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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 116 – 19 de Julho de 2009

WILSON CZERSKI
wilsonczerski@brturbo.com.br
Curitiba, Paraná (Brasil)

  
Corruptos, filantropos, a sociedade e um futuro


Num momento particularmente triste da história brasileira, quando a mídia não para de escancarar o mar de lama que, com a força de um tsunami imoral, atinge toda a sociedade, é de se perguntar se resta alguma esperança. Dentro do propósito de examinar o que a filosofia espírita oferece para coibir o mal e predispor o indivíduo a obter a felicidade, não podemos deixar de mencionar os fatos lamentáveis que envergonham o país.

Segundo organismos internacionais especializados, somos um dos campeões mundiais em corrupção, fazendo companhia a alguns países africanos insignificantes, e parece que quanto mais se denuncia, investiga-se e prende-se gente com ela envolvida, sempre mais ela ocorre. Mas por que essas pessoas abrem mão tão descaradamente de sua dignidade para apropriar-se fraudulentamente do dinheiro alheio? Que tipo de ambição desenfreada e estúpida está por trás da ausência de caráter capaz de esquecer todos os escrúpulos para com sua consciência e avançar tão afoitamente no dinheiro público?

Na questão 922, de O Livro dos Espíritos, somos esclarecidos que a felicidade resume-se, para a vida material, na posse do necessário e, para a vida moral, na consciência tranquila e na fé no futuro. Está claro que os corruptos não são felizes e não possuem consciência nem fé no futuro, preocupados que estão unicamente com o hoje, ao máximo possível e a qualquer custo. Seguem totalmente iludidos pelo desejo irrefreável de TER, esquecidos de valorizar o SER, ignorando sua própria natureza de essência divina em trajetória imortal, provisoriamente instalada num corpo de carne e num mundo do qual nada levarão exceto as experiências e o resultado moral de seus atos. Buscam ensandecidos muito mais do que necessitam e, como se diz, não estão nem aí para a consciência amordaçada pelo egoísmo, orgulho, inveja e ambição.

Poderiam aprender algo, se não querem fazê-lo na fonte das religiões e das filosofias, com alguns exemplos humanitários. Anunciou-se que, como consequência direta do empenho do então primeiro-ministro inglês Tony Blair (isso no meio do ano de 2005), o G-7, grupo dos sete países mais ricos do mundo, estaria perdoando uma dívida de 40 bilhões de dólares de 18 países africanos, Honduras e Bolívia, mergulhada naquela época em grave crise política e social. Entre 1997 e 2002, o mesmo G-7 já havia gasto 234 bilhões de dólares com ajudas internacionais.

Bill Gates, o multimilionário dono da Microsoft, em 2001 anunciou a doação de 100 milhões, sempre em dólares, para o combate da AIDS, principalmente na África onde estão 70% dos afetados pela doença e afirmou: “as vítimas da AIDS na África não são só números” e ”suas mortes é como se perdêssemos um amigo ou parente”. De 1999 a 2003, ele doou 22,9 bilhões – valor superior à somatória dos outros 19 filantropos de uma lista de 20 -, inclusive ao Brasil, em cursos de informática nas favelas cariocas e já avisou que 98% de seu patrimônio de cerca de 60 bilhões de dólares serão repassados à fundação por ele criada.

Mas Gates não é o único. O americano Walter Hubbert Annenberg, ao morrer em 1994, doou metade de sua fortuna (2,5 bilhões). Em 2002 as doações dos americanos somaram 240 bilhões, cerca da metade do PIB brasileiro. Agora a maioria dos ricaços doa ainda em vida, através de fundações. Assim controlam melhor a destinação do dinheiro, evitam fraudes e exigem resultados mensuráveis, eficiência e transparência. Quem recebe tem que se profissionalizar e nisto tudo tem um papel importante a ética protestante prevalecente nos EUA onde se destaca a responsabilidade individual no desenvolvimento social. Os novos doadores preocupam-se menos com artes e mais com saúde e educação. Outra preocupação deles é não deixar grandes heranças. “Se eles têm tanto dinheiro que lhes falta motivo para sair da cama de manhã, estaremos lhes fazendo muito mal”, afirmou James Stower, o quinto do ranking, referindo-se aos filhos.

E aqui, será que alguém pensa e age parecido? O médico Antonio Massigla, em março de 2003, doou 85 mil dólares à Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. Já o ex-aluno da UFMG, o banqueiro Aloysio de Faria, destinou 4,3 milhões de dólares ao Hospital de Clínicas de Belo Horizonte e Luiz de Queiroz, ex-aluno de agronomia da USP-Piracicaba, deixou em testamento uma fazenda avaliada em 16 milhões de dólares. Nomes que precisam ser reverenciados em contraposição a todos aqueles que poluem as páginas dos jornais e a mente dos cidadãos honestos.

Henrique Prata é um pecuarista com patrimônio avaliado em 50 milhões de dólares, mas frequentemente é encontrado percorrendo os gabinetes de políticos em Brasília pedindo recursos. Não para si, como frisa a reportagem da revista Veja de 29 de abril deste ano, mas para manter funcionando o Hospital de Câncer de Barretos – SP. Há 20 anos o hospital fundado pelo pai atravessava dificuldades. Assumiu a administração, saneou as finanças e pediu a 40 amigos doação individual de mil dólares para construir uma nova sede. Hoje o serviço consome 11 milhões de reais por mês, dos quais 7,5 vêm do SUS. Além dos políticos que se referem a ele como o “chato do hospital”, artistas como Ivete Sangalo, Xuxa e Leonardo colaboram com ele. Duas mil pessoas, a maioria esmagadora de pobres, são atendidas diariamente sem nenhuma cobrança, além de receber alojamento e alimentação. Prata não declara quanto de seus próprios recursos aloca no hospital.

Estes são alguns dos grandes e generosos afortunados, mas há outros milhões, mesmo aqui no Brasil, anônimos, solidários, que oferecem o auxílio pelo trabalho voluntário ou diretamente em valores, às vezes, muito singelos tal como o precioso óbolo da viúva citado por Jesus. O mundo e o Brasil estão mudando para melhor, apesar de tudo. As crises são sintomas de mudanças e as conquistas sociais têm um preço. Não deixemos que eles estraguem nossas vidas, sabotem nossas esperanças neste futuro promissor para nossos filhos, netos e, certamente, para quase todos nós quando de retorno pelas portas da reencarnação.

E por falar nisso, quanto aos corruptos, paradoxalmente só devem inspirar nossa mais profunda compaixão. Ainda conforme palavras do Cristo, certamente não sabem o que fazem. Se soubessem que, mesmo contando com uma chance razoável de escapar da justiça terrena – na complacência da brasileira principalmente –, não terão igual sorte em relação à divina, agiriam de outra forma. Mais cedo ou mais tarde, na atual ou na próxima encarnação e especialmente no interregno entre elas, arcarão com as duras consequências de seus delitos.

Portanto, interpretações à parte, se o camelo evangélico era um animal ou uma grossa corda mais capaz de passar no buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus, somado à informação dos Espíritos de que a prova da riqueza é sempre mais perigosa do que a sua oposta, o fato é que devemos estar sempre vigilantes para com o próprio comportamento em relação aos “talentos” que nos foram cedidos por empréstimo. Ainda que um volume de recursos nos tenha chegado às mãos legitimamente, fruto do trabalho e competência, cuidado especial deve ser dado ao emprego dos mesmos. Estamos sendo fiéis depositários da confiança divina ou estão servindo exclusivamente para satisfazer caprichos pessoais e egoísticos?



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita