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O Espiritismo responde
Ano 3 - N° 125 – 20 de Setembro de 2009
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


 
 

Dagmar Oliveira Mafei, de Braço do Norte (SC), pergunta por que nas orações feitas pelos espíritas, sobretudo na chamada Oração Dominical, é utilizada a frase “Assim seja”, em vez de “Amém”.

Em primeiro lugar, é preciso entender que a frase “assim seja” é um dos sinônimos da palavra “amém”.

Informa o dicionário Aurélio, em sua versão eletrônica:

“Amém [Do hebr. amén, 'assim seja', pelo lat. amen.] - Interj. 1. Palavra litúrgica de aclamação, que indica anuência firme, concordância perfeita, com um artigo de fé; assim seja.  S. m.  2.  Concordância; aprovação, consentimento, anuência: 2  [Var. de âmen. Cf. amem, do v. amar.]  Dizer amém a: Consentir em; aprovar; anuir a; condescender com. Assim seja: Amém.” 

A palavra amém não pertence à nossa língua. Ela foi levada como uma palavra hebraica para o Novo Testamento grego e daí para as versões em outras línguas. Procede de um termo hebraico que significa “apoiar” ou “estar firme”. A partir dessa ideia inicial, passou a ser usada no sentido de “verdadeiro, fiel, ou certo”, como Paul Earnhart explica em um interessante artigo disponível na internet no site http://www.estudosdabiblia.net/200246.htm.

No âmbito das religiões cristãs, a palavra amém ora é usada seguida de ponto de exclamação (“Amém!”), ora seguida de ponto de interrogação (“Amém?”), como observa o  Rev. André do Carmo Silvério em um texto disponível na internet, no site http://www.monergismo.com.

No meio espírita, talvez para evitar o uso de uma palavra claramente vinculada à liturgia cristã, o Codificador do Espiritismo propôs, em lugar do vocábulo “Amém”, a frase “Assim seja”, primeiramente na edição de agosto de 1864 da Revista Espírita, quando fez ali referência à Oração Dominical. Mais tarde a proposta apareceria no cap. XXVIII da versão definitiva de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

Eis o que Kardec escreveu na Revista Espírita:

“Vários de nossos assinantes nos testemunharam o lamento de não terem encontrado, em nossa A Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo (1), uma prece especial, para a manhã e a noite, para o uso habitual.

Faremos notar que as preces contidas nessa obra não constituem um formulário que, para ser completo, deveria delas conter um muito maior número. Elas fazem parte das comunicações dadas pelos Espíritos; nós as juntamos, no capítulo consagrado ao exame da prece, como juntamos, a cada um dos outros capítulos, as comunicações que poderiam a eles se relacionar. Omitindo, de propósito, as da manhã e da noite, quisemos evitar de dar, à nossa obra, um caráter litúrgico; por isso nos limitamos às que têm uma relação direta com o Espiritismo, cada um podendo encontrar as outras nas de seu culto particular. Todavia, para obtemperar o desejo que nos foi manifestado, damos a seguir a que nos parece melhor responder ao objetivo que se propôs. No entanto, fá-la-emos preceder de algumas observações para fazer delas compreender melhor a importância.

Em A Imitação, n. 274, fizemos ressaltar a necessidade das preces inteligíveis. Aquele que ora sem compreender o que diz se habitua a dar mais valor às palavras do que aos pensamentos; para ele são as palavras que são eficazes, mesmo quando o coração nelas não está por nada; também muitos se creem quites quando recitaram algumas palavras que os dispensam de se reformarem. É fazer-se uma estranha ideia da Divindade crer que ela se paga com palavras antes do que com atos que atestem uma melhoria moral.

Eis, de resto, sobre este assunto, a opinião de São Paulo: ‘Se não entendo o que significam as palavras, serei bárbaro para aquele com quem eu fale, e aquele que me fale ser-me-á bárbaro. Se oro numa língua que não entendo, meu coração ora, mas minha inteligência está sem fruto. Se não louvais a Deus senão do coração, como um homem entre aqueles que não entendem senão a sua própria língua, responderá Amém, ao fim de vossa ação de graça, uma vez que não entende o que dissestes? - Não é que a vossa ação de graça não seja boa, mas os outros não estão dela edificados.’ (São Paulo, 1a. Ep. aos Coríntios, cap. XIV, v. 11, 14, 16, 17.)

É impossível condenar de maneira mais formal e mais lógica o uso de preces ininteligíveis.

Pode-se admirar que seja tão pouco levada em conta a autoridade de São Paulo sobre esse ponto, desde que ela é tão frequentemente evocada sobre outros. Poder-se-ia dizer outro tanto da maioria dos escritores sacros considerados como as luzes da Igreja, e dos quais todos os preceitos estão longe de serem postos em prática.

Uma condição essencial da prece é, pois, segundo São Paulo, de ser inteligível, a fim de que possa falar ao nosso espírito; para isto não basta que seja dita numa língua compreendida por aquele que ora; há preces em linguagem vulgar que não dizem muito mais ao pensamento do que se estivessem em língua estrangeira, e que, por isso mesmo, não vão ao coração; as raras ideias que elas contêm, frequentemente, são abafadas sob a superabundância das palavras e do misticismo da linguagem.

A principal qualidade da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos que não são senão enfeites de lantejoulas; cada palavra deve ter sua importância, revelar um pensamento, movimentar uma fibra; em uma palavra, deve fazer refletir; só com esta condição a prece pode alcançar seu objetivo, de outro modo não é senão ruído. Também vedes com que ar de distração e com que volubilidade elas são ditas na maioria do tempo; veem-se os lábios que se movimentam, mas, pela expressão da fisionomia, mesmo ao som da voz, reconhece-se um ato maquinal, puramente exterior, ao qual a alma permanece indiferente.

O mais perfeito modelo de concisão com relação à prece, sem contradita, é a Oração dominical, verdadeira obra-prima de sublimidade em sua simplicidade; sob a forma mais restrita ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. No entanto, em razão de sua própria brevidade, o sentido profundo, encerrado nas poucas palavras das quais ele se compõem, escapa à maioria; os comentários que foram dados a esse respeito não estão sempre presentes na memória, ou mesmo são  desconhecidos da maioria; é porque dizem-na, geralmente, sem dirigir-se o pensamento sobre as aplicações de cada uma de suas partes, é dita como uma fórmula cuja eficácia é proporcional ao número de vezes que é repetida; ora, é quase sempre um dos números cabalísticos três, sete ou nove, tirados da antiga crença na virtude dos números, e em uso nas operações da magia.” (Revista Espírita de agosto de 1864.)

Dito isso, Kardec apresentou o que considerou uma versão ideal da Oração Dominical, cujo fecho é o texto abaixo transcrito:

“VII. Assim seja.

Praza a vós, Senhor, que nossos desejos se cumpram! Mas nós nos inclinamos diante de vossa sabedoria infinita. Sobre todas as coisas que não nos é dado compreender, seja feito segundo vossa santa vontade, e não segundo a nossa, porque não quereis senão nosso bem, e sabeis melhor do que nós o que nos é útil. Nós vos dirigimos esta prece, ó meu Deus! por nós mesmos, e por todas as almas sofredoras, encarnadas e desencarnadas, por nossos amigos e nossos inimigos, por todos aqueles que reclamam a nossa assistência. Pedimos sobre todos a vossa misericórdia e a vossa bênção.”

Texto idêntico, com a frase “Assim seja” no lugar de “Amém”, aparece em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XXVIII, o que responde à pergunta formulada pelo leitor.

(1) A Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo foi o título inicial do livro “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Kardec, publicado em 1864.


 

 

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