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Estudando as obras de Kardec
Ano 4 - N° 171 - 15 de Agosto de 2010

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1866

Allan Kardec 

(Parte 14)

Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1866. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. O médium zuavo Jacob, famoso por suas curas, conseguia curar todos os enfermos?

Não. Nem todos puderam ser curados por ele, e Jacob não os enganava, dizendo-lhes claramente, quando fosse o caso: “Nada posso por vós”. Com respeito aos demais, assim que faziam menção de lhe agradecer, respondia que nada havia a agradecer e, às vezes, dizia: “Vossos agradecimentos? Dirigi-os à Providência”. (Revue Spirite de 1866, pp. 316 a 318.) 

B. Que impressão tinha Kardec sobre Maomé, o fundador do Islamismo?

Uma boa impressão. Disse Kardec que era um equívoco, disseminado pelos adversários de Maomé, apresentá-lo como um indivíduo ambicioso, sanguinário e cruel. Também não se devia torná-lo responsável pelos excessos de seus sucessores, que pretenderam conquistar o mundo para a fé muçulmana de espada em punho. Maomé, mesmo em meio aos seus sucessos, havendo chegado ao topo da glória, fechou-se no seu papel de profeta, sem jamais usurpar uma autoridade temporal despótica: não se fez rei, nem potentado e jamais se manchou, na vida privada, por nenhum ato de barbárie ou de cupidez. A religião muçulmana admite o Antigo Testamento por inteiro, até mesmo Jesus, que reconheceu como profeta. Segundo Maomé, Moisés e Jesus foram enviados por Deus para ensinar a verdade aos homens. Como os Dez Mandamentos, o Evangelho é a palavra de Deus, mas os cristãos teriam alterado o seu sentido. (Obra citada, pp. 322 a 325.) 

C. Quando ocorreram na Sociedade Espírita de Paris os primeiros fenômenos espontâneos de sonambulismo mediúnico?

Foi em 1866, na última sessão do ano, antes das férias, que se verificou com o Sr. Morin, médium da Sociedade, o primeiro fenômeno espontâneo de sonambulismo mediúnico. Havendo adormecido sob a influência dos Espíritos, ele falou então com calor e eloquência sobre um assunto de alta seriedade. Em outubro, na reabertura das sessões, repetiu-se o fenômeno com dois outros médiuns: a sra. C... e o Sr. Vavasseur. Kardec refere, na sequência, os fatos que se deram naquela oportunidade e que muito o impressionaram. (Obra citada, pp. 337 a 341.)

Texto para leitura 

170. Depois de referir curas diversas realizadas pelo zuavo, a Revue explica como o médium procedia. Primeiramente ele introduzia os doentes numa sala, à base de dezoito ou mais pessoas por vez, dependendo das dimensões do local; os que vinham de longe eram convidados a entrar primeiro. Todos permaneciam em silêncio, porque ele dizia que quem conversasse seria posto na rua. Ao cabo de dez ou 15 minutos de silêncio, Jacob dirigia-se a alguns doentes e, sem nada perguntar, lhes dizia o que sofriam. Depois, passeando ao longo da mesa em redor da qual os doentes ficavam sentados, ele falava a todos e os tocava, mas sem os gestos usados pelos magnetizadores. Em seguida, despedia-os, dizendo a uns: “Estais curados”; a outros: “Apenas tendes fraqueza”; e a outros, mais raramente: “Nada posso por vós”. Aos que faziam menção de lhe agradecer, respondia que nada havia a agradecer e, às vezes, dizia: “Vossos agradecimentos? Dirigi-os à Providência”. (Págs. 316 a 318.)

171. Em nota aposta às informações do Sr. Boivinet, Kardec afirma que as curas do Sr. Jacob eram realmente autênticas e, louvando a conduta do curador, assevera que o que constitui um mérito real no médium, o que se deve e pode louvar com razão, é o emprego que faz de sua faculdade; é o zelo, o devotamento, o desinteresse com os quais a põe a serviço daqueles a quem ela pode ser útil; é ainda a modéstia, a simplicidade, a abnegação, a benevolência que respiram em suas palavras e que suas ações justificam, porque essas qualidades lhe pertencem. “Assim”, acrescenta o codificador do Espiritismo, “não é o médium que se deve pôr num pedestal, do qual poderá descer amanhã: é o homem de bem, que sabe tornar-se útil sem ostentação e sem proveito para a sua vaidade.” (Págs. 318 a 320.)

172. O número de novembro de 1866 começa com novo artigo de Kardec sobre Maomé e o Islamismo, do qual extraímos de forma resumida as informações que se seguem: I) Foi em Medina que Maomé mandou construir a primeira mesquita, em que trabalhou com as próprias mãos e organizou um culto regular. Ali ele pregou pela primeira vez em 623. II) Dois anos após instalar-se em Medina, os Coraychitas de Meca, unidos a outras tribos hostis, sitiaram a cidade. Maomé teve de defender-se, iniciando-se para ele um período guerreiro, que durou dez anos e durante o qual se mostrou um tático hábil. III) Como a guerra era o estado normal daqueles povos, que só conheciam o direito da força, ao chefe era necessário o prestígio da vitória para firmar sua autoridade. A persuasão exercia efeito reduzido sobre aquela gente turbulenta e uma grande mansuetude teria sido tomada como fraqueza. É por isso que, mesmo sem querer, o grande líder fez-se guerreiro. IV) O sucesso de Maomé em tantas batalhas foi realmente notável, pois, com exceção de um dos primeiros combates, em 625, em que foi ferido e os muçulmanos derrotados, suas armas foram sempre vitoriosas, a ponto de em poucos anos submeter a Arábia inteira à sua lei. V) Maomé pôde, então, entrar triunfalmente em Meca, após dez anos de exílio, seguido por perto de cem mil peregrinos, realizando ali a célebre peregrinação dita de adeus, cujos ritos os muçulmanos conservaram escrupulosamente, porque no mesmo ano, dois meses depois de seu regresso a Medina, em 8 de junho de 632, ele morreu. (Págs. 321 e 322.)

173. Sobre Maomé e sua obra, Kardec destaca outros pontos importantes: I) É um equívoco, disseminado pelos adversários de Maomé, apresentá-lo como um indivíduo ambicioso, sanguinário e cruel. II) Também não se deve torná-lo responsável pelos excessos de seus sucessores, que pretenderam conquistar o mundo para a fé muçulmana de espada em punho. III) Maomé, mesmo em meio aos seus sucessos, havendo chegado ao topo de sua glória, fechou-se no seu papel de profeta, sem jamais usurpar uma autoridade temporal despótica: não se fez rei, nem potentado e jamais se manchou, na vida privada, por nenhum ato de barbárie ou de cupidez. IV) Se o papel de guerreiro lhe foi uma necessidade e se esse papel pode escusá-lo de certos atos políticos, há, no entanto, alguns senões que ele poderia ter evitado, como a consagração da poligamia em sua religião, que foi o seu mais grave erro, pois isso opôs uma barreira entre o Islamismo e o mundo civilizado. V) Permitindo quatro mulheres legítimas, Maomé esqueceu que, para que sua lei se tornasse a da universalidade dos homens, era preciso que o sexo feminino fosse ao menos quatro vezes mais numeroso que o masculino. VI) Mau grado as suas imperfeições, o Islamismo não deixou de ser um grande benefício para a época em que apareceu e para o país onde surgiu, porque fundou o culto da unidade de Deus sobre as ruínas da idolatria. A religião cristã tinha muitas sutilezas metafísicas, por isso é que todas as tentativas para a implantar nessas regiões tinham falhado. VII) Compreendendo os homens de seu tempo, Maomé deu-lhes uma religião apropriada às suas necessidades e ao seu caráter. VIII) Bastante simples, o Islamismo prega a crença num Deus único, que vê nossas ações mais secretas e que premia ou castiga, numa outra vida, os atos que cometemos. IX) O culto islâmico consiste na prece, repetida cinco vezes por dia, nos jejuns e mortificações do mês de ramadân, e em certas práticas, como as abluções diárias, a abstenção do vinho, das bebidas inebriantes e da carne de certos animais. X) A sexta-feira foi adotada como o dia santo da semana e Meca indicada como o ponto para o qual todo muçulmano deve voltar-se ao orar. XI) A atividade pública nas mesquitas consiste em preces em comum, sermões, leitura e explicação do Alcorão. XII) A circuncisão não foi instituída por Maomé, mas por ele conservada, por ser prática comum dos árabes desde tempos imemoriais. XIII) A proibição de reproduzir pela pintura ou escultura qualquer ser vivo foi feita visando a destruir a idolatria e impedir que ela se renovasse. XIV) A peregrinação a Meca, que todo fiel deve realizar ao menos uma vez na vida, é um ato religioso, mas seu objetivo na época era aproximar, por um laço fraternal, as diversas tribos inimigas, reunindo-as num mesmo lugar consagrado. XV) A religião muçulmana admite o Antigo Testamento por inteiro, até mesmo Jesus, que reconheceu como profeta. Segundo Maomé, Moisés e Jesus foram enviados por Deus para ensinar a verdade aos homens. Como os Dez Mandamentos, o Evangelho é a palavra de Deus, mas os cristãos teriam alterado o seu sentido. (Págs. 322 a 325.)

174. No último discurso que pronunciou em Meca, pouco antes de sua morte, Maomé aconselhou seus seguidores a que fossem humanos e justos, guardando-se de cometer injustiça, porque um dia todos apareceremos diante do Senhor e ele pedirá contas de nossas ações. (Pág. 325.)

175. Finalizando o artigo sobre o grande líder árabe, Kardec reproduz o elogio que o historiógrafo alemão G. Weil fez, em sua obra Mohammet der Prophet, de Maomé e sua obra, seguido de diversas passagens textuais do Alcorão, extraídas da tradução de Savary. (Págs. 325 a 337.)

176. Das suratas selecionadas por Kardec, eis algumas frases marcantes que permitem aquilatar o valor da referida obra: “Deus não exigirá de nós senão conforme as nossas forças.” “Jamais digas: Farei isto amanhã, sem acrescentar: se for a vontade de Deus.” “Deus exalta as boas obras, mas pune rigorosamente o celerado que trama perfídias.” “Nada no céu e na terra pode opor-se às vontades do Altíssimo.” “Jesus é filho de Maria, enviado do Altíssimo e seu Verbo.” “Crede em Deus e nos apóstolos; mas não digais que há uma trindade em Deus. Ele é uno.” “Os que sustentam a trindade de Deus são blasfemos; há apenas um só Deus.” “Se te acusarem de imposturas, responde-lhes: Tenho por mim as minhas obras; que as vossas falem em vosso favor.” “Fazei prece, dai esmolas; o bem que fizerdes encontrareis junto a Deus, pois ele vê as vossas ações.”  “Para ser justificado não basta virar o rosto para o Oriente e para o Ocidente; é preciso ainda crer em Deus, no juízo final, nos anjos, no Alcorão, nos profetas. É preciso pelo amor de Deus socorrer o próximo, os órfãos, os pobres, os viajantes, os cativos e os que demandam.” “Se vosso devedor tem dificuldade em vos pagar, perdoai-lhe o tempo; ou se quiserdes fazer melhor, perdoai-lhe a dívida.” “A vingança deve ser proporcional à injúria; mas o homem generoso que perdoa tem sua recompensa assegurada junto a Deus, que odeia a violência.” “Deus ama a beneficência.” “Os jardins do Éden serão a habitação dos justos.”(Pág. 326 a 337.)

177. Reportando-se à Sociedade Espírita de Paris, Kardec diz que a última sessão do ano, antes das férias, foi uma das mais notáveis porque, pela primeira vez, se verificou com o Sr. Morin, médium da Sociedade, um fenômeno espontâneo de sonambulismo mediúnico. Havendo adormecido sob a influência dos Espíritos, ele falou então com calor e eloquência sobre um assunto de alta seriedade. Em outubro, na reabertura das sessões, repetiu-se o fenômeno com dois outros médiuns: a sra. C... e o Sr. Vavasseur. Kardec refere, na sequência, os fatos que se deram naquela oportunidade e que muito o impressionaram. (Págs. 337 a 341.) (Continua no próximo número.)


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita