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Crônicas e Artigos
Ano 4 - N° 154 - 18 de Abril de 2010

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br

Matão, São Paulo (Brasil)
 

Inveja nos e entre
os médiuns


Desgosto pelo bem alheio ou desejo de possuir o que outro tem estão entre as situações geradoras da inveja. Sentimento originário das paixões negativas e fomentador de angústias, situa-se distante de comportamento ou postura que classifique seu possuidor como da classe dos Bons Espíritos, conforme indicação da Escala Espírita (questão 100 de O Livro dos Espíritos). De acordo com a citada Escala, informa a citada obra básica1: “(...) Quando encarnados, são bondosos e benevolentes com os seus semelhantes. Não os movem o orgulho, nem o egoísmo, ou a ambição. Não experimentam ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem (...)”, na questão 107.  

Breve pesquisa no subtítulo Egoísmo – capítulo XII, livro III, nas questões 913 a 917 da mesma obra em referência – permite entender com facilidade que a inveja é derivada daquele que é considerado como o vício mais radical e considerado verdadeira chaga da sociedade: exatamente o egoísmo. Referidas questões oferecem vasto material de reflexões. Em toda a obra, inclusive, o sentimento de inveja ou a própria palavra é citada inúmeras vezes pelo Codificador e pelas respostas dos Espíritos. 

Sendo um sentimento humano, próprio da condição atual em que estagia a humanidade, superável com a inevitável evolução a que nos destinamos, também está presente naqueles que nos aproximamos da Doutrina Espírita, por razões de diferentes origens. E, como não poderia deixar de ser – até pela nossa própria condição humana de seres imperfeitos –, está presente também no uso e exercício da mediunidade. 

Também em O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo V – item 13, no subtítulo Motivos de Resignação –, Kardec pondera2: “(...) com a inveja, o ciúme e a ambição, voluntariamente se condena à tortura e aumenta as misérias e as angústias da sua curta existência”, entre outras citações constantes da mesma obra. 

No próprio O Livro dos Médiuns igualmente há o destaque de que dentre os defeitos morais que afastam os médiuns da assistência dos bons Espíritos está a inveja, conforme se pode encontrar no capítulo XX da segunda parte – Da Influência Moral do Médium. Muito claro entender as razões. 

A própria Revista Espírita, na moderníssima edição3 da Federação Espírita Brasileira, cujo volume exclusivo do Índice Geral (1858 – 1869) permite pesquisar com grande facilidade os temas desejados, informa o quesito Inveja com cinco indicações de pesquisa naquela publicação fundada por Kardec. 

Dentre as inúmeras possibilidades de abordagem, face ao extenso material disponível nas publicações citadas, optamos pela comunicação assinada pelo Espírito Luos, que foi enviada pelo Sr. Ky..., correspondente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas em Carlaruhe. Referida mensagem foi incluída por Kardec na Revista Espírita de abril de 1861 com o título Sobre a Inveja nos médiuns, acrescida de comentário pessoal do Codificador, em texto inspirador da presente abordagem.  

Comenta o Espírito autor do texto: 

“(...) Sede humildes de coração, vós a quem Deus permitiu participásseis de seus dons espirituais. Não atribuais nenhum mérito a vós mesmos (...). Lembrai-vos bem de que não passais de instrumentos de que Deus se serve para manifestar ao mundo o seu Espírito onipotente, e que não tendes nenhum motivo para vos glorificardes de vós mesmos. Há tantos médiuns, ah! que se tornam vãos, em vez de humildes, à medida que seus dons se desenvolvem! Isso é um atraso no progresso, pois no lugar de ser humilde e passivo, muitas vezes o médium repele, por vaidade e orgulho, comunicações importantes dadas a lume por outros mais merecedores. (...)”. 

Depois dessas importantes considerações estimuladoras da humildade, o autor espiritual adentra na questão da inveja e afirma: 

“(...) No médium a inveja é tão temível quanto o orgulho; prova a mesma necessidade da humildade. (...) Não é mostrando inveja dos dons do vosso vizinho que recebereis dons semelhantes, porquanto, se Deus dá muito a uns e pouco a outros, ficai certo de que, assim agindo, tem um motivo bem fundado. A inveja exaspera o coração; abafa mesmo os melhores sentimentos. É, pois, um inimigo que só se poderia evitar com muito cuidado, pois não dá nenhuma trégua, uma vez que se apoderou de nós. Isto se aplica a todos os casos da vida terrena. Mas eu queria falar principalmente da inveja entre os médiuns, tão ridícula quanto desprezível e infundada, e que prova quão fraco é o homem quando se deixa escravizar pelas paixões”.  

Notem a conclusão do Espírito referindo-se às paixões. Nesse capítulo, para ampliar o entendimento, é de muita utilidade uma pesquisa em O Livro dos Espíritos, na abordagem específica constante das questões 907 a 912. 

Na abordagem específica constante da Revista Espírita, aqui em destaque, Kardec comenta a mensagem, acrescentando a reação do grupo com a leitura da mensagem, inclusive em virtude da comparação sobre a inveja dos médiuns com a dos sonâmbulos. O texto merece ser lindo na íntegra, no original da obra, mas o objetivo aqui é abordar exatamente a inveja. O comentário lúcido de Allan Kardec se faz presente com precisão: 

“(...) Um médium tem inveja de outro médium porque está em sua natureza ser invejoso. Esta falha, consequência do orgulho e do egoísmo, é essencialmente prejudicial à boa qualidade das comunicações (...). Os Espíritos simpatizam com ele em razão de suas qualidades ou de seus defeitos. Ora, os defeitos mais antipáticos aos bons Espíritos são o orgulho, o egoísmo e a inveja. (...)”. 

Ora, eis a precisão para o caminho do equilíbrio no intercâmbio com os bons Espíritos: o libertar-se desses sentimentos contrários à própria proposta do Espiritismo. 

Quantos prejuízos não são advindos da inveja nos médiuns e entre os médiuns? Quantas decepções e contrariedades não podem ser evitadas, desde que nos disponhamos a exercer com humildade o mandato mediúnico?  

Não é ao acaso que o Codificador, em seu Discurso de 1º de abril de 1862, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em precioso texto disponível na mesma Revista Espírita, de junho de 1862, declara com muita propriedade: 

“(...) como discutir comunicações com médiuns que não admitem a menor controvérsia, que se ofendem com uma observação crítica, com um simples comentário, e ficam contrariados quando não são aplaudidos pelas coisas que recebem, mesmo aquelas eivadas das mais grosseiras heresias científicas? (...) Essa imperfeição, em médiuns assim atingidos, é um enorme obstáculo ao estudo (...), não podemos nos eximir de discutir, mesmo com o risco de desagradar aos médiuns. (...)” 

Observações lúcidas e extremamente atuais, não é mesmo? 

E notem o detalhe da inveja: “(...) Alguns levam a sua susceptibilidade a ponto de se escandalizarem com a prioridade dada à leitura das comunicações recebidas por outros médiuns. Quando é que uma comunicação é preferida à sua? (...)”. 

A clara e fraterna advertência de Kardec, cabível nas dificuldades humanas atuais, é um convite claro para vencermos esses obstáculos à boa sintonia com os Benfeitores Espirituais que nos cercam de carinhos e estímulos no bem. Vencendo-os, teremos reuniões mais produtivas, com resultados seguros, promovendo o bem e o progresso da equipe envolvida, nas bênçãos próprias da atividade mediúnica orientada pelo Espiritismo.

 

Referências:

1 – Edição FEB, tradução Guillon Ribeiro.

2 – Edição FEB, tradução Guillon Ribeiro.

3 – Tradução de Evandro Noleto Bezerra.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita