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Correio Mediúnico
Ano 3 - N° 147 - 28 de Fevereiro de 2010
 

 

Ódio e suicídio

Joanna de Ângelis

 
Herdeiro de si mesmo, carregando, no inconsciente, as experiências transatas, o homem não foge aos atavismos que o jungem ao primitivismo, embora as claridades arrebatado­ras do futuro chamando-o para as grandes conquistas.

Liberar-se do forte cipoal das paixões animalizantes para os logros da razão é o grande desafio que tem pela frente.

Onde quer que vá, encontra-se consigo mesmo.

A sua evolução socioantropológica é a história das contí­nuas lutas, em que o artista — o Espírito — arranca do bloco grotesco — a matéria — as expressões de beleza e grandiosida­de que lhe dormem imanentes.

Os mitos de todos os povos, na história das artes, das filo­sofias e das religiões, apresentam a luta contínua do ser liber­tando-se da argamassa celular, arrebentando algemas para fir­mar-se na liberdade que passa a usar, agressivamente, no co­meço, até converter-se em um estado de consciência ética plenificador, carregado de paz.

Em cada mito do passado surge o homem em luta contra forças soberanas que o punem, o esmagam, o dominam.

Gerado o conceito da desobediência, o reflexo da puni­ção assoma dominador, reduzindo o calceta a uma posição ínfima, contra a qual não se pode levantar, sequer justificar a fragilidade.

Essa incapacidade de enfrentar o imponderável — as for­ças desgovernadas e prepotentes — mais tarde se apresenta camuflada em forma de rebelião inconsciente contra a exis­tência física, contra a vida em si mesma.

Obrigado mais a temer esses opressores, do que a os amar, compelido a negociar a felicidade mediante oferendas e cul­tos, extravagantes ou não, sente-se coibido na sua liberdade de ser, então rebelando-se e passando a uma atitude formal em prejuízo da real, a um comportamento social e religioso conveniente ao invés de ideal, vivendo fenômenos neuróti­cos que o deprimem ou o exaltam, como efeitos naturais de sua rebelião íntima.

Ao mesmo tempo, procurando deter os instintos agressi­vos nele jacentes, sem os saber canalizar, sofre reações psi­cológicas que lhe perturbam o sistema emocional.

O ressentimento — que é uma manifestação da impotência agressiva não exteriorizada — converte-se em travo de amar­gura, a tornar insuportável a convivência com aqueles contra os quais se volta.

Antegozando o desforço — que é a realização íntima da fraqueza, da covardia moral — dá guarida ao ódio que o com­bure, tornando a sua existência como a do outro em um ver­dadeiro inferno.

O ódio é o filho predileto da selvageria que permanece em a natureza humana. Irracional, ele trabalha pela destrui­ção de seu oponente, real ou imaginário, não cessando, mes­mo após a derrota daquele.

Quando não pode descarregar as energias em descontrole contra o opositor, volta-se contra si mesmo articulando me­canismos de autodestruição, graças aos quais se vinga da so­ciedade que nele vige.

Os danos que o ódio proporciona ao psiquismo, por des­trambelhar a delicada maquinaria que exterioriza o pensa­mento e mantém a harmonia do ser, tornam-se de difícil cata­logação.

Simultaneamente, advêm reações orgânicas que se refletem nas funções hepáticas, digestivas, circulatórias, dando origem a futuros processos cancerígenos, cardíacos, cere­brais...

A irradiação do ódio é portadora de carga destrutiva que, não raro, corrói as engrenagens do emissor como alcança aquele contra quem vai direcionada, caso este sintonize em faixa de equivalência vibratória.

Lixo do inconsciente, o ódio extravasa todo o conteúdo de paixões mesquinhas, representativas do primarismo evo­lutivo e cultural.

Algumas escolas, na área da psicologia, preconizam como terapia a liberação da agressividade, do ódio, dos recalques e castrações, mediante a permissão do vocabulário chulo, das diatribes nas sessões de grupo, das acusações recíprocas, pre­tendendo o enfraquecimento das tensões, ao mesmo tempo a conquista da autorrealização, da segurança pessoal.

Sem discutirmos a validade ou não da experiência, o ho­mem é pássaro cativo fadado a grandes voos; ser equipado com recursos superiores, que viaja do instinto para a razão, desta para a intuição e, por fim, para a sua fatalidade plena, que é a perfeição.

Uma psicologia baseada em terapêutica de agressão e li­bertação de instintos, evitando as pressões que coarctam os anseios humanos, certamente atinge os primeiros propósitos, sem erguer o paciente às cumeadas da realização interior, da identificação e vivência dos valores de alta monta, que dão cor, objetivo e paz à existência.

Assumir a inferioridade, o desmando, a alucinação é ex­travasá-los, nunca sanar o mal, libertar-se dele por desneces­sário.

Se não é recomendável para as referidas escolas, a repres­são, pelos males que proporciona, menos será liberar alguns, aos outros agredindo, graças aos falsos direitos que tais paci­entes requeiram para si, arremetendo contra os direitos alheios.

A sociedade, considerada como castradora, marcha para terapias que canalizem de forma positiva as forças humanas, suavizando as pressões, eliminando as tensões através de pro­gramas de solidariedade, recreio e serviços compatíveis com a clientela que a constitui.

O ódio pressiona o homem que se frustra, levando-o ao suicídio. Tem origens remotas e próximas.

Nas patologias depressivas, há muito fenômeno de ódio embutido no enfermo sem que ele se dê conta. A indiferença pela vida, o temor de enfrentar situações novas, o pessimis­mo disfarçam mágoas, ressentimentos, iras não digeridas, ódios que ressumam como desgosto de viver e anseio por interromper o ciclo existencial.

Falhando a terapia profunda de soerguimento do enfer­mo, o suicídio é o próximo passo, seja através da negação de viver ou do gesto covarde de encerrar a atividade física.

Todos os indivíduos experimentam limites de alguma pro­cedência. Os extrovertidos conquistadores ocultam, às vezes, lar­gos lances de timidez, solidão e desconfiança, que têm difi­culdade em superar. Suas reuniões ruidosas são mais mecanismos de fuga do que recursos de espairecimento e lazer. Os alcoólicos que usam, as músicas ensurdecedoras que os aturdem, encarregam-se de mantê-los mais solitários na confusão do que solidários uns com os outros. As gargalhadas, que são esgares festivos, substituem os sorrisos de bem-estar, de satisfação e humor, levando-os de um para outro lugar-nenhum, embora se movimentem por cidades, clubes e reuniões diversos.

O ser humano deve ter a capacidade de discernimento para eleger os valores compatíveis com as necessidades reais que lhe são inerentes.

Descobrir a sua realidade e crescer dentro dela, aumen­tando a capacidade de ser saudável, eis a função da inteligên­cia individual e coletiva, posta a benefício da vida.

As transformações propõem incertezas, que devem ser enfrentadas naturalmente, como as oposições e os adversári­os encarados na condição de ocorrências normais do proces­so de crescimento, sem ressentimentos, nem ódios ou fugas para o suicídio.

O homem que progride cada dia, ascende, não sendo atin­gido pelas famas dos problematizados que o não podem acom­panhar, por enquanto, no processo de crescimento.

Alcançado o acume desejado, este indivíduo está em con­dições de descer sem diminuir-se, a fim de erguer aquele que permanece na retaguarda. Ora, para alcançar-se qualquer meta e, em especial, a da paz, torna-se necessário um planejamento, que deflui da autoconsciência, da consciência ética, da consciência do conhe­cimento e do amor,

O planejamento precede a ação e desempenha papel fun­damental na vida do homem. Somente uma atitude saudável e uma emoção equilibra­da, sem vestígios de ódio, desejo de desforço, podem plane­jar para o bem, o êxito, a felicidade.

 

Do capítulo 9 do livro O Homem Integral, de Joanna de Ângelis, obra psicografada pelo médium Divaldo P. Franco.
 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita