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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 187 - 5 de Dezembro de 2010

ÂNGELA MORAES
anjeramoraes@hotmail.com
Bauru, São Paulo (Brasil)

 

Há muitas moradas na casa
de meu Pai


“Não se turbe o vosso coração. – Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai. Se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. – Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e os retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais.”  (S. João, cap. XIV, vv. 1 a 3.)


Na residência da família Cardoso, além de Seu Cardoso e sua esposa, dona Júlia, moravam os filhos Pedro, Paulo, Tarsílio e Luciana, a caçula.

Seu Cardoso, o pai, era um homem de bom coração, pulso firme e boa vontade. Bem aceito e querido por todos, apenas o filho do meio, Paulo, tinha o condão de tirá-lo do sério a ponto de querer partir para a violência.

- É um insolente! Irresponsável! Já tem quase trinta e ainda não terminou um só curso profissionalizante! Vive fazendo besteiras!

Impossível, para Seu Cardoso, compreender o espírito livre e despreocupado do filho, cujos valores que trazia da poeira dos tempos era o de um bon vivant, passando pela Terra a passeio. Assim vivera Paulo em sua última encarnação, e nesta custava a entrar nas rédeas do pai.

Pedro, o mais velho, muito cobrado pelo genitor desde a primeira infância e, trazendo em seu espírito índole severa e trabalhadora, voltara para o lar paterno temporariamente, enquanto assistia a seu casamento desmanchar-se. Soubera da traição da esposa com o coração aos pedaços. Em seu mundo íntimo, Pedro não se conformava: tinha feito tudo certo.

- Trabalhei todos os dias longas horas para poder dar o melhor a ela!

Já no mundo carente e magoado em que a esposa situava seus sentimentos, ela pensava:

- Para ele, só dinheiro e trabalho importavam. Nunca estive em primeiro plano!

Tarsílio, o terceiro filho, tinha cerca de vinte de cinco anos, e dez de péssimas decisões no currículo. Aos quinze, fumara o primeiro cigarro de maconha, só pra ver como era. Aos vinte, era líder do tráfico em sua região, o que acabou levando-o à cadeia por dois anos, para desespero de toda a família.

- Um garoto que teve de tudo, meu Deus! – culpavam-se os pais.

Na cabeça de Seu Cardoso, era um caso perdido. Na de dona Júlia, uma vergonha perante os outros. Já no mundo pessoal de Tarsílio, a vida era assim mesmo. Não tinha paciência para as formalidades dos grã-finos nem achava graça em seus relacionamentos superficiais.

- Eu quero a vida real. As prostitutas pra mim têm nome, sobrenome, sentimentos, vontades. Os cachaceiros choram suas dores agudas, de suas vidas destroçadas. Agora, dos riquinhos, eu quero mais é o dinheiro, eles não sabem o que é dor! Meus pais nunca vão entender que mundo é este - dizia-se, ignorando que também entre os ricos, a dor é inevitável...

Por fim, Luciana, a caçula, trazia em si a maturidade de suas muitas e muitas encarnações em seus poucos dezenove anos. Lidava compreensivamente com as falhas de todos porque já havia presenciado, participado, errado, perdoado, pecado e reparado de tudo um pouco em sua trajetória íntima. Com seu jeito tolerante e inteligente, cuidava mais de sua mãe do que esta dos familiares. Ao contrário de dona Júlia, espírito mimado e infantil que mais buscava a atenção de todos do que dedicava à sua, em absurdas exigências.

Enfim, na residência da família Cardoso, habitavam seis diferentes mundos. Cada um deles com seus valores, crenças, paixões e graus de maturidade, em uma santificada oportunidade oferecida por Jesus de se influenciarem positivamente uns aos outros:

Seu Cardoso, com medo de que o filho insolente caísse nas drogas, como o mais novo, arrefecia seus ímpetos de violência, fazendo com que buscasse vencer-se;

Dona Júlia, em contato com as dificuldades reais que os filhos lhe apresentavam, haveria de amadurecer a ilusão burguesa;

Pedro haveria de repensar seus valores materialistas em contato com a irmã mais espiritualizada, a incentivar-lhe o perdão;

Paulo, por sua vez, pediria ao irmão mais velho uma boa orientação anos depois, quando finalmente se cansara da vida vazia dos bares.

Por fim, Tarsílio, ao ver a maldade de perto dentro da cadeia, percebeu que a pobreza não tornava ninguém mártir, como também a riqueza não evitara olheiras sofridas e verdadeiras em seus irmãos, ao visitá-lo.

E assim foi, ante a oportunidade bendita da reencarnação, que Jesus preparou a todos um bom lugar na Casa do Pai, aquela em que há muitas moradas, cada uma habitada por vários mundos pessoais.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita