WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual
Capa desta edição
Edições Anteriores
Adicionar
aos Favoritos
Defina como sua Página Inicial
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco
 
Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 98 - 15 de Março de 2009

DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
 

Um belo exemplo
de piedade

 
Só a Alma superior volta toda a sua atenção para o que é fundamental: a piedade e humildade segundo padrões fraternais apresentados por Jesus Cristo, corroborados pelo Espiritismo um sentimento predisposto a desejar o bem de outrem sem condicionante, algo fora do comum no mais alto grau.

O verdadeiro amor referido por Jesus e ratificado pela Doutrina Espírita resume-se no sentimento por excelência do ser racional, dotado de livre-arbítrio, ou seja, a faculdade de tornar efetivo ou não o que foi determinado ou prescrito, ou o que nos obrigamos perante nós mesmos pela ação e vontade. Quem ama possui a quietude do espírito sensato, corajoso e inconfundível, ao prosseguir firme na ventura ou desventura como uma bússola em plena tempestade. Oh! bendito sentimento que move ao bem do próximo, ainda que em dadas circunstâncias aparentemente contraditórias!

Pode-se exercer o amor à feição da caridade moral em quaisquer ocasiões, a que os espíritas sinceros tão bem conhecem. O momento máximo do amor ao próximo por amor a Deus, às vezes, nos surpreende mediante curiosos aspectos particulares. Eis, a seguir, um belo exemplo de comiseração humana.

Tudo ocorreu há cento e cinquenta anos na Península da Crimeia, Rússia. Ingleses e russos enfrentaram-se ferozmente por causa de impetuoso motivo: ambos desejavam obter matéria-prima para suas indústrias e compradores para seus produtos manufaturados. A Rússia queria uma saída para o mar e, nesse caso, a França uniu-se à Inglaterra para conter o avanço das tropas do Czar Nicolau I, pelo Oriente, através dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, região pertencente ao Império Otomano. Portanto, estava decretada a Guerra da Crimeia.

Data: 21 de outubro de 1854... Um certo combate da história dessa guerra começou. Contam que desprendida e corajosa enfermeira de 34 anos de idade, chamada Florence Nightingale, decidiu partir da Inglaterra para a Crimeia, ela e mais algumas voluntárias, com o propósito de ajudar feridos que morriam à míngua por falta de bons hospitais. Em que pese o exército britânico possuir fuzis modernos e precisos, navios e trens velozes para transporte de tropas, alimentos e remédios, estava desatualizado quanto à mão-de-obra médica. Por causa disso, a valorosa Florence empenhou-se por remitir o sofrimento dos semelhantes, fossem estes ingleses ou não fossem.

Notícias e mais notícias de funestas ocorrências eram divulgadas pela imprensa inglesa, muitos feridos acabavam morrendo em hospitais militares. Se da parte britânica e seus aliados franceses, turcos e sardenhos, havia organização e melhores condições, da parte russa, só carência e falta de recursos. No entanto, havia quarenta anos, o exército inglês não dava sequer um tiro em inimigos, e o número de baixas por morte ou ferimento aumentava, apesar das vantagens.

E um certo jovem soldado inglês teve a felicidade de permanecer sob o amparo da célebre e bondosa enfermeira e sua valorosa equipe. O soldado sofrera profundo ferimento no pescoço, causado por golpe de baioneta em pleno combate corpo-a-corpo, numa batalha campal em Inkerman, onde o número de mortos e feridos foi impressionante. Enquanto convalescia no hospital militar de Scutari, o jovem aprendeu a produzir belíssimas bolsas de contas; descobriu um meio de combater a tristeza, a inércia.

Certo dia, alguém veio ver os feridos e doou um saco de contas coloridas ao moço, tinha sabido antes que o convalescente possuía habilidades manuais, vocação para artesanato. Desde algum tempo, o soldado recobrava a saúde naquele hospital; conseguira sobreviver ao grave ferimento nas duas cordas inferiores, as verdadeiras cordas vocais por ser as que mais influem na fonação.

A impossibilidade de falar representava-lhe às vezes um verdadeiro inferno, por isso ele sentia profunda angústia. Mas o soldado não se rendia ao sofrimento. Embora tudo lhe fosse sombrio, o moço procurava manter-se confiante, ainda que suportasse a falta de higiene, a miséria, o mau cheiro (isto, antes da chegada de Florence Nightingale).

Algum tempo depois, uma visitante se sentiu atraída por uma das bolsas confeccionadas por ele. Além de elogiar o produto de seu trabalho, perguntou quanto custava e o comprou. Imensa alegria o moço sentiu, precisava se expandir, de modo que chamou a atenção de uma enfermeira afinal, era a primeira vez que a fisionomia mudou desde que fora internado.

“Nossa!”, observou a voluntária. A enfermeira admirou-se por vê-lo tão contente e se sentiu dominada por intensa curiosidade. A colega da notável enfermeira-chefe, a que inspirou o suíço Henry Dunant a criar a Cruz Vermelha Internacional, quis logo saber o motivo de tanta euforia, assim que atendeu a um outro ferido recém-chegado do campo de batalha.

“Veja, enfermeira, que sorte a minha”, o rapaz esforçava-se por falar, “aquela dama comprou uma bolsa!”, podendo-se apenas ouvir sons guturais, emitidos de um jeito horroroso, ininteligível. A voluntária, porém, se alegrou por ele; fitou-o enternecidamente, mas, ao mesmo tempo, sentiu um aperto; no fundo, ela desejava poder-lhe contar algo... Faltou coragem.

Ato contínuo, de seus olhos, sentida lágrima rolou e ela se inclinou para acariciar a dourada cabeleira do soldado: “Sinto-me feliz por você, mas não compreendi uma só palavra do que disse... sou surda... por que não escreve?”, propôs isto e lhe ofereceu papel, pena e tinteiro. A fisionomia do rapaz indicou profundo sentimento de lástima, daí escrever: “Como pode alguém ter tanto ânimo, tanto amor, padecendo de tão grande aflição?”

 

Nota do Autor:


Este texto foi criado sob inspiração de diminuto conto de um autor desconhecido, que consta da série: Antologia da Literatura Mundial, tomo 1.o, adaptado segundo fatos da biografia de Florence Nightingale (1820/1910) e da história da Guerra da Crimeia (1854/1855).

O autor é jornalista, presidente-fundador da Fraternidade Espírita Aurora da Paz (Feap) (www.feap.udesp.org.br), e membro da União dos Delegados de Polícia Espíritas do Estado de São Paulo (www.udesp.org.br).


 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita