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Estudando as obras de Kardec
Ano 4 - N° 184 - 14 de Novembro de 2010

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1867

Allan Kardec 

(Parte 11)

Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1867. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Qual é o caráter da revelação espírita?

O que caracteriza a revelação espírita é que sua fonte é divina, ou seja, a iniciativa pertence aos Espíritos, mas sua elaboração é produto do trabalho do homem. Como meio de elaboração, o Espiritismo procede da mesma maneira que as ciências positivas, isto é, aplica o método experimental, sem estabelecer jamais qualquer teoria preconcebida, mas seu objetivo especial é o conhecimento das leis do princípio espiritual. Desse modo, o Espiritismo e a ciência se completam mutuamente. A ciência sem o Espiritismo se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos; o Espiritismo sem a ciência estaria sem apoio e controle. (Revue Spirite de 1867, pp. 261 a 285.) 

B. Kardec diz que o Espiritismo pode ser considerado, sim, a terceira grande revelação. Quais são as duas primeiras?

A primeira foi personalizada em Moisés, que revelou aos homens o conhecimento de um Deus único, soberano senhor e criador de todas as coisas, a lei do Sinai e os fundamentos da verdadeira fé. A segunda revelação foi-nos trazida pelo Cristo, que, tomando da antiga lei o que é eterno e divino e rejeitando o que era transitório, acrescentou à primeira a revelação da vida futura e das penas e recompensas que esperam o homem depois da morte. A parte mais importante da revelação do Cristo é o ponto de vista inteiramente novo sob o qual faz encarar a Divindade. Deus não é mais o Deus terrível, ciumento e vingativo de Moisés, mas um Deus clemente e misericordioso que perdoa o pecador arrependido e dá a cada um segundo as suas obras. (Obra citada, pp. 261 a 285.)

C. Por que motivo, apesar do advento do Cristo, seria necessária uma nova revelação?

A razão disso é muito simples: Jesus, conforme ele mesmo o declarou, não disse tudo o que gostaria de ter dito, porque os homens de sua época não o compreenderiam. Eis por que, segundo suas palavras, seria enviado mais tarde à Terra o Consolador, o Espírito de Verdade, que haveria de restabelecer todas as coisas e explicar tudo quanto ele dissera. É por isso que a terceira revelação não é, ao contrário das duas primeiras, personificada em nenhum indivíduo. As duas primeiras são individuais, a terceira é coletiva e produziu-se simultaneamente em milhares de pontos diversos, que se tornaram centros ou focos de irradiação da doutrina espírita. (Obra citada, pp. 261 a 285.)  

Texto para leitura 

135. Duas comunicações mediúnicas recebidas em julho na Sociedade de Paris fecham o número de agosto de 1867. A primeira recebeu por título “Os espiões”; a segunda, “A responsabilidade moral”. Eis, de forma resumida, o que nelas se contém: I – A era nova começa, e com ela o Espiritismo. II – Seu pequeno batalhão é muito fraco em número, mas pouco a pouco ganha novos aderentes e em breve será um exército: exército de veteranos do bem. III – Hoje começa-se a tomar em consideração esse pobre Espiritismo, que diziam natimorto, mas que agora é visto como um inimigo sério. IV – É o pressentimento dos casos que têm alguma chance de se apresentar, que faz nascer no homem os pensamentos adequados à resolução das dificuldades que eles poderiam suscitar. Aí está o livre-arbítrio. V – Se os homens só tivessem as ideias que os Espíritos lhes inspiram, teriam pouca  responsabilidade e pouco mérito. VI – Não se deve concluir disso que o homem não seja assistido em seus pensamentos e em seus atos pelos Espíritos que o cercam. VII – Em geral, o homem que busca, quando entregue às suas reflexões, quase sempre age só, sob o olhar vigilante de seu Protetor espiritual, que intervém se o caso for bastante grave para tornar necessária sua intervenção. (Págs. 256 a 258.)

136. Caracteres da revelação espírita, artigo extraído do livro “A Gênese”, então no prelo, abre o número de setembro. (N.R.: O artigo é a reprodução literal dos itens 1 a 55 do capítulo I da obra citada, que seria publicada poucos meses depois, em janeiro de 1868.) (Págs. 261 a 285.)

137. Do artigo mencionado destacamos os pontos que se seguem: I – O caráter essencial de toda revelação deve ser a verdade. II – Se Deus suscita reveladores para as verdades científicas, pode também suscitá-los para as verdades morais. III – Somente os Espíritos puros recebem a palavra de Deus com a missão de a transmitir. IV – Sendo a eterna verdade o caráter essencial da revelação divina, toda revelação manchada de erro ou sujeita a mudança não pode emanar de Deus. V – O Decálogo tem todos os caracteres de sua origem, ao passo que as outras leis mosaicas, por vezes em contradição com a lei do Sinai, são obra pessoal e política de Moisés . VI – O Espiritismo, ao dar-nos a conhecer o mundo invisível que nos cerca, as leis que o regem, as relações com o mundo visível, a natureza e o estado dos seres que o habitam, é uma verdadeira revelação, na acepção científica do vocábulo. VII – O que caracteriza a revelação espírita é que sua fonte é divina, que a iniciativa pertence aos Espíritos e que a elaboração é produto do trabalho do homem. VIII – Como meio de elaboração, o Espiritismo procede da mesma maneira que as ciências positivas, isto é, aplica o método experimental, sem estabelecer jamais qualquer teoria preconcebida. IX – O objetivo especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual. X – O Espiritismo e a ciência se completam mutuamente. A ciência sem o Espiritismo se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos; o Espiritismo sem a ciência estaria sem apoio e controle. XI – É com razão que o Espiritismo é considerado a terceira grande revelação. A primeira, personalizada em Moisés, revelou aos homens o conhecimento de um Deus único, soberano senhor e criador de todas as coisas, a lei do Sinai e os fundamentos da verdadeira fé. XII – O Cristo, tomando da antiga lei o que é eterno e divino e rejeitando o que era transitório, acrescentou à primeira a revelação da vida futura e das penas e recompensas que esperam o homem depois da morte. XIII – A parte mais importante da revelação do Cristo é o ponto de vista inteiramente novo sob o qual faz encarar a Divindade. Deus não é mais o Deus terrível, ciumento e vingativo de Moisés, mas um Deus clemente e misericordioso que perdoa o pecador arrependido e dá a cada um segundo as suas obras. XIV – Toda a doutrina do Cristo  está fundada no caráter que ele atribui à Divindade. Com um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e misericordioso, ele pôde fazer do amor de Deus e da caridade para com o próximo a condição expressa da salvação. XV – O Cristo, contudo, não disse tudo o que poderia ter dito, porque os homens de sua época não o compreenderiam. Eis por que mais tarde seria enviado à Terra o Consolador, o Espírito de Verdade, que haveria de restabelecer todas as coisas e explicar tudo quanto ele dissera. XVI – Se considerarmos o poder moralizador do Espiritismo, a força moral, a coragem e as consolações que ele dá nas aflições, reconheceremos que ele realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador prometido. Ora, como é o Espírito de Verdade que preside ao grande movimento de regeneração, a promessa de seu advento se acha realizada, porque ele é, de fato, o verdadeiro Consolador. XVII – A terceira revelação não é, ao contrário das duas primeiras, personificada em nenhum indivíduo. As duas primeiras são individuais, a terceira é coletiva e produziu-se simultaneamente em milhares de pontos diversos, que se tornaram centros ou focos de irradiação da doutrina espírita. XVIII – A doutrina de Moisés é absoluta, despótica; não admite discussão e se impõe a todo o povo pela força. A de Jesus é essencialmente conselheira; é aceita livremente e não se impõe senão pela persuasão. A terceira revelação veio numa época de emancipação e de maturidade intelectual, em que o homem nada aceita cegamente; devia ser, pois, ao mesmo tempo, o produto de um ensino e o fruto do trabalho, da pesquisa e do livre exame. XIX – Um último caráter da revelação espírita é que, apoiando-se nos fatos, ela é e não pode deixar de ser essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação. Marchando com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro num ponto, modificar-se-á nesse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará. (Págs. 261 a 285.)

138. Completando o estudo a respeito das ideias espíritas contidas na obra As Aventuras de Robinson Crusoe, a Revue acrescenta novas informações sobre o conhecido romance e transcreve trechos dele que falam de comunicações com Espíritos, sonhos, pressentimentos e inspirações. Estas, segundo o autor de Robinson Crusoe, “não passam de discursos que imperceptivelmente nos são soprados ao ouvido, ou por bons anjos que nos favorecem, ou por esses diabos insinuantes que nos espreitam continuamente”. (Págs. 285 a 291.)

139. Em uma nota aposta logo abaixo do artigo, Kardec observa que fazia mais de um século que Daniel Defoe, que viveu na Inglaterra entre 1661 e 1731, escreveu o referido romance, que contém expressões que parecem tomadas à moderna doutrina espírita. Em mensagem dada na Sociedade Espírita de Paris, Daniel Defoe explicou suas crenças sobre esse ponto, dizendo que pertencera à seita dos teósofos, a qual professava os mesmos princípios. Por que, então, essa doutrina não tomou a extensão que o Espiritismo acabou adquirindo? Várias foram as razões: I – os teósofos mantinham suas doutrinas quase secretas. II – a opinião das massas não estava madura para as assimilar. III – era preciso que uma sucessão de acontecimentos desse outro curso às ideias. IV – era necessário que a incredulidade preparasse os caminhos. V – a Providência não tinha julgado que já fosse tempo de tornar gerais as manifestações dos Espíritos. “Foi a generalização desta ordem de fenômenos – diz Kardec – que vulgarizou a crença nos Espíritos e a doutrina, que é o seu corolário.” (Pág. 291.)

140. A Revue noticia o lançamento do livro Deus na Natureza, de Camille Flammarion, obra em que o autor procedeu da mesma maneira que em seu livro sobre a pluralidade dos mundos habitados, colocando-se no próprio terreno de seus adversários. Se Flammarion tivesse buscado seus argumentos na teologia, no Espiritismo ou em doutrinas espiritualistas quaisquer, teria estabelecido premissas que talvez fossem rejeitadas. Mas Flammarion, sabiamente, fala na obra em nome da ciência pura e não de uma ciência fantasista e superficial, e o faz com a autoridade que lhe dá seu saber pessoal. Seu livro é, pois, um desses que têm um lugar marcado nas bibliotecas espíritas, porque é uma monografia de uma das partes constituintes da doutrina, onde o crente encontra para se instruir tanto quanto o incrédulo. (Págs. 292 a 294.)

141. O número de outubro é aberto com um artigo em que Kardec afirma que as ideias espíritas pareciam espalhar-se por todos os lugares, na imprensa, nos livros, na poesia, nos discursos e até nos sermões, embora houvesse o cuidado por parte das pessoas de não pronunciar a palavra Espiritismo. De onde vinham essas ideias, se muitos que as emitiam não eram espíritas? “Já o dissemos várias vezes - explica Kardec -: quando uma verdade chega a termo e o espírito das massas está maduro para a assimilar, a ideia germina em toda a parte: está no ar, levada a todos os pontos pelas correntes fluídicas.” (Págs. 295 a 297.)

142. Na parte final do artigo, Kardec reproduz artigo publicado pelo Phare de la Manche, jornal de Cherbourg, em 18/8/1867, no qual o autor mostra que dois mil anos atrás a casta sacerdotal dos druidas ensinava a seus adeptos uma doutrina estranha que – fácil é perceber – era em tudo semelhante à doutrina espírita. O Sr. Digard, o autor do artigo, evidentemente não menciona nele a palavra Espiritismo. Será que ele não o conhecia ou por conveniência se absteve de citá-lo? (Págs. 297 a 301.)

143. A Revue focaliza o caso da senhora Condessa de Clérambert, falecida anos antes em idade avançada e que se notabilizara pelas curas que operou em criaturas consideradas incuráveis. Muitas vezes ela tratava por correspondência e, sem ter visto os doentes, descrevia a doença perfeitamente. Ela dizia receber instruções sobre o tratamento que fazia, sem explicar a maneira por que lhe eram transmitidas. A Condessa não tratava os enfermos pelo magnetismo ou pela imposição das mãos, mas pelo emprego de medicamentos que ela mesma preparava conforme as indicações que recebia. Algumas vezes o resultado era quase instantâneo, outras vezes requeria mais tempo. Foi assim que curou radicalmente um grande número de epilépticos e doentes de afecções agudas ou crônicas que os médicos já haviam abandonado. (Págs. 301 e 302.)

144. A sra. Clérambert não era um médium curador, mas um médium-médico, que gozava de uma clarividência que lhe permitia ver o mal e a guiava na aplicação dos remédios que lhe eram inspirados. Nada cobrava das pessoas que a buscavam, mas não recusava das pessoas ricas, reconhecidas por terem sido curadas, aquilo que entendiam de lhe dar, e o empregava para suprir as necessidades daqueles a quem faltava o necessário. (Pág. 302.)

145. A 5 de abril de 1867, o Espírito de Adèle de Clérambert comunicou-se na Sociedade Espírita de Paris, ocasião em que explicou de onde lhe vinha o gosto pelo estudo dos assuntos médicos. Ela fora médico em vida precedente. Um Espírito amigo a ajudava a aliviar os doentes que a procuravam, mas para isto ele lhe havia recomendado o mais completo desinteresse, sob pena de perder instantaneamente a faculdade que constituía a sua felicidade. O desinteresse moral, a humildade e a abnegação constituíam, segundo ele, condições essenciais à perpetuação de sua faculdade, que ela procurou observar até o fim de sua existência. (Págs. 302 a 304.)

146. Comentando o assunto, Kardec diz que a faculdade mediúnica apresentada por Adèle de Clérambert era, em sua opinião, o tipo de mediunidade que poderá, no futuro, apresentar-se em muitos médicos, quando entrarem na via da espiritualidade que o Espiritismo lhes abre, porque muitos verão, então, desenvolver-se em si faculdades intuitivas que lhes serão um precioso auxílio na prática. (Págs. 304 e 305.)

147. É um erro, diz Kardec, crer que a mediunidade curadora venha destronar a medicina e os médicos. Ela vem abrir-lhes uma nova via e mostrar, na natureza, recursos e forças que ignoravam e com as quais podem beneficiar a ciência e os doentes. Um dia haverá médicos-médiuns, como há médiuns-médicos, os quais juntarão à ciência adquirida o dom de faculdades mediúnicas especiais. (Pág. 305.)

148. O desinteresse material é um dos atributos essenciais da mediunidade curadora. Como a faculdade mediúnica nada lhe custou, o médium curador deve usá-la gratuitamente. Diferente será a posição dos médicos-médiuns, porque o exercício da medicina é uma profissão que precisa ser remunerada como qualquer outra e foi adquirida a título oneroso. Porque um médico tornou-se médium e é assistido por Espíritos no tratamento de seus doentes, não se segue que deva renunciar à remuneração. Se ele o fizer, viverá de quê? (Págs. 305 e 306.)

149. A mediunidade curadora não matará a medicina, mas deverá modificar profundamente a ciência médica. Médiuns curadores sempre houve e continuarão a existir, mas deverão ser menos numerosos à medida que aumentar o número de médicos-médiuns. Ter-se-á então mais confiança nos médicos quando forem médiuns e mais confiança nos médiuns quando forem médicos. (Pág. 307.)  (Continua no próximo número.)



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita