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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 145 - 14 de Fevereiro de 2010

WILSON CZERSKI
wilsonczerski@brturbo.com.br
Curitiba, Paraná (Brasil)  

A educação integral é o antídoto perfeito contra 
a violência

Quarenta mil homicídios – a grande maioria pelas oito milhões de armas de fogo em posse da população civil –, trinta e um mil mortos no trânsito (*), dezenas de milhares de feridos, de mutilados, de incapacitados permanentes; bilhões de reais em prejuízos materiais e gastos com tratamentos médicos e indenizações. Esse, apenas o saldo "material" do inventário macabro anual no Brasil. E o sofrimento moral das vítimas e suas famílias? Quanta dor, quanta impunidade e "injustiça" não reparada, quantas pessoas lançadas tragicamente à viuvez e orfandade. Quantos talentos, quantas vidas preciosas – e toda vida humana o é – ceifadas brutalmente! 

Dois fatos atuais veiculados pela mídia estão relacionados à luta contra a violência em nosso país. O dia 22 de setembro, véspera do início da primavera no hemisfério sul, marca em muitos países, já há alguns anos, o “Dia do Sem Carro" e pela paz no trânsito. Desta vez (**), 30 cidades brasileiras de médio e grande porte aderiram. Grandes áreas centrais foram interditadas ao tráfego de veículos particulares; parecia feriado ou domingo. Executivos utilizaram-se do transporte coletivo, bicicletas ou seguiram a pé. Na verdade, a ocasião serviu também para promover a conscientização sobre os cuidados com a qualidade do ar e meio ambiente das grandes metrópoles. Infelizmente, nas duas maiores, São Paulo e Rio de Janeiro, não houve a participação desejável e os engarrafamentos foram os de sempre. 

O outro tópico refere-se ao Estatuto do Desarmamento que tramita na Câmara Federal. Embora algo desfigurado da proposta original – bem mais rígida e abrangente –, devido à pressão dos lobbyes, ainda assim, bem melhor do que se nada fosse feito pelas autoridades. 

E o Espiritismo entra aonde nesta estória? Ora, o pensamento espírita em seu arcabouço, aqui principalmente, filosófico e religioso ou ético-moral, é o elemento transformador por excelência do ser humano. Tem elementos suficientemente desenvolvidos, de modo racional e consistente, para contribuir na solução da maioria dos grandes problemas que o afligem, oferecendo valores concretos para a sua felicidade verdadeira, livre da ilusão material, apesar de inserido no contexto social momentâneo de sua evolução como ser encarnado.  

Fazemos um parêntese aqui para dizer que, se tal objetivo magno parece inalcançável, tal ocorre não por falta de qualidade na mensagem espírita e sim pela deficiência na instrumentalização de fazê-la chegar às massas. Falta de conhecimento, indiferença ou falta de preparo das lideranças, metodologias ultrapassadas, linguagem inapropriada, falta de recursos humanos e econômicos são alguns dos fatores que emperram a divulgação espírita, sonegando informações capazes de, se devidamente veiculadas, modificar, de fato, a sociedade. 

Mas, voltando ao nosso assunto inicial, aplaudimos iniciativas como as acima citadas, como julgamos válidos os protestos, as passeatas, as campanhas que visam atenuar o impacto da violência urbana e, agora também, a rural. Mas não podemos ser ingênuos de pensar que só com estas medidas o problema já estará resolvido. De forma alguma. Mesmo a restrição do uso de armas de fogo que, sem dúvida, muito favorece a criminalidade em geral e os homicídios em particular. Mas a arma continua sendo somente um instrumento que pode ser substituído por outros, talvez não tão eficientes como as armas brancas, e, de qualquer forma, com o dinheiro que circula no narcotráfico e pela falta de estrutura da aparelhagem repressora e preventiva do Estado, as armas de fogo continuarão chegando às mãos dos indivíduos mais perniciosos ao organismo social e fazendo suas vítimas. Devemos desarmar, antes de mais nada, nossos Espíritos e isto só se obtém pela prática do amor e da fraternidade legítima e com todos e não só com uns poucos. É o que deduzimos das palavras do Cristo:  

Mas se amardes somente àqueles que vos amam, que mérito tereis? 

É de se assinalar também que a imensa maioria das pessoas que habitam este país é constituída por gente séria, honesta e trabalhadora, mas o poder da minoria bandida prevalece. 

Na resposta à questão 934 de O Livro dos Espíritos, os Orientadores Espirituais, uma vez mais, elegeram o egoísmo como o vilão máximo do sofrimento da humanidade para, a seguir, afirmarem que "À medida que os homens se esclarecem sobre as coisas espirituais, ligam menos valor às coisas materiais... É preciso reformar as instituições humanas que o entretêm (ao egoísmo). Isso depende da educação". Anteriormente, na mesma obra, na questão 685, é o próprio Allan Kardec que acrescenta comentário sobre o tema econômico, dizendo: "Há um elemento... sem o qual a ciência econômica não é mais que uma teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a... moral e não a educação moral pelos livros, mas aquela que consiste na arte de formar os caracteres, a que dá os hábitos: porque a educação é o conjunto de hábitos adquiridos. Quando se pensa na massa de indivíduos jogados cada dia na torrente da população, sem princípios, sem freios, e entregues aos seus próprios instintos, deve-se espantar das consequências desastrosas que resultam? (Neste parágrafo, o negritado é do autor da obra e o sublinhado do autor deste artigo). 

Aí está. Que se reflita sobre a colocação magistral do Codificador da Doutrina Espírita. Educar, mais que instruir e não só pelos livros, mas pelo exemplo prático. Educação maciça iniciada nos lares por pais bem preparados, conscientes e responsáveis, passando pelos estabelecimentos de ensino onde poderiam ser incluídas disciplinas específicas de trânsito, de cidadania, meio ambiente, respeito ao patrimônio público, prevenções sanitárias e antidrogas, incluindo os malefícios provindos do tabagismo e do alcoolismo, importância da doação de órgãos etc. E, mais além, com campanhas envolvendo as igrejas de todos os credos – isto vale também para os espíritas –, ONGs e instituições diversas da sociedade civil, como OAB, a mídia e outras. 

Este modelo, que possui a desvantagem de provocar resultados mais significativos de médio e longo prazos, tem o mérito de ser mais definitivo, atacando as causas dos males, violência inclusa. Já as medidas repressivas, melhor aparelhamento policial, reformulação do sistema carcerário e mecanismos de ressocialização dos ex-detentos, reestruturação do Judiciário, desarmamento e tantos outros também são úteis e necessários, atacando, embora, apenas as consequências que, em última análise, como vimos, é o egoísmo humano. 

Este, de fato, só poderá ser extirpado inteiramente do corpo social com o passar talvez de vários séculos, mas efeitos parciais e no terreno individual podem ser sentidos de imediato à aplicação quando simplesmente ensinamos nosso filho de três ou cinco anos a respeitar o também filhinho querido da empregada doméstica, sempre, mesmo que eventualmente tenha outra cor de pele; ou quando não permitimos que o filho adolescente dirija automóvel visto ainda não estar habilitado para tal e, se mais velho e habilitado, que receba aconselhamento, seja conscientizado para a responsabilidade que lhe pesa nos ombros com relação à sua própria integridade física e a dos outros. Ou então quando rejeitamos a sugestão para adquirirmos uma arma de fogo a pretexto de proporcionarmos mais segurança a nós e à família, o que é uma grande quimera e, antes, mais um fator de risco. 

As leis e a ordem impostas à sociedade como resposta à exigência coletiva são bem-vindas e necessárias, mas extremamente melhor quando todos souberem, senão amar e fazer ao próximo quanto e o que desejaria que lhe fizessem, pelo menos respeitar seus direitos, especialmente os mais fundamentais como a vida. 

Quanto à lei de Causa e Efeito, carma, justiça divina, verdade que elas se materializam através dos próprios homens equivocados no passado longínquo ou recente, como contingência do estágio evolutivo que nos encontramos. Mas não deixa de ser verdadeiro também que Deus dispõe de outros mecanismos para punir suas criaturas empedernidas no mal, feri-las em seu orgulho e atingir-lhes o ego. Dispensa o "empurrãozinho" de nós outros, como muitos pensam ser necessário, justificando assim o estado de coisas atual e até a nossa própria indolência. 

(*) Dados de 2002.

(**) Ano de 2003.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita