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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 98 - 15 de Março de 2009

CLÁUDIO PELLINI VARGAS
prof.pellini@yahoo.com.br
Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)

 

Educação atemporal

“Eu não vim à Terra para curar os sãos.” (Jesus)

 

Lembremo-nos dos momentos em que o Cristo se apresentou para aqueles irmãos, muitos dos quais perdidos nos caminhos das trevas, trazendo sua compaixão sem sentimentalismo exagerado, mas sim com amor puro e compreensivo. Mostrava desta forma, a necessidade de nos atermos aos potenciais dos indivíduos e não às falhas alheias que, costumeiramente, surgem diante dos nossos olhos, muitas vezes ainda pela influência invisível e perniciosa dos Espíritos menos esclarecidos.

Suas palavras são atemporais. Em todas as épocas, e principalmente agora, nas dificuldades de uma contemporaneidade múltipla de significados, a simplicidade de todas as suas formas educativas vigora e brilha diante de todos aqueles que se propõem a entendê-lo com razão e sensibilidade. Em face de um momento onde a Ciência se arvora a cada dia, muitas vezes confundindo mais do que esclarecendo, o seu sólido exemplo permanece intacto, mesmo que, por vezes, esteja lamentavelmente esquecido pelo homem (pós) moderno. Em seus poucos anos de pregação, foi o único capaz de dividir o tempo em antes e depois do próprio nascimento. Foi um homem que viveu num mundo sempre à frente do próprio mundo; e em todos os sentidos: na conduta, nas relações pessoais, na vestimenta, na alimentação, na educação. Assim posto, relembremos adiante alguns momentos marcantes de seus atos educativos.

Na clássica passagem de Madalena, Jesus reconheceu a companheira de trabalho sofredora e restabeleceu-lhe a dignidade, ao invés de apegar-se aos desvarios comportamentais que a acompanhavam. Identificou seus erros, exercendo o direito de julgamento que compete à razão, mas não a condenou. Disse-lhe, com firmeza e doçura, para prosseguir sem pecar.

Com o amigo de Cafarnaum, Simão Pedro, que o negou por três vezes, o Mestre reconheceu o momento de medo, angústia e invigilância, afirmando-lhe que, na Terra, os homens são muito mais frágeis do que essencialmente maus. Apoiava-se, assim, no arrependimento sincero do amigo pescador. E atribuindo-lhe a credibilidade que verdadeiramente merecia, solidificou em seu nome as rochas que trouxeram a base do Cristianismo nascente.

O Messias também convocou para o trabalho homens como Zaqueu e Levi, iluminando suas mentes, sem apontar a ambição e a avareza que manchavam seus perispíritos apegados à materialidade. Tornava-os, assim, missionários da luz e do progresso, aproveitando-se de seus talentos.

Ao lado do centurião romano que lhe buscou humilde e desesperadamente a ajuda para o filho, e que carregava nos próprios ombros o peso de cruéis martírios e assassinatos, o Cristo mostrava que o poder da fé simples e profunda está dentro de nós, independente dos próprios vícios.

No Getsêmani (1), uma série de lições. O querido Nazareno, prevendo as chagas que lhe alcançariam o corpo, desde o início, soube compreender e aguardar o momento das humilhações e agressões sem reagir e sequer acusar seu traidor. Mesmo preso a pesadas correntes, e sob o açoite dos infelizes, Jesus ainda repreendeu Simão pela atitude agressiva contra os fariseus, pois, no ímpeto de defendê-lo, agiu pelo instinto e decepou a orelha de Malco, um servo do sumo sacerdote, que compunha a escolta covarde. O Mestre, então, apenas cicatrizou-lhe a chaga que jorrava sangue, mostrando a todos o tamanho de sua humildade e de seu poder.

Ao mesmo tempo, o Messias não perdia de vista o pérfido e infeliz amigo, Judas Iscariotes, que havia fraquejado por simples moedas e que, de longe, tudo observava, atordoado. Ele buscava-lhe o olhar, em silêncio, e perdoava-o. E mesmo durante os momentos derradeiros e dolorosos da crucificação, enviava-lhe amigos espirituais em seu resgate, pois o amigo adentrava as sombras umbralinas através do enforcamento atroz e pungente, oriundo do arrependimento doloroso e tardio pelo gesto infeliz da delação.

Mesmo depois da morte física, o Mentor amoroso de nossas vidas foi de encontro ao cruel perseguidor, Saulo de Tarso, clarificar sua visão infame às portas de Damasco. Olvidando seu passado sombrio de assassinatos e atrocidades contra os irmãos queridos do Caminho, fez nascer Paulo, de quem utilizou a capacidade intelectual, retórica e filosófica para a maior divulgação evangélica conhecida da história Cristã. Utilizou-se para isso da própria mediunidade de Ananias, o bom velhinho a quem Saulo pretendia matar.

Amigos leitores, Jesus não cobrou nada de seus escolhidos, mas alertou-os constantemente. Não se deteve no passado sombrio de nenhum de seus irmãos, ao contrário, ajudou, amparou e iluminou os corações daqueles que estavam desvirtuados do caminho do bem, enriquecendo-lhes as existências e trazendo a oportunidade imediata do resgate e do progresso.

Resguardemo-nos, então, contra a nossa própria intolerância, fazendo da convivência uma oportunidade de crescimento fraterno e auxílio constante. A intransigência pode estar presente apenas na defesa dos ideais superiores, no sentido de firmeza ou austeridade de caráter e força interna. Todavia, no que tange às diferenças individuais, e, principalmente, diante do surgimento da discordância de idéias com o próximo (uma das maiores dificuldades do movimento espírita contemporâneo), não adotemos o orgulho em desvario que nos transforma em algozes da exigência, incapazes de perceber as limitações alheias. Apliquemos as lições junto ao próximo. Busquemos constantemente a educação atemporal de Jesus, para que a compreensão definitiva da eternidade infunda-nos energias positivas, e para que também possamos estar prontos para auxiliarmos, sem pieguismo, com a nossa própria compreensão.

 

Referências:

Sou Eu: A Paixão do cristo na visão dos espíritos – Amélia Rodrigues, psicografado por Divaldo Franco – Org. Álvaro Chrispino, Livraria Espírita Alvorada Editora, 2006.

(1) Getsêmani é o nome de um jardim em Jerusalém junto ao Monte das Oliveiras. Foi o cenário no qual ocorreu a traição de Judas.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita