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Brasil
Ano 3 - N° 143 - 31 de Janeiro de 2010

ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
 


A despedida da fundadora do Hospital do Fogo Selvagem

D. Aparecida Conceição Ferreira desencarnou no dia 22 de dezembro, pela manhã, aos 95 anos de idade
 

Nosso país perdeu no dia 22 de dezembro de 2009 uma batalhadora, uma mulher valorosa que por mais de cinquenta anos cuidou dos doentes e também das crianças – D. Aparecida Conceição Ferreira (foto), mais conhecida como dona Cida, do Lar da Caridade - Hospital do Fogo Selvagem, antigo Hospital do Pênfigo, de Uberaba-MG.

D. Cida deu mostras reais de ser um Espírito abnegado. Chico Xavier disse-lhe, certa vez, que ela estava

tentando resgatar seus débitos havia muito tempo, mas sem sucesso, até que, desta vez, conseguiu seu objetivo ao reencarnar negra, pobre e cheia de filhos doentes para cuidar.

Os insultos, o preconceito e os descasos que ela recebeu foram inúmeros. Mas ela sabia o porquê, visto que em suas conversas dizia que Chico Xavier havia lhe contado que ela vivera no tempo das fogueiras acesas pela Inquisição, e aquelas pessoas também. Um dia ela lhe perguntou: “Chico, o que eu era?” Ele respondeu: “Você, minha irmã, era a mandante”.

Quem já visitou o Hospital do Fogo Selvagem e pôde ouvir suas histórias, sabe como foi difícil erguer essa importante obra, que ela devia sobretudo ao povo de São Paulo, como gostava de enfatizar: “Não fosse o povo de São Paulo e outras cidades também, mas principalmente o povo de São Paulo, não teria chegado onde cheguei”.

Como o trabalho com os enfermos começou

Especializada no tratamento de doença contagiosa, D. Aparecida abandonou, em 8 de outubro de 1958, seu trabalho num dos hospitais da cidade para acompanhar doze vítimas de pênfigo foliáceo, o fogo selvagem. Com os corpos cobertos de bolhas, muitas delas transformadas em crostas, elas receberam alta do hospital sem qualquer perspectiva de cura. A direção considerou o tratamento longo e caro demais.

A enfermeira, inconformada, pediu demissão e saiu pelas ruas da cidade em busca de abrigo para as vítimas da doença inexplicável. Febris, algumas com os pés descalços, elas deixaram um rastro de sangue pelas calçadas e terminaram a via-crúcis sem ter onde ficar. As pessoas apenas olhavam para o grupo e aceleravam os passos, sem conseguir disfarçar o nojo.

D. Aparecida levou, então, as doze pessoas para a própria casa. Na época, a doença era considerada contagiosa. Os vizinhos ficaram apavorados. A família também. Seu marido e os filhos deram o ultimato: “Ou nós ou eles”. Ela lhes respondeu: “Vocês já estão todos grandes e criados, eles não têm ninguém; eu fico com eles”. Eles saíram então da casa, mas depois voltaram, compreenderam a importância de sua tarefa e passaram a ajudá-la.

Os doentes ficaram na casa dela quatro dias, até que alguém, comovido, alugou um barracão a duas quadras de distância. A temporada no novo endereço durou o mesmo período. Quatro dias depois, a prefeitura cedeu um pavilhão no Asilo São Vicente de Paulo para os enfermos. Eles poderiam ficar ali durante dez dias até conseguirem novo abrigo. Os dez dias se prolongaram por dez anos e, desde a primeira noite, Aparecida passou a morar com as vítimas do fogo selvagem.

O trabalho e o número de doentes logo se ampliaram

Em 1959, o número de doentes já tinha quadruplicado. Em 1960, 187 doentes se amontoavam na enfermaria de Aparecida. Em 1961, o número subiu para 363. O pavilhão do São Vicente de Paulo ficou pequeno demais. A enfermeira pôs na cabeça uma ideia fixa: iria construir um hospital. Um conhecido lhe ofereceu um terreno por 300 mil. Aparecida nem pensou duas vezes. Saiu às ruas, com seus doentes, para pedir ajuda. Muita gente se apressava em lavar e desinfetar o chão por onde eles passavam e, mesmo diante deles, esfregavam com álcool as grades tocadas pelas vítimas do fogo selvagem.

Apesar da resistência geral, ela conseguiu juntar o dinheiro. Comprou o terreno, abriu uma cisterna, cortou árvores e lançou a pedra fundamental. Estava pronta para começar a obra. Contudo, ela tinha caído numa armadilha e comprara os lotes da pessoa errada. Os proprietários eram outros e estavam dispostos a processá-la por invasão de propriedade alheia. E, ainda pior: ela não tinha um documento para provar o pagamento do terreno. Voltou à estaca zero. Decidiu, então, pedir socorro a Chico Xavier. Bem relacionado, ele a encaminhou a um corretor de imóveis, que negociou a compra com os proprietários de verdade. Tudo sairia por 260 mil cruzeiros.

Em 1964, Aparecida foi à capital de São Paulo para pedir donativos. Com doentes ao redor, ela começou a abordar os transeuntes embaixo do viaduto do Chá. Resultado: foi presa por mendigar em nome de entidade fictícia. Ficou atrás das grades oito dias até provar sua honestidade, com atestados e cartas da Prefeitura, Câmara de Vereadores, juiz e delegado de Uberaba.

Ela levantou, por fim, o prédio, mas seria vítima de acusações constantes, como a de que se enriquecia com o dinheiro arrecadado. A cada nova sala, os boatos se multiplicavam. Um dia, Aparecida pensou em parar. Ouviu de Chico, já acostumado com a desconfiança geral, uma contra-ordem firme: Se desistir, vão dizer que roubou o suficiente.

A conversão de D. Aparecida ao Espiritismo

Aparecida, que não era espírita, acabou se aproximando do Espiritismo. Numa noite, foi a um centro espírita em São Paulo e sentiu vontade de sair de fininho. Ninguém a conhecia, mas o presidente da sessão chamou até a mesa a dirigente do hospital do fogo selvagem. Queria que ela aplicasse um passe na presidente do centro, vítima de uma paralisia repentina, que a impedia de andar. Aparecida nem se moveu. Nunca tinha dado passe em ninguém. O sujeito devia estar mal-informado.

No fim da sessão, ele repetiu o convite. Era o próprio mentor espiritual do centro quem pedia a ajuda de Aparecida. Ela tomou coragem e se apresentou. Em seguida, subiu três lances de escada para se encontrar com a doente. Todos se concentraram em torno da cama. Aparecida sentiu algo estranho nas mãos, no corpo, na cabeça. Sentiu medo. Mesmo assim, com suas rezas, realizou um milagre. A doente se levantou no dia seguinte e se tornou não só amiga de Aparecida como sua companheira em várias campanhas de assistência aos doentes do fogo selvagem. A ex-enfermeira mudou. Começou a aplicar passes curadores em seus doentes, com resultados surpreendentes.

O Hospital do Pênfigo tornou-se mais tarde o Lar da Caridade e, além de vítimas do fogo selvagem, passou a atender os desamparados em geral, e D. Aparecida se transformou em mais uma companheira dileta de Chico Xavier, baseando seu tratamento em valores fundamentais para o saudoso médium: os doentes deveriam trabalhar e estudar, com disciplina, para terem melhoras.

A internação ocorreu poucos dias antes da desencarnação

Segundo a supervisora do Lar da Caridade, Sayonara Regina Abreu, D. Aparecida havia sido internada no Hospital São José fazia pouco mais de quatro dias, com fortes indícios de pneumonia. "Ela já sofria de problemas no coração que, de um tempo para cá, se tornaram mais frequentes que o normal."

Logo que recebeu a notícia de seu falecimento, Divaldo Franco disse: "Recebida com júbilos por verdadeira multidão capitaneada pelo apóstolo Chico Xavier, mais uma estrela retorna ao zimbório espiritual para iluminar a noite das almas errantes e sofredoras na Terra".

O velório foi realizado no Lar da Caridade - Hospital do Fogo Selvagem e o sepultamento ocorreu por volta das 11 horas da manhã do dia 23/12/2009.  
 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita