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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 114 - 5 de Julho de 2009

WILSON CZERSKI
wilsonczerski@brturbo.com.br
Curitiba, Paraná (Brasil)
 

Análise espírita sobre o acidente com o avião
da Air France
 

 
Sempre que ocorre uma tragédia com muitas vítimas fatais, seja ela proveniente das forças da natureza (terremotos, furacões, tsunamis) ou provocada pelo homem, certas perguntas são inevitáveis. Por que acontecem? É fatalidade, destino, imprevidência humana? Era vontade de Deus que acontecesse? Por que uns se salvam e outros não, se todos são filhos de Deus e, portanto, onde fica a sua justiça?

Recorremos aqui principalmente ao Livro dos Espíritos para esclarecer algumas destas dúvidas, lembrando que muitos casos, embora possam guardar semelhanças gerais, possuem também particularidades que não podem ser desprezadas. Afinal, cada ser humano é uma individualidade, criatura de Deus sem igualdade absoluta com nenhum outro. Causas internas e externas se somam para culminar em certos resultados e a teoria geral que explica o fato em si pode não contemplar aspectos especiais e nuanças de certa pessoa.

Na questão 851 da obra citada, os Espíritos explicam que a fatalidade só existe quanto às escolhas que a própria alma faz antes de reencarnar, traçando para si uma espécie de destino. Eles querem dizer com isso que, no fundo, em linhas gerais, é o próprio homem que, ao exercer o seu livre-arbítrio, determina o tipo de experiências que deseja e/ou necessita vivenciar para o bem de seu progresso espiritual.

Acrescentam os Espíritos na q. 866 que mesmo a fatalidade aparente, às vezes observada nos fatos materiais – isto porque no que diz respeito aos aspectos morais, decididamente ela não existe; por exemplo, ninguém nasce predestinado a matar alguém, cometer furtos ou estupro – aqueles acontecimentos decorrem da nossa liberdade de escolha e se constituem em provas escolhidas e não necessariamente só expiações, como muita gente supõe.

Mas é bom conhecermos mais duas facetas dessa problemática. Uma contida na questão 259 quando nos é informado que apesar destas escolhas prévias chamadas de “planejamento reencarnatório”, pelas quais determinamos nosso futuro, nem todas as atribulações que nos ocorrem foram previstas. Definimos os pilares das existências, os pontos-chave, o gênero das provas e/ou expiações, mas os detalhes serão elaborados ao longo da vida, conforme a dinâmica de cada momento e situação.

Como consequência deste raciocínio, a q. 860 complementa, trazendo-nos a segunda faceta mencionada. O homem, mediante o seu livre-arbítrio, sempre presente, pode mudar muitos dos acontecimentos já previstos desde que isso não implique rompimento com o planejamento básico anterior. Podemos desertar de compromissos assumidos, de missões que julgávamos ser capazes de cumprir e agora titubeamos. Provas e expiações podem ser atenuadas, adiadas e mesmo canceladas, tudo dependendo da nossa conduta atual, de nossas disposições interiores, do nosso esforço e mérito no caminho do bem. Não podemos esquecer que, se por um lado, estamos sujeitos a colher hoje reações de atos praticados no passado, no presente também executamos novas ações que, por sua vez, trarão reflexos no futuro. Resumindo: nem tudo é carma como se diz.

No caso da queda em pleno Atlântico do voo 447 da Air France as evidências são no sentido de uma conjunção de fatores – aliás, é o que sempre aprendemos em 28 anos de Força Aérea Brasileira – climáticos e mecânicos ou técnicos e talvez mesmo humanos. Mas a pergunta é: Deus não pode mais? Os Espíritos que o ajudam na administração do universo não poderiam ter intuído os pilotos para perceber as falhas e corrigi-las a tempo? Todos os que morreram “tinham” que morrer? E por quê?

Deus não determinou a ocorrência que poderia ser evitada. Mas, como em tudo, ele extrai benefícios onde o homem só enxerga desgraça e dor. Deus não intervém diretamente em tudo o que ocorre. Para isso estabeleceu leis sábias e justas, imutáveis, porém flexíveis. Cabe ao homem conhecê-las e cumpri-las. Se houve imprudência, por exemplo – é apenas uma possibilidade – ao se tentar atravessar a perigosa área de tempestade em vez de contorná-la, ou fracasso de desempenho nos sofisticados equipamentos de bordo construídos pela inteligência humana, Deus não pode ser culpado por isso.

Permitir Deus que algo aconteça não significa que desejasse que ocorresse. Mesmo assim alguns podem alegar que, se Ele sabia que poderia acontecer e, podendo intervir,  não o fez, então foi omisso e indiferente ao sofrimento de algumas centenas de seus filhos. Para nós fatos como esses são muito trágicos e dolorosos e ninguém tem o direito de usar de frieza para minimizar o sentimento de dor experimentado pelas vítimas – pois que continuam a viver conscientes de si mesmos –, familiares e amigos. Mas para tranquilizar, lembramos que Deus a tudo provê, porém com a visão infinita. Para a grandiosidade de sua obra e mesmo da evolução de cada ser, o acidente não passou de um incidente isolado que em nada afetará o conjunto.

Observemos que nestas ocorrências quase sempre há exceções. Adultos, às vezes, um bebê ou um idoso encontrado vivo muitos dias após nos escombros de um terremoto; pessoas “salvas” por contratempos triviais como um pneu furado, etc. Como há o inverso. No voo 1907 da Gol, que colidiu com o jatinho Legacy em 2006, estava uma mulher que já sofrera um queda de avião na infância. Outra antecipou a viagem com o filho em um dia; o marido não os acompanhou. Um passageiro decidiu adiar o voo devido ao número de escalas. Segunda vez em que foi poupado, pois escapara de outro acidente em 2004 no estado de Mato Grosso quando 33 pessoas pereceram.

Neste da Air France tivemos outro caso curioso. Uma turista italiana, que passava férias no Brasil com o marido, chegou atrasada ao aeroporto e perdeu o voo. Retornaram à Europa três dias depois. Onze dias depois morreu em um acidente automobilístico na Áustria. Parece que, no caso dela, houve apenas adiamento do momento da desencarnação, talvez uma espécie de moratória para que resolvesse alguma pendência ou realizasse algum último desejo. Já o marido sobreviveu às duas situações.

Deus não dá preferência para poupar uns e outros não; não há milagres. Apenas o planejamento reencarnatório desse ou daquele não previa a partida da vida física naquele momento. Os que sobrevivem não é por privilégio divino ou mesmo questão de mais ou menos fé. Simplesmente foram afastados da circunstância porque seu destino era diferente. Suas experiências no corpo ainda não haviam chegado a termo.

Finalmente, outra interrogação. Se o fato ocorreu por falhas humanas, se estas não tivessem ocorrido, as 228 pessoas não morreriam? A questão 738 de O Livro dos Espíritos dá-nos a resposta. Dizem-nos os Benfeitores que Deus pode empregar outros meios para cumprimento de suas leis e objetivos, visando sempre o aprimoramento  (grifo nosso) da humanidade. Afinal, tais leis são sempre educativas e não punitivas e têm por alvo proporcionar o progresso espiritual que conduzirá o homem à verdadeira felicidade.

O respeito do Criador para com o livre-arbítrio e as necessidades dos homens perpetra condições da execução apropriada. Se não fosse assim em grupo, seria individualmente. Se não fosse de avião poderia ser de automóvel; se não fosse naquele dia, seria em outro qualquer. Aliás, esta questão esclarece também que o conceito que os espíritos libertos do corpo físico possuem da vida material é muito diferente do que o nosso. Eles não emprestam o mesmo valor superlativo a ela porque sabem que todos somos imortais, que já tivemos e teremos muitas outras existências carnais e, de resto, muito mais felizes seremos quando delas pudermos prescindir.

Se apesar disso, esclarecem-nos os Mentores ainda nesta questão, eventualmente uma ou mais pessoas que ali desencarnaram não tivessem que perecer, constituindo o que costumamos denominar de ‘vítimas inocentes’ “(...) estas encontrarão em outra existência larga compensação aos seus sofrimentos desde que saibam suportá-los sem murmurar.”.

Resumindo: algumas vítimas ali deviam estar “pagando” dívidas contraídas no passado enquanto outras podiam estar “adquirindo créditos” para o futuro.  


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita