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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 137 - 13 de Dezembro de 2009

LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)


Nos domínios da humildade

 “... Aquele, portanto, que se humilhar e se tornar pequeno como esta criança será o maior no reino dos céus...” ¹


De que maneira poderemos entender este convite de Jesus, se o progresso é uma lei natural e se o nosso destino é evoluir? Como poderemos conciliar o ensinamento evangélico com a realidade da lei do progresso, que podemos constatar em toda a Criação?

 

Basta para isso observarmos a evolução que se processa em todos os reinos da natureza.  É suficiente que prestemos atenção à própria história da Humanidade e o quanto temos evoluído, desde o homem das cavernas, que pouco diferia de um animal irracional, até o homem da civilização científica e tecnológica. Entretanto, se no campo intelectual o homem conquistou tão grande evolução, no campo moral não ocorreu o mesmo. Eis aqui a razão do sofrimento humano: somos todos vitimados pelo nosso próprio comportamento, distanciados que estamos das leis de Deus.

 

No Evangelho de Mateus, capítulo18, versículos 1 a 5, no qual encontramos a passagem acima citada, Jesus nos alerta para a necessidade de despertarmos, em nós, as virtudes da humildade e da simplicidade. Muitos justificam suas atitudes prepotentes e arrogantes, dizendo não se humilharem e nem se rebaixarem diante de ninguém, porque só os que sabem se impor vencem no mundo. Pobres companheiros que, envoltos no véu do orgulho, ignoram que a humildade a que Jesus se referia e para a qual nos chama à prática nada tem a ver com servilismo! Na excelência de sua pedagogia, quando o Mestre nos ensina, simplesmente, que “todo aquele que se eleva será rebaixado”, reporta-se ao sentimento de orgulho, porque toda elevação pessoal que tem por base o orgulho é ilusória. Assim, todo aquele que utiliza o mal como alavanca de elevação será rebaixado, pois só o bem que cultivamos em nós é indestrutível e  nos  oferece base sólida para todas as realizações.

 

Humildade é sentimento contrário ao orgulho. É o sentimento que tem a possibilidade de fazer o homem entender sua real posição no mundo, posição essa de eterno aprendiz frente à Sabedoria de Deus, nosso Pai Criador. É o sentimento capaz de levar o homem a compreender que, mesmo conhecendo muito, não deve humilhar quem pouco sabe; a perceber que, mesmo conhecedor de muitas coisas, outros existem que sabem mais. A criatura humilde tem a capacidade de ensinar sem demonstrar sabedoria e de auxiliar sem que o outro se sinta humilhado. 

A vida em sociedade estimula a competição, mas, longe de ser uma competição saudável, tem levado as criaturas a perderem o bom senso, a razão e a se comportarem como se vivessem não entre companheiros, mas entre adversários. Nas situações comuns da vida, julgam ter “vencido”, na maioria das vezes, os que fazem uso da esperteza – no sentido pejorativo do termo –, esquecidos de que todas as posições são transitórias e  que, mais cedo ou mais tarde, acabarão rebaixados de suas posições por não possuírem a base sólida do amor. São como construções nas areias da ilusão material que o tempo desfaz, mas que ficarão gravadas na sua consciência de Espírito imortal, reclamando por reajuste. Enquanto o orgulho for uma alavanca para nos elevar, seremos rebaixados por deixá-lo nos conduzir a uma suposta elevação sobre o nosso próximo. A nossa vitória só será real quando conquistarmos a elevação sobre nós mesmos, na consciência daquele que diz: hoje, eu cresci em conhecimento; hoje, eu sou melhor do que fui ontem; hoje, eu sou mais paciente, tenho mais coragem moral, sou mais prudente, sou mais calmo; hoje, eu cresci nos meus valores afetivos, nas minhas qualidades... 

A elevação que tem por base o amor – quando lutamos para vencer as próprias limitações, superando o egoísmo, a ambição descabida, o desejo de superioridade irresponsável – é  elevação legítima, da qual jamais seremos rebaixados, porque toda conquista espiritual  é tesouro inalienável do céu. Todos os ensinamentos de Jesus têm por objetivo a nossa elevação espiritual, visando à nossa felicidade, à nossa liberdade e nos conduzindo a uma vida renovada. 

Posto isto, podemos destacar três momentos da vida comum de Jesus, no convívio com Seus discípulos, que encontramos em O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. VII, itens 3 a 6, quando Ele aproveita para nos ensinar a humildade: 

No primeiro momento, Seus discípulos Lhe perguntam: “Quem é o maior no reino dos céus?” E, Jesus, chamando entre eles um menino, diz que se não se tornassem como aquele menino, não poderiam entrar no reino dos céus. Aponta a criança como símbolo da inocência e da pureza. O reino dos céus está dentro de nós. É um estado de espírito em que a criatura – que vive em harmonia com as leis de Deus – sente uma alegria íntima, uma felicidade que a nossa linguagem é incapaz de traduzir. Assim, liberta-se dos sentimentos inferiores e reflete a pureza de coração. 

No segundo, a mãe de dois de Seus apóstolos, Tiago e João, pede a Jesus para que seus filhos se assentem, um à Sua direita, outro à Sua esquerda no Reino, ou seja, ela pediu a Jesus que desse poder aos seus filhos. E, Jesus, responde: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que hei de beber?” Jesus, por compaixão e amor à humanidade havia assumido, entre nós, uma missão de grande sacrifício que o levaria ao martírio da crucificação. E aquela mãe amorosa não sabia o que estava pedindo para seus filhos. 

Desta passagem do Evangelho, podemos extrair, ainda, uma outra lição: quantas vezes almejamos situações de superioridade, julgando-as como um grande bem e nos aborrecemos por não conquistarmos aquilo que desejávamos? Mas será que estávamos preparados para assumir uma posição superior? Quantas vezes, em prece, pedimos a Deus a realização de algo que queremos muito e, como não vemos o nosso desejo se realizar, imaginamos que sequer fomos escutados, quando, na verdade,  o não atendimento à nossa solicitação  é justamente o  socorro da Providência Divina em nosso benefício, evitando consequências que não poderíamos suportar. Quando os discípulos pedem esclarecimentos ao Mestre Jesus acerca de suas dúvidas, Ele explica que aquele que vem para servir, que é humilde e simples de coração, que reconhece a Sabedoria do Pai Criador, que não se vangloria e nem exige homenagens na Terra, mas que trabalha no silêncio de sua consciência em benefício do próximo, que aguarda a recompensa do céu e não a dos homens, este será grande no céu, porque se fez pequeno na Terra.

No terceiro momento, Jesus, na casa de um fariseu, observando como se comportavam os convidados, ensinou que, quando fôssemos convidados para uma festa, não nos colocássemos em posição de destaque, tomando assento entre os primeiros lugares, para que, ao chegar outro convidado mais considerado, o anfitrião não necessitasse nos pedir para ceder o nosso lugar a ele, tendo que nos assentarmos nos últimos lugares. Mas, ao contrário, que buscássemos os últimos lugares, para que fosse motivo de glória o anfitrião nos convidar a lugar de maior destaque.
 

Eis a valorização da humildade, pois só aquele que compreende a sua condição de Espírito imortal pode ser humilde; e só pode ser humilde aquele que compreende que a posição de superioridade é acréscimo de responsabilidade espiritual para produzir o Bem, para amparar, para servir. Emmanuel nos lembra, a propósito desse tema, o seguinte: “Auxiliar a todos para que todos se beneficiem e se elevem, tanto quanto nós desejamos melhoria e prosperidade para nós mesmos, constitui para nós felicidade real e indiscutível. Ao leste e ao oeste, ao norte e ao sul da nossa individualidade, movimentam-se milhares de criaturas, em posição inferior à nossa. Estendamos os braços, alonguemos o coração e irradiemos entendimento, fraternidade e simpatia, ajudando-as sem condições. Quando o cristão pronuncia as sagradas palavras ‘Pai Nosso’, está reconhecendo não somente a Paternidade de Deus, mas aceitando também por sua família a Humanidade inteira”. ² 

“Bem-Aventurados os pobres de Espírito, porque deles é o reino dos céus”, quer dizer que os humildes já desfrutam da bem-aventurança, porque Jesus não diz que deles será o reino dos céus, mas, sim, “porque deles é o reino dos céus”. A partir do momento em que modificarmos a nossa postura de orgulho diante da vida, já poderemos nos sentir, imediatamente, muito mais felizes, porque bem-aventurados. Por esta razão, Jesus ensinava incansavelmente o princípio da humildade como condição essencial à felicidade prometida. 

           

Referências:

1 - MATEUS, 18:4.

2 - EMMANUEL (Espírito). Fonte Viva, [psicografado por] F.C.Xavier, 16ª ed., FEB Ed. – Rio de Janeiro/RJ – lição 104.

Consulte ainda:

JOANNA DE ÂNGELIS (Espírito). Jesus e o Evangelho – À Luz da Psicologia Profunda, [psicografado por] Divaldo Pereira Franco, 19ª ed., LEAL Editora – Salvador/ BA – p. 57 a 62.

XAVIER, F.C. e VIEIRA, Waldo – O Espírito da Verdade (Espíritos diversos), 10ª ed., FEB Ed. – Rio de Janeiro/RJ – lições 36 e 64.

* Publicado no Jornal Espírita (Feesp), em novembro de 2009, p. 7. 



 


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