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Ano 3 - N° 140 - 10 de Janeiro de 2010

ABEL SIDNEY
abelsidney@gmail.com
Porto Velho, Rondônia (Brasil)


Suicídio: conhecer
para prevenir


(Parte 2 e final)
 

Problemas, decepções, sofrimentos e a imaginação da morte como fim de tudo são fatores que levam muitas pessoas a desejar colocar um fim à sua própria existência. Compreender a imortalidade da alma e a reencarnação como leis naturais oferece um novo entendimento da vida, demonstrando que o suicídio não resolve coisa alguma


Adentrando a visão espírita a respeito do assunto, podemos colocar em cena algumas outras causas, que ampliarão consideravelmente o entendimento do tema.

Kardec, ao discorrer sobre o suicídio e a loucura em O Evangelho segundo o Espiritismo, afirma que “a incredulidade, a simples dúvida quanto ao futuro, as ideias materialistas, em uma palavra, são os maiores incentivadores do suicídio: elas produzem a frouxidão moral”.

Em que se baseiam estas afirmações de Kardec? Os conceitos básicos da Doutrina Espírita dão sustentação às suas assertivas, pois nos é ensinado que:

ð                   Somos Espíritos imortais, criados por Deus para a plenitude de nossas expressões de inteligência e emotividade;

ð                   Vivemos transitoriamente encarnados em um corpo físico;

ð                   Ao deixarmos de viver neste mundo, atravessaremos a fronteira, tênue, que nos separa do outro mundo, o espiritual, que é a nossa pátria de origem;

ð                   As diversas experiências pelas quais passamos fazem parte do nosso aprendizado e das correções de rumo necessárias. Daí, a ideia de um Deus justo e misericordioso, que sempre nos fornece oportunidades para prosseguirmos em novas tentativas de superação dos nossos equívocos;

ð                   O corpo físico não nos pertence, como um objeto de que podemos dispor a nosso bel-prazer, mas antes é uma concessão temporária de que deveremos prestar contas;

ð                   A vida é uma sucessão de desafios que, uma vez enfrentados, nos amadurecem, promovendo-nos a novas etapas de aprendizado;

ð                   A dor, o sofrimento são elementos naturais que nos alertam e convidam a nos corrigirmos, portanto, podemos abandonar o hábito de culparmos a Deus por nossos infortúnios.  

Baseado nesses ensinamentos trazidos pelos Espíritos Superiores, Kardec chamará a atenção para o efeito nocivo das ideias materialistas e da incredulidade, geradoras da frouxidão moral que aconselha, por sua vez, a desistência da luta diante dos problemas e dificuldades, conduzindo ao ato suicida. Se após a morte nos depararemos com o nada, qual a razão para suportarmos as aflições?

Podemos, então, considerar que há, em princípio, duas causas que podem induzir o indivíduo a se autodestruir: uma social, que é o cultivo das ideias materialistas pelo grande contingente de pessoas que partilham essas ideias e, outra, individual, que é a atitude da própria pessoa diante dos desafios e lutas da vida.

Uma outra causa pode ainda ser acrescentada: a indução obsessiva, isto é, a influência de um Espírito, movido por vingança ou outro sentimento inferior, que consegue entrar em sintonia e envolver a sua vítima a ponto de forçá-la na tomada da decisão. Isso ocorre, por vezes, de modo totalmente inconsciente, dependendo do estágio de subjugação ao qual a pessoa foi conduzida. O que não ausenta, evidentemente, a responsabilidade relativa do obsidiado. 

Aprofundando a visão espírita 

Kardec coordenou, no século 19, a sistematização dos ensinamentos dos Espíritos que contêm elementos de ciência, filosofia e orientação ético-moral.

Por distanciar-se das religiões tradicionais e por não comungar com as ideias da ciência materialista de sua época, o Espiritismo eliminou os traços de mistério e morbidez que cercavam a morte.

Trazendo a morte ao palco da vida, demonstrando de modo racional e experimental (mediunicamente) que os mortos continuam vivos, não é de se surpreender que os adeptos desta nova ordem de ideias – os espíritas – encarem a morte de outra maneira.

Como a morte é apresentada nas obras que fundamentam o Espiritismo e naquelas outras que o complementam?

Em O Livro dos Espíritos é dito que “a morte é apenas a destruição do corpo”; que o envoltório que reveste o Espírito, um outro corpo, sobrevive à destruição do corpo físico. Há, pois, no ser humano três elementos: 1) uma essência, que é o Espírito; 2) o perispírito ou corpo espiritual e 3) o corpo físico, veste temporária, destinada a nos permitir a permanência neste planeta, por determinado tempo.

O que do ponto de vista meramente orgânico é visto como cessação, fim, na visão espírita é tido como uma etapa de transição entre duas dimensões de vida. Daí, podermos afirmar que morremos ao reencarnarmos, pois deixamos a condição de Espíritos desencarnados, e morreremos novamente ao partir, ao abandonarmos a condição de Espíritos encarnados. O medo de morrer, curiosamente, existe tanto na vinda do mundo espiritual, quanto na volta para lá.

Ao nascermos, trazemos uma programação, um roteiro a ser cumprido. E nesse roteiro, já prevista, com mais ou menos precisão, a data de retorno.

Se vamos conseguir permanecer encarnados durante este período previamente demarcado é outra história. É o destino que cada um de nós haverá de construir, ao longo da trajetória entre o berço e o túmulo. Por meio da psicografia de Chico Xavier, o Espírito André Luiz tratou com mais detalhes essa questão.

Alguns poucos conseguem a condição de “completistas” que, no dizer de André Luiz, são aqueles que completam o tempo certo de vida no corpo físico. Mais raros ainda são os que, já tendo conseguido completar o tempo previsto, ainda ganham um tempo extra, uma sobrevida. O mais comum é que retornemos antes.

Ao retornarmos antes podemos ser considerados como “suicidas indiretos ou inconscientes”, como ocorreu ao próprio André Luiz, conforme seu relato no livro Nosso Lar. Neste caso, a responsabilidade atribuída a nós será menor, de acordo com os conhecimentos de que dispúnhamos quando encarnados ou por conta de outras razões que nos anteciparam o desencarne.

A noção de suicídio é, pois, ampliada, pois o modo como vivemos também pode nos abreviar a vida, o que nos torna responsáveis e sujeitos às consequências decorrentes. O que importa aqui é a conscientização dos valores da vida e a importância de preservá-la para cumprirmos nossos objetivos na encarnação. A vida após a vida não é um processo de erro e castigo, mas trata-se da educação voluntária e consciente do Espírito. 

A situação dos suicidas no mundo espiritual 

A literatura espírita nos tem trazido preciosas informações acerca da vida dos suicidas no além-túmulo.

O primeiro conjunto de relatos sobre a condição espiritual dos suicidas está em O Céu e o Inferno. Como um repórter entre os dois mundos, Kardec entrevista nove Espíritos desencarnados nesta situação. Remetemos o leitor à própria obra, pois as lições a se colher são inúmeras.

Em 1940, foi lançado O Martírio dos Suicidas, de Almerindo Martins de Castro, pela Federação Espírita Brasileira, obra que traz informações importantes sobre o tema.

A obra mais completa, porém, somente seria publicada anos mais tarde, em 1955. Trata-se do livro Memórias de um Suicida, de Camilo Castelo Branco, psicografado por Yvonne Pereira muitos anos antes, pois os originais ficaram prontos em 1942. Este monumento literário tem sido um eficiente meio de prevenção ao suicídio, pois tem literalmente salvo muitas vidas. A leitura e o estudo são mais do que recomendados.

Nesta obra, em toda sua crueza, são apresentadas as consequências naturais da abreviação da vida no corpo físico. Por ser um relato em primeira pessoa, e tratando-se de um caso real, o drama dos que interrompem a vida se torna doloroso. Mas não é um livro de terror, como alguns chegam a imaginar quando não passam dos dois primeiros capítulos, porém, constitui-se em verdadeiro manual de vida e de como viver melhor. É também um bálsamo para os sobreviventes, para os corações afetados por este gênero de morte, pois a despeito do sofrimento que experimentam os suicidas, em nenhum momento lhes são negados assistência e reconforto, mesmo que alguns deles os recusem, em crise de rebeldia.

Por fim, temos as mensagens familiares que chegaram até nós por meio dos livros psicografados pelo Chico Xavier e outros médiuns respeitáveis. A tônica destas mensagens é a consolação que os próprios suicidas trazem, sob amparo de Espíritos mais elevados, aos familiares e amigos, dando notícia da continuidade da vida após a morte e informando sobre o tratamento a que estão submetidos, fornecendo também detalhes outros que facilitem e confirmem a sua identificação.

Muitos têm encontrado amparo e conforto no Espiritismo, seja por meio da literatura, seja frequentando uma instituição espírita.

Há grupos espíritas que se dedicam exclusivamente ao trabalho de assistência aos suicidas, seja por meio de reuniões mediúnicas destinadas a atendê-los, seja por meio de preces em seu favor e de todos aqueles que podem ser afetados por este ato. O tratamento de desobsessão, quando essa causa estiver envolvida, é uma terapêutica eficaz e fundamental para afastar os efeitos da ação invisível do Espírito obsessor. Kardec orienta essa prática com detalhe e clareza em O Livro dos Médiuns. 

Colaborando na prevenção 

Em alguns momentos de nossas vidas nos defrontaremos com pessoas às voltas com seus problemas e desejando buscar no suicídio o alívio ou solução para os mesmos.

Como devemos proceder nesses casos, que podem ir de um simples desabafo sem maiores consequências ao ato culminante do suicídio após estarmos com a pessoa?

O primeiro conselho é partilhar o caso, sempre que possível, com mais pessoas de confiança, de ambos ou de uma das partes, pelo menos. Sozinhos nem sempre conseguimos identificar meios de auxiliar a pessoa em crise. Precisaremos avaliar se o caso necessita de intervenção médica ou psicológica, para recomendar ou providenciar tratamento específico. (Ver quadro abaixo.)  


Onde encontrar orientação

Laboratório de Estudos e Intervenção sobre o Luto – LELu/PUC/SP

Atendimento a pessoas enlutadas de todas as idades, não há restrição econômica.

Rua Monte Alegre, 981 – Perdizes – São Paulo/SP

Quatro Estações – Instituto de Psicologia

Atendimento a pessoas enlutadas de todas as idades, treinamento para profissionais.

Alameda Lorena, 678 – Casa 5 – Jardim Paulista – CEP 01424-000 - São Paulo/SP

Serviço de Atendimento Psicológico da PUC/RS

Atende a comunidade em geral.
 

 
De qualquer modo, no entanto, se a pessoa não estiver em condições de permanecer a sós, que se destaque alguém para um permanente plantão, pois o tempo de recomposição química do cérebro nessas crises é de 30 dias, tomando-se medicação, explica a Dra. Alexandrina Meleiro, médica psiquiatra do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Diz a doutora, em entrevista ao Dr. Drauzio Varela: “Com frequência encontramos pacientes com doenças graves, em situação difícil, dizendo que não vale a pena viver assim. Vale. Quando a depressão começa a melhorar com o tratamento e tiramos o véu que cobre seus olhos, a solução aparece. No filme Philadelphia, há uma cena que me marcou e que costumo contar para as pessoas. O protagonista é um paciente com AIDS, na época em que esses doentes eram muito discriminados. Num dado momento, ele se olha no espelho e fala: ‘Não há problema sem solução’. Isso é uma verdade profunda. A solução existe, embora às vezes não a enxerguemos. Pode não ser a solução ideal, perfeita, mas é a possível naquela hora. Se houver flexibilidade para aceitá-la como se apresenta, veremos que a vida sempre vale a pena”.  


Para saber mais

A arte de morrer - Colocando a morte na pauta do dia

Disponível em www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/425/artigo72441-1.htm

Luto: estudos sobre a perda na vida adulta. Por Colin Murray Parkes. Summus

Editorial.
 


ABEL SIDNEY
é escritor e professor. Participa do movimento espírita em Porto Velho, RO. É autor de Lições de um suicida: um estudo do clássico “Memórias de um Suicida” e mantém na Internet o blog Suicídio: conhecer para prevenir: www.conhecerparaprevenir.blogspot.com/


Este artigo foi publicado originalmente na revista Universo Espírita, em outubro/2008.


 


 

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