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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 172 - 22 de Agosto de 2010

VINÍCIUS LOUSADA
vlousada@hotmail.com
Bagé, Rio Grande do Sul (Brasil)
 


Disciplina

É tempo de adotares posicionamento enérgico contigo mesmo, instalando-te nas faixas dos luminosos Guias da Terra. – Camilo   


No século XVIII, Immanuel Kant propunha em sua “Pedagogia” a educação como meio de fazer o homem chegar à perfeição a que se destina, expondo a disciplina como uma das facetas da arte de educar, ao lado do cuidado e da instrução.
 

Considerando a indisciplina um mal muito maior do que a “falta de cultura”, Kant vai insistir na ideia de que somente a disciplina educativa pode transformar a animalidade do ser humano em humanidade. Ou seja, ao modelar a natureza humana pela disciplina, pela correção firme de hábitos, é que se vai constituir o que é o humano, chegando a afirmá-la como: “o que impede ao homem de desviar-se do seu destino, ou desviar-se da humanidade, através de suas inclinações animais”.[1]


Quando na Terra se instala o Consolador, os Espíritos Luminares esclarecem a Allan Kardec que o egoísmo só poderia ser extirpado do coração humano através da reforma das instituições que o entretêm e excitam, fato que fundamentalmente
“depende da educação.
[2]


Desse modo, a Filosofia dos Espíritos nos indica a necessidade de educar-nos, disciplinando a vontade, contendo os impulsos sedimentados na repetição dos maus hábitos, na tentativa de transcendermos o egoísmo na prática dinâmica do amor.


Algumas vezes, por causa de uma leitura irrefletida das páginas espíritas, imaginamos que as virtudes – que todos possuímos em potencial para ser desenvolvido – irão desabrochar como que num passe de mágica, sem esforço. Ledo engano: as virtudes nascem no cumprimento do dever, no trabalho continuado e autônomo pela mudança interior.


Portanto, o conhecimento espírita propõe-nos o estudo de nossas limitações evolutivas, para que as reconhecendo no tribunal da própria consciência, sem complexo de culpa ou mecanismos de defesa, lutemos em superá-las, focalizando a nossa atenção na educação de nossos sentimentos.


Aliás, quando Allan Kardec traça anotações sobre o homem de bem, não nos apresenta um perfil angelical inalcançável, mas sim o caráter de um indivíduo que, entre outras nobres atitudes: “Estuda as suas próprias imperfeições e trabalha, sem cessar, em combatê-las”
[3]. Cujos esforços pessoais se orientam no sentido de que possa dizer a si mesmo no dia de amanhã que há nele alguma coisa de melhor do que na véspera.

Nesta linha de reflexão, o educador Paulo Freire escreveu, oportunamente, que: “Ninguém supera a fraqueza sem reconhecê-la”.[4] Vindo a somar com a nossa meditação em torno desta proposta que a Codificação descortina: é preciso investigar as nossas imperfeições e identificá-las para conhecer a intensidade da força dos vícios sobre nós mesmos, a fim de trabalharmos por nossa libertação, mediante a “resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores” [5], que, segundo os Espíritos, já se configura num sinal de virtude.

Para tanto, disciplinar o nosso modo de viver deve fazer parte da pauta de nossas ocupações diárias. Caso não canalizemos nossa vontade neste sentido, toda a fala a esse respeito é pura desonestidade conosco mesmos e perda de tempo na estrada da evolução.

Tenho de lembrar que a disciplina da qual falo, baseado no que o Espiritismo nos orienta sobre a vivência da mensagem de Jesus, não é neurótica rotina, mas alegre e consciente transformação comportamental para melhor.

Neste tentame, o autodescobrimento facilita a disciplina, concedendo à criatura a distinção do joio e do trigo no campo dos sentimentos.

Através do direcionamento positivo da vontade e dos desejos, sem autocomplacência, fazemo-nos capazes de decidir com autonomia, libertando-nos do jugo das más inclinações e do sofrimento delas oriundo.

Nesse uso inteligente do livre-arbítrio, levando em conta que querer é poder, encontramos motivação para contermos as paixões inferiores, conquistando paulatinamente equilíbrio e renovação.

Disciplinando o pensamento, sintonizamos com as correntes fluídicas que transportam ideias enobrecidas e encontramos inspiração para produzir algo de bom.

Pela prece, vinculamo-nos aos bons Espíritos que estão engajados nas obras que o Pai lhes confiou e nos fortalecemos para agir no bem.

Educando os nossos sentimentos, forjamos no imo da alma as bases de uma humanidade regenerada e rumamos destemidamente à plenitude, contribuindo com a sociedade da qual participamos, em virtude do impacto que as nossas ações produzem em seu âmbito.

Vivendo a caridade no cotidiano, educamo-nos, rompemos as amarras do ego e passamos a edificar relações de alteridade com o mundo e com os nossos pares de jornada.

Sabendo disso, aproveitemos as horas que passam celeremente, valorizando as experiências de enriquecimento íntimo que a vida corpórea faculta, trabalhando por sermos focos irradiadores da felicidade que o bem feito ao próximo nos autoriza conquistar.

Em nossos esforços autoeducativos, fixemos a lição do Espírito que se nomeou Jorge, quando dita que a perfeição “está toda nas reformas por que fizerdes passar o vosso Espírito. Dobrai-o, submetei-o, humilhai-o, mortificai-o: esse o meio de o tornardes dócil à vontade de Deus e o único de alcançardes a perfeição”.[6]


 

[1] KANT, Immanuel. Sobre a pedagogia. Tradução de Francisco Cock Fontanella. Piracicaba: Unimep, 1996, p. 12.

[2] O Livro dos Espíritos, questão 914.

[3] O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 3.

[4] FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000, p. 47.

[5] O Livro dos Espíritos, questão 893.

[6] O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 11.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita