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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 173 - 29 de Agosto de 2010

ÂNGELA MORAES
anjeramoraes@hotmail.com
Bauru, São Paulo (Brasil)


 Há muitas moradas
na Casa do Pai
 

“Há muitas moradas na casa de meu Pai. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de, onde eu estiver, também vós aí estejais.”

(João, cap. XIV, vv . 1 a 3.)

As diferentes moradas são mundo que circulam no espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos Espíritos.

(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.III.) 

Envolto em halo de resplandecente luz, Eliseo aguardava novas ordens do Pai para seu trabalho amoroso de auxílio aos infortunados da Terra. Entre estes, não podia deixar de almejar a evolução e o reencontro com almas queridas da sua, que o acolheram ou compartilharam as dores e alegrias da família encarnada, embora cada uma estivesse agora em diferentes pontos de suas trajetórias pessoais.  Encontrava-se em uma colônia espiritual de sutilíssimas formas, onde praticamente residiam apenas Espíritos de igual propósito ao seu: trabalhadores abnegados do Cristo. Se o Mestre tivesse um exército de anjos, ali seria seu quartel general.

Enquanto aguardava, Eliseo não pôde se furtar à lembrança de como o seu caminho até ali havia sido longo e de muito trabalho. Lembrou-se vagamente de suas primeiras encarnações na Terra, um planeta hostil, com animais e seres humanos ferozes. Há quantos milhões de anos? Não saberia calcular. Lembrou-se da fome insaciável que seu corpo rudimentar lhe infringia e da briga incessante por alimento que travava com os demais, na disputa pela sobrevivência.  Lamentou a violência de seu espírito ainda tão bruto.

Desta reminiscência, sua tela mental lhe adiantou séculos, trazendo-o para regiões pobres da Ásia, onde se viu ladeado por irmãos em uma mesma e pequena aldeia.  Lembrava-se de crescer entre muitos, ainda disputando os alimentos, mas percebeu que foi nessa vida que aprendeu algo relativo a compartilhar e a viver em uma grande família. O chefe da aldeia foi, naquela existência, quem lhe mostrou o sentido da palavra união. Pelo menos, daquela aldeia contra as demais. Riu-se da ignorância de seu espírito infantil.

Avançando em suas recordações, Eliseo lembrou-se de uma de suas encarnações na Terra que o houvera marcado profundamente.  Era a primeira vez que ele reencarnara em um círculo bem pequeno de pessoas. Entre elas, uma figura feminina olhava insistentemente para ele, de jeito doce e amoroso. Viu-se, maravilhado, recebendo o alimento na boca por aquela a quem haveria de devotar todos os seus dias. Viu-a protegendo-o das maldades do mundo. Foi assim que conhecera o amor desvelado de uma mãe. Com lágrimas de saudade profunda, acompanhou a trajetória deste Espírito que ele amara pelos séculos, e sabia que ela, neste momento, se encontrava ainda no orbe terreno, presa ainda a ilusões materiais, apesar de seu coração boníssimo.

Recordou-se também da existência terrena em que, apresentado a uma estranha doutrina postulada por um carpinteiro de Nazaré, viu-se envolvido por novos e sublimes ideais. Conheceu Espíritos verdadeiramente devotados ao bem da humanidade trabalhando em nome desse Mestre, e seu espírito se entregou a Ele. Nessa trajetória, não pôde deixar de lembrar-se de um homem que, cego à sabedoria da Vida, lhe proporcionara grande sofrimento moral, levando-o ao martírio e à morte. Lembrou-se dos séculos que ele próprio errara no Umbral, em perseguição ao seu algoz. Das encarnações que ele se dispusera a persegui-lo e a desgraçá-lo. E do perdão que o cansaço lhe havia inegavelmente solicitado.  Lembrou-se então das várias encarnações em que viera seu filho, até que a rejeição de ambos se transformasse em amor verdadeiro.  Com pesar, no entanto, vira aquele Espírito endurecido em ideias religiosas radicais permanecer nesse mesmo estado por séculos, fazendo sofrer outros irmãos em diferentes épocas da humanidade. Habitava, hoje, em sombrias regiões Umbralinas, seu antigo genitor, agora perseguido por outros que, como ele, um dia teriam de perdoá-lo.

Eliseo enxugou uma lágrima de compaixão. E lembrou-se de quando foi que aprendeu a desvelar seu coração em função dos outros: depois de inúmeras existências terrenas, foi acolhido em uma Colônia Espiritual onde houvera conhecido Espíritos de bondade e amor inigualáveis pela família humana. Lembrou-se de estranhar tamanho desprendimento! Mas aceitando sua trajetória de redenção, infiltrou-se em equipes socorristas a irmãos em diferentes planos espirituais. No início, o trabalho se lhe afigurava horrorizante e enfadonho, dada a teimosia e a rebeldia dos que sofrem em manterem-se nessas posições.  Mas foi nesse percurso, no entanto, que conheceu uma alma que lhe compreendia amorosamente as limitações e lhe dispensava as mais doces atenções. Fora da carne, conheceu o amor romântico, profundo e sublime que duas almas possam compartilhar entre si.  Trabalharam por mais de três séculos juntos, em que ela lhe dera os mais legítimos exemplos de fraternidade humana, acabando por ajudá-lo a desenvolver em si mesmo o amor e a compaixão legítima. Clara habitava hoje em um mundo mais elevado que o seu, também à espera do próximo trabalho que o Pai lhe incumbiria em sua seara. Pensou nela, e seu perfume veio beijar-lhe a face em doce brisa, sabendo que ela o sentira e devolvera-lhe a vibração de amor, prometendo visitá-lo em breve.

- Eliseo, meu amigo, vamos entrar – chamou o dirigente daquela Instituição Espiritual, que dirigia os esforços dos irmãos benfeitores em função da família humana encarnada.  – Temos muito trabalho a fazer, irmão, por isso o tempo urge.

- Sim, amigo Leônidas. Eis-me aqui à disposição do Mestre.

- Vejo, querido amigo, que embora nunca tenha escolhido essa ou aquela tarefa, em tantos anos de trabalho, hoje seu coração está especialmente dolorido.

- É verdade, caro benfeitor. Muita felicidade me causa ser ferramenta do Pai para minorar a dor de nossos irmãos. Mas, hoje, meu coração não consegue se afastar de duas pessoas que me foram muito caras e se encontram em situação ainda extremamente difícil.

- Alegre, então, seu coração, nobre amigo. A Divina Bondade concede a você, a partir de hoje, a autorização para ser o mentor espiritual de seu antigo genitor, em nova roupagem terrena. Já é tempo dele sair da prisão em que colocou a si mesmo. Saberá dar valor à liberdade de ir e vir, de pensar e crer, quando sair de um corpo limitado de carne, ao final desta oportunidade. Reencarnará em corpinho franzino, com grandes dificuldades de comunicação, mas você será a voz da serenidade e da paciência a ecoar em seu espírito.

Eliseo não cabia em si de felicidade!

- E tem mais: sua antiga mãe, que tantas vidas já teve sobre a Terra, ainda não conseguiu se desvencilhar das armadilhas do ouro. Está à beira de cometer mais uma vez o erro de consorciar-se apenas por interesse. Ela terá a oportunidade em função da índole de seu atual noivo, também dado aos arroubos da vaidade. Mas receberão um filho especial em seu meio, a fim de que aprendam que o cuidado e o amor transbordam os limites da matéria. Irá trabalhar em conjunto com os amigos e mentores espirituais que hoje acompanham nossos queridos protagonistas, Eliseo. Mas a sua incumbência principal é lembrá-los de seus compromissos de evolução, e, se tudo der certo, de que a bonança em que vivem deve ser compartilhada entre outras famílias com filhos especiais.

Eliseo abraçou comovido o instrutor abnegado, agradecendo com toda a sua alma a oportunidade de estar perto das pessoas que amou, podendo trabalhar pela evolução delas. Pensou na imensa aldeia chamada Universo, onde Deus abrigava, sob Seus cuidados, tantas e tantas moradas. E agradeceu a Jesus, o Mestre sublime de Nazaré, por ter vindo antes e preparado o lugar onde todos haveriam de chegar.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita