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Estudando as obras de Kardec
Ano 4 - N° 164 - 27 de Junho de 2010

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1866

Allan Kardec 

(Parte 7)

Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1866. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Pode um Espírito acompanhar, lúcido, o sepultamento do seu corpo?

Sim. Foi o que ocorreu com o Espírito do Dr. Cailleux, que o povo francês chamava de “médico dos pobres”. Na segunda comunicação que ele transmitiu após sua desencarnação, disse não ter demorado a voltar da emoção que se segue à morte, o que lhe permitiu acompanhar, perfeitamente lúcido, o sepultamento de seu corpo. (Revue Spirite de 1866, pp. 148 a 151.) 

B. A prece recebe de Deus a atenção devida?

Sim, desde que pura e desinteressada e seja útil o seu atendimento, a prece recebe sempre do Criador a atenção necessária. Coisa diferente se dá com os pedidos fúteis ou inconsiderados. No primeiro caso, os Espíritos executores da vontade do Pai são então encarregados de provocar as circunstâncias que devem conduzir ao resultado almejado. Como quase sempre esse resultado requer o concurso de um encarnado, os Espíritos inspiram os que devem nele cooperar. Não existe, pois, o acaso nem na assistência que se recebe, nem nas desgraças que se experimentam. Desse modo, quando alguém, após receber uma ajuda inesperada, exclama: “É a Providência que a envia”, diz uma verdade maior do que geralmente supõe, embora o Pai faça com que os meios de ação não se afastem das leis gerais e a assistência dos Espíritos não se torne tão evidente a ponto de levar os homens a negligenciarem o próprio esforço. (Obra citada, pp. 153 a 156.)  

C. Há alguma ligação entre o Espiritismo e o Cristianismo?

Sim. Segundo os Espíritos, o Espiritismo não é senão a aplicação verdadeira dos princípios de moral ensinada por Jesus e foi com o objetivo de fazê-la por todos compreendida que Deus permite as manifestações dos Espíritos. Ele vem, portanto, como o Cristianismo bem compreendido, mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior. (Obra citada, pp. 156 a 159.)  

Texto para leitura 

79. O Espírito de Baluze, que foi ilustre historiógrafo nascido em Tulle em 1630 e morto em Paris em 1718, reporta-se numa comunicação às práticas supersticiosas que ainda se mantinham em uso na região onde vivera e afirma, com convicção, que a doutrina espírita é a única que pode mudar o espírito das populações chafurdadas na ignorância, arrancando-as à pressão absurda dos que ignoram as grandes leis da erraticidade e querem imobilizar a crença humana num dédalo em que eles próprios se enredam. (Págs. 141 a 144.)

80. A Revue noticia a morte do Dr. Cailleux, médico e presidente do Grupo Espírita de Montreuil-Sur-Mer, ocorrida em abril de 1866. Considerado pelo povo o “médico dos pobres”, o falecimento do Dr. Cailleux consternou toda a cidade, como prova a participação de perto de três mil pessoas em seus funerais. O devotamento do notável médico e o respeito que a população lhe votava não impediram que o clero da cidade lhe recusasse sepultura eclesiástica, e isto por um único motivo: o fato de o Dr. Cailleux ser espírita.  (P. 144 a 148.)

81. Logo em seguida à reportagem, a Revue transcreve duas comunicações transmitidas pelo Espírito do Dr. Cailleux. Na primeira, obtida no Grupo de Montreuil, ele pede aos seus colegas que perseverem em seus propósitos até a morte, ligando-se uns aos outros pelos laços da caridade, da benevolência e da submissão, porque essa é a melhor maneira de colher frutos abundantes e doces. Na segunda comunicação, dada na Sociedade de Paris, o médico disse não ter demorado a voltar da emoção que se segue à morte, o que lhe permitiu acompanhar, perfeitamente lúcido, o sepultamento de seu corpo. (Págs. 148 a 150.)

82. Ciente da posição tomada pelo clero com relação ao seu funeral, Dr. Cailleux afirmou: “Perdoo a todos os que, de um ou de outro modo, julgaram fazer-me o mal; quanto aos que se recusaram a orar por mim no templo consagrado, serei mais caridoso que a caridade que pregam: oro por eles. É assim que se deve fazer, meus bons irmãos em crença”. “Crede-me, e perdoai aos que lutam contra vós, pois não sabem o que fazem.” (Págs. 150 e 151.)

83. Em 23 de abril de 1866, o Espírito do Dr. Demeure, valendo-se das faculdades mediúnicas do Sr. Desliens, alertou o Codificador para a necessidade de cuidar da própria saúde e recomendou-lhe repouso, esclarecendo que as forças humanas possuem limites que ele infringia, movido pelo desejo de ver progredir o ensino. Essa atitude era evidentemente errônea porque, agindo assim, não apressaria a marcha da doutrina e arruinaria a própria saúde. Kardec ouviu-o, mas alegou que havia ainda mais de quinhentas cartas a responder e não sabia como atendê-las. Dr. Demeure recomendou que, como se diz em linguagem comercial, as cartas fossem levadas em bloco à conta de lucros e perdas e que se publicasse sobre isso um aviso na Revue, para que todos se inteirassem da medida e a compreendessem. O Codificador parece ter aceitado o conselho. (Págs. 151 a 153.)

84. Duas comunicações mediúnicas recebidas na Sociedade de Paris no mês de abril de 1866 encerram o número de maio. Na primeira, analisando o tema prece, um Espírito protetor faz oportunas observações, adiante resumidas: I – Há quem imagine, erroneamente, que o que pedimos na prece deve realizar-se por uma espécie de milagre, enquanto outros pensam que, não sendo o pedido acolhido da maneira que se espera, a prece é inútil. II – Deus, evidentemente, não altera em caso algum o curso das leis que regem o universo, mas para atender à prece não é preciso derrogar ou modificar suas leis. III – Obviamente, nenhuma atenção é dada pelo Pai aos pedidos fúteis ou inconsiderados, mas a prece pura e desinteressada é sempre escutada. IV – Quando a prece é justa e útil o seu atendimento, ela recebe do Criador a atenção devida. Os Espíritos executores de sua vontade são então encarregados de provocar as circunstâncias que devem conduzir ao resultado almejado. Como quase sempre esse resultado requer o concurso de um encarnado, os Espíritos inspiram os que devem nele cooperar. V – Não existe, assim, acaso nem na assistência que se recebe, nem nas desgraças que se experimentam. VI – Nas aflições, a prece não só é uma prova de confiança e de submissão à vontade de Deus, mas tem por efeito estabelecer uma corrente fluídica que leva longe, no espaço, o pensamento do aflito. VII – Esse pensamento repercute nos corações simpáticos ao sofrimento e estes, como atraídos por um poder magnético, dirigem-se para o lugar onde sua presença pode ser útil. VIII – Deus poderia socorrer diretamente a pessoa que ora, mas quer que os homens pratiquem a caridade, socorrendo-se uns aos outros. Desse modo, quando alguém, após receber uma ajuda inesperada, exclama: “É a Providência que a envia”, diz uma verdade maior do que geralmente supõe, embora o Pai faça com que os meios de ação não se afastem das leis gerais e a assistência dos Espíritos não se torne tão evidente a ponto de levar os homens a negligenciarem o próprio esforço.  (Págs. 153 a 156.)

85. Na comunicação seguinte, sobre os deveres do espírita, o Espírito de Luís de França tece, entre outras, as seguintes considerações: I – O Espiritismo é uma ciência essencialmente moral. Os que se dizem espíritas não podem, pois, sem cometer uma grave inconsequência, subtrair-se às obrigações que impõe. II – Essas obrigações são de duas sortes. A primeira concerne ao indivíduo que, ajudado pelas claridades que a doutrina espalha, pode compreender melhor o valor de seus atos e a infinita bondade de Deus. Não se compreende que o homem esclarecido quanto aos seus deveres para com Deus e seus irmãos continue cúpido, egoísta e orgulhoso. Um indivíduo assim só é espírita de nome. III – A segunda ordem de obrigação do espírita, que decorre da primeira e a completa, é a do exemplo, que é o melhor dos meios de propagação e de renovação. Disso advém a obrigação moral que tem o espírita de conformar sua conduta à sua crença e ser um exemplo vivo, um modelo, como o Cristo o foi para a humanidade. IV – O Espiritismo não é senão a aplicação verdadeira dos princípios de moral ensinada por Jesus. Foi com o objetivo de fazê-la por todos compreendida que Deus permite as manifestações dos Espíritos. Ele vem, portanto, como o Cristianismo bem compreendido, mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior. V – Nenhuma emanação fluídica, boa ou má, escapa do coração ou do cérebro do homem sem deixar um sinal em qualquer parte. A Balança da Justiça divina não é senão uma figura que exprime que cada um de nossos atos, cada um dos nossos sentimentos é, de certo modo, o peso que carrega a alma e a impede de se elevar, ou o que traz o equilíbrio entre o bem e o mal. VI – As obrigações impostas pelo Espiritismo são, pois, de natureza essencialmente moral; são uma consequência da crença; cada um é juiz e parte em sua própria causa; mas as claridades intelectuais que traz a quem realmente quer conhecer-se a si mesmo e trabalhar por melhorar-se são tais, que amedrontam os pusilânimes, e por isto é ele rejeitado por tanta gente. VII – Outras pessoas tratam de conciliar a reforma de que necessitam com as exigências da sociedade, do que resulta uma mistura heterogênea, uma falta de unidade, que faz da época atual um estado transitório. VIII – Se a vida de um adepto da doutrina espírita for um belo modelo em que cada um possa achar bons exemplos e sólidas virtudes, e onde a dignidade se alie a uma graciosa amenidade, pode tal confrade rejubilar-se porque terá, em parte, compreendido as obrigações que o Espiritismo assinala aos seus verdadeiros adeptos. (Págs. 156 a 159.)

86. Extraído do jornal Salut Public, de Lyon, a Revue refere o caso de um criança de 4 anos e meio, filha de honestos operários de seda, domiciliados em Guillotière,  que parecia carregar no último grau o instinto do incêndio. Aos dezoito meses sentia prazer em acender fósforos; aos dois anos punha fogo nos quatro cantos de um enxergão e dias antes tentou incendiar a alcova onde dormem seus pais. Depois de examinar as diversas teorias relativas à existência da alma e ao momento de sua criação, Kardec assevera que é na preexistência da alma que se encontra a única solução possível do caso e de todas as anomalias aparentes das faculdades humanas. As crianças que têm instintivamente aptidões transcendentes para uma arte ou uma ciência, devem ter aprendido essas coisas em algum lugar. Se não foi nesta existência, deve ter sido em outra. Dá-se o mesmo com o progresso moral. Os vícios de que se desfez não aparecem mais; os que conservou se reproduzem, até que deles se corrija definitivamente. O homem nasce, pois, tal qual se fez a si próprio. (Págs. 161 a 164.)

87. Que se pode dizer do menino incendiário? Certamente ele nasceu com tal instinto porque foi incendiário em outra existência. Se esse instinto se manifesta de maneira tão precoce, é para cedo chamar a atenção para as suas tendências, a fim de que os pais e os responsáveis por sua educação procurem reprimi-las antes que se desenvolvam. Talvez ele mesmo tenha pedido que assim se desse e que nascesse numa família honrada, pelo desejo de progredir. (Págs. 164 e 165.)

88. Tendo sido o fato apresentado à Sociedade Espírita de Paris, quatro comunicações, concordantes entre si, foram recebidas, das quais a Revue publica duas. Eis de forma sucinta o que os Espíritos informaram: I – O passado da aludida criança tinha sido, efetivamente, horrível. Suas tendências atuais diziam bem quem foi seu Espírito, que reencarnara para expiar e, desse modo, lutar contra seus instintos incendiários. II – O conhecimento do Espiritismo seria um poderoso auxílio para seus pais, que não sabiam ainda como reprimir essa funesta inclinação. III – Os sábios da Terra se enganam quando tratam casos dessa natureza como se fossem um gênero de loucura. As inclinações perversas do menino eram, antes que uma doença, um reflexo de seus atos anteriores. IV – Além disso, era ele impulsionado por suas vítimas desencarnadas, porquanto, para satisfazer sua ambição, ele não recuou diante do incêndio, sacrificando os que lhe podiam, no passado, ser obstáculo. V – A criança estava, pois, sob a influência de Espíritos que não lhe perdoaram os tormentos que os fizeram sofrer e, por isso, se vingavam. VI – Deus, em sua soberana justiça, pôs ali o remédio ao lado do mal. O remédio estava em sua tenra idade e na boa influência do meio em que se achava. Era preciso, porém, fosse ele educado nos princípios do Espiritismo, em que colheria a força e, compreendendo a sua prova, teria mais vontade para triunfar. (Págs. 165 a 167.)

89. Diversos ensinamentos resultaram do estudo feito por Kardec a propósito de uma tentativa de assassinato de que fora vítima o czar Alexandre da Rússia. No momento do atentado, um jovem camponês chamado Joseph Kommissaroff interveio e evitou que o crime fosse consumado. Certos indícios precursores do crime foram mencionados por um jornal belga. Um deles teria sido a notícia de que o Espírito de Catarina II houvera avisado numa sessão espírita realizada em Heildelberg que o imperador estava ameaçado de um grande perigo. (Págs. 167 e 168.)

90. Kardec analisa o fato e faz interessantes observações sobre a intervenção da Providência nos acontecimentos de nossa vida, as quais procuramos sintetizar nos itens que se seguem: I – Muitos atribuirão ao acaso o surgimento do jovem camponês na cena do crime. O acaso, porém, não existe. Como a hora do czar não havia chegado, o moço foi escolhido para impedir a realização do crime, pois as coisas que parecem efeito do acaso estavam combinadas para levar ao resultado esperado. II – Os homens são os instrumentos inconscientes dos desígnios da Providência e é por eles que ela os realiza, sem haver necessidade de recorrer para tanto a prodígios. III – Se o jovem Kommissaroff tivesse resistido ao impulso recebido dos Espíritos, estes se valeriam de outros meios para frustrar o crime e preservar a vida do czar. IV – Uma mosca poderia picar a mão do assassino e desviá-la do seu objetivo; uma corrente fluídica dirigida sobre seus olhos poderia ofuscá-lo e assim por diante. Mas, se tivesse soado a hora fatal para o imperador russo, nada poderia preservá-lo. (Págs. 168 e 169.)(Continua no próximo número.)

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita