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Estudando as obras de Kardec
Ano 4 - N° 162 - 13 de Junho de 2010

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1866

Allan Kardec 

(Parte 5)

Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1866. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Quem são os homens de gênio?

Homens de gênio são Espíritos que viveram mais tempo e, por isso, progrediram mais que os indivíduos menos adiantados. O que eles sabem é fruto de um trabalho anterior e não o resultado de um privilégio. Os homens progridem por si mesmos, mas esse progresso torna-se muito lento, se não forem ajudados por homens mais adiantados. Eis por que todos os povos têm tido os seus homens de gênio, que vieram em diversas épocas dar-lhes um impulso e tirá-los da inércia. As coisas novas que eles ensinam, seja na ordem física, seja na ordem moral, são revelações. (Revue Spirite de 1866, pp. 99 a 101.)

B. Quais, segundo Kardec, foram os dois grandes reveladores que surgiram em nosso mundo?

Jesus Cristo e Moisés, esses foram os dois grandes reveladores que mudaram a face do mundo, fato que constitui, por si só, a prova de sua missão divina, visto que uma obra puramente humana não teria tal poder. (Obra citada, pp. 102 a 106.)

C. Que disse Kardec a respeito do movimento simbolizado na frase Nada de comunicações dos Espíritos?

O que esse movimento propunha, disse Kardec, era a separação do Espiritismo do ensino dos Espíritos, sob o argumento de que as instruções destes últimos estariam abaixo do que pode a inteligência dos homens. O Codificador opôs-lhe, no entanto, as seguintes observações: I – Sem os Espíritos, ainda estaríamos – nós, os homens, – na crença de que os anjos são criaturas privilegiadas e os demônios, indivíduos predestinados ao mal. II – Sendo o Espiritismo o resultado do ensinamento dos Espíritos, sem as comunicações destes não haveria Espiritismo. III – Se a doutrina espírita fosse uma simples teoria nascida no cérebro de um homem, não teria senão o valor de uma opinião pessoal; saída da universalidade do ensino dos Espíritos, tem o valor de uma obra coletiva e essa é a razão de haver-se propagado rapidamente por toda a Terra. IV – Não se nega que existam comunicações espíritas boas e más. Façamos, então, o que se faz com as obras em geral: aproveitemos o que há de bom e rejeitemos o que é mau. V – O Espiritismo tende para a reforma da humanidade pela via da caridade. É por isso que os Espíritos pregam sem cessar a prática dessa virtude fundamental e a pregarão por muito tempo ainda, enquanto não se houver desgarrado o egoísmo do coração humano. VI – Repelir as comunicações dos Espíritos depois de as haver aclamado é querer sapar o Espiritismo pela base, é tirar-lhe o alicerce e tal não pode ser o pensamento dos espíritas sérios e devotados. (Obra citada, pp. 107 a 112.)  

Texto para leitura 

53. A impressão agradável ou penosa que por vezes se sente à vista de alguém, o pressentimento da aproximação de uma pessoa, a transmissão e a penetração do pensamento são, segundo Kardec, outros tantos efeitos devidos à mesma causa e que constituem uma espécie de mediunidade, que se pode dizer universal. (Pág. 88.)

54. Levado o assunto a discussão na Sociedade Espírita de Paris, quatro Espíritos se manifestaram e transmitiram, entre outras informações, os ensinamentos que se seguem: I – É possível desenvolver o sentido espiritual por um trabalho constante. Aliás, constante é também a comunicação do mundo incorpóreo com os sentidos humanos; ela se dá a cada hora, a cada minuto, pela lei das relações espirituais. II – Os Espíritos se veem e se visitam uns aos outros durante o sono e também durante a vigília. Eles não têm noite e constantemente estão ao nosso lado, vigiando, inspirando, guiando e suscitando pensamentos. III – Esse gênero de comunicação espiritual é, assim, uma mediunidade; é uma espécie de estado cataléptico, muito agradável para quem o experimenta. IV – Essa faculdade existe no estado inconsciente em muitas pessoas, pois há sempre perto de nós um amigo sincero, pronto a sustentar e encorajar aquele cuja direção lhe é confiada pelo Criador. V – Seu apoio jamais falta aos homens; cabe-lhes apenas distinguir as boas inspirações entre todas as que se chocam no labirinto de suas consciências. VI – A mediunidade mental (como a designou Kardec) está bem chamada. É o primeiro degrau da mediunidade vidente e falante. O médium mental, se for bem formado, pode dirigir perguntas e receber respostas mais facilmente que o médium intuitivo, porque seu Espírito, estando mais desprendido, é um intérprete mais fiel. Para isto é necessário um ardente desejo de ser útil e trabalhar com um sentimento puro, isento de todo pensamento de amor próprio e de interesse. VII – De todas as faculdades mediúnicas, ela é a mais sutil e a mais delicada, e o menor sopro impuro basta para manchá-la. VIII – A mediunidade que consiste em conversar com os Espíritos, como se conversa com os encarnados, desenvolver-se-á mais, à medida que o desprendimento do Espírito se efetuar com mais facilidade, pelo hábito do recolhimento. Quanto mais avançados moralmente forem os Espíritos encarnados, maior será a facilidade de comunicação. IX – O recolhimento e a prece são os dois elementos da vida espiritual; são eles que derramam na alma esse orvalho celeste que ajuda o desenvolvimento das faculdades que aí estão em estado latente. Infelizes os que dizem que a prece é inútil porque não modifica os desígnios de Deus! X – Todos se revoltam quando se pensa nos vícios da sociedade pagã, ao tempo em que o Cristo veio trazer a boa-nova, mas em nossos dias os vícios não existem menos. XI – Não é, pois, sem razão que os Espíritos vieram lembrar os ensinamentos dados nos tempos apostólicos. Todos os que forem chamados a cooperar nessa obra de redenção do mundo, devem agradecer por isto ao Senhor, e que o seu desinteresse e a sua caridade jamais enfraqueçam, porque é nisto que se conhecerão, entre os homens, os verdadeiros espíritas. (Págs. 89 a 92.)

55. Na seção de livros, a Revue destaca três obras: “Espírita”, romance agora publicado em forma de livro, por Théophile Gautier; “A Mulher do Espírita”, de Ange de Kéraniou, e “Forças Naturais Desconhecidas”, de Hermès. A imprensa laica, diz Kardec, foi parcimoniosa com relação ao romance de Gautier. Ninguém sabia se devia louvá-lo ou censurá-lo. O romance, traduzido para o português com o nome de “O Ignorado Amor”, foi considerado por Kardec a primeira obra de destaque escrita por um grande escritor onde a ideia espírita aparece seguramente afirmada. Segundo os jornais da época, a obra do Sr. Gautier obteve grande repercussão em toda a Europa.  (Págs. 92 a 98.)

56. O número de abril de 1866 é aberto com um longo artigo de Kardec sobre a revelação e seus requisitos, o qual foi posteriormente aproveitado pelo Codificador na feitura do cap. I de “A Gênese”. Eis, de forma resumida, as principais informações que nele se contêm: I – Revelar é dar a conhecer uma coisa desconhecida, é ensinar a alguém aquilo que não sabe. O papel do professor perante seus alunos é o de um revelador, mas ele só ensina o que aprendeu: é um revelador de segunda ordem. II – O homem de gênio ensina o que ele próprio achou: é o revelador primitivo. III – O homem de gênio é um Espírito que viveu mais tempo e tem, por isso, progredido mais que os indivíduos menos adiantados. O que ele sabe é fruto de um trabalho anterior e não o resultado de um privilégio. IV – Os homens progridem por si mesmos, mas esse progresso torna-se muito lento, se não forem ajudados por homens mais adiantados. Eis por que todos os povos têm tido os seus homens de gênio, que vieram em diversas épocas dar-lhes um impulso e tirá-los da inércia. V – As coisas novas que eles ensinam, seja na ordem física, seja na ordem moral, são revelações. VI – No sentido especial da fé religiosa, os reveladores são geralmente designados sob os nomes de profetas ou messias. VII - Todas as religiões têm tido, assim, os seus reveladores, conquanto muitos falsos profetas tenham surgido no seio delas e explorado a credulidade dos fiéis, em proveito de seu orgulho, de sua cupidez, ou de sua preguiça.  (Págs. 99 a 101.)

57. Na sequência, após afirmar que a religião cristã não esteve ao abrigo desses parasitas, Kardec adverte: “Apenas constatamos as duas grandes revelações sobre as quais se apoia o cristianismo: a de Moisés e a de Jesus, porque tiveram uma influência decisiva na humanidade”. “O islamismo pode ser considerado como um derivado de concepção humana do mosaísmo e do cristianismo. Para acreditar a religião que queria fundar, Maomé teve que se apoiar sobre uma suposta revelação divina.” (Págs. 101 e 102.)

58. Deus pode revelar-se diretamente aos homens? Kardec não diz que sim nem que não, embora reconheça que o fato não é radicalmente impossível. Diz mais o Codificador: I – Os reveladores encarnados, conforme a ordem hierárquica a que pertençam e o grau de seu saber pessoal, podem colher suas instruções em seus próprios conhecimentos ou recebê-los de Espíritos mais elevados, até mesmo de mensageiros diretos de Deus. II – Estes, quando falam em nome de Deus, podem ter sido, por vezes, tomados pelo próprio Deus. III – As instruções podem ser transmitidas aos homens por diversos meios: pela inspiração pura e simples, pela audição, pela visão, quer no sonho, quer no estado de vigília. É, assim, rigorosamente exato dizer que a maior parte dos reveladores são médiuns inspirados, auditivos ou videntes. IV – Pode haver revelações sérias e verdadeiras, como as há apócrifas e mentirosas. O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. V – A lei do Decálogo possui todos os caracteres de sua origem divina, ao passo que as outras leis mosaicas, essencialmente transitórias e por vezes em contradição com a lei do Sinai, são obra pessoal e política do legislador hebreu. VI – O Cristo e Moisés são os dois grandes reveladores que mudaram a face do mundo. Eis aí a prova de sua missão divina, porquanto uma obra puramente humana não teria tal poder. VII – Uma nova e importante revelação se realiza na época presente. É a que nos mostra a possibilidade de comunicação com os seres do mundo espiritual. Deus quis que esse ensino fosse dado pelos próprios Espíritos, e não pelos encarnados, a fim de convencer a todos quanto à sua existência. VIII – Os Espíritos não vêm libertar o homem do trabalho, do estudo e das pesquisas. Eles se abstêm de nos dar o que podemos adquirir pelo trabalho, e há coisas que não lhes é permitido revelar, porque nosso grau de adiantamento não o comporta. IX – As manifestações espíritas serviram para nos dar a conhecer o mundo invisível que nos rodeia e de que não suspeitávamos. Só esse conhecimento seria de capital importância, ainda que nada nos pudessem ensinar. X – As manifestações nada têm, portanto, de extra-humano. É a humanidade espiritual que vem conversar com a humanidade corporal e lhe dizer que os Espíritos existem, que a vida terrena não é tudo e que a fraternidade e a caridade se assentam numa lei da natureza. XI – A revelação espírita tem, assim, por objetivo pôr o homem na posse de certas verdades que ele não podia adquirir por si mesmo, visando desse modo ativar o progresso. Essas verdades limitam-se, em geral, a princípios fundamentais; são as balizas que lhe mostram o objetivo. Cabe ao homem a tarefa de as estudar e deduzir-lhes as aplicações. (Págs. 102 a 106.)

59. Dois movimentos surgidos no meio espírita são destacados por Kardec. O primeiro, tendo por bandeira: A negação da prece, repelido pelos homens e pelos Espíritos, nem chegou a prosperar. Seguiu-se-lhe outro tendo por divisa: Nada de comunicações dos Espíritos. O ponto central dessa proposta é que caberia ao homem sondar os grandes mistérios da natureza e decidir os princípios que devem ser aceitos ou rejeitados, sem recorrer ao assentimento dos Espíritos. (Pág. 107.)

60. O que nisso se propõe, adverte Kardec, é a separação do Espiritismo do ensino dos Espíritos, sob o argumento de que as instruções destes últimos estariam abaixo do que pode a inteligência dos homens. O Codificador opõe-lhe, no entanto, as seguintes observações: I – Sem os Espíritos, ainda estaríamos – nós, os homens, – na crença de que os anjos são criaturas privilegiadas e os demônios, indivíduos predestinados ao mal. II – Sendo o Espiritismo o resultado do ensinamento dos Espíritos, sem as comunicações destes não haveria Espiritismo. III – Se a doutrina espírita fosse uma simples teoria nascida no cérebro de um homem, não teria senão o valor de uma opinião pessoal; saída da universalidade do ensino dos Espíritos, tem o valor de uma obra coletiva e essa é a razão de haver-se propagado rapidamente por toda a Terra. IV – Não se nega que existam comunicações espíritas boas e más. Façamos, então, o que se faz com as obras em geral: aproveitemos o que há de bom e rejeitemos o que é mau. V – O Espiritismo tende para a reforma da humanidade pela via da caridade. É por isso que os Espíritos pregam sem cessar a prática dessa virtude fundamental e a pregarão por muito tempo ainda, enquanto não se houver desgarrado o egoísmo do coração humano. VI – Repelir as comunicações dos Espíritos depois de as haver aclamado é querer sapar o Espiritismo pela base, é tirar-lhe o alicerce e tal não pode ser o pensamento dos espíritas sérios e devotados. (Págs. 107 a 112.)

61. Concluindo o artigo, Kardec adverte: “Se o Espiritismo deve ganhar em influência, é aumentando a soma de satisfação moral que proporciona. Que os que o acham insuficiente tal qual é se esforcem por dar mais que ele; mas não será dando menos, tirando o que faz o seu encanto, a força e a popularidade que o suplantarão”. (Pág. 112.)

62. No artigo seguinte, Kardec examina o tema “Espiritismo independente”, ideia que, evidentemente, era o corolário da proposta Espiritismo sem Espíritos. “Espiritismo independente” seria, segundo uma carta recebida por Kardec, o Espiritismo liberto não só da tutela dos Espíritos, mas de toda direção ou supremacia pessoal, de toda subordinação às instruções de um chefe. (Págs. 112 e 113.)

63. Kardec fez a propósito do assunto inúmeras considerações, culminando por considerar a proposta uma insensatez, visto que a independência já existia de fato e de direito e não havia, no movimento espírita, disciplina imposta a quem quer que fosse. O Espiritismo não estava – observou o Codificador – enfeudado num indivíduo, nem num círculo de pessoas. A bandeira “Fora da caridade não há salvação”, por ele posta no frontispício do Espiritismo, não surgiu por ato de sua autoridade, mas dos ensinos dos Espíritos, que a colheram nas palavras do Cristo, em que ela se encontra com todas as letras, como pedra angular do edifício cristão.  (Págs. 114 a 116.)

64. Kardec tornou claro em seu comentário que suas instruções eram aceitas livremente e sem constrangimento. Nenhum poder lhe fora conferido e nenhum título ele reivindicava, exceto o de irmão em crença. “Se nos consideram como seu chefe – explicou –, é por força da posição que nos dão os nossos trabalhos, e não em virtude de uma decisão qualquer.” Por isso, não havendo poder constituído nem hierarquia alguma fechando a porta a quem desejasse entrar, não existia razão nem objeto para semelhantes ideias. (Págs. 115 e 116.)

65. A Revue transcreveu um relato feito pelo Journal de Chartres a 11 de março de 1866, segundo o qual dois alunos simularam um debate sobre o Espiritismo em tertúlia promovida pelo Colégio de Chartres. Um aluno fez o papel do detrator; o outro se incumbiu de defender a doutrina espírita. Não se soube que propósito teve o colégio ao patrocinar o debate; certamente não foi por simpatia que isso se deu. O fato não deixou, porém, de ter importância, visto que o Espiritismo pôde penetrar de forma oficial, não mais clandestinamente, o ambiente de um importante colégio. (Págs. 117 a 119.)(Continua no próximo número.)


 


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