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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 191 - 9 de Janeiro de 2011

FERNANDA LEITE BIÃO
fernandabiao9@hotmail.com
Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil)


O perdão


O perdão constitui uma atitude de esquecimento das faltas e, ao mesmo tempo, representa um movimento de compreensão do ser que vivencia um determinado evento estabelecido nas relações entre pessoas, antídoto ao acúmulo e cristalização de energias que geram mágoas e ressentimentos resultantes em desequilíbrios e possíveis enfermidades.

Mais do que “esquecer as mágoas”[1], perdoar – salienta Hammed – traduz “um sentimento profundo de compreensão e aceitação dos sentimentos humanos, por saber que nós e outros ainda estamos distantes do agir corretamente”[2].

Em outras palavras, perdoar não é concordar ou ser conivente “com aquilo que fere o estatuto legal e o código moral da vida”[3], porém saber compreender a “dimensão do gravame [do mal feito] e dos comportamentos a serem adotados para que ele desapareça”[4], lembra Joanna de Ângelis, para quem “o verdadeiro perdão somente é possível quando ocorre o olvido [esquecimento] pleno ao mal de que se foi objeto”[5], de modo que se possa retornar “à vida a harmonia que foi perturbada com aquela atitude”[6] e adquirir “a permanência da tranquilidade interna ante os impactos desgastantes”[7].

“Amar os inimigos”[8], ensina O Evangelho segundo o Espiritismo, não quer dizer “ter-lhes uma afeição que não está na natureza”, mas “não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem”[9].

Quando o ser é tocado em suas fibras constituintes e mais sutis (sentimentos, valores e crenças) pode ser acometido de resistências e defesas de cunho psíquico e energético que surtirão mudanças no comportamento, tornando aquele considerado agressor alguém insuportável para se conviver e igualmente insuportável qualquer situação que se assemelhe com a experiência vivida ou que recorde aquela pessoa. Essas experiências, de tão traumáticas ou sofridas, podem ultrapassar o que o ser dá conta de compreender e transubstanciar, ao prendê-lo, no aqui e agora, a uma faixa de energias densas, fonte geradora de doenças.

Embora seja impossível nunca não se magoar, observa Hammed, “perpetuar ou ignorar o fato desagradável pode ser comparado ao comportamento do escorpião que, quando enraivecido, inocula veneno em si mesmo com o próprio ferrão”[10].

Formados por meio de uma constituição biopsicossocial-espiritual, somos um todo organizado e integrado, existente em um tempo histórico atual, mas com uma bagagem do ontem, armazenada em nossos porões conscienciais.

No âmago dessa bagagem, composta dos materiais construídos por inúmeros períodos de visitação entre os corpos variados e as dimensões diversas, se agasalha a nossa verdade, nem sempre conhecida ou acessada por nós. Por vezes, nosso contato com as experiências presentes apresentam reflexos geradores de maiores sofrimentos. O que poderia ser uma situação menos complexa se torna uma bola de neve, perdendo-se em dimensões e tamanhos.

Daí a importância do desenvolvimento do autoconhecimento, a permissão para a escuta de si mesmo. O que me faz sentir alegria ou tristeza? Quais são os meus medos? Qual o motivo de não conseguir conviver com determinada situação ou pessoa? Qual a razão da minha agressividade ou passividade diante de determinadas circunstâncias da vida?

“Escutar os sentimentos não significa adotá-los prontamente,”[11] – alerta Ermance Dufaux – “mas aceitá-los em nossa intimidade e criar uma relação amigável com todos eles”[12], ou seja, “sem reprimir ou se envergonhar”[13], a fim de que se estabeleça “uma conexão com nossa real identidade psicológica, possibilitando a rica aventura do autodescobrimento no rumo da singularidade – a identidade cósmica do Espírito”[14].

Conhecer a si mesmo, além de ser importante para o desenvolvimento integral do Espírito, abre espaço para a compreensão da presença do outro em sua vida, o que permitirá entender os comportamentos de amor e desamor em torno de (e em direção a) você.

Nos momentos de tristeza, desesperança e mágoas, permita que o tempo possa ser o companheiro da sua caminhada. Procure o recolhimento e aguce sua atenção, para que possa, por meio de suas percepções, compreender cada situação e acalmar o seu coração.

Não podemos apagar o que aconteceu no passado, mas podemos nos revestir do aprendizado de novos comportamentos que nos auxiliarão na compreensão de cada fenômeno e situação em nossa vida. Um compromisso de afeto com nós mesmos. 


 

[1] ESPÍRITO SANTO NETO, Francisco do. Um modo de entender: uma nova forma de viver: obra ditada pelo Espírito Hammed. Catanduva: Boa Nova, 2004, p. 70.

[2] Ibid., loc. cit.

[3] FRANCO, Divaldo Pereira. Elucidações psicológicas à luz do Espiritismo: obra ditada pelo Espírito Joanna de Ângelis; organização de Geraldo Campetti Sobrinho e Paulo Ricardo A. Pedrosa. Salvador: LEAL, 2002, p. 250.

[4] Ibid., loc. cit.

[5] Ibid., loc. cit.

[6] Ibid., loc. cit.

[7] Ibid., loc. cit.

[8] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo: com explicação das máximas morais do Cristo em consonância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, p. 247.

[9] Ibid., p. 247-248.

[10] ESPÍRITO SANTO NETO, Francisco do. Um modo de entender: uma nova forma de viver: obra ditada pelo Espírito Hammed. Catanduva: Boa Nova, 2004, p. 70.

[11] OLIVEIRA, Wanderley S. de. Escutando sentimentos: a atitude de amar-nos como merecemos: obra ditada pelo Espírito Ermance Dufaux. Belo Horizonte: Dufaux, 2006, p. 22. (Série Harmonia Interior.)

[12] Ibid., loc. cit.

[13] Ibid., loc. cit.

[14] Ibid., loc. cit.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita