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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 143 - 31 de Janeiro de 2010

ADILSON LORENTE
adilsonlorente@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
 

Um ET fala sobre o amor


Já que estamos no final do ano (*), aproximando-nos do aniversário do Cristo e da renovação natural que procuramos mais intensamente à medida que o Ano Novo se aproxima, gostaria de refletir um pouco sobre a questão fundamental do Evangelho, o amor.

Recentemente, encontrei um Extraterrestre à sombra de uma árvore lá no parque, observando nossa sofreguidão aqui na Terra. Questionei o ilustre visitante sobre a dificuldade do ser humano para amar. Com seu jeito de ET mineiro, ele esclareceu:

- Lá de onde vim, para amar o outro precisamos primeiro aprender a amar a nós mesmos. Só podemos dar aquilo que temos. Se não desenvolvemos nem amor por nós mesmos, o próximo certamente ficará a ver navios ou naves espaciais.

Embora a resposta me parecesse correta, resolvi provocar o ET. Já que estávamos na sombra, sem fazer nada, atulhei:

- E vocês que vêm de fora acham que nós, aqui na Terra, não nos amamos?

Ele olhou para uma gorda senhora, que caminhava com dificuldade, suando em bica debaixo do sol ardido pelo efeito estufa (juro que não era ninguém do nosso grupo), e devolveu a pergunta:

- Você acha que aqueles quarenta quilos a mais com que ela desafia a lei da gravidade são de amor ou de desamor?

Já ia responder que eram quilos de banha mesmo, mas fiz um esforço para não perder o ilustre interlocutor.  Difícil não ser grosso quando ouvimos o que incomoda.  Percebendo que eu estava prestes a perder o controle de minha paciência franzina, ele olhou para o outro lado e emendou:

- Veja a expressão daquele senhor, com sua cabeça cheia de pensamentos de insegurança e de desânimo, você acha que ele está usando a inteligência que Deus lhe deu a favor ou contra si mesmo?

Meio sem saída, de olho no umbigo, pensei:

- Caramba! Assim não sobra um. Coisa ruim e bobagem são o que mais se pensa aqui na Terra.

Percebendo meu constrangimento, ele maneirou. Então, procurando inspiração no cinismo de nossos políticos, fiz de conta que estava no palanque:

- Não é verdade que todo mundo aqui adora imaginar uma desgraça... Quando éramos jovens, adorávamos ver filmes de terror. Hoje, com mais experiência, nós já elaboramos as cenas em nossa mente, sob inspiração do noticiário. Assim, o filme nem precisa ser lançado em Hollywood, nem gastamos na locadora ou no camelô. Produzimos o drama em nossa cabeça. O primeiro bom-dia que recebemos é a senha para dispararmos a fita, contando todas as desgraças acontecidas e as que estão por acontecer. Não é maldade, já que nós somos bons demais. É só para prevenir e evitar..., entende?

Desfraldando orgulhosamente minha cara de pau diante do incômodo ET, que só via os nossos defeitos, respirei fundo e resolvi dar-lhe uma lição.

- Caro senhor espacial, saiba que nosso belo planeta não é só desgraceira. Participo de um grupo de Tai Chi, onde as pessoas vivem em paz e amorosamente, a maior parte do tempo. Nenhuma das senhoras é muito adiposa, todas fazem exercícios e vivem de bem com a vida.

Diante da minha revelação, seus olhinhos brilharam e sua boca de sapo coaxou:

- Também conheço esse grupo de Tai Chi!

- Conhece?

Puxa! - pensei comigo - Agora estou em maus lençóis. Bem que minha mãe dizia: “mentira tem pernas curtas, inchadas e cheias de varizes...”

Com certo ar de superioridade e repleto de ironia, o ET cortou suave:

- Então lá na sua turma de Tai Chi ninguém gasta boa parte do tempo com reclamações, críticas, coisas negativas, sem grande importância para suas vidas?

Respirei fundo, estufei o peito e com toda a cara de pau que forjei em anos de jornalismo, arrematei:

- Puxa, você realmente conhece nossa turma. É tudo assim. Daquelas cabecinhas só saem coisas boas. E aquelas boquinhas só espargem bênçãos pelo planeta. São a luz da Terra, em tempos de falta de energia e escuridão...

Eu não sabia, mas logo descobri que o ET também havia sido jornalista no seu planeta de origem. E com aquela cara desenxabida, que poderia ser percebida lá dos anéis de Saturno, alfinetou:

- Que bom, né?... Melhor que a sua turma de Tai Chi, só peru de Natal, bem temperado, recheado de nozes e cozido em forno de lenha...

- Pois é – continuei -, elas se entregam amorosamente ao convívio com todos os seres humanos. Sem nenhuma restrição que indique receio de que os outros vão abusar delas ou trazer qualquer tipo de problema.  Minhas amigas são pura confiança na vida.

Fazendo-se convicto, completou:

- Nem de longe, no planeta de onde eu vim, os relacionamentos chegam a ser tão bons assim… Lá as pessoas às vezes percebem o amor como algo que ameaça a integridade, a liberdade ou a independência delas. Não chegam a se entregar.

Não percebem que os problemas dos relacionamentos que as deixaram amargas por muito tempo decorreram não do amor, mas da falta dele.

Não percebem que quem ama de verdade não se constrange nem se sente vítima do amor.

Se o amor reclama condições realmente importantes para existir, elas são respeito e consideração.

Olhando para mim, agora carinhosamente, foi mais fundo:

- Repare que, quando temos consideração por alguém, nossas atitudes com essa pessoa são repletas de dignidade e de elegância. Confiantes em nossa alma e na alma dela, pela observação de seus gestos, de sua expressão, sabemos o que a magoa. Respeitamos seu espaço, sua maneira de ser e conseguimos conviver com ela aceitando seu jeito de ser, sem qualquer constrangimento.

O amor é destruído apenas quando deixa de haver respeito e consideração numa relação. Entre o amor que sentimos e o respeito, o respeito é mais importante, pois ele sustenta o amor e, quando não existe, o destrói.

Não se trata apenas de respeito pelo outro, mas também por nós mesmos. Quem não se respeita, não expressa amor verdadeiro.

O fracasso e as dificuldades nos relacionamentos indicam apenas que as pessoas estão aprendendo a amar. São essas experiências que as tornam mais capazes. Apesar disso, muitos guardam apenas mágoas, ressentimentos e rancor dos parceiros que escolheram para realizar esse aprendizado, o que impede novas experiências, que poderiam ser bem-sucedidas. Assim, se fecham para parentes, vizinhos, novos amigos e novos amores. Passam a ver os relacionamentos como riscos à sua integridade, à sua liberdade e à sua privacidade. Passam a viver num estado de desamor, tornando permanente o sofrimento que marcou o fim da relação.

O amor não existe para solucionar problemas pessoais, financeiros ou mesmo de solidão. Não existe também para melhorar o status de solteiros, viúvos ou separados. Essas crenças equivocadas nascem do orgulho e da vaidade.

Para sermos amorosos, não precisamos fingir afetos, utilizar ardis para convencer aquele que julgamos amar e muito menos dominá-lo com nossas opiniões. Esses procedimentos são apenas vírus que contaminam e adoecem nosso amor.

O amor precisa ser vivido com a alma e não com a cabeça. A felicidade é consequência apenas de nossa verdade interior, íntegra e generosamente compartilhada com o nosso próximo.

Também não precisamos sofrer ou enfrentar grandes dificuldades para merecermos o amor. O sofrimento e as dificuldades revelam apenas as dificuldades que temos para nos entregar ao amor.

Se estivermos em harmonia e atentos, enxergaremos, no caminho da vida, infinitas possibilidades de amar e ser feliz. Esse é o destino que Deus nos reservou.

Jesus Cristo, mestre cujo aniversário comemoramos neste final de ano, nos mostrou que é a falta de amor que nos conduz ao sofrimento, à miséria afetiva e material. O amor não produz sofrimento nem miséria, e pode nos livrar dessas condições.

Assim como Jesus, nós somos centelhas divinas, criadas para seguir o caminho, a verdade e a vida criada por Deus, para que nos aproximemos cada vez mais da sua infinita bondade.

Não vivemos para ter um futuro feliz, mas para ter um presente feliz e cada vez mais harmonioso, aprendendo amar cotidianamente. Sabendo que deixaríamos de aproveitar algumas dessas oportunidades, Deus nos deu a eternidade para trilharmos esse caminho.

E já que temos de ficar com nós mesmos o tempo todo, é bom que aprendamos a ser boa companhia. Mais amorosos e agradáveis. Capazes de conviver com a solidão e de senti-la como oportunidade de ser feliz consigo mesmo.

Comecemos aprendendo a ouvir os sentimentos expressos por nossa alma. Falemos o que realmente pensamos, quando algo não nos agrada, jamais dizendo sim quando queremos dizer não. Tenhamos coragem de fazer o que gostamos e de experimentar o novo, acreditando na possibilidade de ser feliz.

Se deixarmos de ser vítimas, assumindo integral responsabilidade pelo que nos incomoda, poderemos modificar o que não gostamos. E não vamos ser indulgentes, arranjando desculpa para o que não fizermos. Preguiça é preguiça, acomodação é acomodação e boa vontade resolve praticamente todos os problemas.

Paremos também de querer ser certinhos ou perfeitos e aprendamos a rir de nossos erros e imperfeições, aceitando, com toda a gratidão, a humanidade aperfeiçoável que Deus nos deu. De erro em erro aprendemos a acertar e nos damos oportunidade de novas experiências, sem medo de cometer erros novos, que são justamente os mais interessantes para a nossa evolução.

O que gostamos de ser e de fazer deve ser sempre mais importante do que ser e fazer o que outros gostariam. Quem gosta de nós deve nos aceitar como somos, desde que não sejamos ranzinzas, que os respeitemos e lhes tenhamos consideração. Afinal, é só isso que o amor exige.

Finalmente, posso concluir manifestando meu mais sincero respeito e consideração por todos que me ensinam a amar a cada oportunidade de convivência.

Que o Cristo amoroso que orienta nossas vidas se mantenha sempre vivo em nossos corações, todos os Anos Novos.

Graça plena aos homens e mulheres de boa vontade, sejam eles terrestres ou extraterrestres - como o que nos inspirou essa conversa de fim de ano.    

 

(*)  Nota: Este texto foi escrito antes do Natal de 2009.

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita