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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 105 – 3 de Maio de 2009

MILTON  R. MEDRAN MOREIRA 
medran@via-rs.net
Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil)
 

Lugo, o divino e o humano

 


Lugo não se escondeu. E mais: não escondeu sua condição humana, quando, acossado pelas tantas notícias de paternidade a ele atribuídas no pleno exercício do episcopado, declarou publicamente: Sou humano e nada do que é humano me é estranho. Repetiu, assim, embora sem citar a autoria, famosa sentença do dramaturgo e poeta romano Terêncio: Homo sum, humani nil a me alienum puto.

Nenhum reparo, pois, à atitude do político e administrador Fernando Lugo. Comportou-se como ser humano, detentor de virtudes e defeitos, capaz do cometimento de acertos e erros. E, acima de tudo, uma vez assumidos estes últimos, de repará-los, como já o fez, ao reconhecer a paternidade de uma das crianças cuja mãe trouxera a público a denúncia.

Se, entretanto, não cabem censuras ao cidadão Fernando Lugo, talvez o mesmo não se possa dizer com relação ao padre Lugo, membro, quando dos episódios a ele atribuídos, de uma ordem religiosa que impõe aos seus integrantes, e estes aceitam e professam, votos de pobreza, obediência e castidade. Mais incompreensíveis se tornarão ainda os fatos considerando-se-os protagonizados por dom Lugo, representante direto e autoridade máxima, em sua diocese, de uma organização religiosa que impõe ao seu clero, por ele ali chefiado, a abstinência total do sexo e a própria renúncia ao casamento.

Poder-se-á, no entanto, em defesa do ex-padre e do ex-bispo, alegar que, no momento em que renunciou àqueles títulos, fê-lo por haver chegado, intimamente, à descrença da validade axiológica das regras a que estivera, até então, jungido. Por haver percebido que não há uma moral para o clérigo e outra para o secular, teria concluído, em um determinado momento, que a prática do sexo não é condenável e que, antes, é um direito e uma saudável necessidade do ser humano. Mas não parece que assim pense ele. Tanto que, publicamente, roga perdão e se reserva, ainda, o acerto de contas com seus confessores, em quem, pois, segue reconhecendo o divino dom de reintegrá-lo no perdido estado de graça.

Claramente, pois, o “homo sum” de Terêncio vale para o cidadão, mas não é aplicável ao clérigo. Este, por uma misteriosa abstração teológica, mais do que renunciar ao sexo e até ao casamento, renuncia à sua própria humanidade.

Está aí a grande contradição da religião que a faz intrinsecamente irreconciliável com o nosso tempo: essa arbitrária divisão da vida entre o sagrado e o profano, entre o divino e o humano. Até onde vai o divino e onde começa o humano? Em que segmentos da vida e da morte incidem os mistérios divinos e em quais outros se pode aplicar os avanços, sempre crescentes, do conhecimento e da ética desenvolvidos pela fantástica experiência do espírito humano?

Não parece mais ajustado buscarem-se as razões divinas na mais fascinante obra que conhecemos: a consciência? Nela não estarão refletidas, de forma diáfana e universal, todas as leis contidas da natureza?

Terêncio, mais de cem anos antes de Cristo, já percebera o que os humanistas viriam a proclamar na modernidade ocidental: que o homem é a medida de todas as coisas. Ou seja, que sem compreender o humano, jamais teremos a consciência do divino. E que, pois, é um equívoco querer separar um do outro, já que tudo é consciência e tudo é vida. 
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita