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Ano 3 - N° 150 - 21 de Março de 2010

JOSÉ SOLA 
jose_sola@terra.com.br

São Paulo, SP (Brasil)

 

Crítica Literária

O Espírito de Chico Xavier
 

Título do livro: O Espírito de Chico Xavier
Autor: Chico Xavier (Espírito)
Médium: Carlos A. Baccelli
Editora: Leepp
Número de páginas: 158


O médium Baccelli escreveu um novo livro em que afirma peremptoriamente que Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec. Para ser franco e sincero, não  sei   se  devo  me  sentir  feliz  ou  infeliz  com um

acontecimento como este, pois afirmar algo de forma peremptória sem haver provas cabais é estatuir um dogma, e um dogma é indiscutível, só nos resta aceitá-lo como verdade absoluta.

Conforme Allan Kardec, os postulados da doutrina espírita se sustentam na lógica, na razão e no bom senso, eliminando de seus princípios postulares toda e qualquer premissa que não responda a estes quesitos.

Alguns confrades estão aceitando tudo o que vem escrito pelas entidades desencarnadas, através dos médiuns, como verdade absoluta, como se a mediunidade fosse um parâmetro de aferição dessa verdade. A mediunidade pode ser, sim, um parâmetro de aferição da verdade, desde que a comunicação apresentada se sustente no campo da lógica, da razão e do bom senso; neste caso ela é um meio e não um fim.

Embora respeitando a idoneidade do médium Baccelli, como também dos Espíritos que o assistem, particularmente o Espírito de Inácio Ferreira, no entanto, não podemos nos esquecer de que temos que passar pelo crivo da razão, da lógica e do bom senso, tudo o que ouvirmos dos homens ou dos Espíritos; e infelizmente isto não está acontecendo.

Ao fazer estas citações, não as faço com outra intenção que não a de estarmos buscando a verdade, embora parcial, pois a verdade absoluta pertence a Deus; e, no que concerne à verdade, temos que submeter tudo o que nos seja mais caro, até mesmo a amizade, como nos alerta André Luiz em seu livro Conduta Espírita (pg. 72): “Render culto à amizade e à gentileza estendendo-as, quanto possível, aos companheiros e às organizações, mas sem escravizar-se a ponto de contrariar a própria verdade, em matéria de doutrina, para ser agradável aos outros. O Espiritismo é caminho libertador”.

Idoneidade não é sinônimo de perfeição

Se somos verdadeiramente amigos do médium Baccelli, vamos buscar a verdade, onde quer que ela esteja. Se estiver em seus enunciados, vamos dar-lhe a sustentação necessária, para que esplenda cada vez mais; se não responder aos quesitos da lógica, da razão e do bom senso, vamos alertá-lo, pois nisto reside, ainda, o espírito de caridade.

Não podemos nos esquecer que idoneidade não é sinônimo de perfeição; um Espírito idôneo é suscetível de engano, e isto tem acontecido muitas vezes em questões doutrinárias.

Analisemos sem espírito preconcebido alguns tópicos do livro “O Espírito de Chico Xavier”, procurando similitude entre o escrito através do médium Baccelli e a conduta de Chico enquanto encarnado.

Vejamos:

“Muitos me diziam que eu era Allan Kardec reencarnado. Ora, evidentemente eu não podia concordar. Santificaram o homem!...”.

Contraditório, pois foi pelas mãos do próprio Chico Xavier que Humberto de Campos, em seu livro “Cartas e Crônicas”, destacou a superioridade de Kardec, nestes dizeres: “Imediatamente uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do céu, ligando-se ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes. Em alcançando o solo delicado, contudo, esses astros se transformaram em seres humanos, nimbados de claridade celestial. Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza... (este é Kardec)".

Parece-nos estranha esta postura de Chico Xavier, pois enquanto encarnado foi sempre humilde e disciplinado, não questionou em momento algum as comunicações obtidas por seu intermédio, comunicações estas em que Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos e muitos outros Espíritos reverenciaram sempre o Espírito iluminado de Allan Kardec, falando de sua superioridade espiritual.

Haveria Chico Xavier, depois de desencarnado, se apercebido que foi vítima de engano quando encarnado? Esta postura de Chico Xavier não está colocando em xeque tudo aquilo que foi escrito por suas mãos?

Humildade não é ignorância ou miserabilidade

Vamos analisar esta outra colocação de Chico, pelas mãos do médium Baccelli:

“Muita gente argumenta que, sendo Allan Kardec, Chico Xavier nada teria que aprender com Emmanuel. Ora, Allan Kardec tinha e tem muito que aprender até com um indigente da esquina”.

Com todo respeito, mas esta colocação supostamente de Chico Xavier, afirmando que Kardec tinha e tem muito que aprender até com um indigente da esquina, faz de Kardec um retrógrado, pois a lógica nos diz que esses aprendizados ele já os adquiriu. Hoje busca conhecimentos e aprendizados em nível superior, que o indigente da esquina ainda não adquiriu.

Mesmo querendo enquadrar essa colocação como uma atitude de humildade da parte de Chico, em que este, por sua vez, deseja destacar a humildade de Kardec, não há como, pois humildade não é de forma alguma ignorância ou miserabilidade; humildade é um estado de espírito, que independe da condição social ou cultural do homem. Ser humilde é agir com naturalidade em todos os momentos de nossa existência, seja no que concerne a nossa cultura, ou no que respeita a nossa posição social.

Se humildade fosse apanágio de ignorância e miserabilidade, a evolução seria um contrassenso, pois a evolução tem como finalidade prioritária enriquecer o Espírito de valores morais e intelectivos que, por consequência, resultam em conforto, bem-estar e prosperidade.

Ainda estranha se nos apresenta esta preocupação de Chico Xavier:

“Sei que haverão de dizer que aqui não sou eu, mas um mistificador em meu lugar”.

Se fosse assim, haveria de ser um cisco mistificador... Um cisco mistificador astuto! – exclamarão. Peço-lhes, porém, licença para discordar com relação a pequeno detalhe: astuto, não; matuto! Um cisco mistificador matuto!...

Emmanuel foi para Chico Xavier um pai espiritual

Chico Xavier foi sempre um médium disciplinado, entregando-se à espiritualidade como um instrumento dócil, vivendo uma única e só preocupação: servir. Em momento algum, se demorou preocupado com o que pudessem pensar dele, pois sabia com certeza que o valor literário, ou a temática apresentada, não lhe pertencia, era obra da espiritualidade, e compreendia ainda que havia muitos que desacreditavam de sua mediunidade. O que haverá levado Chico Xavier a preocupar-se com o que iam pensar dele?

Emmanuel foi para Chico Xavier um pai espiritual, dando-lhe sustentação, orientando-o sempre com muito amor. Chico Xavier respondeu ao chamamento da espiritualidade, tomando sempre o máximo cuidado para que seu pronunciamento não se fizesse com leviandade, evitando ferir ou magoar seus semelhantes.

Quando Chico se pronunciava a respeito da doutrina espírita o fazia com meticulosidade, de forma inteligente, atento à responsabilidade de que estava revestido, e, pelo que analisamos nestes tópicos, nos parece que Chico se tornou rebelde. Será que desertou à proteção de Emmanuel e se sente livre para dizer tudo o que quer, sem responsabilidade alguma?

Se quando encarnado Chico Xavier se postava com responsabilidade e disciplina em questões doutrinárias, é natural que depois de desencarnado essas virtudes hajam se dilatado, e não desaparecido, pois a evolução é ininterrupta, e se manifesta ainda mais acentuada, para o Espírito que, como ele, já havia conquistado tantos valores morais e espirituais.

Não acredito de forma alguma em mistificação da parte do médium Baccelli, tampouco duvido de sua idoneidade, e acredito mesmo que suas afirmativas sejam sinceras, mas infelizmente não correspondem elas à lógica, à razão e ao bom senso.

O que parece estar acontecendo é interferência anímica da parte do médium, isto, porém, de maneira inconsciente. Acreditamos que a ideia fixa, em que se demora nosso respeitável confrade Baccelli, de que Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec, ideia esta respeitável, mas que infelizmente não encontra embasamento na lógica, na razão e no bom senso, é que provoca essa atuação anímica inconsciente.

Espíritos mistificadores se utilizam de nomes famosos

Outra questão a ser analisada é de uma entrevista de nosso confrade Carlos Baccelli à “Folha Espírita”.

Vejamos:

“... discutíamos o assunto, falando que Kardec havia se casado, etecétera e tal. Ele (Chico Xavier) parou de autografar, olhou-nos por cima dos óculos e disse: ‘É, de fato, ele se casou, mas com uma mulher nove anos mais velha, que tinha por ele verdadeiro zelo material e não teve filhos...”

Com todo o respeito, mas o que podemos interpretar destes dizeres é que Kardec casou-se, mas não conviveu maritalmente com sua esposa; esta lhe foi uma mãe zelosa, deu-lhe apenas o carinho maternal, e por consequência não teve filhos, lógico.

Ou Chico Xavier representava em público, e não apresentava a mesma coerência quando na intimidade com os amigos, ou Baccelli deve ter se equivocado, pois estas palavras são incoerentes. Não vemos nenhum impedimento em ser a esposa de Kardec nove anos mais velha que ele, e não ter filhos não significa de maneira alguma que não esteja acontecendo o relacionamento entre o casal e, para completar, Kardec sabia com certeza que sexo é harmonia e vida no conjunto do Universo.

Amigos, estas arestas que estão sendo adicionadas à doutrina espírita precisam ser aparadas, pois do contrário, não vai demorar muito e o Espiritismo vai se transformar em uma doutrina dogmática, pois infelizmente já existem muitos equívocos na interpretação das obras básicas, muitos achismos, muitas revelações insustentáveis, muita gente escrevendo sem atentar para a responsabilidade, e uma grande maioria aceitando tudo o que é escrito ou dito, sem fazer uso da lógica.

Infelizmente o que tem acontecido é que aceitamos uma revelação, ou uma extrapolação do postulado doutrinário do Espiritismo, devido ao nome de quem o escreve ou diz, esquecendo-nos de que o próprio Kardec nos pede para tomarmos cuidado, pois às vezes Espíritos mistificadores se utilizam de nomes famosos. Amigos, atenhamo-nos um pouco mais à lógica e à razão, e tudo se resolve.


José Sola é escritor e colaborador da revista Espiritismo & Ciência.




 


 

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