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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 113 - 28 de Junho de 2009

CLÁUDIO PELLINI VARGAS
prof.pellini@yahoo.com.br
Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)
 

A individualidade resulta em parceria: será um paradoxo?


Muitas mudanças marcaram o início do novo milênio. Não foi apenas o avanço tecnológico, mas também as relações afetivas, que passam por profundas transformações e descobrem, lenta e gradativamente, o verdadeiro conceito de amor.  

O que parece natural na contemporaneidade é que os indivíduos busquem uma relação compatível com os tempos (pós) modernos, na qual exista uma individualidade saudável, que traz em conjunto o respeito, a alegria e o prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar. 

A ideia de uma pessoa ser a solução para nossa felicidade, nascida com o romantismo, está fadada a desaparecer neste novo milênio. Esse “amor romântico” parte da idéia de que somos uma fração e que precisamos encontrar nossa “outra metade” para nos sentirmos completos. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que o outro era a alma gêmea, mas, na verdade, esse outro foi inventado ao nosso próprio gosto, sendo ainda de costume a espera e a cobrança de algo em troca do amor dedicado inicialmente. Por vezes ocorria até um processo de coerção de identidades que, historicamente, sempre atingiu e prejudicou mais o segmento feminino (na verdade, isso ainda ocorre). 

Quase da mesma forma, a teoria dos “opostos que se atraem” também vinha dessa raiz: se um é manso, o outro deve ser agressivo; se um é ciumento ou possessivo o outro deve ser mais liberal; se um trabalha muito fora do lar o outro deve ficar mais no lar; e assim por diante. Uma ideia prática de sobrevivência, mas ao mesmo tempo egoísta e nada “romântica” por sinal. 

Nas boas relações afetivas não há cobranças, mas sim diálogo. Ninguém exige nada de ninguém, todavia ambos crescem ao se aconselharem, mas para isso é primordial a humildade de saber ouvir. Relações de dominação ou de concessões exageradas são coisas do século passado, ou melhor, do milênio passado. O outro, com o qual se estabelece um elo, não é um “príncipe encantado” ou um “salvador” de coisa nenhuma. Mas sim um companheiro de viagem em um momento de experiências efêmeras e de ajuda mútua.

Neste contexto, a palavra de progresso para este século parece ser entendida melhor como parceria. Troca-se o amor de necessidade, pelo amor de desejar estar perto. Eu gosto e quero a companhia, mas não dependo, o que é muito diferente.  

O avanço científico-tecnológico e o processo de globalização influenciam nossas vidas de inúmeras formas. Seja de maneira positiva ou negativa, a sociedade atual já não é mais a mesma que era há poucos anos atrás, pois a velocidade da comunicação parece ser o grande diferencial de tais transformações. Assim, com tal influência ocorrendo em tantos campos da vida, quase que naturalmente o ser humano passa a ter também que lidar de forma diferente com sua individualidade, ou melhor, com o “estar sozinho”. 

A despeito do conhecimento sobre os tipos de socialização existentes nos dias de hoje, que parecem mais virtuais do que reais (onde as pessoas trocam suas relações de forma rápida e instável por meio de conexões e desconexões), observa-se, simultaneamente, que indivíduos ficam mais tempo sozinhos diante dos computadores, o que exige, consequentemente, mais tempo individual. Assim, as pessoas parecem também estar perdendo o “pavor” de ficar sozinhas, e aprendendo (de alguma forma) a conviver melhor consigo mesmas. Isto pode favorecer uma percepção pessoal de que elas são uma fração de algo (maior e mais profundo), mas que são inteiras ao mesmo tempo. Todavia, convém anotar que permanecer algum tempo “sozinho virtualmente” não pode ser significado de uma alienação que desprestigie ou desestruture relações reais.  

Isto posto, parece compreensível que a sociedade avança para uma era da percepção da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria, pois se alimenta do que vem do outro (seja de forma financeira, sentimental, intelectual ou moral). Tal processo pode culminar com o ódio e, possivelmente, com uma separação momentânea, pois sabemos que os grilhões do desafeto, um dia, terão de ser rompidos pelo perdão. Esta sim parece uma lei imutável: a libertação pelo amor. Tal percepção da individualidade leva ao encontro da paz e da felicidade interna, ou melhor, a perceber que esta paz só existirá após a consciência tranquila do bem realizado em atos, pensamentos e sentimentos. 

O amor sincero tem significado puro e profundo. A individualidade equilibrada que leva à parceria visa à aproximação de inteiros, e não à união de metades. E ela só é possível para aqueles que conseguem conviver em plenitude com momentos de introspecção. Assim, entende-se que quanto mais o Espírito for competente para viver sozinho com maturidade, tranquilidade e equilíbrio, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.  

Por vezes, ficar sozinho traz reflexões importantes. O que não significa isolar-se do mundo e de todos. O apóstolo Tiago (o Menor), por exemplo, isolou-se até que o Cristo chamou sua atenção. Não há como evoluir isolado, pois não haveria mérito. Conviver e trabalhar são nossos maiores desafios. É no relacionamento humano que podemos superar nossas principais mazelas. Entretanto, parece ser importante que as pessoas possam ficar um pouco sozinhas, meditar de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. No campo da mediunidade, inclusive, é altamente recomendável, segundo os Espíritos superiores, que o médium encontre momentos de meditação e introspecção. Moisés, João Batista e Paulo meditaram nos ásperos desertos dos tempos antigos, sempre buscando equilíbrio para harmonizarem-se com o “Alto” e conduzirem de forma apropriada suas vidas e suas missões. Chico Xavier meditava por horas antes de iniciar suas preciosas psicografias. Com estes exemplos, verificamos que, em momentos de solidão temporária, o indivíduo entende que a paz de espírito só pode ser encontrada dentro dele mesmo. Ao perceber isso, ele entende o valor do silêncio e se torna até mais crítico, porém mais compreensivo quanto às diferenças (algo difícil na contemporaneidade), respeitando a maneira de ser de cada um, justamente por perceber primeiramente suas próprias limitações.

Muita paz!
 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita