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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 3 - N° 133 - 15 de Novembro de 2009

ANTONIO AUGUSTO NASCIMENTO
acnascimento@terra.com.br
Santo Ângelo, Rio Grande do Sul (Brasil)

 

Edson Luís dos Santos Cardoso:

“Quando falha a relação com os pais, o filho não consegue confiar em ninguém mais”

O dirigente do grupo Apoio Fraterno do Grupo Espírita Seara do Mestre, de Santo Ângelo (RS), conta como é possível na Casa Espírita ajudar, com os recursos do Espiritismo, os
dependentes químicos e seus familiares

  

O médico psiquiatra Edson Luís dos Santos Cardoso (foto), 38 anos, natural de São Gabriel (RS), iniciou sua trajetória no Espiritismo ao ler O Livro dos Espíritos, no final da adolescência.

Desde abril de 2002 coordena um importante trabalho de auxílio às famílias que enfrentam a dependência química e suas dramáticas consequências, com metodologia apoiada na Doutrina Espírita. O modelo de grupo de autoajuda é apoiado pelo HEPA – Hospital Espírita de Porto Alegre e já foi adotado por diversas instituições espíritas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
 

O assunto é o tema central da entrevista seguinte:  

O Consolador: Como se tornou espírita? 

Venho de berço católico, mas lembro que desde a infância buscava uma fé raciocinada e procurava entender as diferenças entre os seres humanos, que aos olhos de uma única vivência pareciam-me injustas, sem um sentido e incoerentes com a ideia que eu fazia de Deus. Já tinha ouvido falar do Espiritismo, mas não sabia o que era. Tinha uma intuição que me acompanhou durante anos de que deveria conhecê-lo, mas foi somente no final da adolescência que fui ter o primeiro contato com a Doutrina Espírita por meio de uma pessoa amiga, que era espírita e me emprestou O Livro dos Espíritos. Identifiquei-me de imediato com o que lia, encontrava ali as respostas para meus questionamentos e, após o término da leitura dessa obra, comecei a frequentar as palestras públicas e os grupos de estudo da Doutrina Espírita na cidade de Pelotas (RS), onde cursava a faculdade de medicina.  

O Consolador: Em quais atividades atua ou já atuou no Centro Espírita e no Movimento Espírita? 

Desde o ano de 2000 estou vinculado ao Grupo Espírita Seara do Mestre, de Santo Ângelo (RS), onde atuo como expositor em palestras públicas, canto e toco violão para as crianças antes da evangelização infantil, aos sábados à tarde. Coordeno o Grupo Apoio Fraterno (grupo de autoajuda aos dependentes químicos e seus familiares), com atividades todas as quintas-feiras, às 19h. 

O Consolador: Você é frequentemente solicitado como palestrante para seminários e palestras. Como iniciou as exposições e qual a importância que verifica nessas atividades?

No início, fui indicado pelo presidente do Grupo Espírita Seara do Mestre para fazer uma exposição médico-espírita sobre HIV (aids). A importância está no que aprendo, na energia salutar que sinto e na possibilidade de ajudar meu próximo, levando aos outros palavras de conforto, esperança, de fé e esclarecimento, sempre numa visão médico-espírita.

O Consolador: Há em sua vida algum momento em especial que gostaria de relatar-nos?  

O momento em que ouvi o convite da espiritualidade para iniciar o trabalho de auxílio aos dependentes químicos e seus familiares dentro da casa espírita. Foi ao final de uma exposição espírita sobre drogas, o que me preocupou, pois não achava que era a pessoa certa para isso, mas depois eu vi quanto vamos sendo auxiliados e preparados ao longo do caminho para uma tarefa quando nos propomos a ela. 

O Consolador: Como analisa a pandemia das drogas, especialmente do crack, que tem aumentado muito e forçado a sociedade a uma reação? 

As drogas surgiram com o homem primitivo em suas crenças e rituais religiosos, portanto é quase tão antiga em nosso planeta quanto a própria raça humana. O crack veio como um fundo de poço não apenas para o usuário e seus familiares, mas também para todas as esferas governamentais e para a sociedade em geral, com a finalidade de provocar mudanças políticas, sociais e científicas, mas principalmente para discutirmos e melhorarmos as relações entre os seres humanos. E também para abrirmos nossos olhos em relação às outras drogas, como por exemplo, o álcool, que é tão incentivado em nossos dias, mas que, em verdade, é a porta de entrada, na maioria dos casos, para as demais drogas e para obsessões espirituais. 

O Consolador: Quais as causas principais de muitos seres humanos, apesar de saberem das graves consequências, deixarem-se envolver pela dependência química?  

A falta de amor paterno e materno para com o filho, às vezes manifestando-se através da falta de carinho e em outras pela ausência da função paterna que é, entre outras coisas, ensinar aos filhos os limites necessários. Quando falha a relação com os pais, o filho não consegue confiar em nenhum outro ser humano e busca a relação com as substâncias químicas para superar as dificuldades. 

O Consolador: Na vivência da clínica psiquiátrica, quais as principais consequências pessoais e familiares da dependência química que são observadas?  

Diminuição do rendimento, faltas, reprovações e abandono escolar; faltas e perda de emprego; acidentes de trânsito com ou sem desencarnação, agressões, suicídios, homicídios, perda da saúde física e mental. 

O Consolador: Quais suas sugestões de posicionamento aos dirigentes espíritas para auxiliarem os que chegam aos Centros Espíritas vivendo o drama da drogadição? 

Oferecer ao dependente e aos seus familiares toda a terapêutica espiritual disponível na Casa Espírita (atendimento fraterno, palestra pública, passe, água magnetizada, literatura espírita). No Grupo Espírita Seara do Mestre essas pessoas são encaminhadas para o Apoio Fraterno. Além disso, orientar a busca do auxílio psiquiátrico e psicológico.  

O Consolador: O que é, quais são os objetivos e a forma de atuação do grupo Apoio Fraterno?  

É um grupo de autoajuda à luz da Doutrina Espírita para os dependentes químicos e seus familiares, que visa a auxiliá-los a erradicar as drogas lícitas e ilícitas de suas vidas. Atuamos sob a forma de reuniões semanais de 1 hora e 30 minutos, na casa espírita, onde utilizamos a técnica dos doze passos dos Alcoólicos Anônimos, adaptada e acrescida da Doutrina Espírita, que consta do livro “Apoio Fraterno: Auxiliando Almas a Vencer a Drogadição”, obra essa produzida por mim e por outros trabalhadores do Grupo Espírita Seara do Mestre.

Durante a reunião o grupo trabalha sob a forma de depoimentos pessoais. Estes visam auxiliar os participantes a entenderem mais sobre essa doença, e ajudar nas mudanças de atitude necessárias para a recuperação da família adoecida devido à adicção (dependência química). Antes dos depoimentos é feita a primeira parte do trabalho, que é a espiritualidade, tendo como base o livro “Apoio Fraterno”.

Cada princípio é exposto durante três semanas consecutivas; na quarta semana é estudado o segundo capítulo do livro, que é composto pelas principais substâncias psicoativas (drogas) e na quinta semana é exemplificado como funciona o Evangelho no Lar. O grupo reúne-se ininterruptamente durante o ano todo, inclusive nos feriados. Esse trabalho tornou-se uma realidade possível com muita disciplina, dedicação, fé e direcionamento da espiritualidade superior, que em várias oportunidades se fez evidente. O livro pode ser adquirido por quem desejar conhecer esse trabalho na sua essência.

O Consolador: Como surgiu o grupo Apoio Fraterno?   

Surgiu durante uma palestra pública que realizava sobre dependência química, na qual, ao final, eu pretendia sensibilizar os trabalhadores da casa para se envolverem com essa questão. Só que, quando lancei o desafio para o público, ouvi alto e bom som uma voz espiritual que me disse simplesmente: “E por que não você?” Levei um susto, mas após conversar com outros trabalhadores da casa, resolvi arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Comecei convidando as pessoas dos grupos de estudos da casa para formarmos um novo grupo que iria se propor a estudar essa temática e formar uma metodologia para o trabalho. Dois anos após, já com o livro pronto, resolvemos abrir para o atendimento aos necessitados dessa área. 

O Consolador: Fale-nos de sua motivação para ter-se envolvido diretamente na aplicação da consagrada metodologia dos grupos de autoajuda, como os Alcoólicos Anônimos e o Amor Exigente, em um grupo sob a ótica da Doutrina Espírita como o Apoio Fraterno?  

A certeza de que os ensinamentos da Doutrina Espírita como, por exemplo, as influências espirituais, as obsessões, o vampirismo, os meios práticos do homem se melhorar nessa vida e resistir ao arrastamento para o mal, fora outros, têm muito para contribuir com esse consagrado método. 

O Consolador: Com sua experiência de mais de sete anos com o grupo Apoio Fraterno, quais os resultados que tem percebido nos que buscam ajuda?  

Em todos os participantes observamos o aumento da fé, da esperança, do fortalecimento e do conhecimento sobre a problemática que vivem. Em relação aos familiares, esses compreendem que também estão adoecidos e precisam curar-se da codependência, adotam atitudes diferentes, libertam-se dos sentimentos de culpa e buscam responsabilidades, comportam-se melhor ante as crises, exigem, disciplinam e amam incondicionalmente, mas sem se anularem. Quanto aos dependentes em recuperação, observamos os mesmos efeitos. Essas mudanças vão ocorrendo ao longo dos meses e isso vai gerando confiança, diálogo, aproximação, valorização das pessoas, deixando as famílias mais sadias, equilibradas e cada vez mais distantes das drogas. 

O Consolador: Como o amigo percebe os desafios da sociedade em transformação como a facilitação das relações virtuais, mas também o aumento das distonias mentais?  

As relações virtuais só crescem onde falham as reais, e as distonias mentais só existem porque faltam o amor incondicional, a resignação, a fé verdadeira e a caridade. 

O Consolador: Suas palavras finais. 

Agradeço pela oportunidade de estarmos falando sobre o nosso trabalho. Gostaria de deixar um e-mail para contatos e troca de experiências na área de auxílio à dependência química: apoiofraterno@searadomestre.com.br.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita