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Estudando as obras de Kardec
Ano 4 - N° 193 - 23 de Janeiro de 2011

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1868

Allan Kardec 

(Parte 6)

Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1868. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. O Espiritismo admite a existência da fatalidade?

Sim. Ele jamais a negou; ao contrário, sempre reconheceu a fatalidade de certos acontecimentos. O que ele diz é que essa fatalidade não entrava o livre-arbítrio. Por exemplo, o homem deve um dia morrer; isso é fatal; mas ele pode apressar esse momento pelo suicídio ou cometendo excessos. O indivíduo pode, pois, ser livre em suas ações, a despeito da fatalidade que preside o conjunto. A fatalidade é, assim, absoluta para as leis que regem a matéria, mas não existe para o Espírito, que pode reagir sobre a matéria, em virtude da liberdade relativa que Deus lhe concedeu. (Revue Spirite de 1868, pp. 193 a 201.) 

B. Como explicar certos acontecimentos que parecem atingir uma pessoa fatalmente?

Esses acontecimentos têm duas fontes bem distintas: uns são consequência direta da conduta da pessoa na existência presente; outros são inteiramente independentes da vida presente e parecem, por isso mesmo, devidos a uma certa fatalidade. Mas esta é aparente, porque resulta da escolha das provas que o Espírito fez na erraticidade, antes de encarnar-se, com vistas ao seu adiantamento. Os acontecimentos desagradáveis são, pois, produto do livre-arbítrio, não da fatalidade, e se algumas vezes são impostos por uma vontade superior, o fato se deve às más ações cometidas em existência precedente, e não como consequência de uma lei fatal. (Obra citada, pp. 193 a 201.)  

C. Alguma vez o Espiritismo admitiu a ideia da metempsicose?

Não. O Espiritismo jamais admitiu a ideia da alma humana retrogradando na animalidade, o que seria a negação da progresso. A metempsicose não existe. (Obra citada, pp. 214 a 216.)

Texto para leitura 

73. Além de vários elogios a Kardec e à sua obra, o articulista, reportando-se à doutrina espírita, diz que nos encontramos em presença de uma doutrina geral “que está perfeitamente em relação com o estado da ciência em nossa época, e que responde perfeitamente às necessidades e às aspirações modernas”. “E o que há de notável – acrescenta o jornalista – é que a doutrina espírita é mais ou menos a mesma em toda a parte.” (Pág. 177.)

74. Numa série de conferências feitas em abril de 1868 pelo Sr. Chavée, no Instituto livre do boulevard dos Capuchinhos, o orador fez um estudo analítico e filosófico dos Vedas e das Leis de Manu, comparados com o livro de Jó e os Salmos. Eis, do texto transcrito pela Revue, algumas observações feitas pelo conferencista: I – A alma é sem extensão; ela não é estendida senão por seu corpo etéreo e circunscrita pelos limites desse corpo, que São Paulo chama organismo luminoso. II – Depois da morte, a alma continua sua vida no espaço, com seu corpo etéreo, conservando assim a sua individualidade. III – Entre nós, assistindo invisíveis às nossas palestras, certamente se encontram muitos dos que já morreram; eles estão ao nosso lado e planam acima de nossas cabeças; veem-nos e nos escutam. IV – Há fenômenos patológicos que provam a existência da alma após a morte? Sim, há e vou citar um. É ao sonambulismo e ao êxtase que vou pedir essas provas. Diz Kardec que o orador citou então numerosos exemplos de sonambulismo e de êxtase que lhe deram a prova, de certo modo material, da existência da alma, de sua ação isolada do corpo carnal, de sua individualidade após a morte e, finalmente, de seu corpo etéreo ou perispírito. “As conferências do Sr. Chavée são, pois, verdadeiras conferências espíritas, menos a palavra”, adverte Kardec. “E, sob esse último aspecto, diremos que arvoram abertamente a bandeira. Popularizam as suas ideias fundamentais sem ofuscar os que, por ignorância da coisa, tivessem prevenção contra o nome.” (Págs. 178 a 181.)

75. Uma alentada crítica assinada pelo Sr. Emile Barrault a respeito da obra A Religião e a Política na Sociedade Moderna, de Frédéric Herrenschneider, antigo sansimonista que depois se tornou espírita, fecha o número de junho de 1868. Diz Emile Barrault que a obra em apreço é notável e que o Sr. Herrenschneider revelou-se um pensador profundo e espírita convicto, mas que não concordava com todas as conclusões a que ele chegou, como, por exemplo, a ideia de que existem Espíritos que se podem chamar Espíritos ingleses, franceses, italianos etc. Diremos, sim - propõe o Sr. Barrault -, que não há Espíritos franceses ou ingleses, mas que há Espíritos cujo estado, hábitos e tradições impelem uns a se encarnarem na França, outros na Inglaterra, como se vê, durante a vida terrestre, as pessoas agrupar-se segundo suas simpatias e caracteres. (N.R.: Sansimonista: partidário do sansimonismo, sistema político e social proposto por Claude Henri de Rouvroy, Conde de Saint-Simon {1760-1825}, filósofo e economista francês, um dos precursores do socialismo.)  (Págs. 181 a 191.)

76. O número de julho da Revue se inicia com artigo de Kardec sobre numerologia e fatalidade. Do artigo extraímos as considerações que se seguem: I – É certo que leis numéricas regem a maior parte dos fenômenos de ordem física. Dá-se o mesmo nos fenômenos de ordem moral e metafísica? Sem dados mais certos do que os que se possuem, não há como responder afirmativamente a tal questão. II – O Espiritismo jamais negou a fatalidade de certos acontecimentos; ao contrário, sempre a reconheceu. O que ele diz é que essa fatalidade não entrava o livre-arbítrio. III – Por exemplo, o homem deve um dia morrer; isso é fatal; mas ele pode apressar esse momento pelo suicídio ou cometendo excessos. IV – O indivíduo pode, pois, ser livre em suas ações, a despeito da fatalidade que preside o conjunto. A fatalidade é, assim, absoluta para as leis que regem a matéria, mas não existe para o Espírito, que pode reagir sobre a matéria, em virtude da liberdade relativa que Deus lhe concedeu. V – Nada há de impossível que o conjunto dos fatos de ordem moral e metafísica seja subordinado a uma lei numérica, cujos elementos e bases não conhecemos ainda. A fatalidade do conjunto, contudo, de modo algum eliminaria o livre-arbítrio do indivíduo. VI – Quanto aos acontecimentos da vida privada, que por vezes parecem atingir uma pessoa fatalmente, têm duas fontes bem distintas: uns são consequência direta de sua conduta na existência presente; outros são inteiramente independentes da vida presente e parecem, por isso mesmo, devidos a uma certa fatalidade. VII – Esta é, porém, aparente, porque resulta da escolha das provas que o Espírito fez na erraticidade, antes de encarnar-se, com vistas ao seu adiantamento. Os acontecimentos desagradáveis são, pois, produto do livre-arbítrio, não da fatalidade, e se algumas vezes são impostos por uma vontade superior, o fato se deve às más ações cometidas em existência precedente, e não como consequência de uma lei fatal. VIII – Em resumo, se um acontecimento está no destino de uma pessoa, realizar-se-á a despeito de sua vontade e será sempre para o seu bem, mas as circunstâncias de sua realização dependem do emprego que ela faça do seu livre-arbítrio. (Págs. 193 a 201.)

77. Examinando a teoria da geração espontânea, Kardec explica por que em seu livro “A Gênese” ele desenvolveu o tema como uma hipótese provável, não como um princípio doutrinário. É que, informa o Codificador, a ciência ainda não se definira sobre o assunto. Embora ele pessoalmente aceitasse a teoria da geração espontânea como ponto resolvido, não poderia inserir numa obra constitutiva da doutrina espírita algo que pudesse mais tarde ser decidido de forma diferente. A cautela em tudo é essencial e esse foi o segredo do sucesso d’ O Livro dos Espíritos, cujos princípios, sucessivamente desenvolvidos e completados, jamais foram desmentidos, a despeito do tempo decorrido. (Págs. 201 e 202.)

78. Em seguida, resumindo seu pensamento sobre a questão, Kardec diz que os primeiros seres dos reinos vegetal e animal surgidos na Terra devem ter-se formado sem procriação, mas pertenciam, evidentemente, às classes inferiores. À medida que se reuniram os elementos dispersos, as primeiras combinações formaram corpos exclusivamente inorgânicos, como a água e os diferentes minerais. Quando esses elementos se modificaram pela ação do fluido vital, formaram corpos dotados de vitalidade, de uma organização constante e regular, cada um na sua espécie. (Págs. 202 e 203.)

79. Os seres não procriados formariam, dessa forma, o primeiro escalão dos seres orgânicos. Quanto às espécies que se propagaram por procriação, a opinião geral no seio da ciência é que os primeiros tipos de cada espécie são o produto da espécie imediatamente inferior, estabelecendo-se assim uma cadeia ininterrupta, desde o musgo e o líquen até o carvalho, desde o verme de terra e o oução até o homem. Então o corpo do homem pode ser perfeitamente uma mutação do corpo do macaco, sem que se diga que o seu Espírito seja o mesmo que o do macaco. (Págs. 203 e 204.)

80. O que se passou na origem do mundo para a formação dos primeiros seres orgânicos acontece ainda em nossos dias? Essa é a questão-chave e sobre a qual a doutrina espírita não firmara até então nenhum entendimento, embora Kardec se pronunciasse claramente pela afirmativa, conforme os argumentos que fecham seu artigo. (N.R.: Emmanuel e André Luiz tratam do assunto objetivamente em duas obras psicografadas por Chico Xavier: A Caminho da Luz, de 1938, e Evolução em Dois Mundos, de 1958. Segundo eles, a chamada geração espontânea foi fruto, em verdade, da ação decisiva dos Gênios Construtores que operavam no orbe nascituro sob o comando de Jesus, trabalho que não seria possível sem a participação do princípio inteligente que, unido à matéria, iniciava ali um longo processo evolutivo.) (Págs. 204 a 206.)

81. O Sr. Genteur, Comissário do Governo, em relatório enviado ao Senado francês, atribuiu ao Espiritismo o caráter de partido político, uma coisa inconcebível sobretudo quando se sabe que Kardec jamais tratou em suas obras e na Revue de questões políticas. Quatro jornais: o Moniteur, La Liberté, a Revue Politique Hebdomadaire e Le Siècle, reportaram-se ao assunto, tendo um deles – La Liberté – afirmado que o partido espírita contribuía, no limite de suas forças, para “abalar as instituições do império”. (Págs. 207 a 211.)

82. Dos quatro periódicos, somente o Le Siècle examinou o assunto com moderação e valeu-se até mesmo de fina ironia ao comentar o despropósito da acusação do conselheiro francês, o que se pode aquilatar pelo trecho seguinte: “Como este inimigo, invisível até agora para o próprio Sr. Genteur, pôde subtrair-se a todas as vistas? Há nisto um mistério, que o Sr. conselheiro de Estado, se o penetrar, terá a bondade de nos ajudar a compreender. Pessoas oficialmente informadas afirmam que o partido espírita ocultava o exército de seus representantes, os Espíritos batedores, detrás dos livros das bibliotecas de Saint-Etienne e de Oullins”. (Págs. 211 e 212.)

83. No folhetim de 24 e 25 de abril de 1868, sob o título de “Paris Sonâmbula”, Le Siècle publicou artigo assinado pelo Sr. Eugène Bonnemère, autor do Romance do Futuro, em que o conhecido escritor fez uma exposição das diferentes variedades de sonambulismo e citou claramente a doutrina espírita e o nome Espiritismo. Do artigo, transcrito em parte pela Revue, colhemos os trechos que se seguem: I – A morte não existe. Ela é o instante de repouso após a jornada feita e terminada a tarefa. Depois, é o despertar para uma nova obra, mais útil e maior que a que se acaba de realizar. II – É pela sucessão das gerações que a Humanidade progride. III – Por força das conquistas definitivamente asseguradas, o mundo que habitamos merecerá subir na escala dos mundos. De nós depende acelerar, pelos nossos esforços, o advento desse período mais feliz. IV – O materialismo e o ateísmo, que o sentimento humano repele com todas as suas energias, não passam de uma reação inevitável contra as ideias, dificilmente admissíveis pela razão, sobre Deus, a natureza e o destino. Alargando a questão, o Espiritismo reacende nos corações a fé prestes a se extinguir. (Págs. 213 e 214.)

84. Depois de breve nota sobre duas peças encenadas em Paris – O Elixir de Cornélio e O Galo de Mycille –, em que o núcleo da história é a reencarnação, a Revue lembra que o Espiritismo jamais admitiu a ideia da alma humana retrogradando na animalidade, o que seria a negação da progresso. (Págs. 214 a 216.)

85. Da obra Monte-Cristo, de Alexandre Dumas, a Revue transcreve alguns trechos em que a alusão às ideias espíritas é clara e direta, com exceção da qualificação de excepcionais dada aos Espíritos que nos cercam. “Esses seres, afirma Kardec, nada têm de excepcional, desde que são as almas dos homens, e que todos os homens, sem exceção, devem passar por esse estado.” (Págs. 216 e 217.)

86. Kardec apresenta uma resenha da obra A Alma, de autoria do Sr. Ramon de la Sagra, membro correspondente do Instituto de França, sobre a qual ele diz: “A obra do Sr. Ramon de la Sagra é uma dessas cuja publicação temos o prazer de aplaudir, porque, posto nela tenha feito abstração do Espiritismo, pode considerar-se, como o Deus na Natureza, do Sr. Flammarion, e a Pluralidade das Existências, do Sr. Pezzani, como monografias dos princípios fundamentais da doutrina, às quais eles dão a autoridade da ciência”. (Págs. 217 a 222.)

87. Em todos os tempos – refere o autor de a Alma – fenômenos espontâneos muito frequentes, tais como a catalepsia, a letargia, o sonambulismo natural e o êxtase, mostraram a alma agindo fora do organismo, mas a ciência os desdenhou. Surge agora uma nova descoberta: a anestesia pelo clorofórmio, de incontestável utilidade nas operações cirúrgicas e cuja aplicação tem permitido observar exemplos inúmeros de ação da alma a distância, análogos aos fatos relatados pelo Sr. Velpeau à Academia das Ciências. (Págs. 219 e 220.) (Continua no próximo número.)




 


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