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Correio Mediúnico
Ano 3 - N° 142 - 24 de Janeiro de 2010
 

 

Companheiro em luta

Irmão Lima

 
Venho da escura região dos mortos-vivos, à ma­neira de muitos vivos-mortos que se agitam na Terra.

O Espiritismo foi minha grande oportunidade. Fui médium. Doutrinei. Contribuí para que irmãos sofredores e transviados recebessem uma luz para o caminho. Recolhi as instruções dos mestres da sabedoria e tentei acomodar-me com as verdades que são hoje o vosso mais alto patrimônio espiritual. Fui consolado e consolei.

Doentes, enfraquecidos, desesperados, tristes, fra­cassados, desanimados, derrotados da sorte, muitas vezes se reuniam junto de nós e junto de mim... Através da oração, colaborei para que se lhes efe­tivasse o reerguimento. Mas, no círculo de minhas atividades, a dúvida era como que um nevoeiro a entontecer-me o espírito e, pou­co a pouco, deixei-me enredar nas malhas de velhos ini­migos a me acenarem do pretérito — do pretérito que guarda sobre o nosso presente uma atuação demasiado poderosa para que lhe possamos entender, de pronto, a evidência... E esses adversários sutilmente me impuseram à lem­brança o passado que se desenovelou, dentro de mim, fustigando-me os germes de boa-vontade e fé, assim como a ventania forte castiga a erva tenra.

Enquanto a vida foi árdua, sob provações aflitivas, o trabalho era meu refúgio. No entanto, à medida que o tempo funcionava como calmante celeste sobre as mi­nhas feridas, adoçando-me as penas, o repouso conquis­tado como que se infiltrou em minha vida por venenoso anestésico, através do qual as forças perturbadoras me alcançaram o mundo íntimo. E, desse modo, a ideia da autodestruição avassa­lou-me o pensamento. Relutei muito, até que, em dado instante, minha fra­queza transformou-se em derrota.

Dizer o que foi o suicídio para um aprendiz da fé que abraçamos, ou relacionar o tormento de um Espírito consciente da própria responsabilidade, é tarefa que es­capa aos meus recursos.

Sei somente que, desprezando o meu corpo de carne, senti-me sozinho e desventurado. Perambulei nas sombras de mim mesmo, qual se es­tivera amarrado a madeiro de fogo, lambido pelas chamas do remorso. Após muito tempo de agoniada contrição, percebi que o alívio celeste me visitava. Senti-me mais sereno, mais lúcido...

Desde então, porém, estou na condição daquele rico da parábola evangélica, porque muitos dos encarnados e desencarnados que recebiam junto de mim as migalhas que nos sobravam à mesa surgem agora, ante a minha visão, vitoriosos e felizes, enquanto me sinto queimar na labareda invisível do arrependimento, ouvindo a própria consciência a execrar-me, gritando:

— Resigna-te ao sofrimento expiatório! Quando te regalavas no banquete da luz, os lázaros da sombra, hoje triunfantes, apenas conheceram amarguras e lá­grimas!...

Imponho-me, assim, o dever de clamar a todos os companheiros quanto aos impositivos do serviço cons­tante. A ação infatigável no bem é semelhante à luz do Sol, a refletir-se no espelho de nossa mente e a proje­tar-se de nós sobre a estrada alheia. Contudo, no des­canso além do necessário, nossa vida interior passa a retratar as imagens obscuras de nossas existências pas­sadas, de que se aproveitam antigos desafetos, arruinan­do-nos os propósitos de regeneração.

Comunicando-me convosco, associo-me às vossas preces. Sou o vosso Irmão Lima, companheiro de jornada, médium que, por vários anos, guardou nas mãos o ar­chote da verdade, sem saber iluminar a si próprio. Creio que um mendigo ulcerado e faminto à vossa porta não vos inspiraria maior compaixão. Cortei o fio de minha responsabilidade...

Amigos generosos estendem-me aqui os braços, no entanto, vejo-me na posição do sentenciado que condena a si mesmo, porquanto a minha consciência não consegue perdoar-se.

Sinto-me intimado ao retorno... A experiência carnal compele-me à volta. Antes, porém, da provação necessária, visito, quan­to possível, os ambientes familiares de nossa fé, buscan­do mostrar aos irmãos espiritistas que a nossa mesa de fraternidade e oração simboliza o altar do amor univer­sal de Jesus-Cristo.

Temos conosco aquele cenáculo simples, em que o Senhor se reuniu aos companheiros de sublime aposto­lado... De todas as religiões, o Espiritismo é a mais bela, por facultar-nos a prece pura e livre, em torno desse lenho sagrado, como sacerdotes de nós mesmos, à procura da inspiração divina que jamais é negada aos corações humildes, que aceitam a dor e a luta por elementos bá­sicos da própria redenção.

Estou suplicando ao Senhor me conceda, oportunamente, a graça de reencarnar-me num bordel. Isso por haver desdenhado o lar que era meu templo... Indispensável que eu sofra, para redimir-me, diante de mim mesmo. Não mereço agora o sorriso e os braços abertos de nossos benfeitores, perante o libelo de meu próprio juízo.

Cabia-me aproveitar o tesouro da amizade, enquan­to o dia era claro e quando o corpo carnal — enxada di­vina — estava jungido à minha existência como instru­mento capaz de operar-me a renovação.

Ah! meus amigos, que as minhas lágrimas a todos sirvam de exemplo!... Sou o trabalhador que abandonou o campo antes da hora justa... O tormento da deserção dói muito mais que o mar­tírio da derrota.

Devo regressar... Reentrarei pela porta da angústia. Serei enjeitado, porque enjeitei.. Serei desprezado, por haver desprezado sem consi­deração... E, mais tarde, encadear-me-ei, de novo, aos velhos adversários.

Sem a forja da tentação, não chegaremos ao rea­juste.

Rogo, pois, a Deus para que o trabalho não se afas­te de minhas mãos e para que a aflição não me aban­done...

Que a carência de tudo seja socorro espiritual em meu benefício e, se for necessário, que a lepra me cubra e proteja para que eu possa finalmente vencer.

Não me olvideis nas vibrações de amizade e que Jesus nos abençoe. (Lima) 

 

 

Mensagem psicofônica transmitida por intermédio de Francisco Cândido Xavier na noite de 12 de agosto de 1954 por antigo companheiro de lides espíritas de Belo Horizonte. Pai de família exemplar, desfrutava excelente posição social e, por muitos anos, exerceu os dons mediúnicos. Em 1949, como que minado por invencível esgotamento, suicidou-se sem razões plausíveis. A mensagem foi extraída do cap. 23 do livro Instruções Psicofônicas, de Francisco Cândido Xavier.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita