WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual
Capa desta edição
Edições Anteriores
Adicionar
aos Favoritos
Defina como sua Página Inicial
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco
 
 
Clássicos do Espiritismo
Ano 3 - N° 115 – 12 de Julho de 2009

ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

O Porquê da Vida

  Léon Denis

 (7ª Parte)

 

Damos prosseguimento ao estudo do clássico O Porquê da Vida, de Léon Denis, focalizando nesta edição o que essa obra nos traz sobre as cartas que João Gaspar Lavater enviou no final do século 18 à Imperatriz Maria Feodorawna, esposa do Imperador Paulo I da Rússia.

Questões preliminares

A. Quem foi Lavater e em que época ele se correspondeu com a Imperatriz Maria Feodorawna?

R.: João Gaspar Lavater foi teólogo, filósofo e pastor nascido em Zurique, Suíça. Suas cartas dirigidas à Imperatriz Maria foram escritas no período de 1796 a 1798. Reunidas num único volume, as cartas foram publicadas em Petersburgo, em 1858, sob o título “Cartas de João Gaspar Lavater à Imperatriz Maria Feodorawna, esposa do Imperador Paulo I da Rússia”. (O Porquê da Vida, pp. 55 e 56.) 

B. Que é que Lavater escreveu sobre o estado da alma depois da morte?

R.: De forma resumida, eis o que ele escreveu sobre o assunto: I - o mundo invisível deve ser penetrável para a alma separada do corpo, assim como ele o é durante o sono; II - a alma aperfeiçoa em sua existência material as qualidades do corpo espiritual, veículo com que continuará a existir depois da morte e pelo qual conceberá e obrará em sua nova existência; III - o estado da alma depois da morte será fundado sempre neste princípio geral: o homem colhe o que houver plantado; IV - cada alma, separada do seu corpo, se apresenta a si própria, depois da morte, tal como ela é na realidade; V - seu peso intrínseco, como que obedecendo à lei de gravitação, atraí-la-á aos abismos insondáveis ou às regiões luminosas, fluídicas e etéreas; VI - o bom Espírito elevar-se-á para os bons e o perverso será empurrado para os maus, atendendo à lei das afinidades. (Obra citada, pp. 58 a 63.)  

C. Lavater admitia claramente as comunicações com o mundo invisível?

R.: Sim. E previu, também, que no futuro, se Deus o permitisse, as comunicações com o mundo invisível seriam mais frequentes. Anexa à carta em que fez essa previsão, Lavater enviou à Imperatriz uma outra comunicação mediúnica na qual o comunicante diz que para enviar a mensagem foi-lhe preciso obter licença especial, pois os Espíritos nada podem fazer sem permissão.  (Obra citada, pp. 81 a 83.) 

Texto para leitura 

79. No castelo grão-ducal de Pawlowsk, situado a vinte e quatro milhas de Petersburgo, onde o Imperador Paulo, da Rússia, passou os anos mais felizes de sua vida e que se tornou depois a residência favorita da Imperatriz Maria, sua viúva, acha-se uma seleta biblioteca na qual se encontra um maço de cartas de Lavater, que passaram ignoradas dos biógrafos do célebre filósofo suíço. (N.R.: Johann Kaspar Lavater {1741-1801}, teólogo e filósofo suíço nascido em Zurique, foi pastor em sua cidade natal e é considerado o fundador da fisiognomonia -- a arte de conhecer o caráter das pessoas pelos traços fisionômicos.) (P. 55)

80. Essas cartas -- seis, ao todo -- foram escritas no período de 1796 a 1798 e enviadas de Zurique. Dezesseis anos antes, em Zurique e em Schaffhouse, Lavater teve ocasião de ser apresentado ao Conde e à Condessa do Norte, títulos usados então pelo Grão-Duque da Rússia e sua esposa em sua viagem pela Europa. (PP. 55 e 56)

81. Lavater estabelece nessas cartas que a alma, depois de deixar o corpo, pode inspirar ideias a qualquer pessoa que esteja apta a receber-lhe a luz, e assim fazer-se comunicar por escrito a algum amigo deixado na Terra. (P. 56)

82. Reunidas num único volume, as cartas foram publicadas em Petersburgo, em 1858, sob o título “Cartas de João Gaspar Lavater à Imperatriz Maria Feodorawna, esposa do Imperador Paulo I da Rússia”. Editada à custa da biblioteca imperial, a obra foi oferecida em homenagem à Universidade de Iena. (P. 56)

83. A correspondência oferece duplo interesse por causa da alta posição das personagens envolvidas e da especialidade do assunto. As ideias expressas por Lavater sobre o estado da alma após a morte aproximam-se muito das que foram emitidas pelos teósofos do seu tempo e sua concordância com a Doutrina Espírita é um fato digno de nota. Além disso, as cartas provam que a crença nas relações entre o mundo material e o mundo espiritual germinava na Europa desde o fim do século XVIII. (P. 57)

84. Na primeira carta, datada de 1o  de agosto de 1796, Lavater  fala sobre o estado da alma depois da morte. (P. 58)

85. Em resumo, nesta carta Lavater diz que: I, o mundo invisível deve ser penetrável para a alma separada do corpo, assim como ele o é durante o sono; II, a alma aperfeiçoa em sua existência material as qualidades do corpo espiritual, veículo com que continuará a existir depois da morte e pelo qual conceberá e obrará em sua nova existência; III, o estado da alma depois da morte será fundado sempre neste princípio geral:  o homem colhe o que houver plantado; IV, cada alma, separada do seu corpo, se apresenta a si própria, depois da morte, tal como ela é na realidade;  V, seu peso intrínseco, como que obedecendo à lei de gravitação, atraí-la-á aos abismos insondáveis ou às regiões luminosas, fluídicas e etéreas; VI,  o bom Espírito elevar-se-á para os bons e o perverso será empurrado para os maus, atendendo à lei das afinidades. (PP. 58 a 63)

86. Na segunda carta, datada de 18-8-1798, Lavater assevera que: I, as necessidades experimentadas pelo Espírito durante o seu desterro no corpo material ele continua a senti-las depois de o abandonar; II, a necessidade mais natural que pode nascer numa alma imortal é a de aproximar-se cada vez mais de Deus e de assemelhar-se ao Pai; III, quando essa necessidade predominar em nós, nenhum receio deveremos nutrir a respeito do nosso futuro após a morte; IV, os bons são atraídos para os bons e somente as almas elevadas sabem gozar da presença de outras almas delicadas; V, nenhuma alma vil e hipócrita pode sentir-se bem ao contacto de uma alma nobre e enérgica que lhe penetrou os sentimentos; VI, o egoísmo é que produz a impureza da alma e acarreta o seu sofrimento; VII, o egoísmo é combatido por alguma coisa de puro e divino que existe em toda alma: o sentimento moral; VIII, da concordância e da harmonia que se estabelece no homem entre ele mesmo e sua lei íntima, dependem sua pureza, sua aptidão para receber a luz, sua ventura, seu céu e seu Deus; IX, estando rotos os laços da matéria, o amor purificado deve dar ao Espírito uma existência feliz, um gozo contínuo de Deus e um poder ilimitado para fazer ditosos todos os que são aptos para a felicidade. (PP. 64 a 71)

87. Na terceira carta, firmada em 1o de setembro de 1798, Lavater diz que: I, despojado do corpo, cada Espírito será afetado pelo mundo exterior de um modo correspondente ao seu estado de adiantamento, isto é, tudo lhe aparecerá tal qual ele é em si mesmo; II, os bons Espíritos se acercarão das almas bondosas, os maus atrairão a si as naturezas ruins; III, tudo segue marcha incessante que, impelindo todas as coisas para diante, faz que nos aproximemos de um objetivo que, aliás, não é o final; IV, o Cristo é o herói, é o centro, a principal personagem nesse drama imenso de Deus, admiravelmente simples e complicado ao mesmo tempo; V, à medida que nossa alma melhorar-se, nós veremos o Cristo sempre mais formoso, porém nunca pela última vez. (PP. 71 a 75)

88. Na quarta carta, de 14-9-1798, Lavater afirma que: I, apesar da existência de uma lei geral, eterna e imutável de castigo e felicidade, cada Espírito, segundo seu caráter, terá de sofrer penas depois da morte do corpo, ou gozará de felicidades apropriadas às suas qualidades; II, embora todos os Espíritos estejam submetidos à ação da lei das afinidades, é presumível que o seu caráter substancial, pessoal ou individual lhes dê um gozo ou sofrimento essencialmente diversos de um para outro Espírito; III, Deus se colocou e igualmente dispôs o Universo no coração de cada ser humano; IV, todo homem é um espelho particular do Universo e do seu Criador;  devemos empregar  todo o nosso esforço em conservar esse espelho tão puro quanto possível, para que Deus possa ver-se refletido na sua bela criação. (PP. 75 a 77)

89. Anexa à carta precedente, Lavater enviou à Imperatriz Maria uma mensagem enviada por um Espírito a um amigo da Terra, na qual fala sobre o estado dos Espíritos desencarnados. A mensagem é datada de 15-9-1798 e diz, em resumo, que: I, seu estado atual em relação ao que tinha na Terra é como o da borboleta que, depois de abandonar o casulo da lagarta, fica voejando nos ares; II, uma luz invisível aos mortais, conquanto visível a alguns, brilha e irradia-se docemente do cérebro de todo homem bom, amante e religioso; III, a auréola imaginada para os santos é essencialmente verdadeira e racional; essa luz torna feliz todo ser humano que a possui;  IV, nenhum Espírito impuro pode ou ousa aproximar-se dessa luz santa; por meio dela pode-se perscrutar facilmente as almas, a fim de serem lidas ou vistas em toda a sua realidade; V, cada pensamento que parte dos seres humanos é para os Espíritos uma palavra e às vezes um completo discurso; VI, os Espíritos respondem aos pensamentos dos encarnados, mas estes ignoram que são eles  - Espíritos - que lhes falam ou lhes inspiram ideias; VII, sem a mediação de uma pessoa acessível à luz, é impossível ao Espírito estender-se conosco verbalmente, ou por escrito; VIII, o Espírito pousa sobre a fronte desse mediador - médium, na terminologia espírita - e suscita ideias que este descreve sob a sua inspiração, por efeito da irradiação do pensamento. (PP. 78 a 81)

90. Na quinta carta, datada de 13-11-1798, Lavater  diz que, para o futuro, se Deus o permitir, as comunicações com o mundo invisível serão mais frequentes e, reportando-se à hora da morte, recomenda à Imperatriz Maria:  “Apressemo-nos em atravessar a noite das trevas para chegarmos à luz -- passemos por esses desertos para entrarmos na terra prometida -- suportemos as dores desta existência para aparecermos na verdadeira vida”.  (PP. 81 e 82)

91. Anexa à carta, Lavater enviou-lhe outra comunicação mediúnica, em que o comunicante esclarece que para enviar a mensagem foi-lhe preciso obter licença especial, pois os Espíritos nada podem fazer sem permissão. (PP. 82 e 83)

92. A mensagem descreve as sensações que o comunicante teve no momento de sua passagem à vida espiritual, finda a vida corpórea, e assim se encerra: “Aproveita essas minhas comunicações e bem depressa outras te serão dadas. Ama e serás amado, pois só o amor pode fazer a felicidade. Oh! Querido amigo, é pelo amor somente que me posso aproximar de ti, comunicar contigo e mais depressa conduzir-te ao manancial da vida”. (P. 88)

93. Na sexta e  última carta,  escrita  em 16  de dezembro de 1798 e acompanhada de nova mensagem de origem mediúnica,  Lavater assevera que nossa felicidade futura está em nossas mãos, que só o amor nos pode dar a suprema ventura e que só a fé no amor divino faz nascer em nossos corações o sentimento que nos torna felizes eternamente -- fé que desenvolve, purifica e completa a nossa aptidão para amar. (P. 89)

94. A mensagem espiritual, obtida na mesma data, dá-nos diversos ensinamentos sobre as relações que existem entre os Espíritos e os seres que eles amaram na Terra, e nos diz, em resumo, que: I, a felicidade dos Espíritos depende, algumas vezes, do estado daqueles que eles deixaram na Terra e com os quais eles entram em relações diretas; II, cada espécie de amor tem um raio de luz que lhe é peculiar. Esse raio forma a auréola dos santos e os torna mais resplandecentes e agradáveis à vista; III, quem se torna estranho ao amor, degrada-se no sentido mais positivo e literal da palavra; torna-se mais material e, por conseguinte, mais inferior, mais terrestre, e as trevas da noite o cobrem com seu véu; IV, por efeito de um movimento imperceptível, dando certa direção à sua luz, os Espíritos podem fazer nascer ideias mais humanas nas naturezas que lhes são simpáticas e suscitar ações e sentimentos mais nobres e elevados; V, não podem, porém, forçar e dominar alguém, ou mesmo fazer imposições aos homens, cuja vontade é em tudo independente; VI, para os Espíritos, o livre-arbítrio dos homens é sagrado; VII, as naturezas degradadas, egoístas, atraem Espíritos grosseiros, privados de luz e malévolos, que mais e mais as envenenam; VIII, as almas bondosas se fazem, por sua vez, cada vez mais puras e mais amantes pelo contacto dos bons Espíritos; IX, os Espíritos do bem abundam onde se acham almas amorosas e os Espíritos das trevas pululam onde há grupos de almas impuras; X, existem relações imperecíveis entre os mundos visível e invisível, uma comunhão constante entre os habitantes da Terra e os habitantes do céu, uma ação recíproca e benéfica de cada um desses mundos sobre o outro. (PP. 89 a 95)

95. Prossegue a mensagem espiritual ensinando que:  I, nós, os chamados mortais, podemos pelo amor fazer o céu descer à Terra e entrar em comunhão com os seres bem-aventurados; II, quando nos enfadamos e, dominados de tal sentimento, pensamos nos outros, a luz que se irradia de nós se obscurece e, então, os bons Espíritos são forçados a afastar-se; III, nenhum Espírito bom pode suportar as trevas da cólera; IV, a oração atrai para junto de nós os Espíritos imbuídos do bem, porque o Senhor vê os justos e ouve as suas súplicas; V, o amor puro e nobre encontra em si mesmo a sua recompensa; o melhor prazer e mais santo é o gozo de Deus, é o produto do sentimento depurado. Nada tem mérito sem o amor; VI, todos os que amam, na Terra e no céu, se fundem num só pelo sentimento. Do grau do amor em cada um depende a nossa felicidade interna e externa. Nosso amor é, pois, o que regula as nossas relações com os Espíritos, nossa comunhão com eles, a influência que eles podem exercer sobre nós e a sua ligação íntima com o nosso Espírito. (PP. 96 a 100) (Continua no próximo número.)


 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita