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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 148 - 7 de Março de 2010

ADILTON PUGLIESE
santospugliese@hotmail.com

Salvador, Bahia (Brasil)

Pedro, Malco e a espada invisível

No livro de sua autoria... Até o fim dos Tempos[1], psicografado pelo médium Divaldo Franco, o Espírito Amélia Rodrigues relembra a histórica figura de José Caifás, sumo sacerdote em Jerusalém e “quem conduziu o processo criminal contra Jesus, por haver-se denominado filho de Deus, exercendo forte influência junto a Pôncio Pilatos”. Caifás tinha muitos seguidores e, dentre eles, destacava-se um “jovem ambicioso e de origem desconhecida, chamado Malco, que anelava por chamar atenção e gozar de privilégios, disputando honrarias a troca de infâmia e adulação, ou de perseguição”.  

Naqueles dias tumultuados, relata D. Amélia, a entrada de Jesus em Jerusalém, entre ramos, folhas de palmeiras e sorrisos, demonstrando a Sua liderança junto ao povo, chegara aos ouvidos de Caifás, que mais se amedrontou em relação a Jesus, passando a organizar, covarde, a prisão do Mestre. Após o histórico momento da ceia e quando Jesus busca o Jardim das Oliveiras para orar, um grupo comandado por Judas e Malco, aproximou-se do Mestre. Este, sabendo o que lhe ia acontecer, indagou: — A quem buscais? E eles responderam: — A Jesus de Nazaré. Uma grande expectativa dominou a todos, quando Ele, sereno, afirmou: — Sou eu. Os homens insistiram na identificação, iniciando-se uma altercação, acordando os amigos e discípulos do Mestre, que, assustados, acorreram aos gritos. É então que Pedro, que se encontrava com uma espada, reagindo, decepa a orelha de Malco. Com um grito bestial, Malco começa a vociferar, cheio de raiva, enquanto a hemorragia escorria abundante. Sem perturbar-se, Jesus tocou-lhe a ferida aberta em sangue e cicatrizou-a, advertindo Pedro: — Embainha a tua espada, porque, quem com ferro fere, com ferro será ferido...  

Conhecemos o prosseguimento dessa história: a prisão, o julgamento, a condenação, a crucificação, o glorioso instante da demonstração da imortalidade e os acontecimentos que envolveram os apóstolos... 

O que teria, porém, acontecido a Malco? Como absorvera a agressão de Pedro?

O Espírito Amélia Rodrigues, em sua narrativa, destaca que, segundo antiga tradição, o Mestre cicatrizou-lhe a ferida, mas não reconstituiu o órgão decepado, ficando Malco estigmatizado pela antiga marca, que na época assinalava crime de furto, tendo fugido da Palestina, indo residir em Roma. Ali, revoltado, vivia das lembranças de sonho de poder, recordando, com amargura, a agressão de Pedro.        

E continua a autora espiritual: os anos transcorreram amargos, até o reinado de Nero, passando Malco a fazer parte dos seguidores de Tigelinus, Sufrônio Tigelino, conselheiro do imperador e seu agente de tenebrosos crimes, seguindo as suas ordens, perseguindo os cristãos. Numa dessas investidas, diversos discípulos de Jesus foram feitos prisioneiros, inclusive Simão Pedro, que é conduzido a uma colina para ser crucificado. Enquanto é preparado o instrumento de punição, Malco, reconhecendo Pedro, passa a agredi-lo, mostrando-lhe a orelha cortada, imagem da sua revolta, da sua raiva e de todo o seu ressentimento. 

Pedro, ante aquelas agressões, recorda-se daquele dia no Monte das Oliveiras, e fica horrorizado de si mesmo. Lembra-se, então, de Jesus, do Mestre querido, e deixa-se tomar de imensa compaixão por Malco, sua vítima. Ajoelha-se então aos seus pés e roga-lhe perdão. Os legionários de Tigelinus, vendo a estranha cena, seguram Malco e dizem: Se esse homem a quem vamos crucificar, e que é pessoa importante entre os seguidores do Carpinteiro, ajoelha-se aos teus pés, certamente és muito mais importante do que ele. Vamos então te crucificar também... Ante o inesperado, Malco debate-se desesperado, gritando inocência. Uma nova e tosca cruz é montada, ao lado de Pedro, onde ele morre, blasfemando, lembrando-se, certamente, nos últimos instantes, das palavras de Jesus, destacando a grande lei dos destinos e das ações humanas, a Lei de Ação e Reação, a Lei das Causas e dos Efeitos: Quem com ferro fere, com ferro será ferido...  Aquele que tomar da espada morrerá pela espada. Antes, em outras oportunidades do Seu apostolado, Ele revelara essa Lei dos Mundos: Não julgueis, para não serdes julgados. Com a medida com que medirdes, sereis medidos. (Mateus 7: 1,2.) 

E destaca Amélia Rodrigues, nas conclusões do capítulo: espadas invisíveis que despedaçam vidas, esfacelam esperanças, ceifam ideais... 

Joanna de Ângelis chama essas espadas invisíveis de conteúdos perturbadores, de conflitos psicológicos, que seriam choques de entendimento e de comportamento entre o Ego e o Self. No livro Autodescobrimento [2] a Mentora estuda 5 desses conflitos: a amargura; a perda pela morte; a lamentação; o ressentimento e a raiva. Dois deles ocasionaram o conflito entre Pedro e Malco: Pedro, agressor, dominado pela raiva, atacou Malco, com uma espada visível; Malco, agredido, dominado pela raiva, converteu-a em ressentimento, transformando-a e guardando-a numa espada invisível, com a qual atacaria Pedro, anos depois, esquecendo-se da advertência do Mestre. 

No livro Inteligência Emocional, o autor, Daniel Goleman, psicólogo americano, escreveu um capítulo intitulado Quando a raiva é suicida [3], destacando que o rancor é prejudicial à saúde. Ele fez um estudo sobre a raiva em cardiopatas, na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford. Todos os pacientes, que foram objeto da pesquisa, tinham sofrido um ataque cardíaco, e o que o estudo pretendia era identificar se a raiva teria, de alguma forma, causado um impacto significativo sobre suas funções cardiovasculares. O resultado foi impressionante: à medida que essas pessoas iam narrando fatos que os haviam aborrecido, a eficácia do bombeamento do coração caía 5 por cento. Alguns pacientes tiveram uma queda de eficiência de 7 por cento ou mais — uma faixa que os cardiologistas consideram como um sinal de isquemia miocárdica, segundo Goleman. 

Eram as espadas invisíveis da raiva, que haviam permanecido ameaçadoras! 

Allan Kardec, em 12.06.1856, era advertido pelo Espírito de Verdade acerca da sua missão: “— Tens que expor a tua pessoa. Suscitarás contra ti ódios terríveis; inimigos encarniçados se conjurarão para tua perda; ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a traição mesma dos que te parecerão os mais dedicados; terás que sustentar uma luta quase contínua (...)”. Eram as dificuldades do caminho, que lhe poderiam provocar ressentimentos, levando-o, então, a elaborar uma estratégia para não ser afetado por essa má disposição de espírito: “— Quando me sobrevinha uma decepção, uma contrariedade qualquer, eu me elevava pelo pensamento acima da Humanidade e me colocava antecipadamente na região dos Espíritos e desse ponto culminante, donde divisava o da minha chegada, as misérias da vida deslizavam por sobre mim sem me atingirem. Tão habitual se me tornara esse modo de proceder, que os gritos dos maus jamais me perturbaram”.[4] (grifamos) 


 

[1] . Rodrigues, Amélia. Franco, Divaldo. 2.ed.LEAL.p.143.

[2] . Ângelis, Joanna de. Franco, Divaldo. 7.ed.LEAL.p.123.

[3] . Goleman, Daniel. 52.ed.Objetiva.p.184.

[4] . Kardec, Allan. Obras Póstumas. 26.ed.FEB.p.282 e 284.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita