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Brasil
Ano 4 - N° 189 - 19 de Dezembro de 2010

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  

 

Augusto Elias da Silva, o pioneiro que não podemos esquecer

Uma breve história de Augusto Elias da Silva, pioneiro do Espiritismo no Brasil e fundador da revista espírita
“Reformador” e da Federação Espírita Brasileira

 

Augusto Elias da Silva reencarnou em Portugal em 1848 (1), justamente no ano em que uma onda de renovação espiritual, como fogo em palha seca, se irradiaria de Hydesville para o mundo todo. Como sabemos, em 31 de março de 1848 registraram-se no pequeno povoado americano os fenômenos que dariam, anos depois, origem à Doutrina Espírita.

Elias da Silva estava destinado, como aconteceu a inúmeros ilustres compatriotas do outro lado do Atlântico, a grandiosos empreendimentos em terras brasileiras. Para aqui se transportavam intuitivamente, ou eram trazidos pelo chamado acaso,  a  fim  de

atenderem às solicitações da Espiritualidade.

Foi assim que ele veio para o Brasil, desembarcando no Rio de Janeiro em data que ignoramos, trazendo um coração generoso e simples e um cérebro esclarecido, resoluto e empreendedor.

Fotógrafo, Elias da Silva despertou para o Espiritismo aos 33 anos de idade, como ele mesmo contou pelas páginas da revista “Reformador“ de 1º de setembro de 1891:

“Em 1881, fui convidado a assistir a uma sessão na sala da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, à rua da Alfândega nº 120. As minhas convicções nesta época eram as do mais lato indiferentismo religioso, não tendo a menor parcela de dúvida sobre a não existência da alma. Não admitindo os fenômenos das diversas religiões, só via nelas agrupamentos de ociosos e amigos de dominar, explorando a ignorância das massas, geralmente supersticiosas e inclinadas ao sobrenatural.

Foi-me aconselhada a leitura das obras do imortal Kardec. Pela leitura, despertou-se-me o desejo de verificar experimentalmente as teorias que ia bebendo, e comecei a frequentar as sessões dos grupos e sociedades então existentes, onde gradativamente fui recebendo as provas mais robustas da manifestação dos que eu chamava mortos”.

De início, as sessões lhe causaram dolorosa impressão 

Na citada sessão, segundo Elias da Silva, participavam umas cinquenta pessoas e entre elas algumas de reconhecida capacidade científica. Dos trabalhos que presenciou, ficou-lhe, porém,  inicialmente, a mais dolorosa impressão. O desejo de desmascarar os membros da Sociedade, se os reconhecesse especuladores, ou então convencê-los do seu erro, se fossem visionários, levou-o a solicitar que lhe permitissem continuar frequentando as reuniões. 

Na segunda sessão de que participou, trabalhou como médium sonâmbula a esposa do confrade Monteiro de Barros, a qual, não tendo nessa ocasião produzido trabalho algum intelectual, caiu, em estado sonambúlico, ajoelhada da cadeira em que se achava e nessa posição ficou mais de vinte minutos, com os braços erguidos, na mais absoluta imobilidade. Pelos trabalhos de sua profissão como fotógrafo, Elias da Silva conhecia a dificuldade de se manter tal posição no estado normal e a esse fato, embora longe de modificar suas ideias, devia ele o despertamento do desejo de investigar as leis que o determinaram.

Entre os fatos que então observou, ele mencionou alguns que, embora comuns, muito o impressionaram.

Em um grupo solicitou fosse evocado um parente e amigo falecido havia muito tempo. Um médium psicógrafo, completamente estranho, foi o encarregado de obter a comunicação, a qual nada conteve de particular, limitando-se a conselhos morais, mas continha uma assinatura idêntica à que o evocado apresentara, quando encarnado.

Em outra sessão manifestou-se espontaneamente um amigo solicitando que orasse por ele e dizendo que sofria muito por ter cometido atos que Elias ignorava completamente. Depois de proceder à mais rigorosa investigação desses fatos, ele chegou à conclusão de serem eles verdadeiros. 

Aos fatos seguiu-se o estudo e depois a vontade de servir

Um outro Espírito, que se comunicou espontaneamente, declarou seu nome e a casa em que morava, quando desencarnou. No dia imediato, uma comissão, da qual ele fez parte, dirigiu-se à casa indicada, na qual ainda morava a família do falecido.

Aos fatos seguiu-se o estudo e, a partir daí, estudando com ardor as obras de Kardec e todas as demais que adquiriu para aumentar seus conhecimentos acerca da Doutrina, em pouco tempo Elias da Silva manifestou firme vontade de servir à Causa, tornando-se ativo membro da Comissão Confraternizadora da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade. Fundou, em seguida, o “Grupo Espírita Menezes“, nome dado em homenagem a Antônio Carlos de Mendonça Furtado de Menezes, que fora diretor da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, e cujo bondoso Espírito, desencarnado em 11 de dezembro de 1879, dirigia então os trabalhos do referido Grupo. Essa Sociedade, que muitos benefícios espalhou, fundiu-se em 1885 à Federação Espírita Brasileira, para a qual se transferiram seus sócios.

Fundar e conservar um órgão de propaganda espírita no Brasil era, naquela época, algo que poucos conseguiriam realizar, uma vez que todas as baterias do Catolicismo estavam assestadas contra o Espiritismo. Dos púlpitos brasileiros, principalmente na Capital brasileira, choviam anátemas sobre os espíritas, os novos hereges que, de acordo com a Igreja, cumpria abater.

Datada de 15 de junho de 1882, fora distribuída ao Episcopado brasileiro uma Pastoral do Bispo da Diocese de S. Sebastião do Rio de Janeiro, na qual o Antigo Testamento era astuciosamente citado para contraditar as comunicações mediúnicas. Tão anticristão e violento era o zelo do mencionado prelado que, com naturalidade escreveu, referindo-se aos espíritas: “Devemos odiar por dever de consciência”.

Amparado e com o apoio dentro do lar de duas almas boas e valorosas, sua sogra Maria Baldina da Conceição Batista e sua esposa Matilde Elias da Silva, com quem teve um filho também chamado Augusto, ambas espíritas convictas, Elias da Silva lançou a revista “Reformador” em 21 de janeiro de 1883 (2), com recursos tirados do seu próprio bolso, sendo a redação e as oficinas instaladas em seu atelier fotográfico na Rua da Carioca, 120 – 2º andar, onde também residia com sua família.

Durante cinco anos a revista funcionou na casa de Elias

Até o dia 1º de fevereiro de 1888, a revista “Reformador" teve sua secretaria e tesouraria no mencionado endereço, quando então, havendo necessidade de mais espaço para o desenvolvimento daquela publicação, a Diretoria da Federação Espírita Brasileira resolveu instalar a seção da revista no prédio nº 17 (depois nº 25) da então Rua do Clube Ginástico, hoje Silva Jardim, para onde também se transferiu a sede da entidade.

Em 27 de dezembro de 1883 (3) Elias da Silva reuniu em sua residência, como sempre o fazia

semanalmente, os companheiros que mais de perto o auxiliavam na revista “Reformador”. Eram 12 pessoas ao todo, um quarto das quais pertencia ao sexo feminino, “como a indicar” – conforme escreveu o saudoso Dr. Guillon Ribeiro – “quão importante viria a ser a parte que caberia à mulher na obra, que então se encetava, de evangelização”.

Nesse memorável dia, firmou-se entre os presentes o ideal de fundar-se uma Sociedade nova, que federasse todos os Grupos por meio de “um programa equilibrado ou misto” e que difundisse por todos os meios o Espiritismo, principalmente pela imprensa e pelo livro. Foi assim que, no primeiro dia de janeiro de 1884, uma terça-feira, reunidos na residência de Elias da Silva, um grupo de espíritas, movidos pela fé e pela coragem, entre os quais, além da sogra e da esposa do chefe da casa, estavam os confrades Francisco Raimundo Ewerton Quadros, Manuel Fernandes Figueira, Francisco Antônio Xavier Pinheiro, João Francisco da Silveira Pinto, Romualdo Nunes Vitório, Pedro da Nóbrega, José Agostinho Marques Porto, decidiu pela instalação da Federação Espírita Brasileira.

No princípio, as reuniões ordinárias da Diretoria, às quais compareciam também alguns sócios fundadores mais chegados à Sociedade, realizavam-se na residência de Elias, e só a partir de 17 de dezembro de 1886 passaram a ser efetuadas na casa de Santos Moreira, numa sala gentilmente por ele cedida, já que Elias estava prestes a ausentar-se da Corte. Foi por esse motivo que Elias, reeleito para o cargo de tesoureiro em 2-1-1885 e 5-1-1886, pediu aos amigos, em fins de 1886, que não o incluíssem na chapa para a eleição da nova Diretoria de 1887. Foi então substituído nas funções da Tesouraria pelo seu velho companheiro F. A. Xavier Pinheiro, mas a revista “Reformador“ continuou ainda na Rua da Carioca, 120.

Em 1903, devido a uma tuberculose, Elias desencarnou 

De volta ao Rio de Janeiro, Elias da Silva voltou a ocupar o cargo de tesoureiro, nas eleições de 2-3-1888, mas foi esse o último ano em que exerceu funções diretas na Diretoria, por sua própria deliberação, o que não impediu que continuasse a frequentar as sessões da FEB, ombro a ombro com os antigos companheiros de lides doutrinárias, com eles estudando um sem-número de questões e problemas relacionados a pontos de Doutrina e à orientação geral do Espiritismo em nossa terra, além de propagar da tribuna os princípios espiríticos.

Em face disso, pode-se dizer que, quase até o fim de sua existência, a Federação Espírita Brasileira foi para Elias da Silva seu segundo lar, lar a que dedicou todo o seu amor e seu trabalho.

Algum tempo depois, minado seu organismo pela tuberculose pulmonar (4), aguardou ele sobre uma cama a hora em que passaria deste para o outro mundo, o que se deu no dia 18 de dezembro de 1903.

A diretoria da Sociedade Propagadora das Belas Artes, ao ser cientificada, em 1903, do falecimento de Elias da Silva, que na ocasião era membro do seu Conselho Fiscal, mandou cerrar as portas do edifício e hastear, em luto, o seu pavilhão, decidindo ainda tomar parte em todas as manifestações fúnebres que se realizassem. 

A imprensa, ao noticiar o falecimento, referiu, entre outros trechos elogiosos: "Era um bom homem, como habitualmente se costuma dizer, esse ativo trabalhador, cuja morte, sem dúvida, causou grande pesar a todos quantos lhe conheceram os dotes de coração." (5)

 

Notas:

[1] Segundo a Guia de óbito da Santa Casa da Misericórdia e o Livro de Registro do Cemitério de S, Francisco Xavier, Elias da Silva faleceu aos 55 anos de idade em 18/12/1903, o que dá para o seu nascimento o ano de 1848.

[2] Nessa mesma data desencarnava, em Paris, a professora Amélie Boudet, viúva do grande missionário Allan Kardec.

[3] “Reformador” de 1924, pág. 497.

[4] A tuberculose foi a causa do falecimento, segundo a Guia de óbito da Santa Casa da Misericórdia. 

[5] Jornal do Brasil de 19 de dezembro de 1903. 

 

 

 

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