MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
29)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Dois fatos ocorreram
logo que Gúbio terminou
a oração. Que fatos
foram esses?
R.: Primeiro, uma
verdadeira chuva de
raios diamantinos
começou a jorrar do Alto
sobre ele e um halo
radioso cobriu-lhe
gloriosamente a cabeça
veneranda. Em segundo
lugar, ocorreu a
materialização de
Matilde, que já estava a
seu lado, invisível a
todos, menos ao
Instrutor.
(Libertação, cap. XVIII,
pp. 228 a 230.)
B. Que palavras Matilde
dirigiu inicialmente à
assembleia ali reunida?
R.: Depois de endereçar
à assembleia um gesto de
bênção, Matilde disse
que a dádiva do corpo
carnal é inapreciável
bênção divina e a vida,
contínuo processo de
aperfeiçoamento. E
recomendou que ninguém
buscasse a reencarnação
tão-somente pela ânsia
do esquecimento. "Não
basta desejar. É
imprescindível orientar
o desejo na direção do
Bem Infinito", asseverou
a benfeitora.
(Obra citada, cap.
XVIII, pp. 228 a 230.)
C. Como se processa em
nós o salto qualitativo?
R.: "A aquisição das
virtudes iluminativas" –
explicou Matilde – "não
constitui serviço
instantâneo da alma,
suscetível de efetuar-se
de momento para outro."
"Somos, cada qual de
nós, um ímã de elevada
potência ou um centro de
vida inteligente,
atraindo forças que se
harmonizam com as nossas
e delas constituindo
nosso domicílio
espiritual." Toda
pessoa, encarnada ou
não, respira sempre
entre os raios de vida
superior ou inferior que
emite, ao redor dos
próprios passos. As
energias que
exteriorizamos nos
definem muito mais que
as palavras; por isso, o
retorno à carne nada
vale sem o conhecimento
das obrigações que
competem ao Espírito,
ante a Justiça Divina. A
responsabilidade é a
maior força capaz de nos
socorrer nos círculos de
matéria densa e se
traduz em tendência
nobre, a persistir
conosco.
(Obra citada, cap.
XVIII, pp. 230 e 231.)
Texto
para leitura
118. O problema do
ciúme - Ao
entardecer, a
conformação e o
contentamento reinavam
em todos os rostos.
Gúbio prometera conduzir
os companheiros de boa
vontade a esfera mais
elevada, garantindo-lhes
a passagem para uma
condição superior, e
doce júbilo transparecia
de todos os olhares.
Nesse momento de fé e
confiança, simpática
senhora pediu a André
permissão para cantar um
hino evangélico, ao que
o amigo anuiu,
prazeroso, tendo dita
melodia encantado a
todos. A música chegava
ao fim quando jovem
dama, de triste
fisionomia, avançou e
disse, em voz súplice:
"Meu amigo, de hoje em
diante adotarei novo
rumo. Sinto, neste
cenáculo de
fraternidade, que o mal
nos afundará
invariavelmente nas
trevas". E, fixando os
olhos lacrimosos nos de
André, rogou:
"Promete-me, porém, a
bênção do olvido na
esfera do recomeço!"
(Ela aludia a seu
retorno à carne, à
reencarnação.) Contou
então ter sido mãe de
dois filhinhos belos e
puros como duas
estrelas, mas a morte
lhe arrebatara cedo ao
lar. Seu marido, em seis
meses, esqueceu as
promessas de muitos anos
e entregou os dois anjos
a uma madrasta sem
entranhas, que os
amesquinhava. Fazia
vinte meses que ela
lutava contra a rival,
tomada de revolta
incoercível; estava,
porém, entediada do
ódio que lhe constringia
o coração; sentia a
necessidade de
renovar-se para o bem, a
fim de ser útil.
Aspirava, no entanto, ao
esquecimento: "Ajuda-me
por piedade!", suplicou.
"Prende-me em algum
lugar, onde minhas
recordações amargas
possam tranquilamente
morrer. Não me deixes,
por mais tempo, entregue
aos caprichos que me
arrastam. Minha
inclinação ao bem é
insignificante réstia de
luz, no seio da noite do
mal que me envolve.
Compadece-te e ajuda-me!
Não sei amar, ainda, sem
o ciúme violento e
aviltante!" As rogativas
daquela mulher acordaram
em André a lembrança
viva de seu próprio
passado. Ele também
sofrera intensamente
para desvencilhar-se dos
laços inferiores da
carne. Então, comovido,
abraçou-a, como se o
fizesse a uma filha,
chorando igualmente, e
lhe prometeu tudo fazer
para auxiliá-la.
"Fixa-te em Jesus" –
recomendou-lhe o irmão –
"e doce esquecimento do
perturbado campo
terrestre te balsamizará
o espírito,
preparando-te para o voo
às torres celestes."
"Serei teu amigo e
desvelado irmão." (Cap.
XVII, pp. 223 a 225)
119. Uma comovente
oração - A
reunião noturna guardava
para todos
surpreendente alegria.
Sob a doce claridade
lunar, Gúbio assumiu a
direção dos trabalhos,
congregando-os em largo
círculo. Recomendou-lhes
o esquecimento dos
velhos erros e
aconselhou-os atitude
interior de sublimada
esperança, emoldurada em
otimismo renovador, a
fim de que as suas
energias mais nobres
fossem ali
exteriorizadas.
Esclareceu que um caso
de socorro, quando
orientado nos princípios
evangélicos, qual
sucedia no problema de
Margarida, é sempre
suscetível de comunicar
alívio e iluminação a
muita gente, mas, para
isso, era imperioso
guardar inequívoca
posição de superioridade
moral, porque o
pensamento, em reuniões
como aquela, punha em
jogo forças individuais
de suma importância no
êxito ou no fracasso do
tentame. De todas as
fisionomias
transbordavam
contentamento e
confiança, quando o
Instrutor ergueu a voz
no cenáculo de
fraternidade e rogou,
humilde e comovente:
"Senhor Jesus, digna-te
abençoar-nos, discípulos
teus, sequiosos das
águas vivas do Reino
Celeste! Aqui nos
congregamos, aprendizes
de boa vontade, à espera
de tuas santificadas
determinações. Sabemos
que nunca nos impediste
o acesso aos celeiros da
graça divina e não
ignoramos que a tua luz,
quanto a do Sol, cai
sobre santos e
pecadores, justos e
injustos... Mas nós,
Senhor, nos achamos
atrofiados pela própria
imprevidência. Temos o
peito ressecado pelo
egoísmo e os pés
congelados na
indiferença,
desconhecendo o próprio
rumo. Todavia, Mestre,
mais que a surdez que
nos toma os ouvidos e
mais que a cegueira que
nos absorve o olhar,
padecemos, por desdita
nossa, de extrema
petrificação na vaidade
e no orgulho que,
através de muitos
séculos, elegemos por
nossos condutores nos
despenhadeiros da sombra
e da morte; mas
confiamos em Ti, cuja
influência santificante
regenera e salva
sempre..." E Gúbio,
tomado de tocante
inspiração, prosseguiu:
"Poderoso Amigo, tu que
abres o seio da Terra
pela vontade do Supremo
Pai, usando a lava
comburente, liberta-nos
o espírito dos velhos
cárceres do ‘eu’, ainda
que para isso sejamos
compelidos a passar pelo
vulcão do sofrimento!
Não nos relegues aos
precipícios do passado.
Descerra-nos o futuro e
inclina-nos a alma à
atmosfera da bondade e
da renúncia. Dentro da
extensa noite que
improvisamos para nós
mesmos, pelo abuso dos
benefícios que nos
emprestaste, possuímos
tão-somente a lanterna
bruxuleante da boa
vontade, que a ventania
das paixões pode apagar
de um momento para
outro. Ó Senhor!
livra-nos do mal que
amontoamos no santuário
de nossa própria alma!
Abre-nos, por piedade, o
caminho salvador que
nos faça dignos de tua
compaixão divina.
Revela-nos tua vontade
soberana e
misericordiosa, a fim de
que, executando-a,
possamos alcançar, um
dia, a glória da
ressurreição verdadeira.
Distanciados, agora, do
corpo de carne, não nos
deixes cadaverizados no
egoísmo e na discórdia.
Envia-nos, magnânimo, os
mensageiros de tua
bondade infinita, para
que possamos abandonar
o sepulcro de nossas
antigas ilusões!". (Cap.
XVIII, pp. 226 a 228)
120. Matilde se
materializa -
Quando Gúbio terminou a
oração, suas lágrimas
serenas receberam
resposta celestial,
porque verdadeira chuva
de raios diamantinos
começou a jorrar do Alto
sobre ele e um halo
radioso cobriu-lhe
gloriosamente a cabeça
veneranda. O Instrutor
pediu então que André
dirigisse os trabalhos
da reunião, enquanto ele
forneceria recursos
necessários à
materialização de
Matilde. Ela já estava a
seu lado, invisível a
todos, menos ao
Instrutor, e esclarecia
haver chegado a noite
longamente esperada por
seu coração materno.
Gúbio recolheu-se,
pois, em profunda
meditação, e luz
brilhante e doce passou
a irradiar-se de seu
peito, do semblante e
das mãos, em ondas
sucessivas,
semelhando-se a matéria
estelar, tenuíssima,
porque as irradiações
pairavam em torno, como
que formando singulares
paradas nos movimentos
que lhe eram
característicos. Em
instantes, aquela massa
suave e luminescente
adquiriu contornos
definidos e, pouco
depois, Matilde surgiu
diante de todos,
venerável e bela. O
fenômeno de
materialização da
entidade seguiu processo
quase análogo ao que se
verifica nos círculos
carnais. Ante a
benfeitora, diversas
mulheres presentes
prosternaram-se,
dominadas de incoercível
emoção. Matilde
endereçou à assembleia
um gesto de bênção e
falou-lhes com voz
pausada e emocionante,
esclarecendo que a
dádiva do corpo carnal é
inapreciável bênção
divina e a vida,
contínuo processo de
aperfeiçoamento.
Recomendou-lhes que
ninguém buscasse a
reencarnação tão somente
pela ânsia do
esquecimento. "Não
basta desejar. É
imprescindível orientar
o desejo na direção do
Bem Infinito", asseverou
a benfeitora, que se
declarou humilde
servidora, sem outro
crédito perante Deus que
não o da boa vontade.
"Meus pés jazem ainda
marcados pelo pretérito
obscuro e meu coração
ainda guarda cicatrizes
recentes e profundas de
experiências amargosas,
que os dias incessantes,
até agora, não
conseguiram apagar",
acrescentou Matilde.
(Cap. XVIII, pp. 228 a
230)
121. As palavras
de Matilde - Em
sua preleção, Matilde
esclareceu como se
processa em nós o salto
qualitativo. "A
aquisição das virtudes
iluminativas" --
explicou a benfeitora --
"não constitui serviço
instantâneo da alma,
suscetível de efetuar-se
de momento para outro."
"Somos, cada qual de
nós, um ímã de elevada
potência ou um centro de
vida inteligente,
atraindo forças que se
harmonizam com as nossas
e delas constituindo
nosso domicílio
espiritual." Matilde
informou, então, que
toda pessoa, encarnada
ou não, respira sempre
entre os raios de vida
superior ou inferior que
emite, ao redor dos
próprios passos. As
energias que
exteriorizamos nos
definem muito mais que
as palavras; por isso,
nada vale o retorno à
carne sem conhecimento
das obrigações que
competem ao Espírito,
ante a Justiça Divina. A
responsabilidade é a
maior força capaz de nos
socorrer nos círculos de
matéria densa e se
traduz em tendência
nobre, a persistir
conosco. A benfeitora
lembrou as dificuldades
que apresenta a volta ao
corpo carnal, que muitos
negligenciam,
formulando precipitadas
promessas que jamais são
cumpridas e agravando os
próprios débitos ao
repetirem as mesmas
faltas de outra época,
com absoluta perda de
tempo. A benfeitora fez
breve pausa e depois
exclamou: "Rogais o
regresso à sombra
protetora da carne, no
propósito de desfazer os
sinais desagradáveis que
vos marcam a veste
espiritual. Contudo, já
armazenastes suficiente
força para esquecer os
males que vos foram
causados na Crosta da
Terra? reconheceis os
vossos erros, a ponto de
aceitar a necessária
retificação?
fortalecestes o ânimo, a
fim de examinar as
necessidades que vos são
peculiares, sem aflições
alucinatórias?
aprendestes a servir com
o Cordeiro Divino, até
ao sacrifício pessoal na
cruz da incompreensão
humana, anulando na
própria alma as zonas
viciadas de sintonia com
os poderes das trevas?
já auxiliastes os
companheiros de caminho
evolutivo e salvador com
a intensidade e a
eficiência que vos
justifiquem a rogativa
de colaboração
intercessora? que boas
obras já efetuastes a
fim de rogardes novos
recursos do Céu? com
quem contais para vencer
nas experiências
porvindouras?" (Cap.
XVIII, pp. 230 e 231) (Continua
no próximo número.)