemos.

À medida que deixamos a infância, passamos pela adolescência, atravessamos a juventude e chegamos à maturidade, nós, de fato, crescemos e aparecemos, porém, muito pouco de nós, nesse sinuoso trajeto, floresce e se expressa de forma autêntica. Nessa caminhada, a definição exata de quem somos continua a se espreitar em nós. Por vezes, a voz genuína dos recessos do nosso ser é ofuscada pela tendência de reproduzir o comportamento alheio, de obter a aprovação de grupos, abdicando de si mesmo, para se sentir parte do todo, mesmo que apartado de si.

Para reformar, é preciso primeiramente existir o que reformar. Não se reforma o que nem sequer ainda existe nem nunca existiu. Reforma-se o que já dá sinais de não ser tão funcional, o que já não deixa a energia fluir, para que a vida possa frutificar, a evolução prospere e as ações ensejem novos horizontes de crescimento. 

Contudo, se não há consciência de si, paremos por aqui. É necessário saber o que precisa mudar, mas, antes, é preciso conhecer e começar a desvendar a caixinha de segredos que se guarda dentro de si. A chave está guardada em algum lugar secreto e só você pode encontrá-la. Não se pode fazer nada enquanto o ser não se põe a percorrer o caminho que o levará a descobrir-se. Descobrir o que foi, como se é, janela de um possível vir-a-ser.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita