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Estudando as obras de Kardec
Ano 4 - N° 194 - 30 de Janeiro de 2011

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1868

Allan Kardec 

(Parte 7)

Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1868. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Que razões levam uma pessoa ao materialismo?

Segundo H. Thiercelin, em artigo citado por Kardec, quase sempre houve materialistas, teóricos ou práticos, quer por desvio do senso comum, quer para justificar baixos hábitos de viver. Duas razões levam o indivíduo ao materialismo. A primeira é a imperfeição da inteligência humana. Disse Cícero, em termos muito crus, que não há tolice que não tenha encontrado algum filósofo para a defender. A segunda razão está nas más inclinações do coração humano. Eis por que o materialismo prático, que se reduz a algumas máximas vergonhosas, sempre apareceu nas épocas de decomposição moral ou social como as da Regência e do Diretório. (Revue Spirite de 1868, pp. 224 a 230.) 

B. Com respeito às perseguições frequentes que eram feitas aos espíritas, qual foi o conselho de São Luís?

Primeiro São Luís disse que essas perseguições cairiam e não eram prejudiciais à causa do Espiritismo. Os bons Espíritos velam pela execução das ordens do Senhor: nada há a temer; não obstante, é preciso que todos se mantenham em guarda e ajam com prudência. Ninguém se inquiete com o futuro da doutrina espírita, porque, entre os que hoje a combatem, mais de um será seu defensor amanhã. À violência, devemos opor a suavidade e a caridade e fazer o bem aos que nos querem mal, para que, mais tarde, possam distinguir o verdadeiro do falso. (Obra citada, pp. 240 a 244.)  

C. Que significa, segundo Kardec, a expressão Espiritismo Moderno?

Kardec usou tal expressão ao dizer que podem compreender-se sob o título geral de Espiritismo Retrospectivo os pensamentos, as doutrinas, as crenças e todos os fatos espíritas anteriores ao Espiritismo Moderno, isto é, até 1850, data na qual começaram as observações e os estudos sobre tais fenômenos. O Espiritismo Moderno teria nascido, portanto, em 1850. (Obra citada, pág. 244.)  

Texto para leitura 

88. O número de agosto da Revue inicia-se com um artigo de Kardec sobre o materialismo e a virulência com que seus partidários de então atacavam os que ousassem declarar-se espiritualistas, como o Sr. Jules Favre e o Sr. Flammarion, ridicularizado e denegrido publicamente porque buscou provar Deus pela ciência. Observa Kardec: “Há neste momento, da parte de um certo partido, um alçar de armas contra as ideias espiritualistas em geral, nas quais se acha englobado o Espiritismo. O que ele busca não é um Deus melhor e mais justo, é o Deus-matéria, menos aborrecido, porque não se tem que lhe dar contas”. (Págs. 223 e 224.)

89. O Codificador diz que um dos melhores protestos que lera contra as tendências materialistas fora publicado a 14 de maio no jornal Le Droit, sob o título de O materialismo e o direito. Assinado por H. Thiercelin, eis alguns trechos do citado artigo: I – Quase sempre houve materialistas, teóricos ou práticos, quer por desvio do senso comum, quer para justificar baixos hábitos de viver. II – Duas razões levam o indivíduo ao materialismo. A primeira é a imperfeição da inteligência humana. Disse Cícero, em termos muito crus, que não há tolice que não tenha encontrado algum filósofo para a defender. III – A segunda razão está nas más inclinações do coração humano. Eis por que o materialismo prático, que se reduz a algumas máximas vergonhosas, sempre apareceu nas épocas de decomposição moral ou social como as da Regência e do Diretório. IV – Em nossos dias ele se produz com um caráter novo; considera-se científico. A história natural seria toda a ciência do homem; nada existiria do que ela não tem por objeto; ora, como não tem por objeto o espírito, este não existe. V – As tendências materialistas, mais ou menos gerais, de tantos cientistas não decorrem apenas de sua constante ocupação em estudar e manipular a matéria. Elas resultam sobretudo de seus hábitos de espírito, da prática exclusiva de seu método experimental, porque o método científico pode reduzir-se a estes termos: “Não reconhecer senão os fatos, induzir muito prudentemente a lei desses fatos, banir absolutamente todas as pesquisas das causas”. VI – Não é de admirar que inteligências de vistas curtas desconheçam a existência dos fatos morais. VII – O novo materialismo não é, porém, resultado demonstrado do estudo; é uma opinião preconcebida. O fisiologista não admite o espírito. Que há nisto de admirável? É a conclusão óbvia do método por ele utilizado e que lhe interdita precisamente a pesquisa das causas. VIII – Não há nada de mais, pois, afirmar que o materialismo é destrutivo, não de uma determinada moral, mas de toda moral, não de determinado estado civil, mas de todo estado civil, de toda sociedade. (Págs. 224 a 230.)

90. Sob o título de Pesquisas Psicológicas a propósito de Espiritismo, o jornal La Solidarité de 1o de julho publicou um alentado artigo sobre as manifestações espíritas, no qual seu autor não contesta os fenômenos, mas expõe suas dúvidas sobre a explicação que deles dá a doutrina espírita. “Cremos, diz ele, que os fenômenos físicos se explicam fisicamente e que os fenômenos psíquicos são causados pelas forças inerentes à alma dos operadores.” (Págs. 230 a 234.)

91. Comentando o assunto, diz Kardec que muita coisa haveria a responder sobre o artigo, mas não o faria porque fazê-lo seria repetir o que tantas vezes já houvera escrito sobre o mesmo tema. Como o crítico não contesta o fenômeno, apenas formula sobre sua causa outra hipótese, lembra Kardec que a teoria exposta pelo jornalista nada mais era do que a repetição de um dos primeiros sistemas surgidos na origem do Espiritismo, quando a experiência não havia ainda elucidado a questão. Ora, se aquele sistema estivesse certo, por que não prevaleceu? Como é que milhões de espíritas, que havia quinze anos experimentavam no mundo todo, tenham constatado a realidade das manifestações espíritas, se elas não existem? Pode-se admitir razoavelmente que todos eles se hajam enganado? (Págs. 234 e 235.)

92. É grave erro crer, diz Kardec, que os espíritas tenham estabelecido, de forma preconcebida, a intervenção dos Espíritos nas manifestações. Se isso se deu com alguns, o maior número não chegou a essa crença senão depois de ter passado pela dúvida ou pela incredulidade. O fenômeno das mesas girantes era conhecido ao tempo de Tertuliano e na China desde tempos imemoriais, tanto quanto na Sibéria e na Tartária. Aliás, os fenômenos espíritas modernos não começaram com as mesas, mas pelas pancadas espontâneas dadas em paredes e móveis, em ambientes refratários à ideia espírita, e foram os próprios Espíritos que se apresentaram como sendo os seus autores. (Págs. 235 e 236.)

93. O Sr. Fauverty – autor do artigo em foco – diz que nada encontrou nas comunicações mediúnicas que ultrapassasse o cérebro humano. Eis aí uma velha objeção cem vezes refutada pela própria doutrina espírita. O Espiritismo alguma vez disse que os Espíritos fossem seres fora da humanidade? Ora, o que a doutrina espírita ensina é que os Espíritos não são senão homens despojados do seu invólucro material e que o mundo visível se derrama incessantemente, pela morte, no mundo invisível, e este no mundo corporal, pelos nascimentos. Desde que os Espíritos pertencem à Humanidade, por que haveriam de querer que eles tivessem uma linguagem sobre-humana? (Págs. 236 e 237.)

94. A pedido de um dos correspondentes da Revue em Sens, Kardec volta ao tema partido espírita, para dizer que o Espiritismo jamais poderia ser considerado um partido na acepção vulgar da palavra e, por isso, o correspondente tinha toda a razão para repelir a qualificação que nesse sentido lhe foi dada pelo Sr. Genteur, Comissário do Governo. O Codificador diz, no entanto, que, excluída a ideia de movimento político e de luta pelo poder, o Espiritismo não deixava de ser um partido, ou seja, uma doutrina que não é partilhada senão por uma parte da população, motivo pelo qual ele podia aceitar a qualificação que lhe foi dada por seus antagonistas, sem com isso repudiar os seus princípios e sem perder sua qualidade essencial de doutrina filosófica moralizadora, que constitui a sua glória e a sua força. (Págs. 237 a 239.)

95. Kardec lembra que no fim de 1864 fora deflagrada uma onda de perseguições contra o Espiritismo em várias cidades do Sul, seguida de alguns efeitos, e reproduz o resumo de um dos sermões feitos na época, no qual os espíritas são chamados de ímpios e acusados de blasfemar contra Deus, de negar as sublimes verdades ensinadas pela Igreja e de enfeitar-se com uma falsa caridade, que só conhecem de nome e da qual se servem como manto para ocultar sua ambição. No fim do sermão, diz o padre: “Compreendestes, cristãos! quais são os que assinalo à vossa reprovação! São os Espíritas! E porque não os indicaria eu? É tempo de os repelir e de amaldiçoar as suas doutrinas infernais!” (Pág. 240.)

96. Sermões como esse estavam na ordem do dia naquela época, mas os ataques não se limitavam à ideia, estendendo-se também às relações pessoais. Na sequência, após advertir que a luta não terminara e que as perseguições continuavam, o Codificador transcreve comunicação de São Luís transmitida em Paris a 10 de dezembro de 1864, da qual extraímos os trechos que se seguem: I – Meus filhos, estas perseguições cairão e não podem ser prejudiciais à causa do Espiritismo. II – Os bons Espíritos velam pela execução das ordens do Senhor: nada há a temer; não obstante, é preciso que todos se mantenham em guarda e ajam com prudência. III – A vergonha recairá sobre os que tiverem recuado e preferido o repouso da Terra ao que lhes estava preparado, porque o Senhor fará a conta de seus sacrifícios. IV – É preciso pensar nos mártires cristãos, que não tinham, como os espíritas, comunicações incessantes do mundo invisível para reanimar sua fé e, contudo, não recuavam ante o sacrifício, nem de sua vida nem de seus bens. V – As provas são hoje mais morais que materiais; serão, por consequência, menos penosas, mas não menos meritórias. VI – Aliás, muitos dos que sofreram pelo Cristianismo vêm concorrer para o coroamento da obra e são os que sustentam a luta com mais coragem. VII – Ninguém se inquiete com o futuro da doutrina espírita, porque, entre os que hoje a combatem, mais de um será seu defensor amanhã. VIII – À violência, devemos opor a suavidade e a caridade e fazer o bem aos que nos querem mal, para que, mais tarde, possam distinguir o verdadeiro do falso. IX – O espírita dispõe de uma arma poderosa: a do raciocínio, e deve servir-se dela, sem manchá-la jamais pela injúria, supremo argumento dos que não têm boas razões para dar, e esforçando-se pela dignidade de sua conduta, para fazer respeitar o título de Espírita que ostenta.  (Págs. 240 a 244.)

97. Kardec diz que podem compreender-se sob o título geral de Espiritismo Retrospectivo os pensamentos, as doutrinas, as crenças e todos os fatos espíritas anteriores ao Espiritismo Moderno, isto é, até 1850, data na qual começaram as observações e os estudos sobre tais fenômenos. Um fato relatado pelo Duque de Saint-Simon em suas memórias enquadra-se, portanto, no chamado Espiritismo Retrospectivo. (Pág. 244.) (Continua no próximo número.)




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita