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Brasil
Ano 4 - N° 191 - 9 de Janeiro de 2011

ENRIQUE ELISEO BALDOVINO

henriquedefoz@uol.com.br
Foz do Iguaçu, Paraná (Brasil)

 


1860–2010: Sesquicentenário da Revue Spirite de 1860

 

Oportunamente escrevemos que no período 2008-2019 teríamos a bênção de comemorar, em todos esses anos (1), os Sesquicentenários de lançamento de cada um dos 12 extraordinários volumes da Revue Spirite – Journal d’Études Psychologiques, publicados e dirigidos com muita sabedoria por Allan Kardec (de 1858 a 1869), levando em conta que os contextos históricos de cada um desses anos são diferentes.

Conforme nossas pesquisas, que foram resumidas no presente artigo e extraídas da nossa tradução (2), do francês ao espanhol, da Revista Espírita de 1860, abordamos desta vez o contexto geral do referido Ano de 1860, assim como já o fizemos com a Revista de 1858 (3) e com a Revista de 1859 (1).

Com a publicação da Revue Spirite de 1860 começa o 3º ano de sucesso espiritual de circulação nacional e internacional desta pérola da literatura e do jornalismo espiritistas, onde o seu insigne Autor continua registrando para os Anais do Espiritismo, com a sua lucidez, critério e sensatez habituais, os diversos fatos acontecidos por então e o estado geral do Espiritismo no citado ano (ver RE jan. 1860–I: O Espiritismo em 1860, páginas 1 a 6).

O Magnetismo entra na Academia

Um dos grandes fatos ocorridos em 1860 foi a entrada do Magnetismo na Academia de Ciências com o nome de Hipnotismo (RE jan. 1860–II: O Magnetismo perante a Academia, pp. 6-11), graças, entre outros, ao doutor francês Pierre-Paul Broca (1824-1880), que experimentou e popularizou na Universidade tal descoberta do Dr. James Braid (1795-1860) para fins terapêuticos, sendo este o neurocirurgião escocês que cunhou os termos hipnose, Hipnotismo, hipnotizador e hipnotizar. Segundo Kardec, o Espiritismo e o Magnetismo possuem estreitas relações.

Artigos da Revista na Codificação

Pela sua relevância histórica citamos, a seguir, alguns dos artigos da Revista que têm servido de base a diversos capítulos e evocações de O Céu e o Inferno (lançado em 01/08/1865), matérias que anos antes foram preparadas, primeiramente, no grande laboratório doutrinário da Revista Espírita – RE (Edições CEI). Alguns desses artigos são os seguintes:

RE fev. 1860–V: História de um condenado, pp. 51-60 (são nada menos que 126 perguntas e respostas desenvolvidas durante 10 sessões), matéria muito emotiva, publicada bem resumidamente no livro acima mencionado (capítulo VI: Criminosos arrependidos) com o nome de O Espírito de Castelnaudary;

RE mar. 1860–V a: Estudos sobre o Espírito de pessoas vivas – O Dr. Vignal, pp. 81-88, estudos importantíssimos que foram posteriormente desdobrados na RE mai. 1865–III: Conversas de Além-Túmulo – O Dr. Vignal (Sociedade de Paris, 31 de março de 1865 – Médium: Sr. Desliens), pp. 137-140, e depois novamente publicados no referido livro, com o nome: O Dr. Vignal (cap. II: Espíritos felizes);

RE ago. 1860–V: O suicida da Rua Quincampoix (Evocado na Sociedade de Paris em 1860), pp. 247-248, artigo comovedor que posteriormente mudará de título, na mencionada 4ª Obra da Codificação, sob o nome: O pai e o conscrito (cap. V: Suicidas). Aqui Allan Kardec, sabiamente, introduz o atualíssimo conceito de suicídio indireto ou inconsciente;

RE fev. 1860–VI b: Comunicações espontâneas – O tempo presente (Sociedade, 20 de janeiro de 1860), pelo Espírito Chateaubriand, pp. 62-63, comunicação histórica que pouco depois será transcrita quase literalmente em O Livro dos Médiuns (cap. XXXI, item II), 2ª Obra da Codificação que será lançada logo mais em 15/01/1861, cujo grande núcleo foi desenvolvido, elaborado e desdobrado em 1859-1860, como já demonstramos e citamos em nosso artigo publicado também neste Jornal.(1)

Edição definitiva de O Livro dos Espíritos em 1860

Na RE mar. 1860–VIII: O Livro dos Espíritos – Aviso sobre a 2ª edição, p. 96, acontece o importantíssimo registro do lançamento da 2ª e definitiva edição, inteiramente refundida e consideravelmente aumentada de O Livro dos Espíritos (Paris, Didier e Cia., e Ledoyen), com 1019 questões, como hoje a conhecemos, com um raro Aviso sobre esta nova edição, lançada na terça-feira, 20/03/1860. A 1ª edição histórica havia sido publicada no sábado, 18/04/1857, com 501 questões.

Pelo exposto, temos a certeza de que estudar profundamente as páginas históricas da Revista Espírita é preparar-se para compreender ainda mais todo o conteúdo da importante Codificação Kardequiana, base da Doutrina Espírita. A leitura e a vivência, portanto, dessas páginas luminíferas, contribuirão sobremaneira no melhoramento dos homens, como bem previa o eminente Codificador do Espiritismo.

Obras queimadas no Auto-de-fé de Barcelona

Obras editadas no ano de 1860 foram queimadas no tristemente célebre Auto-de-fé de Barcelona (de 9 de outubro de 1861): a própria Revue Spirite de 1860, de Allan Kardec, foi arbitrariamente lançada ao fogo, assim como as Revistas de 1858 e de 1859, além de outros 8 títulos, no total de 300 volumes.

Outra obra, anunciada na Revista Espírita de 1860 (RE nov. 1860–II: Bibliografia – Carta de um católico sobre o Espiritismo, pelo Dr. Grand, antigo vice-cônsul da França, pp. 334-335), também foi queimada nesse Auto-de-fé, livro da autoria do Dr. Alphonse de Grand-Boulogne (1810-1874), médico humanitário e cavalheiro da Legião de Honra, conhecido como o Dr. Grand, membro correspondente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE), e de quem Kardec já havia publicado na Revista de 1860 um interessante artigo, intitulado: RE ago. 1860–II: Concordância espírita e cristã, pelo Dr. de Grand-Boulogne, antigo vice-cônsul da França, pp. 232-235.

1ª Viagem Espírita em 1860

Como se não bastasse todo o ingente trabalho doutrinário de Allan Kardec na codificação dos livros, na direção da SPEE – como presidente sempre reeleito –, na elaboração da Revue, na assistência aos necessitados de todo jaez, o incansável Codificador programou, após insistentes convites para levar a Doutrina fora de Paris, a sua 1ª Viagem Espírita em 1860, percorrendo longas distâncias em carruagens e em outros parcos transportes da época, visitando doutrinariamente as cidades de Sens, Mâcon, Lyon e Saint-Étienne (somente a distância de Paris a Lyon é de 400 km) e orientando os primeiros Grupos Espíritas que se formavam. Os Espíritos disseram a Kardec: “Se Paris é a cabeça, Lyon é o coração”. Alguns artigos da Revista de 1860 são a resultante e o registro desta primeira viagem histórica, dentre as várias realizadas com tanto sacrifício por ele:

RE out. 1860–I b: Resposta do Sr. Allan Kardec ao Sr. redator da Gazette de Lyon, pp. 292-298, artigo em que o Codificador defende os dignos e simples operários de Lyon ante o ataque covarde do referido redator, que não via com bons olhos que esses trabalhadores fossem espíritas, resultando dessa brilhante defesa a publicação de um raríssimo opúsculo de Kardec, intitulado: Carta sobre o Espiritismo, em resposta à Gazette de Lyon de 02/08/1860 (Lyon, 16/09/1860: tipografia de Chanoine, com 57 páginas);

RE out. 1860–II: Banquete oferecido ao Sr. Allan Kardec pelos espíritas lioneses, em 19 de setembro de 1860, pp. 298-299. Em Brotteaux, adjacências de Lyon – sua cidade natal –, dá-se o histórico e primeiro Encontro de Dirigentes Espíritas, sob a coordenação do emérito Codificador, junto ao Sr. Dijoud e esposa.

Instrutivas comunicações

Comunicações instrutivas, evocações notáveis e dissertações muito interessantes aconteceram na Revista de 1860, várias delas assinaladas no histórico Boletim da SPEE (onde foram transcritas as atas de cada sessão, sendo que o seu maior registro encontra-se neste ano de 1860), comunicações que foram ditadas por Espíritos diversos:

Lamennais, Massillon, Madame de Staël, são Bento, Channing, são Francisco de Sales, Chateaubriand, Joana D’Arc, Georges, Homero, santa Teresa, Lázaro, Melanchthon, Sócrates, Joinville, Irmã Marta, Nodier, santo Agostinho, Fourier, Musset, Riquier, são Lucas, Lenormand, Adam Smith, Nerval, são Luís, Charlet, John Brown, Grandier, são Vicente de Paulo, Fénelon, O Espírito de Verdade, entre outros.

O escritório da Revista muda de local em 1860

Para centralizar os enormes trabalhos doutrinários sob a sua responsabilidade, e dedicar-se ainda mais às diversas tarefas, Kardec muda o seu domicílio particular e o escritório de redação (bureau) da Revue Spirite para a Rua e Passagem Sant’Ana, nº 59, o mesmo fazendo com o endereço da SPEE (em abril de 1860), conforme seu oportuno aviso na RE jun. 1860–I: Aviso – A partir de 15 de julho de 1860, o escritório da Revista Espírita e o domicílio particular de Allan Kardec serão transferidos à Rue Sainte-Anne, 59, Passage Sainte-Anne, p. 161.

Apesar de ter uma casa bem ampla na Avenida de Ségur nº 39 (Vila de Ségur), em uma região nobre de Paris (atrás do célebre Palácio dos Inválidos), o Codificador decide concentrar todo o seu trabalho em um apartamento, no referido endereço, secundado por sua abnegada esposa e companheira Amélie-Gabrielle Boudet (1795-1883), que o auxiliará sobremaneira em todas as circunstâncias da sua missão.

Contexto geral

Observando a importância do contexto geral (sócio-cultural, político, científico e histórico) da aparição da Revue Spirite de 1860, e fazendo uma breve linha do tempo, neste mesmo ano nasceram importantes personalidades, a saber: o músico espanhol Isaac Albéniz, o político argentino Carlos Torcuato de Alvear, a pintora russa Marianne von Werefkin, o prêmio Nobel de química Eduard Buchner (alemão), o jornalista francês Jules Guérin, a pianista alemã Daniela von Bülow, o botânico letão Wolfgang von Bock, o compositor boêmio-austríaco Gustav Mahler, o escritor russo Anton Tchekhov etc.

Ainda em 1860 França patenteia o primeiro motor a combustão. Baudelaire é rejeitado na Academia Francesa. Pelo Tratado de Turim, o Piemonte cede Saboia e Nice a França. Garibaldi derrota aos Bourbons em Volturno e entra em Nápoles. França e Inglaterra firmam um importante tratado comercial. Lincoln é eleito presidente dos Estados Unidos em 1860. Faleceram neste ano os seguintes vultos: o filósofo alemão Arthur Schopenhauer, o rei Jerônimo Bonaparte – irmão mais novo de Napoleão I –, a czarina Alexandra Feodorowna, o escritor brasileiro Casimiro de Abreu, o biólogo alemão Alexander von Eversmann, o citado neurocirurgião Braid, a escritora britânica Anna Brownell Jameson, Leopoldo de Bourbon – príncipe das Duas Sicílias – e o pintor francês Alexandre-Gabriel Decamps, entre outros.

Conclusão

Por conseguinte, os 12 volumes da Revista Espírita são um complemento imprescindível da Codificação Kardequiana, quais joias preciosas que urgem por serem descobertas, a fim de poder aquilatar-se melhor o incomensurável valor doutrinário que as mesmas contêm.

Desejamos assim registrar os 150 Anos do lançamento da Revue Spirite de 1860, agradecendo ao Cristo e a Kardec por nos permitir a elevada honra de traduzir essas páginas imortais.

 

Referências:

(1) REVISTA INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO – RIE. 1859 – 2009: Sesquicentenário do 2º volume da Revista Espírita, de Allan Kardec. Artigo comemorativo de Enrique Eliseo Baldovino. Outubro de 2009, pp. 457 e 458. São Paulo, SP: O CLARIM.

(2) KARDEC, Allan. Revista Espírita – Periódico de Estudios Psicológicos. Palabras del traductor sobre el contexto general de la Revista Espírita de 1860 (www.ceilivraria.com.br). Tradução do francês para o espanhol de EEB (www.edicei.com.br) do Ano III. Brasília, DF: EDICEI.

(3) RIE. Tributo à Revue Spirite. Matéria comemorativa de Enrique Baldovino pelos 150 Anos da Revista de 1858 (www.oclarim.com.br). Fevereiro de 2008, pp. 8 a 11. São Paulo, SP: O CLARIM.
 

Nota da Redação:

A Revue Spirite de 1860 foi objeto de estudo sequencial e metódico nas edições 55 a 65 desta revista. Para ver a parte inicial desse estudo basta clicar em:  http://www.oconsolador.com.br/ano2/55/estudandoasobrasdekardec.html



 

 

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